Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Inserir TítuloeAqui
as
Inserir Título
Doenças do Trabalho
Aqui
Toxicologia e Saneamento Básico
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Toxicologia e Saneamento Básico
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Toxicologia e Saneamento Básico
Introdução ao Tema
Desde o início da civilização, já eram utilizados produtos químicos em acessórios,
armas, ferramentas e tintas que eram usadas pelos pré-históricos, portanto, a relação
entre os sistemas biológicos e os produtos químicos é historicamente comprovada.
Com o decorrer dos anos, mais precisamente após a Revolução Industrial – no século
XIX –, a utilização desses produtos teve um aumento significativo.
Levando em consideração o grande volume dessas substâncias que causam efeitos tó-
xicos, foi aprimorado o estudo das quais, denominado toxicologia, que se tornou estudo
de muita importância, uma vez que visa os cuidados e proteção à saúde das pessoas em
relação aos danos que os produtos químicos com efeitos tóxicos podem causar.
Portanto, resume-se toxicologia como o estudo que nos ajuda a detectar e entender
as substâncias com efeito nocivo e como interagem com os seres vivos, trazendo ava-
liação de risco, estabelecendo medidas preventivas e protegendo o agente em relação
às intoxicações.
6
Leitura Obrigatória
Introdução
A Ciência usada para estudar os efeitos nocivos à interação das substâncias tóxicas
relacionadas ao organismo, tais como prevenir, identificar e tratar essa intoxicação é a
toxicologia. Diversas áreas, com seus conhecimentos e profissionais, compõem a toxico-
logia, entre as quais a toxicologia ocupacional, clínica, veterinária, alimentícia, analítica,
genética, forense, farmacológica, química e diversas outras (CHASIN; LIMA, 2010).
Toxicologia ocupacional: esta área tem por objetivo prevenir danos causados à
saúde do trabalhador, identificando e quantificando as substâncias químicas que podem
ser encontradas nos ambientes de trabalho e também os riscos que podem apresentar.
Esses agentes químicos tóxicos podem estar nas matérias-primas com que são feitos
produtos, sejam intermediários ou os que saem para as prateleiras para serem vendidos.
Portanto, é necessário estudá-los quanto a seus aspectos físico-químicos, como esses
agentes reagem e são introduzidos nos organismos e ambientes, os indicadores biológicos
quanto à exposição, como ocorre a intoxicação, os prazos e até mesmo a tolerância no
sistema biológico e na atmosfera.
Na toxicologia ocupacional existem três etapas que podem ser alcançadas e que são
de papel fundamental:
• Reconhecimento: a identificação da presença do agente químico no local de
trabalho e também nos produtos industriais é feita através da análise da metodologia
utilizada para a realização dos trabalhos, como funcionam as operações e
processos, nas matérias-primas e também nos produtos prontos, ou até mesmo nos
produtos secundários que são desenvolvidos. Busca-se caracterizar as propriedades
toxicológicas do agente químico e suas propriedades;
• Avaliação: é feita por medições laboratoriais ou instrumentais das substâncias
químicas identificadas, com os resultados das amostras é feita a comparação dos
limites de tolerância nos sistemas biológico e ambiental. Nesta etapa também se
considera como fator importante para verificação o número de trabalhadores que
ficam expostos, a delimitação da área, o ritmo de trabalho, o tempo dessa jornada,
o ambiente e seus aspectos físicos e químicos e os fatores que interferem. A partir
dos resultados obtidos, é definida a necessidade de partir para a terceira etapa;
• Controle: tem por objetivo diminuir ou acabar com a exposição entre a substância
tóxica e o trabalhador. São realizadas medidas técnicas e administrativas para limitar
o uso de produtos, diminuir o tempo que os trabalhadores ficam expostos e o número
desses profissionais. Além disso, são formadas comissões técnicas que garantem a
realização desse controle e também desenvolvem medidas eficazes, disciplinando o
uso de equipamentos de segurança e proteção individual, realizando melhorias no
ambiente – como as condições de ventilação – e treinando os trabalhadores para
que se disciplinem e combatam os danos que podem ser causados pelos próprios.
7
7
UNIDADE
Toxicologia e Saneamento Básico
Essas etapas são fundamentais para que os parâmetros de exposição sejam estabe-
lecidos para os organismos dos trabalhadores e também para o ambiente de trabalho.
Todas as atividades onde os limites são maiores do que o permitido se tornam e podem
ser consideradas trabalhos insalubres.
• Limite de Tolerância (LT): este limite é imposto através da limitação da concentração
máxima que é permitida de uma substância tóxica dentro do ambiente de trabalho,
sem que esta apresente danos à saúde dos trabalhadores. Esses limites visam apenas
à penetração via nasal, não considerando as outras vias de penetração. Sendo
esses limites insatisfatórios à monitorização da saúde, considera-se que a absorção
pode acontecer por outras vias e também pode ocorrer por hábitos individuais. O
apropriado é que exista a monitorização do ambiente para contemplar os dados
obtidos, estabelecendo limites biológicos para identificar diferenças individuais;
• Limite de Tolerância Biológica (LTB): este limite é o que define a quantidade má-
xima do agente ou de seu produto de biotransformação, encontrado no ar exalado,
no sangue ou até mesmo na urina. Consideram-se também as alterações fisiológicas
e bioquímicas que ocorrem a partir da exposição a algum agente tóxico, antes de
aparecerem sinais clínicos de intoxicação que, muitas vezes, tornam-se irreversíveis.
Riscos de Toxicidade
A capacidade de o agente tóxico causar efeitos nocivos aos seres vivos, seja inerente
ou potencial, é chamada de toxicidade. Esse efeito tóxico pode ser considerado
proporcional à quantidade concentrada do agente tóxico no tecido-alvo. A ação tóxica é
como o agente tóxico trabalha nas estruturas teciduais. Pela medida da DL 50 é avaliado
o grau de toxicidade da substância, esse DL 50 é a dose de um agente tóxico, obtida de
forma estatística, podendo causar a morte de até 50% da população estudada – ou seja,
quanto menor a DL 50, mais tóxico será.
Dentro do conceito de toxicidade, podemos vincular também o sentido de risco tóxico.
Tratam-se das chances que a substância tem de causar efeitos adversos previsíveis,
de acordo com suas condições específicas de uso. Quando fracionada a dose total, é
8
reduzida a probabilidade desse agente causar danos. Isso ocorre porque dá tempo de o
organismo reparar os danos causados e neutralizar as doses subtóxicas se estas forem
aplicadas com intervalos.
Outra forma que pode acontecer é quando, dependendo do caso, uma dose grande
é recebida de uma única vez, podendo ser controlada se administrada em pouco tempo.
Um exemplo é a estricnina: se se ingerir 30 mg desse agente de uma única vez, pode
causar a morte de um adulto; mas se se tratarem de 3 mg por dia – durante dez dias –,
pode não causar o óbito (LEITE; AMORIM, 2003). As substâncias mais tóxicas podem
não ser as que possuem o maior risco, tudo depende das condições de exposição e
como será o contato com essa substância. Neste caso, é correto afirmar que podemos
encontrar substâncias de baixa toxicidade e alto risco, ou de toxicidade alta e baixo risco.
Caso o indivíduo seja exposto a várias substâncias, isso pode alterar diversos fatores
– metabolização, excreção, ligação proteica e absorção –, as quais poderia sofrer
separadamente. Portanto, os tóxicos combinados podem apresentar maior ou menor
intensidade à soma dos efeitos que poderiam causar individualmente. Podendo ter:
• Efeito aditivo: o resultado deve ser igual à soma dos efeitos de cada um dos agentes
que foram ingeridos;
• Efeito sinérgico: o resultado deve ser maior que a soma dos efeitos que esses
agentes devem ter se separados;
• Potencialização: é quando o resultado aumenta com a combinação entre os agentes;
• Antagonismo: é quando o resultado diminui, é inativado ou eliminado quando
combinando a outros agentes;
• Reação idiossincrática: é quando ocorrem anormalidades, coisas fora dos padrões
em relação a esses agentes tóxicos, como quando mesmo com doses pequenas
que não causariam dano algum, estes danos ocorrem, ou até mesmo quando a
tolerância se torna bem mais alta do que o estimado;
• Reação alérgica: é quando o organismo se sensibiliza de forma adversa após o
contato com o agente tóxico. Ao incorporar uma substância pela primeira vez, o
organismo produz anticorpos, os quais vão se concentrando no organismo afetado
– quando se manifestam próximos a infecções, provocam reações alérgicas.
9
9
UNIDADE
Toxicologia e Saneamento Básico
Outras classificações:
• Desconhecida: quando não se dispõe de dados toxicológicos suficientes sobre
as substâncias;
• Imediata: após uma única exposição já se vê os efeitos causados;
• Retardada: o efeito só acontece significativo tempo depois da latente.
10
• Grupo 3: não se pode considerar o agente como cancerígeno ou carcinogênico;
• Grupo 4: cujo agente não é provavelmente cancerígeno ou carcinogênico para os
humanos e algumas evidências indicam que também não o é aos animais.
Intoxicação
Para o processo patológico que é causado por substâncias exógenas ou endógenas,
que causam desequilíbrio fisiológico e também alterações bioquímicas no organismo,
chamamos de intoxicação, que é detectada por sinais, sintomas ou até mesmo após testes
laboratoriais. Podemos desdobrar tudo isso em quatro fases: exposição toxicodinâmica,
toxicocinética e clínica (MORAES; SZNELWAR; FERNICOLA, 1991).
• Exposição: é quando o agente toxicante entra em contato com as superfícies
interna e externa do organismo. Pontos importantes a serem considerados nesta
etapa são o tempo e a quantidade de dias que acontece essa exposição, as vias
introdutórias, as propriedades físico-químicas e também a quantidade concentrada
de xenobiótico, sem se esquecer da suscetibilidade de cada indivíduo;
• Toxicocinética: esta etapa é relacionada aos processos que compõem a relação entre
a concentração das substâncias nos tecidos dos organismos com a disponibilidade
química. Nesta fase podem ser analisados os ciclos desse agente durante seu
processo, como a absorção, armazenamento, a distribuição, a biotransformação
e até mesmo a excreção dessas substâncias químicas. É através das características
físico-químicas de cada toxicante que podemos determinar o grau de acesso que
têm nos órgãos-alvos, portanto, pode-se determinar a velocidade com que são
eliminados no organismo;
• Toxicodinâmica: neste momento é possível compreender a interação que as
moléculas do toxicante têm com seus sítios de ação e a alteração de equilíbrio
homeostático causada nos órgãos, específicos ou não;
• Clínica: nesta fase podem ser constatadas as evidências de sintomas e sinais, as
alterações patológicas que se podem diagnosticar, os efeitos nocivos que podem ser
provocados quando o toxicante entra no organismo.
Como existe escassez em relação às informações toxicológicas de muitas substâncias
químicas que estão presentes na utilização das indústrias, é comum que muitas assumam
características de outras que possuem químicas próximas, portanto, terão as propriedades
tóxicas parecidas. Contudo, não se pode dizer que seja uma verdade universal; na
realidade, é até mesmo limitada em relação ao número de substâncias que existem. Ao
serem absorvidos pelo corpo, muitos componentes químicos sofrem alterações e uma
porção de mudanças – desintoxicação – até chegarem a ser excretados pelo organismo.
Com isso, podemos obter produtos intermediários, por conta de toda essa mudança em
sua estrutura química e diferenças que podem ser pequenas, mas que chegam a resultar
em produtos totalmente diferentes.
O benzeno e o tolueno ilustram bem esse conceito: são componentes químicos muito
próximos, mas metabolicamente são bem distintos, de modo que cada grau de toxicidade
não é nada similar entre si. Portanto, essa toxicologia analógica é bem arriscada e
perigosa, podendo até ser enganosa.
11
11
UNIDADE
Toxicologia e Saneamento Básico
Toxicocinética
Toxicocinética é a ação que o organismo tem sobre o agente tóxico, onde diminui
ou impede que exista uma ação nociva desse componente. O resultado é a quantidade
toxicante que se tem para interagir com o sítio-alvo e com isso exercer a função tóxica. Os
passos da toxicocinética são: absorção, distribuição no organismo e sua biotransformação
e, por fim, excreção do componente. É a movimentação da substância tóxica desde que
entra no organismo até a sua saída e o que causa dentro do qual.
A pele é composta por duas camadas: a derme, que é formada por um tecido
conjuntivo onde se localizam os vasos sanguíneos, glândulas sebáceas, sudoríparas,
nervos e folículos pilosos; e a epiderme, que é a camada externa da pele. Alguns desses
elementos permitem que essa camada interna tenha contato com o lado externo. As
células epidérmicas e folículos pilosos podem, muitas vezes, causar a absorção desses
agentes químicos.
É importante lembrar que o mais comum é que a “porta de entrada” das intoxicações
seja a via dérmica. Afinal, tal contaminação ocorre pelo contato das mãos, do pescoço,
braços, face, couro cabeludo etc., uma vez que se absorve por meio de roupas
contaminadas, névoa de pulverização e até mesmo respingos. Além desses fatores,
temos o tempo de exposição, a temperatura do corpo e do ambiente, a volatilidade, o
tamanho da molécula e hidro e lipossolibilidade.
Os efeitos do agente tóxico na pele podem ser dois: tópicos, quando são mutação,
corrosão e sensibilização; sistêmicos, quando resultam em ação toxicante em outros
tecidos que estão mais distantes.
12
Quando os agentes ficam presos nas vias aéreas superiores, podemos dizer que estão
ligados ao tamanho da partícula, hidrossolubilidade, temperatura e condensação. As par-
tículas com um diâmetro maior que 30 µm acabam ficando presas nos locais mais fundos
do trato respiratório. Ademais, podemos afirmar que quanto maior sua solubilidade na
água, maior será a probabilidade de ficar presa nesse local (TORLONI; VIEIRA, 2003).
Referentemente aos alvéolos, podemos dizer que duas fases estão ligadas entre si:
uma líquida, que é o sangue; outra gasosa, formada pelo ar alveolar. O sangue possui
dois comportamentos distintos quando está em contato com um gás ou vapor. Pode dis-
solver o agente tóxico – neste caso ocorre uma dissolução – ou combinar seus elementos
químicos, ocorrendo uma reação química, sendo que as partículas que não foram remo-
vidas ou absorvidas ficam presentes nos alvéolos, podendo ficar presas nessa região e
causar pneumoconioses (TORLONI; VIEIRA, 2003). Nessa etapa, pode ainda ocorrer
sinergismo, potenciação, interações de adição e antagonismo entre as substâncias – au-
mentando ou diminuindo os efeitos tóxicos dessas interações.
• Adição: é quando o efeito causado pelos componentes tóxicos é igual à soma dos
efeitos que poderiam ser provocados pelos agentes individualmente;
• Sinergismo: é quando o efeito causado pelos compostos juntos se torna maior do
que a soma desses efeitos dos agentes individualmente;
• Potenciação: é quando um agente aumenta a toxicidade de outro agente quando
estão em contato, mesmo que seja desprovido;
• Antagonismo: é quando os agentes combinados são diminuídos, inativados ou até
mesmo eliminados.
Saneamento Básico
O saneamento básico tem por objetivo criar medidas que servem para a conservação
e preservação do meio ambiente, modificando-o quando necessário, com o objetivo de
combater doenças que trazem prejuízos à saúde humana. Não podemos restringir o sane-
amento básico apenas aos cuidados e abastecimento de água e ao tratamento e disposi-
ção de esgotos, mas devemos incluir nesse grupo outras categorias, tais como: lixo urba-
no, sua distribuição e eliminação; cuidados e controle dos animais e insetos; saneamento
de áreas públicas, como hospitais, escolas, praças e outros espaços de uso coletivo.
13
13
UNIDADE
Toxicologia e Saneamento Básico
Sistema de Esgoto
Os despejos são todos os compostos que a população rejeita ou elimina em suas
atividades diárias.
O sistema de esgoto foi criado para que os dejetos humanos, os despejos e a água de
abastecimento, esgoto e substâncias químicas fiquem longe da população. Com esse sis-
tema consegue-se diminuir os gastos que seriam direcionados ao tratamento de água de
abastecimento e também a cuidados com as doenças que são causadas pelo contato da
população com esses dejetos e até mesmo para auxiliar no controle de poluição das áreas
públicas. O esgoto pode ser dividido em: sanitário, pluvial, cru, fresco, séptico e combinado.
Existem soluções que são utilizadas para que dejetos e esgoto sejam retirados,
existindo a água encanada ou não. Ademais, sistemas de esgotos são divididos em três:
• Unitário: com custo elevado para implantação e tratamento, trata-se da coleta dos
esgotos pluviais, industriais e domésticos em um coletor único;
• Separador: em todo o Brasil utiliza-se esse sistema, onde o esgoto pluvial fica em um
lugar e os esgotos domésticos e industriais são alocados em outro. Tem um custo me-
nor, dado que os esgotos nem sempre podem se misturar sem um prévio tratamento;
• Misto: é o recebimento de águas pluviais junto do esgoto.
14
Podemos relacionar ao esgoto o consumo de água dos domicílios. O que diferencia
a água do esgoto é a quantidade de microrganismos – muito maior no esgoto. Desde
que seja permitida a oxidação do esgoto, o mesmo não precisa de tratamento. Quando
isso não ocorre, é cuidado em uma estação de tratamento de esgoto. Outro processo
utilizado é o das lagoas de oxidação.
Disposição do Lixo
Os resíduos sólidos que resultam das atividades humanas em conjunto são caracteri-
zados como lixo, no qual encontramos substâncias putrescíveis, incombustíveis e tam-
bém combustíveis. Podemos associar o problema do lixo em ordem psicológica: o efeito
que a limpeza causa sobre as rotinas da população. Esse lixo precisa ter um acondicio-
namento adequado para que a sua remoção possa ser mais fácil. A parte orgânica desse
lixo é triturada e jogada nas redes de esgoto, tornando-se uma carga para o sistema de
esgotos e facilitada na retirada do lixo. As partes orgânicas e inorgânicas do lixo são
distribuídas de formas diferentes: as inorgânicas são recicladas, enquanto as orgânicas
vão para a alimentação de porcos.
Existe uma periodicidade regular, intervalos pequenos e também deve haver coletas
noturnas para que o sistema funcione corretamente.
O lugar adequado para o descarte de lixo seria um aterro sanitário ou até mesmo
incinerando esse volume, mas ainda encontramos lixo descartado nos mares, em rios ou
até mesmo em terrenos vazios a céu aberto.
Tais resíduos podem passar por um processo indore, ao terem suas graxas e gorduras
recuperadas e fermentadas.
Algumas das principais doenças do trabalho podem ser causadas pelo saneamento
ambiental: os resíduos emitem mau cheiro, causando mal-estar nos trabalhadores,
principalmente nos que trabalham nos setores de coleta, reciclagem, manuseio e
transporte desses resíduos. Ruídos elevados também podem ocasionar perda da audição,
dores de cabeça, hipertensão e tensões nervosas. A poeira é um agente comum que
pode trazer problemas respiratórios aos trabalhadores que mexem com lixo e até mesmo
problemas pulmonares. Em alguns casos, a vibração que o veículo de coleta emite pode
desencadear lombalgias, dores no corpo e até mesmo estresse.
Existe uma variedade de produtos químicos presentes no lixo, onde os mais comuns
são: baterias e pilhas, pesticidas/herbicidas, cosméticos, aerossóis, produtos de limpeza,
óleos e graxas. A classificação desses é de grande risco e perigosos, podendo causar
danos à saúde humana e também ao ambiente. Alguns metais, como cádmio, mercúrio
15
15
UNIDADE
Toxicologia e Saneamento Básico
Os produtos que são utilizados para o tratamento da água, como o cloro gasoso,
podem também causar problemas às vias respiratórias, sendo que o cloro líquido utilizado
pode provocar danos como lesão ocular quando existem respingos, além de algumas
alterações cutâneas, tais como bolhas e irritações (BRASIL, 2002b).
Vários acidentes do trabalho podem ocorrer por conta dos tipos de funções que os
profissionais realizam. Os acidentes com mais frequência são com os trabalhadores que
exercem atividades de saneamento ambiental, conforme descrito abaixo (FERREIRA;
ANJOS, 2001; SILVEIRA; ROBAZZI; LUIS, 1998):
• Corte com vidro: é o tipo de acidente mais frequente, uma vez que as pessoas não
se preocupam em como guardar os pedaços de vidro para poder colocá-los para a
retirada na coleta domiciliar, sendo necessária uma conscientização e educação da
população, a fim de que comecem a se preocupar com esse problema. É necessário
que exista uma adoção obrigatória de sacos de lixo para que os resíduos possam ser
bem acomodados e assim melhorar a qualidade dos serviços urbanos de limpeza,
diminuindo os riscos e protegendo os trabalhadores. É fundamental que os traba-
lhadores usem os equipamentos de proteção, tais como luvas, a fim de que evitem
acidentes que possam atingir as mãos, os braços e até mesmo as pernas, mesmo
que esse uso apenas atenua – mas não impeça de que tais acidentes aconteçam;
• Perfuração e/ou corte causado por objeto pontiagudo: no lixo são encontrados
diversos materiais pontiagudos que podem causar cortes e perfurações, entre os
quais: agulhas, seringas, espinhos, facas, espetos, entre outros. Provocam acidentes
corriqueiros que envolvem os trabalhadores, assemelhando-se às consequências do
item anterior;
• Queda do veículo: o número de quedas dos trabalhadores do sistema de limpeza
urbana e também da varrição de ruas aumenta a cada dia, por conta de os veículos
utilizados serem os mesmos que carregam os resíduos. Com isso, as quedas dos
veículos se tornaram comuns. As causas dessas quedas podem ser relacionadas ao
tipo de veículo ser inadequado, onde os trabalhadores são transportados pendurados
no estribo traseiro e também por estarem sem equipamentos de proteção. Nos países
desenvolvidos, esse serviço é feito com apenas dois trabalhadores por transporte,
onde os mesmos viajam dentro da cabine, de modo que correm menos riscos;
16
• Atropelamento: este tipo de acidente pode ocorrer em todos os setores de coleta
domiciliar, varrição de rua e também transferência e destinação final dos resíduos.
Estando os caminhões com grande carga de peso e dependendo de sua velocidade,
podem também agravar os casos de atropelamento. Devemos ainda considerar a
falta de respeito de muitos motoristas que não seguem os limites estabelecidos de
velocidade. Outro ponto são os uniformes inadequados que deveriam ser roupas
mais visíveis, antiderrapantes e até mesmo mais resistentes. Tudo isso acaba
agravando ainda mais os riscos e as probabilidades de acidentes;
• Outros: tratam-se de riscos como escorregões, quedas, perdas de membros, feri-
mentos leves ou pesados, prensagem nos equipamentos que servem para compac-
tação, mordidas de animais como ratos, cachorros e até mesmo picadas de insetos,
como abelhas e formigas, tornam-se também acidentes de trabalho.
Alguns exemplos de medidas de proteção coletiva que podem ser utilizados para
minimizar os riscos são:
• Compra de novos veículos para que se diminua os ruídos causados pela sobrecarga;
• Colocar amortecedores de impacto em estribos dos veículos que são utilizados para
a coleta de lixo, fazendo com que as vibrações sejam reduzidas;
• Conscientizar a população para que comece a acondicionar melhor o lixo, quem
sabe até mesmo criando programas públicos que possam estimular a coleta seletiva,
reduzindo, assim, os riscos de cortes, perfurações e acidentes;
• Diminuir a poeira nas ruas, umidificando-as para que possam ser varridas;
• Montar um cronograma de coleta, nos horários com menor fluxo de veículos,
diminuindo, assim, os atropelamentos, exposição aos ruídos e congestionamentos.
17
17
UNIDADE
Toxicologia e Saneamento Básico
Os parasitas são chamados de vetores, pois são disseminados por insetos como
moscas, baratas, mosquitos e pulgas. A transmissão da doença ocorre muitas vezes
quando uma pessoa sadia é picada por um inseto que anteriormente picou uma pessoa
doente e contaminada por parasitas. Os microrganismos são os principais causadores
das doenças no ser humano, pois são de tamanhos microscópicos, portanto, mais difíceis
de serem encontrados. Podemos dividir os microrganismos em grupos: vírus, bactérias,
protozoários e helmintos – podendo ter dimensões maiores, como as lombrigas.
18
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Saneamento Básico e sua Relação com o Meio Ambiente e a Saúde Pública
https://goo.gl/WRavch
Noções Básicas de Toxicologia Ocupacional
https://goo.gl/74WH0G
O Princípio da Precaução no Uso de Indicadores de Riscos Químicos Ambientais
em Saúde do Trabalhador
https://goo.gl/8SnAN4
Trabalho Rural e Saúde: Intoxicações por Agrotóxicos no Município de Teresópolis, RJ
https://goo.gl/Z0WYhM
A Saúde do Trabalhador e a Toxicologia
https://goo.gl/L6rXwj
19
19
UNIDADE
Toxicologia e Saneamento Básico
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS
ESPECIAIS. [2016?]. Disponível em: <http://www.abrelpe.org.br/index.cfm>. Acesso
em: out. 2016.
________. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil. 2007. Disponível em: <http://
www.abrelpe.org.br/panorama_2007.php>. Acesso em: out. 2016.
BRASIL. Lei n.º 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o
saneamento básico; altera as leis n.º 6.766, de 19 de dezembro de 1979, n.º 8.036, de
11 de maio de 1990, n.º 8.666, de 21 de junho de 1993, n.º 8.987, de 13 de fevereiro
de 1995; Revoga a Lei n.º 6.528, de 11 de maio de 1978, e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 jan. 2007. (Retificado na mesma publicação,
em: 11 jan. 2007).
20
CAIRNCROSS, S. Aspectos de saúde nos sistemas de saneamento básico. Engenharia
Sanitária, Rio de Janeiro, v. 23, n. 4, p. 334-338, 1984.
CVJETANOVIC, B. Health effects and impact of water supply and sanitation. World
Health Statistics Quarterly, v. 39, p. 105-117, 1986.
21
21
UNIDADE
Toxicologia e Saneamento Básico
ZACARIAS, R. Consumo, lixo e educação ambiental. Juiz de Fora, MG: Feme, 2000.
22