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Higiene Ocupacional

Agentes Físicos – Ruído e Vibração

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Esp. Erika Gambeti Viana de Santana

Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Agentes Físicos – Ruído e Vibração

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Introdução ao tema
• Leitura Obrigatória
• Material Complementar

Fonte: iStock/Getty Images


Objetivos
• Identificar, na classificação geral dos agentes físicos, o domínio de cada agente. Aplicar
os limites de exposição correspondentes. Aplicar a legislação ocupacional pertinente.
Enunciar as principais características de cada agente. Enunciar as medidas gerais de
controle relativas a cada agente.

Caro Aluno(a)!

Normalmente com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Agentes Físicos – Ruído e Vibração

Introdução ao tema
Quando falamos de higiene ocupacional, estamos falando em trabalhar na prevenção
para que possamos evitar o problema antecipadamente, através de estudos, avaliações
e formas de controle dos agentes causadores de doenças. Prevenção de doença não é
apenas evitar que algum problema ocorra, devemos entendê-la como algo mais amplo
- trabalhar em cima de prevenção, controle, avaliação de riscos e também exposição
errada aos agentes ambientais.

A Higiene ocupacional atua principalmente na intervenção deliberada nos


ambientes de trabalho, controlando agentes, conscientizando as pessoas e prevenindo
as doenças. Ela é conhecida por sua atuação com a medicina ocupacional, onde o
maior foco é o ser humano.

Podemos classificar os agentes ambientais como físicos, químicos e biológicos.


Além disso, podemos ir mais além e levantar outros fatores classificados como estresse
ocupacional, que estão ligados à ergonomia e que também podem desencadear doenças.
Podemos considerar que agentes físicos são as formas de energia que processos
e equipamentos a que os profissionais ficam expostos liberam durante o período de
trabalho, como: vibrações, calor, ruídos, frio, pressões fortes e até mesmo radiações,
sejam elas ionizantes ou não.

Iremos trabalhar com os agentes físicos neste material, considerando vibrações e


ruídos (Parte 1).

São necessárias várias ciências quando estamos falando de antecipar, reconhecer,


avaliar e controlar os agentes ambientais, como tecnologias avançadas e especialidades
diversas. A engenharia cuida da avaliação e do controle. Quando estamos no processo
de avaliação, fazem-se necessários também outros recursos, como os laboratórios e seus
instrumentos, para que se possa fazer uma análise química e analítica. Podemos utilizar a
bioquímica, a medicina e a toxicologia para trabalhar com os agentes já nos organismos.
Podemos compreender a exposição do trabalhador e os tipos de agentes químicos ou
físicos com o uso das ciências básicas.

Ao reconhecer que existem agentes ambientais, estamos emitindo um alerta. A partir


daí, é feita uma avaliação adequada, que deverá levar a decisões para todo o ambiente,
detectando os riscos e controlando-os. Deverão ser colocados valores de referência,
para indicar qual a intolerabilidade existente. Isso tudo nos traz o conceito do limite de
exposição (quais os limites toleráveis).

A Higiene ocupacional trabalha com o objetivo de diminuir as exposições, sejam elas


de curto, médio ou longo prazo, para que os trabalhadores não tenham contato com
agentes ambientais que possam causar doenças ocupacionais, independentemente de
qual seja o grau dessa exposição, sempre respeitando os critérios definidos, claro que
minimizando essa exposição, pois não conseguirá evitar 100% que ocorram. Com isso,
vão surgindo outros conceitos de definição.

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É importante que sejam medidos os agentes de exposição agudas, os de curto
prazo, bem como os de longo prazo. Cada um deles possui um tipo de avaliação para
essa exposição.

Devemos trabalhar com a antecipação, criando equipes para lidar com o projeto,
modificar e ampliar os locais quando necessários e analisar o que está sendo feito e
seus resultados, isso tudo para que se possa detectar desde o início os riscos que os
trabalhadores sofrem ligados aos agentes ambientais. O ideal é criar projetos e políticas
que favoreçam a eliminação desses agentes e os controlem para que não emitam
tantos problemas, e também políticas que rastreiam e analisam os produtos químicos
que serão utilizados, criar normas de prevenção para os projetistas, contratantes e
compradores de serviços, isso tudo visando evitar exposições que tragam danos à
saúde dos trabalhadores. Um exemplo do que estamos falando é a compra de um
dispositivo para espantar ratos de galerias de cabos, só que não se pode esquecer que
esses dispositivos são emissores de ultrassom.

Definimos como reconhecimento o ato de conhecer previamente os agentes que estão


no ambiente e também os riscos presentes em todos os serviços, processos e trabalhos
realizados, desde os de manutenção, operações iniciais e finais, processo total executado
e atividades de operação e processos auxiliares, estudar os dados existentes, não só os
que são fornecidos pela empresa, mas também os da literatura ocupacional que trata a
respeito dos mesmos, pois às vezes os técnicos que estão trabalhando no processo podem
não reconhecer esses riscos ambientais, podendo, assim, omitir dados relevantes, que
às vezes nem levem em consideração, mas que são extremamente prejudiciais. Vamos
a mais um exemplo do que foi dito: um técnico de máquina empacotadora que conhece
seu processo como um todo na produção de leites longa vida pode explicar corretamente
como ocorre o funcionamento desse processo, apesar também de poder omitir que
para lacrar a caixinha a mesma é selada com radiofrequência. É necessário que se vá a
campo, para poder encontrar os riscos, e definir o que é ou não é considerado risco à
saúde dos trabalhadores. Locais como casa de máquinas, subsolos, porões e linhas de
produção podem nos revelar vários riscos de acidentes e ambientais.

A forma de avaliação é bem simples, é apenas identificar em tolerabilidade a exposição


a agentes ambientais. Usamos estratégia de amostragem para avaliar o processo e
evidenciar quais são os riscos, isso é bem mais do que apenas avaliar com instrumento
e comparar com outras informações, é conseguir achar um critério adequado dessa
tolerabilidade. Está ligado ao limite de tolerância, como denominamos esse critério, que
pode ser chamado de limite de exposição ou também de exposição ambiental.

Quando dizemos que estamos controlando, estamos adotando medidas de


engenharia, para as fontes e toda a trajetória desse agente ambiental, o que ocorre
em cima dos equipamentos e também em ações para controlar possíveis problemas,
criando procedimentos para reduzir ou eliminar os agentes que possam ficar expostos
aos trabalhadores.

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Agentes Físicos – Ruído e Vibração

Leitura Obrigatória
Agentes físicos
Os agentes físicos são formas de energias que estão soltas no ambiente e estão
associados aos sistemas e equipamentos, ou até mesmo a vazamentos, que estejam em
contato com o trabalhador, durante a realização de seus serviços.

Os organismos estão expostos a diferentes ondas mecânicas, como: vibrações,


ultrassom, ruídos, infrassom, interações elétricas, eletromagnéticas, também a partículas
ionizantes e até mesmo a variações de pressão. A American Conference of Governmental
Industrial Hygienists – ACGIH considera também como agentes físicos os movimentos
repetitivos de esforços e também o carregamento de pesos. Com isso entramos na
ergonomia, que possui inúmeras partículas formadoras, mas que não produzem riscos
de exposição ocupacional.

Os agentes físicos se classificam tradicionalmente como: radiações eletromagnéticas,


radiação ou partículas ionizantes alfa, beta, gama ou raios X, vibrações, ruídos (mecânicos
ou de pressão), radiações visíveis como luz, raios ultravioletas, laser, entre outros.

Devemos também considerar mais alguns como agentes físicos, os infrassom,


ultrassom, campos elétricos e magnéticos estáticos.

Podemos classificar também o espectro eletromagnético de acordo com a ACGIH,


onde todos os agentes estão subsequentes e detalhados, com exceção das pressões
anormais, pois estas não fazem parte dos estudos de higiene ocupacional. Encontramos
esse tipo de exposição em ambientes hiperbáricos e hipo sabendo que os mais
frequentes e mais graves são hiperbáricos. Ambientes de trabalho como tubulões e
caixões pneumáticos são considerados ambientes hiperbáricos (exposições mais graves
e frequentes). Os organismos ao estarem em lugares assim possuem riscos de doenças
específicos e também de acidentes com risco de fatalidades, pois possuem pressões de
4kgf/cm² até dezenas mais de kgf/cm².

Estes não fazem parte da Higiene, pois não temos o processo de prevenção,
reconhecimento e controle dos agentes ambientais, como nos outros casos. Podemos
impor as variações de pressão, através do controle, supervisão médica e também por
todo o processo que mostra os tempos e gradientes de pressão. Portanto, essas são
medidas de controle médicos, administrativos ou operacionais, são casos à parte dos
agentes físicos. Devemos ainda comentar que alguns agentes dessa família de radiações
estão presentes em áreas polêmicas, como linhas de transmissão, telefones celulares e
até mesmo linhas de rádio.

Enfim, é difícil muitas vezes identificar esses membros, pois os mesmos não
apresentam estímulos sensoriais e em suas especificações não estão informações que
indiquem essa emissão.

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Entre todos os agentes físicos, o mais comum de ser encontrado e o que está presente
em quase todas as instalações e atividades são os ruídos. O ruído é o agente de maior
preocupação da higiene, por conta de seus efeitos à saúde serem bem visíveis, com isso é
o maior foco dos estudos dos higienistas e profissionais de segurança e saúde do trabalho.

Podemos definir o som como a pressão atmosférica que varia e sensibiliza os ouvidos
das pessoas. Podemos representar com ondas senoidais essa variação de pressão.

Quando falamos de sons, podemos entender que eles podem ter uma grande variação
de pressão sonora, possuindo assim uma faixa dinâmica que pode variar entre 20 a 200
Pa, por isso não se torna prático construir equipamentos para indicação direta dessa
pressão. Por isso, usamos um artifício para poder mensurar essa grandeza. Utilizamos
o decibel (dB), que é uma escala logarítmica. Esse decibel é uma relação adimensional e
não uma unidade, que pode ser representado pela fórmula abaixo.

P
L = 20.log
P0

Sendo:

L = nível de pressão sonora (dB)

P0 = pressão sonora de referência, por convenção, 20 mPa

P = Pressão sonora encontrada no ambiente (Pa)

Definições associadas ao som/ ruído


• A Amplitude (A) pode ser considerada como o valor máximo, medido em um ponto
que tenha atingido equilíbrio após atingido pelo volume de uma pressão sonora;
• O Comprimento de Onda é o caminho percorrido pela onda até que essa oscilação
se repita novamente;
• O período é o tempo desse ciclo de oscilação; ao inverter esse item teremos (1/T),
assim obteremos a frequência (f);
• Podemos definir frequência como o número de vezes que uma oscilação se repete;
essa frequência pode ser medida em Ciclos Por Segundo - CPS ou em Hertz-HZ. Os
sons agudos são as frequências altas, e os sons graves correspondem aos sons baixos;
• O som quando possui uma frequência apenas é chamado de tom puro, como um
gerador de áudio ou até mesmo um diapasão;
• Podemos considerar que o conjunto de tons sem coordenação e sem harmonia são
os ruídos, estes são sons que nos causam incômodo e desconfortos e podem conter
diversas frequências audíveis.

Não podemos somar ou subtrair um decibel algebricamente, pois não se trata de


algo linear. Caso seja necessário somar os níveis de ruído, será necessário transformar

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Agentes Físicos – Ruído e Vibração

em pascal (Pa), através da fórmula que já vimos acima; com o valor em Pascal, pode-
se transformar novamente em dB. Esse método descrito não é utilizado normalmente,
utilizamos a fórmula abaixo para obter o mesmo resultado:

 n Li

Ln = 10 log  ∑ i =1 10 
10

 

Utilizamos a tabela abaixo para obter mais agilidade na combinação dos níveis de dB:
Quantidade a ser adicionada
Diferença entre níveis (dB)
ao maior nível (dB)
0,0 3,0
0,2 2,9
0,4 2,8
0,6 2,7
0,8 2,6
1,0 2,5
1,5 2,3
2,0 2,1
2,5 2,0
3,0 1,8
3,5 1,6
4,0 1,5
4,5 1,3
5,0 1,2
5,5 1,1
6,0 1,0
6,5 0,9
7,0 0,8
7,5 0,7
8,0 0,6
9,0 0,5
10,0 0,4
11,0 0,3
13,0 0,2
15,0 0,1
FONTE: Portaria 3214/78 NR 15.

Quando temos diferenças maiores que 15, devemos acrescentar zero, prevalecendo,
assim, o nível maior.

- Se tivermos um nível maior ou menor a 3 dB, podemos dizer que temos metade ou
o dobro de potência sonora.
- Podemos considerar como uma fonte desprezível as que medirem abaixo de 10 dB.
- Consideramos como uma fonte extremamente intensa a que emite um ruído total.

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Variação sonora é a variação de pressão na propagação de som; devemos levar em
consideração que algumas pressões sonoras, como a atmosférica, são devagar e nem
sempre podem ser percebidas pelos ouvidos humanos. Agora caso elas ocorram mais
rápidas (20Hz/s), então teremos como ouvi-las.

O ouvido humano possui uma faixa de medida de frequência onde ele responde ao
som e aos ruídos; essa faixa está entre 16-20 HZ e 16-20 kHZ. Fora disso, o ouvido
humano não responde. A partir de estudos, pudemos comprovar que em algumas faixas
de frequência o ouvido não escuta, não pode responder.

Como temos umas peculiaridades no ouvido humano, foram adicionados aos


instrumentos de medições sonoras filtros eletrônicos, que possuem a finalidade de trazer
uma resposta mais aproximada do ouvido. Essas respostas podemos chamar de Curvas
A, B e C, que são Curvas de Compensação ou Ponderação.

Nos medidores, as velocidades de respostas que obtemos estão ligadas aos tipos de
ruídos e também ao tipo de avaliação que precisamos ter. O que vai diferenciar são as
respostas de acordo com o tempo de integração ou constantes desse tempo.
• Slow – define-se por uma resposta lenta, onde a avaliação dos ruídos é contínua e
intermitente, em fontes não estáveis.
• Fast – define-se por uma resposta rápida, onde os ruídos avaliados são de grande
impacto, calibração.
• Impulse – define-se por uma resposta de impulso, onde é realizada uma avaliação
ocupacional para os ruídos de grande impacto.

Nível de ruído de fonte com presença de ruído de fundo


Consideramos ruído de fundo os ruídos de fontes secundárias; essas são denominadas
secundárias, pois escutamos uma principal e depois elas meio que no fundo.

A melhor maneira de se determinar seria excluindo as fontes de ruído secundárias e


medir apenas aquela pela qual se tem interesse. É importante lembrar que normalmente
não é simples nem fácil esse tipo de procedimento. Portanto, para avaliar melhor, pode-
se fazer uma subtração de dB, para assim poder ter um valor mais próximo da fonte pela
qual se tem interesse. Podemos utilizar conforme abaixo:

Ls+n= ruído total (fonte e fundo) Exemplo: Ls+n=60 dB e Ln=53 dB

Ln= ruído de fundo Ls+n-Ln=7 dB - ΔL=1 dB

Ls= ruído da fonte Ls=Ls+n-ΔL = 60-1 = 59dB

Ls = Ls+n – ΔL

- Teremos uma pequena alteração apenas caso a fonte seja desligada.


- Teremos um grande caimento caso a fonte seja desligada, pois ela que determina
o ruído total.

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Através da Portaria 3214/78 do Ministério do Trabalho – NR-15, limite de tolerância


é representado por níveis máximos permitidos para exposição a ruídos contínuos, de
acordo também com o tempo diário dessa exposição. Os níveis são medidos em dB(A).
A tabela 2 abaixo faz parte desse material:

Nível de Ruído dB (A) Máxima Exposição Diária Permissível


85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 08 minutos
115 * 07 minutos
FONTE: NR 15 - Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente.

Oferecem graves e iminentes riscos ao ser humano os níveis de ruídos contínuos e


superiores a 115 dB(A), sem o uso de proteção adequada.

Dose de ruído
Os limites de tolerância variam de acordo com os níveis de ruídos e também com o
tempo de exposição, apesar de ser correto afirmar que durante a execução de tarefas
o indivíduo está exposto a mais de um tipo de ruído e nível dos mesmos. Portanto, o
normal é uma exposição com tempos e ruídos variados.

O conceito para DOSE é utilizado sempre que se deseja numerar a quantidade de


exposições e também obter os resultados de acordo com as situações diferentes de
acústicas que são emitidas; também podem mudar de acordo com o tempo cumulativo
durante todo o período de trabalho.

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Pode-se calcular assim a dose de ruído:

D = Te1 / Tp1 + Te2/Tp2 + ..... Tei / Tpi + ...... + Ten /Tpn

Assim:

D = dose de ruído.

Tei = tempo de exposição a um nível.

Tpi = tempo de exposição permitido pela legislação para o nível.

Usando o conceito de Dose podemos calcular de forma cumulativa a exposição


durante toda a jornada de trabalho do profissional. Será admissível uma exposição
de até 100% (unidade 1) e será considerado como excesso quando a dose for maior
que 100% (unidade 1). Quando falamos inaceitáveis, estamos dizendo que essas
podem causar surdez e riscos ocupacionais aos trabalhadores, necessitando assim de
medidas de controle.

- A medição admite que o limite de tolerância deve ser igual à dose diária que se
recebe de ruído;
- Não se pode ultrapassar 100%, seja qual for o trabalho realizado, durante o
período de trabalho;
- Deve-se atentar ao tempo medido pela dose de ruído, pois caso ele dobre essa
medida também irá dobrar;
- Terá maior importância para dose de ruído se o nível for muito intenso e também
seu tempo de exposição for maior;
- Quando o nível for mais elevado, o tempo de exposição deve ser reduzido, para
que se tenham boas reduções das doses;
- Sempre que se puder, o ideal é evitar a exposição aos ruídos.

Devemos lembrar que se a avaliação de doses for realizada em um tempo menor que
o da jornada de trabalho, não teremos um valor real obtido, portanto será necessário
usar uma regra de três simples para estimar o valor correto da dose, como: tempo de
avaliação = 7h 30 min; dose obtida = 87 % para jornada de 9 horas:

6,5 87

8,0 DJ

87 x 8
=
DJ = 107%
6, 5

Exemplificação: exposição do operador A em uma indústria:

Período de exposição e nível de ruído


• 6h - 85 dB(A)
• 2h - 90 dB(A)

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Agentes Físicos – Ruído e Vibração

Nesse caso, podemos considerar que houve a ultrapassagem do limite de tolerância?

Resposta:

D = 6/8 + 2/4 = 1,25

1,25 > 1 Limite excedido

Vamos analisar o operador B da mesma empresa:

Período de exposição e nível de ruído


• 4h - 85 dB(A)
• 1h - 95 dB(A)
• 1h - 68 dB(A)
• 2h - 90 dB(A)

Nesse caso, podemos considerar que houve a ultrapassagem do limite de tolerância?

Resposta:

D= 4/8 + ½ + 2/4 = 1,5 OU 150% - Excede

Obs.: Nesse cálculo só serão considerados os valores obtidos que forem 80 dBA ou
acima disso.

LAVG - Nível Médio


Podemos dizer que LAVG Nível Médio é um nível de pressão sonora que possui
uma continuidade e que é medido de forma permanente; esse procedimento produz
um mesmo nível e tempo de dose de ruído real. Na Norma Regulamentadora NR-15,
encontramos uma fórmula que nos mostra os limites de tolerância.

LAVG = 80+16,61log (0,16 CD/TM)

Onde:

TM= É o tempo de amostragem

CD= É a contagem da dose

Dosimetria
Na prática, normalmente não são observadas as exposições em níveis discretos,
assim facilita-se o cálculo manual. Agora se observam bastante os níveis de ruídos que
oscilam bastante e rápido, sendo assim difícil a obtenção dos dados de acordo com o
tempo de exposição. Podemos utilizar um instrumento chamado dosímetro para medir
essa dose representativa.

A função do dosímetro é medir a dose de ruído que o indivíduo obtém durante a


execução de seus trabalhos e a toda exposição a que é submetido durante esse tempo.

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No display do dosímetro, é mostrado o valor acumulado da dose no fim da jornada de
trabalho, e até mesmo os níveis altos e médios.

NBR 10151
Atualmente, a poluição sonora é uma das principais causas do estresse. De acordo
com a OMS, é a 3° maior poluição ambiental.

Observa-se que o estresse auditivo tem início a partir do momento em que o ouvido
é exposto a níveis de pressão iguais ou superior ao de 55dB.

O sono demonstra uma melhor qualidade em locais onde o silêncio prevalece. Um


alerta dos organismos manifesta-se gradualmente, mesmo dormindo, de acordo com o
aumento do ruído. As vegetações começam a sofrer reações no eletroencefalograma e
na estrutura do sono, a partir do valor de 35 dB(A), e com isso ficando mais superficial.
Os reflexos protetores do ouvido médio demonstram se ativar a partir do momento
em que o ruído alcança 65 dB(A); quando isso ocorre, anula-se em parte a audição e
causando também uma insegurança. Dormir causa uma maior latência desse aspecto.
Provavelmente recupera-se parcialmente com o ruído de fundo a 75 dB(A), mas sendo
inferior a níveis silenciosos. Caso não se tenha uma noite de sono “agradável”, ocorre-
se uma perda no alerta auditivo, no desempenho físico, no desempenho mental e no
desempenho psicológico.

É correto afirmar que o incômodo é causado por um ruído de nível de até 50 dB(A),
mas é suportável se estiver em modo vigília, agora níveis a partir de 55 dB(A) podem
ser estressantes e causar desconforto. Com o desequilíbrio bioquímico que se inicia por
volta de 65 dB(A), dá-se início ao estresse degradativo do organismo, assim aumentando
alguns riscos graves (enfartes, derrames e infecções).

Aumento da pressão sanguínea, o ritmo cardíaco e contrações musculares podem


ser ocasionados por exposição de ruídos. E que causem alguns problemas com o
metabolismo, como interromper o fluxo de saliva, causar má digestão por conta do suco
gástrico, indigestões; também podem aumentar a adrenalina e outros hormônios, fazendo,
assim, com que o sangue fique com mais glicose e ácidos graxos. Podem causar outros
tipos de danos no metabolismo, como problemas cardiovasculares, problemas com nariz/
garganta/ ouvido; esses podem ser passageiros ou até mesmo permanentes. Além disso,
podem causar problemas físicos, cerebrais e até mesmo secreção de hormônios.

Quando existem casos de estresse permanentes nos operadores, também se


encontram associados alguns outros problemas, como irritação, problemas psicológicos
e neurovegetativos, ansiedade e nervosismo, sonolência ou insônia, redução de libido,
cefaleias, e até mesmo problemas gástricos como úlceras, gastrites e hipertensões,
acompanhadas de fadiga, falta de apetite; com isso, temos um aumento nas idas ao
médico, causando assim um maior nível de acidentes e número de absenteísmo.

Dependendo da atividade que se realizará, um nível acima de 90 dB afeta


desfavoravelmente a realização da atividade, principalmente se a atividade demandar
uma maior atenção. Uma pessoa gasta cerca de 20% a mais de energia para realizar a
atividade sob pressão de um ruído perturbador.

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Agentes Físicos – Ruído e Vibração

A ocorrência de surdez ocupacional é induzida pelo ruído, dependendo de características


ligadas ao homem, ao meio, ao agente e ao tempo de exposição. A surdez profissional
está ligada à exposição a um ruído intenso e durante um longo período, estando eles
ligados. Essas perdas podem ser divididas em três tipos:
a) trauma acústico – ocorre-se geralmente após o ouvido médio ser exposto a um
ruído com um enorme deslocamento de ar e uma grande intensidade e com isso
uma perda de audição repentina.
b) surdez temporária – quando um profissional se encontra exposto a um ruído
muito forte, pode ocorrer uma parada temporária na audição;
c) surdez permanente – a surdez pode se tornar permanente caso se tenha uma
exposição repetida todos os dias e com níveis altos, excedendo o permitido.

O excessivo número de veículos, comércios, indústrias, aeroportos e más localidades


é um dos principais causadores da poluição sonora. Devido à necessidade da criação de
um programa, que ajude a controlar o ruído excessivo e seus reflexos nas pessoas em
geral, o governo criou o PNECPS-S (Programa de Nacional de Educação e Controle da
Poluição Sonora - Silêncio), coordenado pelo IBAMA e instituído pela CONAMA por
meio das resoluções 01/90 e 02/90. Seus objetivos:
• importante capacitar as pessoas para que possam entender e trabalhar da melhor
maneira, capacitar logisticamente e tecnicamente os órgãos municipais e estaduais,
as pessoas em todo o Brasil;
• conscientizar e educar sobre os efeitos prejudiciais da poluição sonora, além de
tentar introduzir esse tema nos currículos escolares de 2°grau;
• procurar mostrar para as pessoas que devem comprar equipamentos ou máquinas
que possuem níveis de ruído mais baixos;
• um objetivo muito importante também é desenvolver atividades e convênios que aju-
dem nos programas, fixar contratos sobre o assunto, para contribuir com os projetos.

Outro ponto que merece destaque é a criação do selo ruído, cuja função é informar
o consumidor sobre o ruído emitido pelos brinquedos, motores, eletrodomésticos,
máquinas e assim permitir que o consumidor saiba a diferença na hora da escolha dos
produtos com menos ruídos, e com isso incentivar as fabricantes a produzirem produtos
mais silenciosos.

A seguir, algumas legislações federais relacionadas ao tema: Resolução CONAMA


nº 1/90; Resolução CONAMA nº 2/90; Resolução CONAMA nº 1/93; Resolução
CONAMA nº 2/93; Resolução CONAMA nº 8/93; Resolução CONAMA nº 20/94;
Resolução CONAMA nº 17/95.

Já sobre as legislações federais, podemos destacar três tópicos:


I - A emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer atividades industriais, comerciais,
sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda política, obedecerá, no interesse da
saúde, do sossego público, aos padrões, critérios e diretrizes estabelecidos nesta Resolução.

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II - São prejudiciais à saúde e ao sossego público, para os fins do item anterior, os ruídos
com níveis superiores aos considerados aceitáveis pela norma NBR 10151 – Acústica
- Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas, visando o conforto da comunidade.

III - Na execução dos projetos de construção ou de reformas de edificações para atividades


heterogêneas, o nível de som produzido por uma delas não poderá ultrapassar os níveis
estabelecidos pela NBR 10152 – Níveis de Ruído para conforto acústico.

Fonte: Resolução Conama N°001, de 08 de março de 1990.

Os tópicos mostrados anteriormente descrevem as referências normativas que têm


as condições exigíveis para a avaliação da aceitabilidade dos ruídos em comunidades,
além de mostrar a maneira como é tirada a medida do ruído e a fixação dos níveis
considerados compatíveis com o conforto acústico em diversos ambientes.

O item 17.5.2.1 da Norma Regulamentadora NR-17 estabelece que é aceito o nível


de até 65 dB(A) e uma Curva de avaliação de ruído superior a 60 dB, como efeito
de conforto, caso suas atividades possuam características que estejam dentro do item
17.5.2, e não sejam divergentes da NBR 10152.

A norma que trabalha com o assunto de Ergonomia é a NR-17 do TEM e ela também
trata sobre o conforto acústico. Nela há algumas normas sobre conforto acústico como
a NBR 10152.

Se um trabalhador ficar exposto a um ruído (que seja de um nível maior do que as


condições de conforto acústico), essa exposição poderá levar ocasionalmente a uma
perda de audição.

A maneira como é feita a avaliação envolve as medidas do nível de pressão sonora


equivalente (LAeq), segundo a curva “A” em decibéis ponderados. Essa curva tem por
objetivo manter uma resposta adequada para o ouvido humano em relação ao medidor.

Define-se o nível de ruído ambiental (Lra), ruído com componentes tonais, nível de
pressão sonora equivalente (LAeq), ruído com componentes tonais.

Medidor e calibrador do tipo 2 são equipamentos de medição, com certificado de


calibração pelo INMETRO ou pela RCB.

As avaliações devem ser feitas em dB(A) quando referentes a níveis de pressão sonora.
Serão realizadas medidas complementares com análises de frequências, caso haja
necessidade de uma redução de nível ou medidas para correção sonora, isso segundo a
NBR 10152/1987.

Medição - procedimentos
1. Medições nas áreas exteriores das edificações, contendo a fonte:
·· precauções técnicas devem ser tomadas para evitar a influência do vento
e outras condições climáticas, quando relevantes;
·· deve-se respeitar uma distância de 1,2m entre os pontos das medições e
uma distância de 2 metros entre a superfície refletora (muros, paredes e
outros) e a propriedade;

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UNIDADE
Agentes Físicos – Ruído e Vibração

· no caso de uma reclamação, as medidas devem ser feitas nos locais e


condições que o reclamante indicar;
· se o ponto de medida não atender às condições acima, mesmo assim
deve-se colocar o valor que foi medido nesse ponto.
2. Medições nas áreas interiores das edificações:
· as medidas devem ser feitas a uma distância de no mínimo 1m de qualquer
superfície, como, por exemplo, móveis, piso, paredes e teto – no mínimo
tirar 3 medidas (média aritmética) em 3 posições distintas, com um possível
afastamento de 0,5m entre si;
· quando forem efetuar as medições, estas devem ser feitas no ambiente
como ele é utilizado normalmente, com portas e janelas abertas ou não,
de acordo com o que o reclamante descrever;
· se o ponto de medida não atender às condições acima, mesmo assim
deve-se colocar o valor que foi medido nesse ponto.

Ruídos com características especiais devem ser corrigidos.

Um ruído sem componente e sem caráter impulsivo deve ter seu nível LC corrigido,
assim passará a ter um nível de pressão equivalente, ou seja, um LAeq. Caso ocorra de
o equipamento não executar a medida automaticamente do LAeq, deve ser considerado
o cálculo seguinte:
Li
1

n
LA eq = 10 log i =1
10 10
n

Onde:

Li = NPS dB(A), lido em “fast” a cada 5 s, n é o nº total de leituras.


• Se o ruído for de impacto ou impulsivo – Lc = max LA medido em “fast”, acresido
de 5dB(A);
• Se o ruído tiver componentes tonais – Lc = LAeq + 5 dB(A);
• Caso o ruído tenha ruído impulsivo e componentes tonais, esse deve ser considerado
com maior nível que os outros.

Avaliação do ruído
Na tabela abaixo, teremos o limite máximo de conforto, que chamamos de Nível
Critério de Avaliação – NCA:

Tipos de Áreas Diurno Noturno


Áreas de sítios e fazendas 40 35
Área estritamente residencial urbana ou de hospitais ou de escolas 50 45
Área mista, predominantemente residencial 55 50

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Tipos de Áreas Diurno Noturno
Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 55
Área mista, com vocação recreacional 65 55
Área mista, predominantemente industrial 70 60
Fonte: Tabela 1 da ABNT NBR 10151:2000 Versão Corrigida: 2003

Esses horários diurnos ou noturnos da tabela podem ser definidos pelas autoridades,
mas sem sair daquilo a que as pessoas estão habituadas. O período noturno não deve
ter início depois das 22h e não deve acabar antes das 7h, mas já nos feriados e
domingos até 9h.

O NCA é o nível que determina o critério de avaliação nos ambientes internos:


• NCA int. = NCA ext. – 10 dB(A) [janela aberta].
• NCA int. = NCA ext. – 15 dB(A) [janela fechada] o NCA assume o valor de Lra,
quando o nível de ruído (ambiental) Lar for maior que o valor da tabela 1 para
o horário e área em questão.

Como elaborar um relatório de ensaio?


• informar especificações (como marca, tipo e número de série) dos equipamentos
de medição utilizados;
• informar certificado de calibração (número e data do último) para cada equipamento
de medição;
• esquematizar o desenho e/ou descrever detalhadamente cada ponto de medição,
duração e horário das medições do ruído;
• informar nível de pressão sonora corrigido;
• informar nível de ruído;
• descrever valor do NCA (Nível de Critério de A avaliação) aplicado para o horário
de medição e a área;
• referência a essa norma.

Atenuação de protetores auriculares


Método RC/ NRR
Esse método ajuda a entender as variações existentes. Foi desenvolvido para ser
prático em sua utilização. Anteriormente, era utilizada a medição espectral, que foi
tirada pelo NIOSH. Agora se utiliza um estimador com espectro rosa, onde é feita uma
correção técnica pelo C-A; quando o NRR é calculado também se superestima um risco,
o qual podemos considerar 98% confiável. Com isso foi estabelecido um nível confiável
igual para o protetor. Isso nos mostra a segurança que tem nesse número que faz parte

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UNIDADE
Agentes Físicos – Ruído e Vibração

dos dados do protetor, 98% em dificuldade de atenuação. Fazendo isso se torna a conta
simples, com elegância e prestigiada: para obter o nível que o ouvido atinge em dBA é
importante que se subtraia o NRR do ruído que foi avaliado.

dBC - NRR = dBA (ouvido)


Esse método prevê que seja utilizado o dBC, mas no próximo iremos ver que o
indicador passará a ser utilizado para o espectro.

Método de RC/NRR – qual dBC deverá ser utilizado?


No caso, o técnico tem uma função simples, apenas subtrair o NRR do valor avaliado
de ruído em dBC, resultando assim qual o nível atingido pelo ouvido em dBA.

dBC - NRR = dBA (ouvido)


O dBC que está sendo utilizado na fórmula deverá ser discutido. Este é a representação
da exposição que o trabalhador sofre. Através da dosimetria, pode-se estimar esse nível
que é variável, de forma confiável. Com a dosimetria, conseguimos obter o nível de
jornada médio, através da curva de compensação C, e não com a Curva A. Sendo assim,
o dosímetro deverá operar em circuito C.

Os dosímetros utilizados hoje possuem a opção de trabalhar em circuito C. Caso


não se consiga fazer em curva C, então o ideal é escolher um nível em dBC que possa
representar a jornada. Portanto, a opção é escolher o nível maior de dBC, a máxima
fonte dessa exposição. Esse tipo de atitude está ligado à segurança, e é também bem
conservadora em alguns casos, pois deve ser mínimo o nível de exposição. Mesmo
assim, dosimetria C continua sendo a melhor opção, considerando que se deseja obter
um nível médio LAVG (C).

O próximo assunto será o desconto que é aplicado no NRR, de forma adequada,


para que reflita corretamente nas situações gerais de uso. O NRR é obtido no
laboratório, portanto tem níveis ideais e dificilmente conseguiríamos reproduzi-los
diariamente nas empresas.

1. Correção no uso de protetores


Nas partes acima do material, pudemos definir que o limite será o método de único
número. Também foi mencionado o método NIOSH n. 2 e o NRR ou RC, que podemos
chamar também de NRR tradicional. Foi estudado ainda que podemos utilizar o dBC na
fórmula. Ficou faltando apenas como devem ser feitas as correções quando temos um
uso real, pois o NRR que obtemos é de laboratório, com condições próprias, especiais,
que não são iguais como se tivessem sido feitas em campo.

No laboratório trabalhamos com materiais novos, e são testados nas pessoas com
o ajuste perfeito, são bem colocados, e pessoas orientadas e experts fazem esse teste;
portanto, minimiza-se muito o risco de erros, fora isso não há interferência nenhuma
dos protetores EPIs com outros objetos. Trazendo para situação real, não temos

20
protetores novos, existem diversas interferências, os EPIs são colocados de forma
deficiente, portanto não podemos considerar que seja 100% a proteção, e nem sempre
os profissionais permanecem o tempo todos com eles. Existem maneiras para contar o
tempo em que não são usados os protetores. Já para alguns desvios que podem ocorrer,
pode-se utilizar os fatores de correção que encontramos no NIOSH, que se tornam
diferentes de acordo com cada protetor. Nos casos de circum-auriculares, existe um
desconto de 25%; já nos protetores de espuma que são de inserção, existe um desconto
de 50%; enfim, damos um desconto de 70% para os pré-moldados. Utilizamos esses
descontos no cálculo de NRR nominal, antes que sejam utilizados no método n.2.

2. Usar o dBA no lugar de dBC


Considerando o que foi falado até o momento, sobre os valores de ruído em dBC,
estão no método NRR. Como existe uma pressão por parte dos técnicos para que seja
utilizado o dBA ambiental, estabeleceram uma alternativa com o uso dele. No método
básico, quando falamos de diferença C-A estamos falando do ruído. Quando está sem o
dBC, podemos considerar que teremos um ruído desfavorável, com baixas frequências.
A diferença C – A = 7 foi a diferença admitida pelo NIOSH para representar um ruído
desse tipo. No caso, iremos utilizar dBA + 7 no lugar do dBC, portanto a alternativa é
descontar em 7 o NRR. Portanto, ao se utilizar do dBA ambiental, devemos diminuir o
7 no NRR. Se definirmos o NRR para usar o dBA de NRRa, teremos o seguinte:

NRRa = NRR – 7
Enfim, após feitos os descontos, as fórmulas que vimos passam a ser válidas,
considerando o conceito de correção, onde aplicaremos o dBA e para os piores casos o
dBC, corrigindo o NRR e após aplicando menos 7.

1. NRRSF
Tudo o que falamos até o momento é referente ao NRR denominado tradicional,
entrando em conflito com o NRRsf, que é uma nova proposta que já está sendo praticada
no país. Os próprios fabricantes já ensaiam e conseguem distinguir os protetores NRRsf.
Como já vimos, é necessário que sejam feitos descontos no NRR tradicional, por conta
da diferença entre o campo e o laboratório. Podemos entender também que se os ensaios
que são realizados nos laboratórios fossem feitos por pessoas sem conhecimento, que
apenas iriam ler os manuais e utilizar o protetor para fazer o teste, teríamos dados mais
próximos dos reais. Isso mostra bem a Norma ANSI S 12. 6/ 97 B. No caso do NRRsf, ele
é calculado também a partir dos dados de atenuação, mas com algumas particularidades,
como 84% de nível de proteção estatístico subtraindo do dBA, considerando uma correção
de 5 e não de 7, esse já embutido no número, ficando assim:

dBA – NRRsf = dBA (ouvido)


Sendo assim desnecessário fazer qualquer outra correção, apenas com a do tempo
real do uso, que deve ser considerada.

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UNIDADE
Agentes Físicos – Ruído e Vibração

1. Atenuação ao ruído – cálculo


Temos hoje três métodos para calcular a atenuação:
• NRR Tradicional é dBC ambiental em Lavg - a variante é utilizar o Lavg o máximo
do período no lugar do dBC.
• Para que se possa usar o dBA (NRRa = NRR – 7) é necessário que se ajuste do NRR
tradicional - variante: valor máximo da jornada em dBA.
• Utilização de NRRsf, a partir do dBA obrigatoriamente (considerando o máximo
dBA ou o Lavg (A)).

É necessário nos dois primeiros que sejam feitas correções, para que se possa chegar
mais próximo do real.

Caso o protetor não seja utilizado 100%, é necessário que seja considerada a
correção. Não falamos aqui neste material sobre o método NIOSH n. 1 ou método
espectral longo. Como está escrito na IN 78 do INSS, os quatro métodos NRRa, NRR,
longo e NRRsf, são utilizados na previdência social.

2. Cálculo para uso do protetor auricular em tempo real


Caso o tempo real de jornada onde se utiliza o protetor não seja 100%, deve-se fazer a
correção. Uma simples retirada do protetor, mesmo que por pouco tempo, pode degradar
o cálculo do NRR que foi previsto, reduzindo, assim, de 3 a 5, caso o tempo de jornada
seja de 50% apenas. Podemos utilizar a tabela abaixo para considerar essa degradação:

Tempo de uso em porcentagem de jornada de 8h


50 75 87,5 94 98 99 99,5 100 (nominal)
Valor a ser descontado NRR
–20 –15 –11 –7 –3 –2 –1 25
–15 –11 –7 –4 –2 –1 –1 20
–11 –7 –4 –2 –1 –1 0 15
–7 –4 –2 –1 –1 0 0 10
240 120 60 30 10 5 2,5 0 (nominal)
Tempo de não uso em minutos por jornada de 8 horas
Fonte: PECE USP

Exemplo: um protetor com NRR=25 retirado por 10 minutos é corrigido em -3,


ou seja, seu valor efetivo será 25-3=22. Para valores intermediários, usar o NRR
imediatamente superior.

Essa correção deve ser aplicada após as correções do NIOSH segundo cada tipo de
protetor, em função das condições de uso real. No caso do NRRsf, não há tais correções,
mas apenas do tempo de uso (esta correção), se for o caso (PECE-USP).

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Exemplo: cálculo de NRR para protetores auriculares

Protetor: 3M, tipo inserção, modelo 1110


Frequências centrais de banda
125 250 500 1000 2000 4000 8000
de oitava (Hz);
a) Níveis de banda de oitava
em dB(A), de um ruído rosa 83,9 91,4 96,8 100,0 101,2 101,0 98,9
arbitrário de 100 dB por banda;
b) Atenuações médias; 25,9 34,4 39,7 36,3 38,5 42,9 45,4
c) Desvios padrão (x2); 8,0 9,6 10,4 6,4 6,2 5,1 7,6
d) Níveis em dB(A), por banda de
oitava, “após” o protetor auditivo 66,0 66,6 67,5 70,1 68,9 63,2 61,1
d = a . b + c;
e) Nível global, após o protetor; 75,7
f) NRR = 107,9* - e - 3,0** (dB)*** 29,2
Fonte: Série publicada na Revista Proteção, seção Prevenção de riscos, Mario Fantazzini

Protetor: 3M, tipo inserção, modelo 1210


Frequências centrais de banda
125 250 500 1000 2000 4000 8000
de oitava (Hz);
a) Níveis de banda de oitava
em dB(A), de um ruído rosa 83,9 91,4 96,8 100,0 101,2 101,0 98,9
arbitrário de 100 dB por banda;
b) Atenuações médias; 30,8 31,8 31,7 32,7 34,3 41,8 45,7
c) Desvios padrão (x2); 7,2 8,6 5,4 6,2 8,6 8,9 10,7
d) Níveis em dB(A), por banda de
oitava, “após” o protetor auditivo 60,3 68,2 70,5 73,5 75,5 68,1 63,9
d = a – b + c;
e) Nível global, após o protetor; 79,3
f) NRR = 107,9* - e - 3,0** (dB)*** 25,6
Fonte: Série publicada na Revista Proteção, seção Prevenção de riscos, Mario Fantazzini

Protetor: 3M, tipo concha, modelo 1440


Frequências centrais de banda
125 250 500 1000 2000 4000 8000
de oitava (Hz);
a) Níveis de banda de oitava
em dB(A), de um ruído rosa 83,9 91,4 96,8 100,0 101,2 101,0 98,9
arbitrário de 100 dB por banda;
b) Atenuações médias; 15,5 21,8 28,1 29,6 30,5 37,0 40,0
c) Desvios padrão (x2); 4,4 4,4 5,4 3,4 4,0 4,8 6,0
d) Níveis em dB(A), por banda de
oitava, “após” o protetor auditivo 72,8 74 74,1 73,8 74,7 68,8 64,9
d = a – b + c;
e) Nível global, após o protetor; 81,4
f) NRR = 107,9* - e - 3,0** (dB)*** 23,5
Fonte: Série publicada na Revista Proteção, seção Prevenção de riscos, Mario Fantazzini

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UNIDADE
Agentes Físicos – Ruído e Vibração

Exemplo: exercícios de ruídos


Considerando que o valor do ruído em um determinado ponto seja 82 dBA, qual
deverá ser o valor máximo de uma outra fonte ao ser colocada nesse ponto, para que
não se exceda o nível que é permitido para um período de 8 horas por dia?

Resposta:

8 horas por dia = 85 dBA: a combinação deverá ser de dois níveis atingindo o 85.
82! 82 “+” 82” = 85.

Qual será o valor NRR corrigido, no caso de um protetor de espuma com uma
expansão de NRR=29, sendo utilizado por um tempo de 30 minutos?

Resposta: 12,5.

Considerando que a dosimetria convencional deve ser de 300%, se tivermos um


protetor NRRsf de 14,5, qual deverá ser o nível de atenuação?

Resposta: 78,4 dB(A).

Exposição às vibrações mecânicas


Podemos dividir em duas classes a exposição ocupacional a vibrações: serviços com
ferramentas manuais que vibram e trabalhos realizados com máquinas pesadas.

Quando falamos de trabalhos com máquinas pesadas, estamos falando de tratores,


máquinas para terraplanagem, compressores, caminhões, aeronaves e até mesmo ônibus.

Os trabalhos com ferramentas manuais se referem a marteletes, compactadores,


motosserras, lixadeiras e até mesmo britadores.

As vibrações podem ser classificadas em:


• vibrações que atingem o corpo inteiro: normalmente atingem os trabalhadores que
estão sentados ou reclinados, de pé ou deitados, passando por todo o corpo;
• apenas vibrações localizadas: essas são vibrações que normalmente atingem braços,
ombros e mãos apenas.

A Norma Regulamentador NR-15 (Anexo 8), portaria número 12 do ano de 1983,


informa que todas as atividades que tragam exposição aos trabalhadores sem o uso
de proteção adequado devem ser consideradas insalubres e deve ser feita perícia onde
o trabalho será realizado. ISO/DIS 5349 e ISO 2631 são as normas que estipulam
os limites de exposição, estes devem ser definidos sempre independentemente de se
encontrar exposição ou não. Nos laudos devem estar escritos os seguintes itens:
• instrumentos utilizados;
• quais os critérios que foram adotados;
• metodologia usada para avaliação;

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• quais as condições de trabalho e quanto tempo o trabalhador fica exposto à vibração;
• avaliação quantitativa e seus resultados;
• medidas para eliminar a insalubridade quando ela existir.

Quando existe insalubridade e essa é considerada de grau médio, o trabalhador passa


a receber um valor adicional equivalente a 20% em cima do salário já recebido.

As frequências que compõem a vibração é que vão definir os efeitos desta no


trabalhador. No caso, é correto afirmar que as baixas frequências são bem mais
prejudiciais. Portanto, os equipamentos que medem essas vibrações deverão filtrar e
ponderar essas características para dar esse resultado. Observaremos na figura abaixo
os parâmetros e como estão relacionados matematicamente.

1 T 2
a ( t ) dt
T ∫O
Valor r.m.s. = a eq =

Valor de pico
Fator de Crista =
Valor r.m.s
Fonte: Bruel & Kjaer, 1988.

A aceleração expressa em m/s² é o parâmetro que traz mais interesse quando


tratando de questões ocupacionais. Essa aceleração também pode ser expressa em dB,
que pode ser calculado como abaixo:

La = 20 log [a/a ref.] (dB)

a → aceleração medida em m/s2

aref. → valor de referência = 10–6 ,/s2

Efeitos da exposição
Quando ocorrem problemas no sistema das mãos e braços, por conta da exposição
a vibrações, podemos falar que seja de ordem neurológica, vascular, muscular ou até
mesmo ósteoarticular. Taylor e Pelmear descreveram sobre a evolução da doença dividida
em estágios, por conta da exposição diária, mas em longo prazo de meses, conforme
informações abaixo:
• Normalmente nem sempre os funcionários entendem os riscos e gravidades por
conta de um formigamento ou adormecimento que mesmo leves podem ser o
início, primeiros sintomas da síndrome;

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UNIDADE
Agentes Físicos – Ruído e Vibração

• Pode ocorrer branqueamento nas pontas dos dedos e depois pode até mesmo se
estender à mão toda caso tenha uma continuidade da exposição;
• Quando a temperatura frequente do ambiente é fria, pode provocar alguns ataques
e também alguns outros disparos, como a temperatura central do corpo, o tônus
vascular, estado emocional e também a taxa metabólica;
• Normalmente, os branqueamentos costumam durar até 60 minutos. Em casos
onde duram mais, podem ir até duas horas. A recuperação pode ser feita através
de uma hiperemia reativa; começa pelas palmas, vai para os pulsos e dedos e
também com rubor;
• Pode ocorrer perda de destreza e incapacidade para certos trabalhos nos casos mais
avançados; devido a ataques isquêmicos repetidos, a sensibilidade também pode
ficar comprometida;
• Conforme for continuando a exposição, os ataques de branqueamento vão
reduzindo, e é substituído por aparências cianóticas nos dedos;
• Enfim, podem aparecer necroses (acrocianose) nas pontas dos dedos.

Avaliação da exposição à vibração transmitida às mãos


Os fatores que influenciam na severidade da vibração a que as mãos são expostas são:
• ao segurar a ferramenta, a magnitude das forças que o operador recebe é grande;
• frequência nas vibrações a que é exposto;
• tempo que dura a exposição diariamente;
• sinal de vibração;
• características da exposição, como: pausas, contínuas, tempos e também o método
do trabalho;
• posição em que fica o corpo, os braços e as mãos do operador ao executar o
trabalho;
• características dos equipamentos e peças que manuseiam;
• onde as mãos estão localizadas ao ficarem expostas à vibração.

Normas vigentes: ISO 5349


ISO 5349 é a norma que trata de “Guia para medição e análise da exposição humana
à vibração transmitida às mãos”, esta estabelece procedimentos que avaliam os níveis
periódicos ou aleatórios da vibração nos braços e nas mãos. Não estipula limites para
essa exposição nem para aceleração e para o período diário, nem para os riscos que
pode causar à saúde, considerando ferramentas existentes e diferentes operações.

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Quanto à exposição:

A análise que é feita por conta da exposição à vibração é baseada na medição da


exposição diária.

Portanto, a exposição do dia é colocada em aceleração ponderada para comparar as


diferentes durações dessa exposição, onde essa frequência equivale a uma energia de 4 horas.

No caso de o período do dia que o trabalhador ficar exposto à vibração não for igual
a 4h, deverá ser colocada uma aceleração equivalente em energia, portanto seria um
período de 4h, segundo a equação 3.1 da norma.

Pode-se utilizar a equação 3.2 do anexo da norma para converter a aceleração


durante 4 horas com aceleração em energia 4h.

Nas equações 3.3 e 3.4 dos anexos da norma, podemos encontrar as expressões que
servem para calcular a exposição quando ela é parcial, uma exposição diária que tem
diversas exposições durante a atividade realizada.

Podemos identificar uma relação dose-resposta no Anexo A da Norma, que nos


ajuda a calcular o tempo de exposição entre as faixas de 1 a 25 anos, antes que sejam
apresentados acidentes como dedos brancos por conta de exposição à vibração de 2 a
50 m/s² durante o período de 4 horas. Por volta de 40 estudos diferentes mostram essa
relação de dose-resposta com exposições que vão até 25 anos. Casos de exposições
cotidianas, de trabalhos que são realizados todos os dias e com a utilização de uma
ferramenta apenas ou processos industriais onde essa vibração é causada pelas mãos.
• Podemos apresentar a medida da aceleração em frequência ponderada, seja com
terça de oitava ou em oitava;
• Na norma temos o anexo B, que traz recomendações médicas preventivas, desde
treinamento para os operadores como conceitos administrativos. Não são partes
oficiais da norma os anexos A e B;
• Podemos converter em aceleração ponderada os dados que estão medidos em oitava
ou terças de oitava, quando vamos trabalhar com a relação dose-resposta. No item
3.5 da norma temos uma expressão, que pode calcular essa aceleração ponderada.

Quando usamos braçadeiras, prisioneiros ou colas, para montagem de


acelerômetros fixo, estamos fazendo algo inviável, pois podem deixar alguns
materiais resilientes em cima das manoplas de apoio. Por isso, podem-se usar
adaptadores. Esses adaptadores podem limitar a aplicação, pois possuem respostas
em frequência. Podemos usar como exemplo um adaptador de mãos, onde sua
resposta é em frequência, sendo restrito comparado a um adaptador para manopla;
não é recomendado que se utilizem ferramentas de percussão. É importante que o
higienista esteja sempre atento aos adaptadores que são fornecidos no mercado e suas
aplicações, materiais, limitações e característica e principalmente às recomendações
que são disponibilizadas pelos mesmos.

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UNIDADE
Agentes Físicos – Ruído e Vibração

FONTE: Bruel & Kjaer, 1989.

Vibrações de corpo inteiro


Efeitos causados nos grupos por conta de condições:
• problemas gastrointestinais;
• problemas na dorsal e na lombar;
• dificuldades no sistema visual e vestibular;
• sistema visual e vestibular em desordem;
• discos intervertebrais com problemas;
• problemas de degenerações na coluna vertebral.

Quando as vibrações atingem um nível superior a 10 m/s², podem ser consideradas


preocupantes; já na ordem dos 100 m/s², podem trazer grandes danos, como
sangramentos internos.

ISO 2631/1:1985 e seus aspectos gerais


• 1 a 80 Hz é a faixa de frequência;
• Limite, tipos:

“Conforto reduzido”, consideramos como preservação do conforto;

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Podemos chamar a preservação da eficiência “Proficiência reduzida por fadiga”;

“Limite de exposição” é o limite que controla até onde se pode ficar exposto,
preservando assim a segurança e saúde do indivíduo.
• Sistema tri-ortogonal estando no centro no coração;
• Eixos Z e X, Y com limites distintos;
• Z – 4 a 8 Hz, região com a maior sensibilidade para com esse eixo;
• X, Y – 1a 2 Hz, região com a maior sensibilidade para com esses eixos;
• Temos a vibração aleatória e também a avaliação de frequências discretas
singulares ou podemos até chamar de discretas múltiplas;
• FC (Fator de Crista) > 6 =>Durante a execução desse método, podemos subestimar
o movimento. O período mínimo é de um minuto durante essa avaliação do FC. (FC
= Vp/Vrms), onde Vp é o valor de pico e Vrms é o valor eficaz;
• Nas pesquisas que foram realizadas em laboratórios, pode-se constatar que nos
homens o limite de exposição é a metade do limiar de dor ou dos pacientes saudáveis;
• Não se recomenda que sejam excedidos os limites de exposição sem que sejam
impostas precauções ou justificativas;
• Em um único eixo, ao se desejar um número único para a quantificação da vibração,
pode-se utilizar o método ponderado, pois ele simplifica as medições nas situações
em que a análise espectral é inconveniente ou difícil, no entanto é recomendado
registrar-se a composição em frequência dos movimentos avaliados;
• Caso venha a ocorrer vibrações em mais de uma direção simultaneamente, nos três
eixos os correspondentes limites aplicam-se separadamente a cada componente vetorial;
• Se 3 ou 2 componentes vetoriais demonstrarem magnitudes similares quando se
multiplicar 1.4 pelos componentes ax e ay, o efeito no desempenho e conforto,
ocasionado pelo movimento combinado, pode ser maior do que qualquer
componente singular. Para obter o cálculo do efeito desse movimento, é necessário
utilizar a fórmula abaixo:
a = [(1,4 axw)2 + (1,4 ayw)2 + A2zw]1/2
• Pode-se utilizar esse vetor resultante para comparar com o vetor resultante de
outros movimentos;
• As avaliações quanto à performance e ao conforto pode-se fazer através de
comparações de “a” com a vibração obtida no z (azw);
• Conseguimos usar o vetor resultante para comparar com o vetor resultante de
outros movimentos;
• Com a comparação de “a” conseguida com a vibração do eixo z (azw), podemos
obter avaliações sobre o conforto e a performance;
• As medições devem ser realizadas próximas ao ponto onde existe a exposição; esses
limites são relacionados ao ponto de entrada de energia no indivíduo. O assento
onde o funcionário está normalmente contém um transdutor, que está em um
suporte rígido e que possui folhas metálicas que estão adequadamente colocadas;

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UNIDADE
Agentes Físicos – Ruído e Vibração

• Deverão ser feitos os ajustes necessários e a calibração em tempo correto nos


equipamentos que fazem a medição;
• Quando comparamos o valor ponderado “single number” com a exposição, estamos
tratando de uma aproximação, considerando que é pequena essa diferença entre o
método detalhado dos casos práticos e entre o ponderado;
• É recomendado o método detalhado quando os níveis ponderados forem
inadmissíveis para o método ponderado (análise do efeito super-consertativa);
• É necessário que se reconheça a história temporal, para poder analisar as exposições
em que as vibrações são descontinuadas e variam com o tempo;
• As exposições diárias interruptas => No entanto, o efeito da exposição pode ser
atenuado, no presente momento os limites não podem ser alterados.

Limites da ACGIH – considerações


• Em cada ponto de medição, consegue-se obter a aceleração rms simultânea e
contínua nos 3 eixos, com pelo menos 1 minuto de registro, junto às coordenadas
biodinâmicas.
• Deve-se utilizar o acelerômetro de assento, que é composto por um disco de
borracha rígida – SAE, J 1013;
• Há a necessidade de efetuar uma análise espectral (Fourier) para cada eixo,
e isso é feito em bandas de terço de oitavas (1 a 80 Hz) para a comparação
com os limites para cada faixa de frequências. As acelerações consideradas
como limite pela ACGIH correspondem ao limite de redução da proficiência por
fadiga da ISSO 2631:1985, ou seja, cinquenta por cento do limite de exposição
das figuras referidas.
• A seguir, a maneira como calcular a aceleração ponderada total para cada eixo:

∑ (W )
2
Aw,eixo = f eixo A f eixo

• Quando é determinada pela expressão anterior, a aceleração nos eixos de vibração


tem magnitudes similares, o desempenho do operador do veículo é possivelmente
afetado pelo movimento combinado dos três eixos, que pode ser maior que qualquer
um dos componentes.
• A CE (Comissão Europeia) como nível de ação para uma jornada diária de 8 horas
recomenda que a aceleração global ponderada pode ser determinada pela expressão
que segue e comparada ao valor de 0,5 M/s².

(1, 4 A ) + (1, 4 A ) + ( A )
2 2 2
Aw,t = wx wy wz

• Se ao longo da jornada de trabalho ocorrer múltiplas vibrações de choque de grande


amplitude e de curta duração, FC > 6, o TVL pode não oferecer proteção. Métodos
de cálculo que incluem o conceito da quarta potência podem vir a ser de ultilidade
nessa situação.

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Observação: Ver tabela ACGIH 2002 – para as curvas de resposta 1 e 2, os fatores
relativos de ponderação da faixa de frequência de máxima sensibilidade de aceleração.

No item 3.3. da tabela ISO 2631/85; ACGIH; ISO 2631/97; Diretivas CE, você poderá
encontrar aplicações dos limites, discussões e exemplos.

Avaliação da vibração em relação à saúde – ponderação a frequência


Há duas principais ponderações em frequência relacionadas à saúde, elas são Wd para
as direções x e y, e para a direção z é a Wk. Devemos considerar na vibração translacional
que cada um de seus eixos (x, y e z) suporta o indivíduo, deverá ser determinada a
aceleração em frequência (rms). Considerando-se os efeitos que pode causar à saúde,
cada eixo deve ser analisado individualmente. Deve ser considerado o maior componente
da aceleração quando for feita uma análise de vibração, considerando-se todos os eixos.
O risco de saúde pode ser estimado de acordo com o resultante, quando der para
comparar dois ou mais eixos. No caso dos trabalhadores que estiverem sentados, devem-
se aplicar ponderações de frequência, multiplicando pelo fator k, conforme abaixo:
• Eixo z – Wk, K =1
• Eixo x – Wd, K =1,4
• Eixo y – Wd, K =1,4

Podemos encontrar um Guia de Efeitos que a vibração pode causar à saúde, como
método de informação, na Norma ISO 2631-1:1997.

Obs.: A Norma se baseia principalmente em pesquisas que tratam sobre exposição


humana às vibrações quando os indivíduos estão sentados. Esta se limita aos eixos x e y
(para pessoas sentadas), e no caso de pessoas em pé ou deitadas, até mesmo reclinadas,
aplica-se a todos os eixos.

Programa de Controle de Riscos de Vibração (PCRV)


Devemos observar os seguintes componentes:
1. Controles para administração e engenharia;
2. Motivação e treinamentos;
3. Vibração com seus níveis monitorados;
4. Níveis de vibração monitorados;
5. Acompanhar a reavaliação feita do programa;
·· Para que ocorra uma prevenção correta, é necessário que exista organização,

educação, comprometimentos de diversas pessoas em seus grupos, como


médicos, engenheiros, administradores, entre outros.
·· PCS x PCRV.
6. Controle e avaliação médica;
7. Realização de manutenção do controle médico.

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UNIDADE
Agentes Físicos – Ruído e Vibração

PCRV e o PPRA
1. O PCRV deverá ter um planejamento onde serão estabelecidas as prioridades,
metas e criado um cronograma anual. Para se definir quais os componentes de
maior prioridade, deverá ser feita uma análise considerando os seguintes itens:
· quantidades de trabalhadores a serem atingidos;
· dentro dos riscos existentes no PPRA, priorizar o agente de vibrações;
· informações técnicas e recursos disponíveis;
· PCMSO x danos.
2. Deverá ser adotada para a elaboração do PCRV uma metodologia e também
uma estratégia, sempre observando estes pontos:
· consultoria especializada e serviços;
· delegação de responsabilidade de cada pessoa.

Quanto à antecipação dos riscos:


• Criar novos procedimentos para os trabalhos e processos realizados, fazendo assim
com que seja minimizada a exposição;
• Priorizar e selecionar os produtos que tenham menos índice de vibração baixo (seguir
referências dos catálogos), onde possua um custo benefício maior, pensando em uma
análise de curto e também longo prazo e outros tipos de prevenções similares;
• Adquirir novos equipamentos, acessórios, ferramentas e produtos, para que se
tenha mais segurança;
• Adequar as ferramentas de acordo com a ISO 5349, lembrando-se de considerar
quais as ferramentas que estão disponíveis para que uma mesma tarefa possa ser
executada e equipamentos adequados, fazendo assim com que se tenham níveis
menores de vibração e também redução do tempo de trabalho;
• Novos procedimentos de manutenção, que estejam voltados para a diminuição dos
níveis vibratórios.

Quanto ao reconhecimento:
• determinar as pausas existentes, o tempo em que se fica exposto diariamente e as
características de cada tipo de exposição;
• determinar a quantidade de trabalhadores que ficam expostos;
• descrever as atividades que são executadas;
• determinar quais os equipamentos serão utilizados pelos operadores, quais suas
classificações e características.

Quanto à avaliação:
• importante qualificar o tipo de equipamentos, utilizando procedimentos, níveis,
informações anteriores e medições como base;

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• determinar o nível de vibração, entre aeq8/aeq4, para caracterizar essa exposição,
adotando medidas de prevenção e controle;
• na NR-9, no item 3.7, podemos encontrar como é feita a monitoração e também
a avaliação repetitiva e sistemática;
• através dos parâmetros obtidos, pode-se avaliar a gravidade e extensão do problema;
• verificar se as medidas adotadas são eficientes e também priorizar essas ações.

Exemplo de cálculo:
Verificou-se que temos uma vibração bastante significativa ao avaliar a exposição sofrida
por um marteleiro, pois acontece uma aceleração ponderada, mas que chega a 12,9 m/
s². Considere a exposição lembrando que ele executa 4,5 horas diárias desse serviço. Usar
como base as normas: NR9, NR15, ISOS 5349:1986 e 5349:2001 e o ACGIH.

Resposta:

Segundo a NR15, os limites devem ser definidos após a comprovação de exposição,


considerando o que a Organização Internacional, a ISO 2631 e ISO/DIS 5349
limitam. A ISO 5349:1986 estabelece um percentil 10 que está próximo de 2,2 anos,
considerando a relação dose-resposta.

( 4)
1 1
1/2
9, 5 ⋅ C 2 9, 5 ⋅ 10 2
(a )
h,w eq ( 4 ) = 4, 5 2
⋅ 12, 9 ≅ 13, 7m / s ⇒ TE =
ah,w ( eq,4h )
=
13, 7
≈ 2, 2 anos

Conforme proposto pela ACGIH, a aceleração dominante não pode ter um valor
maior do que 4m/s². No caso acima, tivemos uma aceleração de 12,9m/s², passando
o número limite. De acordo com a NR-9, para esses casos, deverão ser criadas medidas
para que se possa eliminar ou minimizar os riscos.

Podemos utilizar o resultado estimativo da aceleração através da expressão abaixo,


conforme informado na ISO 5349:2001.

dominante + ( 0, 3 ahw,dominante ) + ( 0, 3 ahw,dominante ) =


2 2 2
ahv = ahw,
2
1, 18 ahw ,do min ante = 1, 086 ahw,dominante ≅ 1, 1 ahw,dominante

1, 1 * 12, 9 = 14, 2 m / s 2 ⇒ A ( 4, 5 ) = 14, 2 m / s 2

Obtenção de A ( 8 ) onde : A ( 8 ) = ahv T A ( 8 ) = 14, 2 4, 5 = 10, 6 m / s 2


T0 8

Conforme a norma que foi mencionada, no anexo C, temos a informação de que


quando se tem diariamente uma exposição à vibração A(8), podem ocorrer situações de
branqueamento em até 10% nas pessoas expostas, após alguns anos (Dy), isso podemos
obter através de uma equação.
Dy = 31,8 [A(8)]–1,06

No caso mencionado acima, teremos um tempo para esse branqueamento de 2,6 anos.

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UNIDADE
Agentes Físicos – Ruído e Vibração

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Higiene Ocupacional
BREVIGLIERO, Ezio; POSSEBON, José; SPINELLE, Robson.

Higiene ocupacional: agentes biológicos, físicos e químicos


SPINELLI, Robson. 5. ed., p. 95. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2006.

ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists)


ISO 5349:1986
ISO 2631/1:1985

Leitura
Programa de prevenção de vibrações no trabalho. NR 15 – anexo 8.
Técnico responsável: Thomas Eduard Stockmeier.
http://goo.gl/h2Lacs Acesso em: 26 abr. 2016.

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Referências
Apostila PECE – Lacasemim – 2014 Equipe Usp http://pt.slideshare.
net/IZAIASDESOUZAAGUIAR1/apostila-engenharia-de-segurana-do-
trabalho?qid=662a72c0-3c53-4e29-bd38-783154d229a8&v=&b=&from_search=2
Acesso: 23/04/2016

ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists). Limites de


segurança. Disponível em: <http://www.acgih.org/>. Acesso em: 26 abr. 2016.

BRUEL & KJAER. Technical review. Disponível em: <http://www.bksv.com/doc/


TechnicalReview1996-2a.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2016.

BREVIGLIERO, Ezio; POSSEBON, José; SPINELLE, Robson. Higiene Ocupacional.


Editora Senac 2006.

FANTAZZINI, Mario Luiz. Prevenção de Riscos. Revista Proteção, n. 141/143, set./


nov. 2003. (Série Estratégia de Amostragem).

Módulos didáticos do curso higiene ocupacional 1992 – 2003. Anais. [S.l]: Itsemap
do Brasil, 2003.

FANTAZZINI, Mario L. Introdução à estratégia de amostragem de agentes


ambientais. Material didático da disciplina “Estratégia de Amostragem”. Curso de
Higiene Ocupacional. PECE – USP. São Paulo, 2003.

Portaria NR-15, P3214/78, Ministério do Trabalho.

PORTARIA 3214 / 78- NR-15 Anexo 6. Ministério do Trabalho.

ABNT – Associação Brasileira de Normas técnicas. NBR 10151 – Acústica - Avaliação


do ruído em áreas habitadas. Junho 2000 revisão em 2014.

ABNT – Associação Brasileira de Normas técnicas. NBR 10152 – Níveis de ruído para
conforto acústico. De 1987 revisada em 2014

Organização Internacional de Normalização -ISO 5349:1986 Revisão em 2001.

Organização Internacional de Normalização -ISO 2631/1:1985. Revisão 2011.

Organização Internacional de Normalização -Anexo B da ISO 2631:1997. Revisão


2011 http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/94515/000739559.
pdf?sequence=1

Resolução Conama nº 001, de 23 de janeiro de 1986

Gemne,G., Pyykko,I., Taylor,W., Pelmear,P. (1987) The Stockholm Workshop scale


for the classification of coldinduced Raynaud’s phenomenon in the hand-arm vibration
syndrome (revision of the Taylor-Pelmear scale). Scandinavian Journal of Work,
Environment and Health, 13, (4), 275-278.

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