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Ergonomia Visual

Saúde Ocupacional

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Esp. Rosa Maria Zantedeschi Berzghal

Revisão Textual:
Adrielly Rodrigues e Aline Gonçalves
Saúde Ocupacional

• Segurança no Trabalho;
• Conceito de Higiene do Trabalho;
• Conceito de Riscos Ambientais;
• Medidas de Controle.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Estudar sobre a Segurança no trabalho;
• Abordar os conceitos de higiene do trabalho e de riscos ambientais;
• Estudar sobre as medidas de controle.
UNIDADE Saúde Ocupacional

Segurança no Trabalho
A etimologia da palavra “ergonomia” vem do grego e significa: ergon (trabalho), e
nomos, (leis ou normas), portanto as leis e normas que regem o trabalho.

A ergonomia estuda e aplica técnicas na relação do ser humano com o ambiente de


trabalho. Ela visa ao menor gasto energético para a execução de determinada tarefa, a
fim de que haja maior produtividade, garantindo a saúde do trabalhador, a segurança no
trabalho e, obviamente, a prevenção de acidentes.

Uma das atenções da ergonomia é adequar os locais de trabalho, criar métodos para
a execução de uma tarefa e criar uma relação humana entre os interesses da empresa e
o trabalho, isto é, a produtividade e o trabalhador.

A ergonomia visa minimizar esforços, facilitar o manuseio de equipamentos e de má-


quinas, evitando-se as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e/ou desgaste do sistema
visual, que gerarão sintomas no trabalhador, diminuindo sua atenção e produtividade,
podendo causar limitações ou incapacidade laborativa do funcionário na empresa.

Atualmente, nossa sociedade permite que muitos trabalhos e estudos sejam realiza-
dos em casa. O ensino a distância é uma verdade irrefutável. Você, após aprender sobre
as técnicas ergonômicas, será capaz de verificar se seu ambiente de estudo ou trabalho
é propício ao melhor aprendizado ou à produtividade com o menor esforço visual e
postural possível. Toda energia a mais gasta para compensar esses desequilíbrios devido
a uma condição não ergonômica prejudicará o rendimento, a eficiência e a eficácia,
podendo gerar danos à saúde visual e corporal.

Você já ouviu falar na ergonomia cognitiva? A ergonomia cognitiva relaciona a cog-


nição, a memória e a atenção. Estuda, também, os fatores impactantes do ambiente
no indivíduo que está inserido em um sistema na execução de uma tarefa. Trabalha o
controle da carga mental de trabalho, o estresse, os transtornos visuais devido ao uso de
meios eletrônicos (como computadores e celulares), trabalha a vigilância, tenta minimizar
os erros na execução e o aumento das habilidades nas tarefas etc.

A ergonomia organizacional tem por objetivo maximizar a eficiência dos setores da


empresa, adequar os turnos e as horas de trabalho, levar à satisfação na função e à mo-
tivação dos trabalhos de equipe.

A história da segurança no trabalho


Em 1633, o precursor da Medicina do Trabalho (MT) foi o médico italiano Dr.
Bernardino Ramazzini. Por sua contribuição, o livro “As doenças dos trabalhadores” foi
publicado em 1700.

Na Inglaterra, no século XVIII, deu-se início à Revolução Industrial e aos movimentos


sociais de reivindicações para melhorias no ambiente de trabalho. A produção em larga
escala e o trabalho desumano fizeram com que a medicina no trabalho tomasse vulto.

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A partir de 1830, um empresário do setor têxtil, preocupado com a saúde de seus
operários, foi o primeiro a colocar um médico dentro da fábrica. Neste período, a ati-
tude em se colocar um médico na linha de produção do trabalho visava ao benefício da
saúde do trabalhador e ao benefício da produção. Tentava-se selecionar pessoas para o
trabalho que iriam garantir maior produtividade e menor número de lesões laborativas.
Em 1919, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), e em 1948, foi
criada a Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 1950, a OIT e a OMS objetivaram
adaptar o trabalho ao trabalhador, dando início à saúde ocupacional.
No Rio de Janeiro, em 1921, foi criada a Inspeção do Trabalho. Em 1926, foi estabe-
lecida a competência da União para legislar sobre o assunto. Em 1931, Getúlio Vargas
criou o Departamento Nacional do Trabalho para fiscalizar o cumprimento das leis,
depois foram criadas as Delegacias Regionais do Trabalho. Em 1934, os acidentes no
trabalho passaram a ser comunicação obrigatória aos policiais, e as fábricas passaram a
receber multas administrativas (ANAMT, 2017).

Em 1988, com o surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS), foi incorporada a


promoção da saúde e prevenção dos riscos laborais, constituindo a Saúde do Trabalhador
como perspectiva coletiva.

Comparado aos outros países industrializados, o Brasil teve seu início tardio nesse
contexto. A fiscalização no Brasil foi melhorada somente em 1960, com legislação pró-
pria. Em 1968, por iniciativa do Dr. Oswaldo Paulino, foi criada a Associação Nacional
de Medicina do Trabalho. Mas foi em 2003 que a medicina do trabalho foi reconhecida
como especialidade médica.

Conceito de Higiene do Trabalho


A higiene do trabalho é uma ciência que tem por objetivo suprir três pontos impor-
tantes: o reconhecer, o avaliar e o controlar dos riscos ambientais no trabalho para a
minimização ou para a não ocorrência de enfermidades nos trabalhadores. A higiene do
trabalho antecipa a possibilidade das ocorrências de riscos de lesões no trabalho, mas
não é somente isso, a higiene do trabalho visa ao bem-estar dos trabalhadores em seus
ambientes de trabalho, o que, com certeza, impactará positivamente na sociedade e no
meio ambiente em que vivem.

Importante!
As Normas Regulamentadoras – Segurança e Saúde do Trabalho são de caráter obriga-
tório pelas empresas privadas e públicas, pela administração direta e indireta, e pelos
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário que tenham empregados regidos pela CLT.

A Norma Regulamentadora (NR 9), do Ministério do Trabalho e Emprego, estabelece


a implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), que prevê
as quatro etapas: 1) antecipação; 2) reconhecimento; 3) avaliação; e 4) controle de ris-
cos. Todas essas etapas poderão ser feitas pelo Serviço Especializado de Engenharia e
pela Medicina do Trabalho, ou por profissionais capacitados para que sejam cumpridas.

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1. Antecipação: trata do estudo de novas instalações ou da modificação de ins-


talações existentes, dos processos e métodos de trabalho, verificando a possi-
bilidade do surgimento de riscos e, assim, estabelecer medidas para eliminá-los
ou reduzi-los;
2. Reconhecimento: avalia os agentes ambientais que possam afligir a saúde dos
trabalhadores. Para que isso ocorra de maneira satisfatória, o estudo das ins-
talações, o método e o processo do trabalho passam por planejamento, coleta
de dados, identificação de riscos das fontes geradoras, do meio de propagação
dos agentes e do tipo de exposição, fazendo uso de literatura técnica e de ins-
trumentos para avaliação;
3. Avaliação: nesta, os agentes físicos, químicos e biológicos são avaliados quali-
tativa e quantitativamente no ambiente de trabalho;
4. Controle: por meio da obtenção dos dados das fases anteriores, esta etapa
atua para a eliminação ou minimização dos riscos no trabalho, no controle dos
agentes de risco ambiental.

A higiene do trabalho atua no campo da saúde ocupacional que aplica os recursos da en-
genharia e da medicina para prevenir doenças do trabalho que advêm dos riscos ambientais.

Aplica recursos da
A higiene do trabalho engenharia e da
(saúde ocupacional) medicina para...

decorrente dos
Prevenir doenças
do trabalho

Riscos ambientais

Figura 1 – Higiene do trabalho


Fonte: Adaptada de SALIBA, 1997, p. 11

Vamos conhecer a atuação multidisciplinar da higiene do trabalho. Veja que interessante


a ação dos vários profissionais nessa importante área!

A engenharia é muito importante para a higiene do trabalho para controlar e avaliar


os riscos ambientais decorrentes do trabalho.

O saneamento e meio ambiente trabalha na tentativa de minimizar ou liquidar os


riscos ocupacionais para que não atinjam o meio ambiente, prevendo e prevenindo as
consequências da atuação das indústrias no meio ambiente.

A medicina do trabalho realiza o trabalho de controle de riscos ambientais (por


meio do controle biológico), do excesso de esforço físico etc.

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A toxicologia antecede e reconhece os riscos ambientais no trabalho, fornecendo
dados sobre os agentes de contaminação em determinado meio.

A segurança do trabalho é uma ciência que regula a relação do ser humano e do


ambiente do trabalho, realiza um trabalho multidisciplinar, analisando os agentes e as
situações nos locais de trabalho, prevenindo que riscos operacionais ocorram, levando a
educação, o treinamento e o conhecimento desses riscos aos trabalhadores e ensinando-os
como evitá-los.

O Direito soluciona os possíveis conflitos no trabalho que envolvam insalubridade.


Avalia os danos devido à exposição do trabalhador aos riscos e verifica se se aplica ou
não a aposentadoria por incapacidade e/ou por doença do trabalho.

A ergonomia visa à melhora do conforto, da qualidade de vida por meio de estudos


ergonômicos. A ergonomia adequa o trabalhador ao ambiente de trabalho.

Conceito de Riscos Ambientais


Os riscos ambientais são produzidos por agentes físicos, biológicos ou químicos que
estão no ambiente de trabalho e podem causar malefícios à saúde do trabalhador ou
acidentes de trabalho.

Muito embora a classificação dos riscos ambientais cite somente os riscos físicos,
químicos e biológicos, outras situações podem ser de risco ambiental (LOSADA, 2008).

Veremos agora quais os possíveis riscos ambientais.


• Riscos físicos: compreendem ruído, vibrações, temperaturas muito altas ou muito
baixas, pressões, radiações ionizantes e não ionizantes:
» Ruído: o ruído é medido em decibéis. O tolerável para 8 horas são 85 decibéis.
Causa: estresse físico e presbiacusia neurossensorial, modificação do ritmo car-
díaco, hipertensão, perda de memória etc. A presbiacusia neurossensorial é a
perda da audição em tons agudos, bilateral, pode ocorrer zumbido, ocorre no
envelhecimento, a partir dos 40 anos, mas pode se antecipar por desgaste do
sistema auditivo;
» Vibração: a onda de vibração é medida por sua frequência e amplitude. Causa:
problemas no sistema musculoesquelético, no sistema nervoso central, e, quando
muito intenso, há o deslocamento de órgãos como o fígado e o coração;
» Radiações: podem ser ionizantes ou não ionizantes:
» As radiações ionizantes são produzidas pelos Raios-X, Raios Gama e Raios Alfa;
são capazes de alterar o número de cargas de um átomo, podendo provocar
câncer, mudanças genéticas etc;
» As radiações não ionizantes são os Raios Ultravioleta (UVA e UVB), micro-
-ondas, infravermelho e radiofrequência; podem causar problemas no sistema
nervoso, infertilidade etc;

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» Raios infravermelhos: são utilizados em alguns equipamentos para auxiliar a


visão noturna, para fundir metais e em fornos de vidros. Causa: ceratoconjunti-
vite crônica, catarata, lesões de pele etc;
» Raios Ultravioleta (UVA e UVB): são raios invisíveis e que vêm do sol. O UVA
atravessa a epiderme e chega até a derme (95% dos Raios Ultravioleta). UVB é
indolor, chega às células da derme (5% dos Raios Ultravioleta). Causa: alteram a
orientação da elastina e colágeno, causando envelhecimento, melanoma, hiper-
pigmentação, catarata, eritema, lesões na retina, fotossensibilidade etc.
• Temperaturas: o organismo possui mecanismos de termorregulação para manter
a temperatura interna do corpo de forma constante. Na exposição ao calor, o or-
ganismo realiza a dilatação dos vasos sanguíneos da pele e de tecidos, aumentan-
do a circulação do sangue. A circulação sanguínea ativa as glândulas sudoríparas.
A exposição excessiva a altas temperaturas pode provocar desidratação, cãibras
de calor, choque térmicos, irritabilidade, fraqueza, depressão, ansiedade, perda de
concentração, queda de pressão etc;
• Riscos químicos: podem ser causados por pó, névoa, gases e vapores tóxicos.
Podem causar problemas oculares, entre outros;
• Riscos biológicos: causados por vírus, parasitas, bactérias etc;
• Riscos psicossociais: compreendem as relações humanas, gestão administrativa,
turnos de trabalho, tarefas (monótonas ou muito complexas) etc;
• Riscos elétricos: alta e baixa tensão elétrica, danos nas instalações elétricas etc;
• Riscos ergonômicos: as causas mais comuns são as Lesões por Esforços Repe-
titivos (LER), carga de trabalho dinâmica ou estática, sobrecargas e excessos de
esforços físicos e mentais;
• Riscos mecânicos: no manuseio de objetos cortantes, abrasivos, de ferramentas
manuais, máquinas em movimento (polias e correias);
• Riscos de saneamento: provocados por lixo, falta de limpeza, número de banhei-
ros por trabalhador etc.;
• Riscos naturais: aqueles que o ser humano não controla, efeitos da natureza, inun-
dações, avalanches, tornados, erupções vulcânicas, terremoto, furacões etc.;
• Riscos de ordem social: roubo, assalto, bomba, motim etc.;
• Riscos locativos: compreendem a estrutura, instalações, superfícies etc.

Medidas de Controle
As medidas de controle envolvem a gestão de riscos, que têm por objetivo analisar,
avaliar e controlar os riscos.
• A análise identifica os perigos de riscos.
• A avaliação do risco determinará o valor dos riscos, isto é, se eles sugerem perigo.
• O controle dos riscos oferece medidas para a eliminação ou diminuição destes.

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Para que a equipe de proteção possa identificar os fatores de riscos é necessário
que se tenha estudo analítico sobre as tarefas, as instalações, a tecnologia, os dados
técnicos, as medidas de autoproteção e os dados toxicológicos. Este trabalho é de res-
ponsabilidade da Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho, que avalia os riscos por
meio de auditorias, visita aos postos de trabalho e listas de verificação. Existem vários
métodos de avaliação de riscos, o importante é adequá-los à empresa em suas atividades
(SANTOS, 2018).

Os tipos de métodos de controle dos riscos podem ser qualitativos, quantitativos e


semiquantitativos.

O método qualitativo envolve os dados preestabelecidos dos riscos que podem ocor-
rer no local de trabalho, a sinistralidade da empresa. A sinistralidade laboral são infor-
mações, por parte da empresa, das possíveis causas e responsabilidades caso ocorram
acidentes de trabalho. Toda empresa deve conhecer os impactos negativos dos riscos
laborais concernentes à produtividade e aos trabalhadores.

O método quantitativo calcula numericamente os riscos e suas variáveis, estimando


e calculando danos por meio da probabilidade. Esta técnica é muito trabalhosa e neces-
sita de informações prévias fidedignas.

O método semiquantitativo hierarquiza o risco trabalhando com índices e elabora-


ção de planos. A magnitude dos riscos é estimada com base na frequência multiplicada
à gravidade das lesões, sua resultante poderá ser multiplicada ainda pelo número de tra-
balhadores. Esse método semiquantitativo é utilizado quando os dois métodos anteriores
não são adequados ou são insuficientes (SANTOS, 2018).

Quadro 1 – Métodos

• Vantagem: simples, utiliza vários dados da empresa;


Método
• Desvantagem: é subjetivo, depende da experiência do avalia-
Qualitativo dor, não fornece dados custo-benefício.

• Vantagem: resutados objetivos e mensuráveis, analisa os con-


Método troles de riscos;
Quantitativo • Desvantagem: necessita de dados exatos. É muito trabalhoso
e complexo.

• Vantagem: simples, trabalha com prioridades na intervensão


Método dos riscos;
Semiquantitativo • Desvantagem: necessita dos dados fornecidos previamente e
da experiência do avaliador.

Fonte: SANTOS et al., 2018

Quando pensamos em prevenção de acidentes de trabalho, logo nos lembramos dos


Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Isso não seria um problema se não fosse a
única medida tomada por muitas empresas.

A NR 9, item 9.3.5.1, prevê a adoção de medidas de controle dos riscos ambientais,


portanto, essas medidas devem ser obedecidas. As medidas de controle devem seguir
uma ordem, uma hierarquia, não devem ser conduzidas sem critério (FLORES, 2017).

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A hierarquia consiste no estudo das medidas de proteção coletiva (NR 9 – item


9.3.5.2). Esta hierarquia prevê:
• Medidas que eliminem ou reduzam a formação de agentes prejudiciais à saúde;
• Medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente
de trabalho;
• Medidas que reduzam os níveis ou a concentração dos agentes no ambiente de trabalho.

Quando as medidas acima não puderem ser aplicadas por qualquer motivo, sendo
fato comprovado pelo empregador ou pela instituição, as medidas deverão obedecer à
seguinte hierarquia (NR-9 – item 9.3.5.4):
• Medida de caráter administrativo ou de organização do trabalho e a utilização obri-
gatória dos EPIs.

Importante!
Veja, a utilização dos EPIs é efetuada quando se comprova que as medidas de proteção
coletiva não puderam ser aplicadas.
Para que as medidas de controle ocorram de maneira satisfatória, deve-se conhecer o
processo produtivo.

Quando se observa uma eminente situação de perigo que pode ser causada por um
equipamento, substância química, contaminação etc., deve-se repensar esse processo
produtivo, por exemplo: existe outro equipamento mais seguro, pode ser ajustado?
O produto contaminante pode ser substituído por outro? Ou, pode-se manipular esse
produto contaminante de outra forma mais segura? Ou, pode-se executar essa mesma
tarefa de outra forma que induza a menos riscos? Pode-se reduzir o tempo de exposição
do trabalhador?

Porque se alguma medida de controle puder eliminar o risco ambiental, então o uso
do EPI se torna desnecessário. Mas nem sempre isso é possível.

Quando necessário, os EPIs devem ser utilizados, selecionados de forma adequada


para determinado trabalho e adaptados em cada empregado.

Quanto aos EPIs para os olhos, o seu uso adequado não é de responsabilidade única
e exclusiva do empregador, mas também do empregado. Os EPIs oculares devem ser
bem ajustados em cada trabalhador, sem apresentar folgas. A compra de EPIs padrão
para todos os funcionários por parte da empresa não garantirá que lesões oculares
não ocorram.

Se novos riscos para os olhos são identificados, o empregado deve notificar seu su-
pervisor imediato para que medidas sejam tomadas. O uso do equipamento de proteção
ocular é lei e os patrões devem fornecer esses equipamentos de proteção adequados
para cada atividade.

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Importante
Lesões oculares causam dor e até incapacidade laboral. As lesões oculares são mais co-
muns na área da construção, agricultura, minério e manufatura.
São cadastradas mais de 100 lesões oculares por dia, sendo quatro vezes mais frequen-
tes em homens do que em mulheres.

Equipamento de proteção individual


Na NR 09, a utilização dos equipamentos de proteção individual é obrigatória. Mas
não somente isso, é imprescindível que algumas medidas sejam cumpridas, tais como:
• Selecionar o EPI, adequá-lo à atividade e à exposição do risco e conforto;
• Realizar treinamento para a correta utilização dos EPIs, assim como levar ao conhe-
cimento do trabalhador os limites dessa proteção;
• Cumprir as normas para o correto uso, a higiene, a conservação, manutenção e,
quando necessário, a substituição do EPI, como garantia da proteção preestabelecida;
• Identificar os EPIs de acordo com as funções ou atividades dos trabalhadores para
evitar os riscos ambientais.

Figura 2
Fonte: Getty Images

É preocupante, quando:
• Os EPIs não são utilizados pelos trabalhadores, apesar de serem fornecidos
pelas empresas;
• Ocorre a não adequação dos EPIs para determinado risco ambiental e/ou às
condições anatômicas do empregado. Muitas vezes, alguns EPIs não estão ade-
quados ao trabalho e/ou não estão bem ajustados ao rosto do trabalhador, por
exemplo, fazendo com que existam pequenas aberturas, frestas ou desconforto;
• Não se assegura a qualidade dos EPIs;
• Realizam a compra de EPIs sem o Certificado de Aprovação (CA).

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As ações preventivas existem para se minimizar a ocorrência de riscos ambientais.

A NR 07 prevê também o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional


(PCMSO). Quando o trabalhador passa por exames médicos periódicos e se observa
que está exposto a riscos, aplica-se a prevenção; a empresa deverá apoiar o trabalhador
em suas necessidades de saúde.

O PCMSO e o PPRA devem trabalhar em perfeita associação.

Como vimos, o PPRA é o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, que é lei, e


preza pela adequação do ambiente de trabalho na saúde e pela proteção do trabalhador.

O nível de ação é tomado quando se constata, por dados obtidos, que ações preven-
tivas devem ser iniciadas, minimizando os níveis de exposição dos trabalhadores a deter-
minados agentes ambientais. É imprescindível a realização do controle da exposição, do
controle médico e a informação aos trabalhadores (SALIBA, 1997).

Em Síntese
A ergonomia estuda e aplica técnicas na relação do ser humano com o seu ambiente
de trabalho.
A higiene do trabalho é uma ciência que tem por objetivo suprir três pontos importantes:
o reconhecer, o avaliar e o controle dos riscos ambientais.
Os riscos ambientais são produzidos por agentes físicos, biológicos ou químicos, que po-
dem causar malefícios à saúde do trabalhador ou acidentes de trabalho.
As medidas de controle envolvem a gestão de riscos, que tem por objetivo analisar,
avaliar e controlar os riscos.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Radiações Não Ionizantes
Atividades de trabalho diversas como em aeroportos, agricultura e siderurgia tra-
zem riscos à saúde devido às radiações não ionizantes na ação invisível de seus
raios ultravioleta, infravermelho, micro-ondas e das ondas de radiofrequência e de
baixa frequência.
https://youtu.be/mFSk1TUPFbY

Leitura
Temperatura, exposição ao sol e gênero são fatores de risco para o glaucoma
A exposição excessiva ao sol promove risco para a síndrome da pseudoesfoliação
(SPEX), uma das principais causas do glaucoma secundário aberto. O estudo de-
monstra que existe uma associação entre latitude, temperaturas ambientais baixas
que interagem com o aumento da exposição solar e maiores riscos de SPEX.
https://bit.ly/318qS6U
Normas regulamentadoras – segurança e saúde do trabalho
O guia trabalhista apresenta uma relação das Normas Regulamentadores – NR
vigentes, de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos
órgãos públicos da administração direta e indireta, assim como por órgãos dos
Poderes Legislativo e Judiciário. Essas NRs são regidas pela CLT.
https://bit.ly/2NEOsFc
Principais Doenças Ocupacionais
No Brasil, as doenças ocupacionais estão ligadas a várias profissões e estão presen-
tes silenciosamente nos ambientes de trabalho. Várias doenças ocupacionais são
listadas no texto, assim como as doenças ocupacionais da visão.
https://bit.ly/2PiQmMo
Métodos para a Avaliação de Riscos Laborais- Introdução Genérica
Os riscos laborais envolvem etapas para a análise, valoração e controle dos riscos,
como a identificação dos perigos, a estimativa dos riscos para se saber se o risco é
aceitável, qual a sua dimensão e se existe controle sobre ele.
https://bit.ly/3rc0DHs
Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador
Este artigo é um ensaio que trata da evolução dos conceitos da medicina do trabalho,
saúde do trabalhador e saúde ocupacional. Traz respostas às perguntas sobre: a ori-
gem e evolução da medicina do trabalho; a evolução da medicina do trabalho para
a saúde ocupacional; o eficiência da saúde ocupacional; o contexto do surgimento
da saúde do trabalhador; as principais características da saúde do trabalhador.
https://bit.ly/3lG6fbM

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Referências
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