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Ergonomia Visual

Luz e Cor

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Rosa Maria Zantedeschi Berzghal

Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Selma Aparecida Cesarin

Revisão Técnica:
Prof.ª M.ª Marcia Regina Pinez Mendes
Luz e Cor

• Tipos de Iluminação;
• A Qualidade da Cor.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Compreender os vários tipos de iluminação e suas finalidade;
• Saber sobre a importância de estabelecer uma boa iluminação para qualquer tipo de ambiente;
• Entender o porquê da cor da luz ter influência na saúde humana.
UNIDADE Luz e Cor

Tipos de Iluminação
Interessante saber que a primeira lâmpada produzida no final do século XIX foi a de
arco, composta pela aproximação de dois eletrodos de carvão. Essa lâmpada produzia
iluminação muito intensa, sendo utilizada para fins industriais, ambientes externos, faróis
de auxílio à navegação etc., o que impedia o seu uso em ambientes residenciais.

Figura 1 – Lâmpada de arco voltáico


Fonte: Wikimedia Commons

A primeira lâmpada para fins comerciais foi produzida por Thomas Edison. A lâmpada
de Edison produzia uma luz fraca e amarelada, o que permitia ser utilizada em ambientes
residenciais. Ela enfrentou muitas barreiras até ser implantada, pois se acreditava que a
energia produzida pelo gás e vapor, utilizados na época, seria insubstituível.
Obviamente, o preço da lâmpada de Edison era superior ao da vela, por exemplo. Ao ser
questionado sobre essa comparação de valores, e por acreditar que no futuro a lâmpada
seria de valor acessível a todos, respondeu: “No futuro, somente os ricos queimarão velas”.

Figura 2 – Thomas Edison


Fonte: worldkings.org

Com o tempo, a iluminação a gás foi substituída pela iluminação elétrica, que provou
ser mais econômica e permitiu aumentar a jornada de trabalho nas indústrias.
Desde 1º de julho de 2015, as lâmpadas incandescentes foram retiradas do Mercado
por decisão governamental para diminuir os gastos energéticos.

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Essas lâmpadas foram substituídas por outras mais econômicas, a saber:
• Lâmpada fluorescente: Muito econômica e bastante utilizada, seu interior tem
vapor de mercúrio ou argônio de baixa pressão que, em contato com uma descarga
elétrica, produz luz ultravioleta. Em contato com o pó fluorescente existente no inte-
rior do tubo, produz luz. Sua eficiência luminosa é cinco vezes maior que a antiga
lâmpada incandescente. Vida útil: 7500h, em média;
• Lâmpada halógena: Luminosidade produzida por gases de halogêneo que reagem
com o vapor de tungstênio. Tem menor durabilidade que a lâmpada fluorescente e
libera calor. Pode-se colocar dimmer ou interruptor e regular a intensidade de luz no
ambiente. Essa lâmpada reproduz a luz parecida com a luz solar, sendo, por isso, bas-
tante utilizada para iluminar quadros, pinturas de paredes em decorações, em sancas
de gesso, spots etc. Permite a sensação de relaxamento. Vida útil: 2000h a 5000h;
• Lâmpada LED: Light-Emitted-Diode (LED), traduzido por Diodo Emissor de Luz.
A luz LED é produzida pelo movimento de elétrons em material semicondutor e,
por esse motivo, o seu descarte não causa malefícios ao meio ambiente, diminuindo
ainda mais o impacto ambiental, por possuir 98% de seu material reciclável. As lu-
zes LED são amplamente difundidas em nossa Sociedade. Nós as encontramos na
maciça maioria dos aparelhos eletrônicos, nas residências, no comércio, nas indús-
trias etc. No Mercado, as lâmpadas LED são encontradas em cores variadas e são
mais econômicas que as fluorescentes. Além de não emitir calor, sua vida útil é de
50.000 horas, superior à lâmpada fluorescente. Seu brilho diminuirá com o tempo.
Em 25.000h de uso, a lâmpada estará brilhando em sua capacidade de 70%;

Luz natural e luz artificial


A luz natural é produzida pela luz solar, que penetra pelas portas, janelas e pelas telhas
transparentes, entre outros.

Figura 3 – Ambiente com luz natural


Fonte: Getty Images

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A luz artificial é produzida por lâmpadas elétricas e, em alguns casos, por outros meios,
como lampiões a gás, velas, lamparinas etc., e pode ser classificada da seguinte maneira:
• Iluminação direta: permite que o fluxo luminoso se dirija à determinada superfície.
Ilumina um local específico de forma intensa. Por exemplo, abajur, luminária de
mesa, spots no teto etc. Desvantagem: produz sombra, contraste, reflexo especular
e ofuscamento;

Figura 4 – Ambiente com luz artificial direta


Fonte: Getty Images

• Iluminação indireta: utilizada para iluminar o ambiente e não determinada superfí-


cie. O fluxo luminoso atinge o ambiente como um todo. Esse fluxo luminoso soma-
-se aos reflexos do teto, paredes, piso, aumentando ou diminuindo sua intensidade,
dependendo do material ou da pintura utilizada, das mais foscas às mais brilhantes.
Vantagem: menos sombras e ofuscamentos. Essa iluminação é utilizada no teto e/ou
no rebaixamento de gesso, por exemplo:

Figura 5 – Ambiente com luz artificial indireta


Fonte: Getty Images

• Iluminação difusa: são luminárias com difusores transparentes de acrílico ou vidros.


Esses elementos difusores funcionam como filtros que retêm, em média, 20% da luz, o
que permite maior conforto da visão por produzir menos sombra e menor ofuscamento.

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Figura 6 – Ambiente com iluminação artificial difusa
Fonte: Getty Images

A importância da boa iluminação


Deve-se dar importância à quantidade de luz natural ou artificial no ambiente de
trabalho, pois uma iluminação incorreta induz à fadiga e ao desconforto, não trazendo
especificamente uma doença ocupacional, a não ser quando se trabalha com monitores,
pois a qualidade da ambiência luminosa influi no conforto visual.

Caso a luminância seja muito alta (a quantidade de luz entrando no olho é muito grande),
existe o risco de ofuscamento, dificultando ou impossibilitando a visão e em casos extre-
mos, podendo lesar a retina. Caso a luminância seja fraca demais, a percepção é ruim
ou impossível.

Com a iluminação ruim ou tarefa visual desgastante, aparece a fadiga visual, que é pro-
porcional à dificuldade e ao tempo de exposição. Acontecem, portanto, os sintomas ocula-
res (irritação), visuais (visão degradada pela diminuição das possibilidades de acomodação
e convergência ocular, variando a sensibilidade) e gerais (fadiga geral, dores de cabeça).

Você pode estar se perguntando: por que eu tenho de adquirir esse conhecimento?
Para que serve a Ergonomia da Visão, Saúde Ocupacional etc.?

Mas, observe que poucos optometristas conhecem a Optometria Ocupacional.

A Optometria Ocupacional é uma Área das Ciências da Saúde que oferece um pano-
rama de ações para a prevenção, a detecção e a reabilitação dos trabalhadores que
sofreram enfermidades ou acidentes de trabalho.

Previne lesões oculares e trata disfunções visuais, melhorando o rendimento visual.


No trabalho, a Optometria Ocupacional analisa o trabalhador avaliando sua visão para
cada tarefa e realiza o diagnóstico da visão. O Optometrista Ocupacional verifica se a
visão está fora do padrão (acuidade visual, contraste, cor, estereopsia), realiza o trata-
mento em correções ópticas e terapias visuais, além de adequar o ambiente à tarefa
realizada (ALVAREZ, 2013).

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Quando o paciente procura um Optometrista, além das ametropias, seu Sistema


Visual pode ter sido “moldado” pelo ambiente em que vive. Sua visão pode ter sofrido
consequências desse ambiente e apresentar disfunções visuais e sintomas como olhos
secos, presbiopia precoce, prurido, cefaleias visuais, aumento rápido da miopia, tonturas
etc., sintomas responsáveis pela baixa produtividade no trabalho e nos estudos.

É fundamental que a anamnese seja bem realizada, com perguntas relevantes sobre
as condições ambientais de seu trabalho, local de estudo, seus hábitos de lazer, uso do
computador, celular, a iluminação a que se expõe etc.

Observe que você, como Profissional dos Cuidados Primários da Visão, deverá, frente­
aos conhecimentos que está adquirindo nesta Disciplina, instruí-lo a adequar o ambiente
à Saúde Visual, acompanhando a prescrição de lentes corretivas, caso necessário.

Sugiro que você dê uma pausa na leitura deste texto e assista ao vídeo “O uso exces­sivo
de celular e a saúde ocular, do oftalmologista – Dr. Leôncio Queiroz Neto”. Nesse
impor­tante vídeo, ele retrata a importância de adequar o ambiente à Ergonomia da Visão.
Disponível em: https://youtu.be/AoVxbV6NzCc

Agora, vamos entender um pouco mais sobre a importância da boa iluminação.


Os métodos de iluminação são a iluminação geral e a iluminação suplementar.

A iluminação geral é aquela em que todas as superfícies recebem claridades idênticas,


não mais dando ênfase a um local em detrimento a outro.

A iluminação suplementar é aquela que dá ênfase à iluminação de determinado local,


a determinada operação ou tarefa.

A boa iluminação tende a adequar esses dois métodos para maximizar a eficiência a
determinada tarefa conjugada ao conforto visual.

Em uma fábrica, por exemplo, o layout tem de se adequar à localização das máquinas.
Para tanto, é necessário iluminar esse ambiente como um todo, com a iluminação geral,
e iluminar as máquinas com a iluminação suplementar, melhorando a acuidade visual.

Para os trabalhos de precisão, observação de detalhes, além da iluminação geral, é


importante a iluminação suplementar para melhorar a produção e prevenir acidentes
de trabalho.

Fatores que influenciam na adequação da iluminação


As luminárias devem ser posicionadas de modo a evitar os ofuscamentos provocados
pelos brilhos diretos e pelos reflexos no campo visual

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Fonte: Adaptada de IIDA, s/d. p. 217

A escolha da luminária, conforme estudado no texto sobre iluminação natural e artifi-


cial, deverá ser realizada tanto para a iluminação geral quanto para a suplementar, assim
como a escolha das lâmpadas. Como você pode observar, cada luminária traz seu con-
ceito e sua aplicabilidade. Devemos saber exatamente o que queremos de cada ambiente
para a escolha adequada da iluminação, observando os seguintes cuidados:
• Quantidade de luminárias: para a adequação da iluminação desejada, levando-se
em consideração o ambiente e suas influências, como: a iluminação natural entra
por janelas, portas ou por alguma transparência do teto? A pintura do teto e de
paredes, assim como o chão, reflete a luz ou é opaca?
• Distribuição e localização das luminárias: a iluminação deve ser homogênea, sem
sombras ou ofuscamento da visão. A distribuição e a adequação da luz controlarão a
adaptação dos olhos no que se refere à acuidade visual (nitidez da visão), contraste,
acomodação e contrações pupilares, evitando a fadiga visual;
• Manutenção: as luminárias devem ser limpas frequentemente. As sujidades influen-
ciarão na diminuição do fluxo luminoso. Importante realizar a substituição de lâm-
padas quando queimadas ou perderem a eficiência, assim como comprar lâmpadas
com selo de qualidade do Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO), para maior
qualidade e segurança.

Importante!
A refletância é o total de luz refletida em uma superfície.

Na Tabela a seguir, veja a refletância recomendada e as obtidas de acordo com suas


colorações em tetos, paredes, mesas, equipamentos e pisos:

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Tabela 1 – Refletância
Refletância
Superfícies Refletância e Cores
Recomendada
Teto 80% –
Teto branco – 75%
Teto claro – 50%
Paredes 60% –
Paredes brancas – 50%
Paredes claras – 30%
Parede escura – 10%
Mesas 35% –
Equipamentos 25% a 30% –
Pisos 15% –
Fonte: Adaptada de SALIBA, 1997

A refletância deve ser considerada e estudada para que favoreça a luminosidade do


local. Mas outros itens também devem ser considerados:
• A não homogeneidade dos níveis de iluminação: a variação acentuada dos níveis
de iluminação em locais de trabalho poderá gerar riscos de acidentes;
• A luz natural: cortinas, persianas e toldos poderão ser usados para evitar a incidên-
cia direta da luz no ambiente.

Grandezas luminosas
Como vimos, a percepção luminosa se dá dentro do espectro visível, que vai de 400 a
700 nanômetros, e a luz é a radiação eletromagnética percebida pelo olho como claridade.
O fluxo luminoso é a radiação eletromagnética que determinada fonte de luz emite
em todas as direções que o olho humano consegue perceber, sua unidade de medida é
em lúmen (lm).
Diferentes lâmpadas emitem diferentes fluxos luminosos em suas diversas potências

Figura 8 – Fluxo luminoso


Fonte: Getty Images

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A intensidade luminosa é o fluxo luminoso projetado em determinada direção, radiada
por segundo, cuja unidade de medida é a candela (cd).

Figura 9 – Intensidade luminosa


Fonte: Getty Images

A luminância é a sensação de luminosidade através da reflexão dos raios luminosos


em determinada superfície, e que são perceptíveis ao olho humano.
Observe que os raios luminosos não são perceptíveis ao olho humano, e sim a lumi-
nância. Portanto, a luminosidade visível é chamada de luminância, cuja unidade de medida
é a candela (cd/m²).
A iluminância é a relação de um fluxo luminoso que incide perpendicularmente a
uma superfície cuja unidade de medida é o lux (lx).
O luxímetro é o aparelho que mede a iluminância em Lux

Figura 10 – Luxímetro
Fonte: Divulgação

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Um lux é a medida da densidade luminosa equivalente a 1 lúmen por m², confor-


me ilustração:

1 metro

1 cd

1 lúmen 1 lx = 1 lúmen (m2)

Figura 11 – Lux

Quando a iluminância do ambiente não é homogênea, o luxímetro determinará dife-


rentes medidas em lux, em diferentes pontos do ambiente.

A Norma Regulamentadora Brasileira NR 17 e a Norma de Higiene Ocupacional


(NHO 1), esta última em vigor desde outubro de 2018, pelo Ministério do Trabalho, trata
da iluminação de ambientes internos.

A NR 17 indica a adequada iluminação para cada ambiente, em detrimento à tarefa,


medida em lux.

Veja algumas informações sobre a quantidade ideal de iluminação em lux em dife-


rentes locais:
• Iluminação em ambiente de trabalho: 500 a 1000 lx;
• Iluminação dentro da casa: 150 lx;
• Iluminação das ruas: 1 a 20 lx;
• Mínimo necessário para distinção de cor: 3 lx;
• Áreas de descanso: 100 lx;
• Salas de leitura: 300 lx;
• Corredores: 200 lx;
• Trabalhos mecânicos e de soldas, oficinas, soldagem etc.: 200/300 lx;
• Trabalhos em escritório: 500 lx;
• Desenhos técnicos, trabalhos mecânicos de precisão: 750/1000 lx;
• Fabricantes de relógios: 1500 lx.

Como você sabe, é importante adequar a iluminação em todos os ambientes, na


casa, no comércio, no trabalho, nas Escolas, nas Indústrias etc., adequando a iluminação
do ambiente à função que se destina, respeitando as NRs, para que se obtenha conforto
visual, maior produtividade, menores riscos de acidentes etc.

Mas você sabia que a luz tem cor?

Vamos estudar um pouco sobre as cores da luz.

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A cor da luz e sua influência na saúde humana
Os estudos apontam a influência da cor na promoção do bem-estar, na produtividade
e na ajuda para alcançar determinado objetivo em um ambiente, pois a cor promove
sensações, trabalha a simbologia e acessa respostas fisiológicas.

Portanto, quando damos cor a um ambiente, isso não deve ser aleatório. Cada cor
deve ser pensada para beneficiar esse ambiente, favorecendo a Arquitetura, impactando
positivamente os estímulos sensoriais e atingindo as esferas do comportamento.

A luz é responsável pelo efeito cromático em seus comprimentos de onda. A luz


branca, quando se decompõe, apresenta raios de luz com comprimentos de ondas
diferentes, produzindo a impressão da cor, sendo em torno do violeta, de 400nm, ao
vermelho, de 700nm.

A experiência de Newton demonstra a refração da luz branca em vários outros raios


de luz de comprimentos de ondas diferentes, que são as cores do violeta ao vermelho
dentro do espectro visível.

O arco-íris é resultado da refração da luz branca através das gotas de água: efei-
to prismático

Figura 12 – Efeito prismático


Fonte: Getty Images

Temperatura da cor
Podemos dizer que uma luz é quente e que outra luz é fria. A referência à luz quente
e fria não se dá devido ao calor físico da lâmpada, mas à tonalidade de cor que ela
apresenta ao ambiente.

A luz com tonalidade de cor mais suave torna-se mais relaxante, verde claro, por
exemplo, já as luzes com tonalidades mais intensas podem ser mais estimulantes, como
as cores alaranjadas.

Uma fonte de iluminação irradia uma tonalidade de luz que se conhece por tempera-
tura da cor. Quanto mais elevada é a temperatura de cor de uma luz, maior porcentagem
de azuis terá (ondas mais curtas). As luzes de baixa temperatura, pelo contrário, terão
alta porcentagem de radiações vermelhas (ondas mais longas).

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As ondas de luz mais curtas são estimulantes, as ondas de luz mais longas são
mais relaxantes.

A unidade da temperatura da cor é medida em Kelvin (K). A quantidade em Kelvin


expressa a aparência de cor de uma luz:

Figura 13 – Comprimentos das ondas e as cores da luz


Fonte: Adaptada de Getty Images

Na natureza, a luz do Sol apresenta diferentes tonalidades de cor de luz. Ao amanhe-


cer, temos as tonalidades de cores mais quentes, à medida que o tempo passa, a tonali-
dade de cor de luz do Sol se torna mais fria. São as ondas de luz azul, podendo chegar
a 6500K, ao meio-dia.

Ao entardecer, a incidência de luz solar também altera para tons mais quentes, dimi-
nuindo sua medida em Kelvin.

Figura 14 – Temperatura em Kelvin

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Importante!
A temperatura da cor não é a temperatura térmica. Sabemos que, no geral, ao meio-
-dia, a temperatura térmica é mais quente que ao amanhecer. A temperatura da cor é a
tonalidade que a cor dá ao ambiente em seus comprimentos de onda. Luz mais branca
(ondas mais curtas), maior quantidade em Kelvin. Luz mais amarelada (ondas mais lon-
gas), menor quantidade em Kelvin. Veja novamente a Figura 14.

Perceba que o organismo humano reage conforme a tonalidade da luz solar, ao ama-
nhecer e ao entardecer, nosso metabolismo tende a uma maior lentidão.

À medida que se aproxima o meio-dia, nossos corpos atingem maior atividade, e isso
não é por acaso, a luz mais fria, maior quantidade em Kelvin, estimula o organismo; e a
luz mais quente, menor quantidade em Kelvin, é mais relaxante.

A Qualidade da Cor
O estudo da qualidade da cor é muito interessante porque lida com a percepção da cor
e suas respectivas reações provocadas no indivíduo. Observe o círculo que representa as
cores chamadas de quentes e frias

Cores Frias

Cores Quentes

Figura 15 – Cores quentes e frias

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As cores quentes, do amarelo ao magenta, dão a sensação de proximidade, por isso há


a impressão de que o objeto é maior, já as cores frias, do azul ao violeta, dão a sensação
de distanciamento. É interessante saber que o cristalino foca as cores quentes da mesma
forma que foca objetos mais próximos. Por isso, as cores quentes geram a sensação de
proximidade. Isso se dá devido à percepção de tamanho causada pelas cores.

Importante!
As cores quentes fazem foco atrás da retina, incitando o trabalho do cristalino, dando
a sensação de proximidade do objeto. Já as cores frias fazem foco frente à retina, não
incitando o trabalho do cristalino. As cores quentes dão a sensação de que o ambiente é
menor. Já as cores frias dão a sensação de que o ambiente é maior. As cores quentes são
mais agressivas, mais estimulantes que as cores frias.
O uso das cores certas para cada ambiente, de acordo com o trabalho realizado naquele
local, pode solucionar algumas situações, como para trabalhos monótonos, a utilização
de cores quentes pode trazer mais energia para o ambiente, e para trabalhos que exi-
gem muita atenção, as cores frias são as que mais favorecem esse trabalho. As cores
quentes, por serem mais estimulantes, levam ao estresse visual mais facilmente. Mas
saber utilizar as cores de acordo com o objetivo a ser alcançado em cada ambiente trará
maior produtividade à tarefa.

Na Prática
O amarelo é uma cor quente, estimula as atividades cerebrais. É bastante utilizado em
ambientes que tratam pessoas com problemas neurológicos, mas, em grandes superfícies,
estimula o estresse, devido ao fato de ser muito estimulante, e leva à irritabilidade.
Em ambientes que trazem muita luz natural, essa cor, se utilizada, deverá constar em
superfícies menores. Já a cor laranja é utilizada como símbolo de alerta nas indústrias.

Figura 16 – Ambiente amarelo e branco


Fonte: Getty Images

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O azul, cor fria, leva à sensação de aumento de profundidade do ambiente, podendo
gerar calma, relaxamento, mas, em excesso, pode gerar a sensação de solidão, frieza etc.

O verde é a cor que causa menos estresse visual, traz frescor, sensação de limpeza e
relaxamento.

A cor e o trabalho
Saber adequar a cor ao ambiente de trabalho repercutirá na produtividade, no humor,
no dinamismo, no conforto e no bem-estar do trabalhador. Portanto, a função da cor no
trabalho não envolve somente padrões estéticos, mas também funcionais, isto é, a cor é
uma auxiliadora que faz interagir o ser humano e sua tarefa.
Alcançar maiores índices motivacionais e de produtividade está relacionado a um
ambiente que proporcione menor estresse visual. Estudos são elaborados para redu-
zir ao máximo o estresse visual, assim como para o tratamento de cores adequadas
no ambiente, a redução dos reflexos de monitores, mesas, chão, paredes, objetos etc.
Os altos contrastes de cores são um alerta no estresse visual, como paredes brancas e
instrumentos de trabalho escuros, assim como reflexos da janela incidindo na tela do
computador ou nos olhos do trabalhador.
Nas paredes, o ideal é utilizar tintas foscas, que garantirão maior difusão da luz,
dando maior uniformidade ao ambiente, e não tintas brilhantes, que produzirão maio-
res reflexos.
No trabalho, as cores são um indicativo de áreas de maiores e menores riscos, podendo
prevenir acidentes de trabalho. Essas normas internacionais e nacionais padronizaram o
uso das cores na segurança e higiene industrial.
Este assunto é bastante vasto, assim como é ampla a atuação do trabalho do Opto-
metrista nos cuidados primários da visão. Conhecer os fatores que desfavorecem o Sis-
tema Visual do seu paciente, que trazem desconforto, estresse visual, tanto intrínsecos
ao indivíduo, em um erro de refração não corrigido, quanto os fatores extrínsecos, que
são as influências ambientais às quais Esse Sistema Visual está exposto, irão ajudá-lo(a)
a entender o seu paciente.
E caso você possa trabalhar em uma Empresa, poderá contribuir na identificação de
fatores que são causadores da baixa produtividade e que oferecerem riscos de acidentes
de trabalho.
Lembre-se, a Optometria Ocupacional existe.
Que tal pesquisar mais sobre essa Área da Segurança do Trabalho?

Ficou Interessado?
Leia o Capítulo 16 – Trabalho noturno, p. 201-13. KROEMER, K. H. E. Manual de Ergonomia:
adaptando o trabalho ao homem. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. Você saberá as
consequências negativas ao organismo causadas pelo trabalho noturno.
Veja também:
• Diodo emissor de luz. Disponível em: https://bit.ly/3C8V2Z7

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UNIDADE Luz e Cor

• “Lâmpadas LED podem ajudar a conter o aquecimento global”, trata do papel eco-
lógico que se obtém na utilização dessa lâmpada. Disponível em: https://bit.ly/3jjduW6
• No canal “Luz, Decor & Ação!” você saberá a importância de conhecer a iluminação para
os efeitos de decoração para o Sistema Visual. Disponível em: https://bit.ly/2VpHojx
• “LUMEN ou LUX, como descobrir a ILUMINAÇÃO IDEAL? – Dicas Flash”.
Disponível em: https://youtu.be/D_iejq0bpwU
• “Luminotécnica”, é um texto muito importante com temas sobre iluminância, lumi-
nância, tipos de Lâmpadas etc. Disponível em: https://bit.ly/3ylRIaM
• “Blue light has a dark side”, explica o que é a luz azul e o seu efeito no sono.
Disponível em: https://bit.ly/2VoCcMD
• “O que é Temperatura de Cor | Iluminação-Básico”, retrata a importância do
conhecimento da temperatura da cor na saúde humana.
Disponível em: https://youtu.be/3ww8WPIkLo0

Desejo a você uma boa leitura e bons estudos!

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Referências
ALVAREZ, E. Optometría ocupacional. 2013. Disponível em: <https://pt.slideshare.
net/eliskhaalvarez/optometra-ocupacional>. Acesso em: 06/03/2019.

EAV ENGENHARIA AUDIOVISUAL. Unidades de medida da luz. 2012. Disponível


em: <http://www.eav.eng.br/tech/fisica/Unidadesdemedidadaluz.html>. Acesso em:
01/04/2019.

FOXLUZ. Lâmpadas LED podem ajudar a conter o aquecimento global. 2017.


Disponível em: <https://www.foxlux.com.br/blog/dicas/lampadas-led-podem-ajudar-a-
-conter-o-aquecimento-global/>. Acesso em: 28/03/2019.

HIDA, R. Y. Fadiga ocular: um dos problemas decorrentes do estresse sobre a


visão. Opticanet. 2014. Disponível em: <https://opticanet.com.br/secao/saude/8632/
fadiga-ocular-um-dos-problemas-decorrentes-do-estresse-sobre-a-visao>. Acesso em:
28/03/2019.

IIDA, I. Ergonomia – Projeto e Produção. 2. ed. rev. ampl. São Paulo: Edgard Blücher.
s/d. (e-book)

LETTER, Harvard Health. Blue light has a dark side: What is blue light? The effect
blue light has on your sleep and more. 2018. Disponível em: <https://www.health.
harvard.edu/staying-healthy/blue-light-has-a-dark-side>. Acesso em: 28/03/2019.

LUZ, J. M. da. Luminotécnica. 2016. Disponível em: <https://www.iar.unicamp.br/


lab/luz/ld/Livros/Luminotecnica.pdf>. Acesso em: 02/05/2019.

SALIBA, T. M. et al. Higiene do trabalho e Programa de Prevenção de Riscos Ambi-


entais. São Paulo: LTR, 1997.

SANTOS, D. M. dos. LED – Diodo Emissor de Luz. Infoescola. 2019. Disponível


em: <https://www.infoescola.com/eletronica/led-diodo-emissor-de-luz/>. Acesso em:
28/03/2019.

SCOPEL, V. G. Percepção do ambiente e a influência das decisões arquitetônicas


em espaços de trabalho. Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, v. 1, p. 153-170, 2015.
Disponível em: <http://www.usjt.br/arq.urb/número-13/9-vanessa-scopel.pdf>. Acesso
em: 02/04/2019.

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