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Luminotécnica Básica

Introdução

O estudo da luminotécnica se faz cada vez mais necessário na época atual, pois a
tecnologia avança a passos largos e a cada ano que passa temos: lâmpadas menores e
cada vez mais eficientes, formatos diferenciados e modelos que estão obsoletos,
políticas de banimento de alguns modelos de lâmpadas e incentivos às mais
econômicas, luminárias com alto rendimento, novas tecnologias como os LEDs e
OLEDs, enfim, uma grande quantidade de informação e que para o seu perfeito
entendimento, se faz necessário ter conhecimento prévio dos conceitos básicos em
luminotecnia, fenômenos físicos, grandezas fotométricas, etc...

Nosso objetivo com este material é introduzir o leitor neste cenário de forma simples,
fácil, inteligível e servir de base para o avanço nos demais cursos específicos em
iluminação. Este é foco desse nosso trabalho e não temos a intenção de aqui esgotar o
assunto, pelo contrário, é apenas o pontapé inicial.

Mantenha seu e-mail atualizado conosco e toda colaboração é benvinda.

Muita luz a todos.

Alexandre Rautemberg

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Luminotécnica Básica

Capítulo 1 – Luz e Cor

1.1 - História e Evolução

Quando falamos em luz, algo que nos vem à mente de uma forma mais imediata é a
velha e conhecida lâmpada. Neste momento não fazemos juízo do tipo, forma ou
tecnologia. Apenas lembramo-nos de uma fonte artificial de iluminação. Isto é bem
comum, pois nossa relação com a luz artificial vem de longa data.

Uma das mais antigas preocupações do Homem foi conseguir um meio para suprimir a
ausência de luz natural. Assim, desde os primórdios, diversos métodos foram
utilizados. O fogo, inicialmente pela queima de madeira e carvão, e mais tarde pelo
uso de lampiões à óleo ou gás, até à descoberta da eletricidade como meio de
produção de energia luminosa. Esta importante descoberta aconteceu por volta de
1800, quando é inventada a lâmpada a arco voltaico por Humphry Davy. Apesar de
fornecer uma luz muito mais brilhante que os outros métodos, era de difícil instalação
e suscetível a causar incêndios. Quase que em simultâneo, em 21 de outubro de 1879,
Tomas Edison nos EUA produzia um novo tipo de lâmpada. A lâmpada elétrica de
filamento ou lâmpada incandescente. Após ter tentado vários materiais para o
filamento, Tomas Edison descobriu um filamento de carbono, economicamente viável,
que durava mais de 1200 horas em funcionamento. Anos mais tarde Ferenc Hanaman,
na Hungria, registra a patente dos filamentos de tungstênio, que além de uma luz de
qualidade superior, tinha um tempo de vida superior ao do carbono. Rapidamente, as
lâmpadas incandescentes se espalham pelo mundo. Outros tipos de lâmpadas foram
desenvolvidos, de forma que, permitindo manter a mesma qualidade da iluminação,
fossem atingidos elevados fluxos luminosos, tempo de vida útil maiores e somente nos
anos 30, começa a fabricação das lâmpadas de descarga de baixa pressão que eram
mais eficientes, econômicas e que emitiam menos calor.

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Lâmpada Incandescente Edison – Info Escola Thomas Edison – Info Escola

A descoberta dos LEDs (Light Emiting Diodes), que hoje estão no topo da tecnologia da
iluminação moderna, data de 1907 (Electrical World Magazine, Vol 49) pelo
pesquisador H.J. Round da observação do um fenômeno da eletroluminescência e
somente em 1962 surgiram os primeiros LEDs de 5mm que foram largamente
utilizados para indicar Ligado / Desligado em equipamentos eletrônicos. No início dos
anos 90, os LEDs começaram a ser utilizados em iluminação e a cada ano vem se
firmando como luz “de verdade”.

A pesquisa por fontes de luz mais eficientes e novas fontes de luz, como o OLED, não
param. Ao longo dos anos, várias empresas e profissionais de diversos países dedicam
seu tempo ao estudo de meios alternativos de produção e utilização eficiente de
energia elétrica. As pesquisas buscam por fontes luminosas de baixo consumo e o
máximo de eficiência, objetivando maior economia de energia. O estudo destas novas
tecnologias e de sua aplicabilidade para a iluminação artificial é extremamente
relevante, pois em todo o mundo, são crescentes as preocupações com aspectos
ecológicos devido à maior demanda por geração de energia e sua escassez.

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1.2 – O que é a LUZ?

A luz é uma radiação eletromagnética na faixa de comprimentos de onda que o olho


humano é capaz de perceber. Esta faixa de radiação das ondas eletromagnéticas
detectada pelo nosso olho situa-se entre 380 nm e 780 nm (1nm = 1 nanômetro = 1
milionésimo de milímetro). O espectro eletromagnético visível está limitado, em um
extremo pelas radiações infravermelhas (de maior comprimento de onda) e no outro,
pelas radiações ultravioletas (de menor comprimento de onda).

Espectro Visível – Filipa Pias Blog

Para cada cor, temos uma determinada frequência e comprimento de onda que a
distingue das demais, por exemplo: a luz vermelha que é uma luz de menor freqüência
e consequentemente menor energia. Já o violeta é uma luz de maior frequência e nos
submete a maior energia.

A relação entre comprimento de onda (λ) e freqüência (f) é inversamente


proporcional, onde o comprimento da onda é dado pela divisão da velocidade da onda
(c) = 3×108m/s sobre a frequência da onda.

λ = c/f

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Abaixo segue uma tabela que ilustra bem cada faixa de frequência e comprimento de
onda para as faixas de luz visíveis.

Diferentemente das ondas sonoras, que são vibrações mecânicas do ar, as radiações
eletromagnéticas não necessitam da existência de um meio material para a sua
propagação. A luz do Sol, por exemplo, quando chega até nós, passa por regiões onde
não existe matéria.

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1.3 – O Olho Humano

O olho é o órgão do corpo que nos permite captar imagens do ambiente. É nele que se
inicia o processo chamado visão, processo esse que, no caso do ser humano, é
responsável por mais de 90% das informações que somos capazes de recolher.

A capacidade de ver depende das ações de várias estruturas dentro e ao redor do


globo ocular. A figura abaixo ilustra muitas das componentes essenciais do sistema
óptico humano.

Anatomia de um olho humano

Quando se olha para um objeto, são refletidos raios de luz desse objeto para a córnea,
lugar onde se inicia o “milagre” da visão.

Os raios de luz são refratados e focados pela córnea, cristalino e vítreo. A função do
cristalino é fazer com que esses raios sejam focados de forma nítida sobre a retina. A
imagem daí resultante apresenta-se invertida na retina. Ao atingi-la, os raios de luz são
convertidos em impulsos eléctricos que, através do nervo óptico, são transmitidos para
o cérebro, onde a imagem é interpretada pelo córtex cerebral.

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Focagem de um objeto

Pode estabelecer-se uma analogia entre um olho e uma câmera fotográfica da


seguinte forma: uma máquina fotográfica precisa de uma lente e de um filme para
produzir uma imagem. De igual modo, o globo ocular precisa de uma lente (córnea,
cristalino e vítreo) para refratar, ou focar a luz sobre o filme (retina). Se qualquer um
ou vários destes componentes não estiverem a funcionar corretamente, resulta uma
imagem de má qualidade. Na nossa câmara, a retina representa o filme.

Os meios refringentes
Os meios refringentes são constituídos pela córnea, humor aquoso, cristalino e humor
vítreo. Estes formam o aparelho dióptrico do olho que corresponde a uma lente
convexa, de 23 mm de foco. A principal função deste sistema é fazer convergir sobre a
retina os raios de luz focados.

A córnea e a esclera
A córnea e a esclera consistem em tecidos duros, de proteção, que compõem a capa
exterior do globo ocular. A esclera é a parte branca do olho, tem consistência de couro
suave. A córnea não contém nenhum vaso de sangue, é relativamente desidratada e,
por consequência, é transparente. Situada na frente do olho, na sua parte colorida,
assemelha-se ao vidro de um relógio de pulso e permite que raios de luz entrem no
globo ocular através da pupila. Nesse globo, a esclera ocupa 85% e a córnea
aproximadamente 15%.

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A íris
A íris é o tecido que se vê por de trás da córnea e pode ter várias colorações (olhos
azuis, castanhos, etc.). No meio da íris existe uma abertura circular, a pupila. É através
da pupila que os raios de luz atingem a retina. A pupila varia de tamanho consoante a
luminosidade do ambiente ficando muito pequena quando há muita luz.

O cristalino
O cristalino situa-se diretamente atrás da íris, estando ligado ao corpo ciliar através de
fibras. É uma estrutura flexível com o tamanho e a forma de uma aspirina. Tal como a
córnea, o cristalino é transparente, uma vez que não contém nenhum vaso de sangue
e é relativamente desidratado. Os músculos do corpo ciliar efetuam ajustes constantes
na forma do cristalino. Tais ajustes servem para que a imagem se mantenha nítida
sobre a retina, sempre que se mude o foco de perto para longe.

A córnea e o cristalino são nutridos e lubrificados por um fluido transparente e


aguado, produzido continuamente pelo corpo ciliar, chamado humor aquoso. Este
enche a área entre o cristalino e a córnea.

O vítreo
O vítreo é uma estrutura composta por aproximadamente 99% de água e 1% de
colágeno e ácido hialurônico. O seu aspecto de gel e sua consistência são devidos às
moléculas de colágeno de cadeias longas. Este gel não é vascularizado (não contém
vasos sanguíneos), é transparente e representa dois terços do volume e peso do olho.
Ele preenche o espaço entre o cristalino e a retina, espaço esse conhecido por câmara
vítrea. Não tem elasticidade e é importante para manter a forma do olho, sendo
fundamental que se mantenha transparente para que a imagem chegue em boas
condições à retina.

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A retina
A retina situa-se na camada mais interna do globo ocular. É uma camada celular
transparente e delicada que varia em espessura desde aproximadamente 0,5 mm na
retina periférica a 0,4 mm na zona posterior ao equador. Na região do polo posterior
(área da mácula) a retina tem aproximadamente 0,2 mm de espessura ao redor de
uma área de 0,2 mm2.

A retina sensorial consiste em dez estratos contendo três tipos de tecidos: neuronal,
glial e vascular. A componente neuronal consiste das células fotorreceptoras. Aqui
sinais luminosos são convertidos em impulsos nervosos. Estes impulsos são
transmitidos pela camada de fibras nervosas que constituem o nervo óptico, ao longo
das vias ópticas ao córtex visual, situado na parte posterior do cérebro.

A camada dos fotorreceptores é composta por dois tipos de células, os bastonetes e os


cones, sendo os primeiros mais numerosos, cerca de 120 milhões em cada olho. Estas
células, que se distribuem principalmente pela periferia da retina, permitem-nos ver
em condições de baixa luminosidade, dando-nos uma impressão vaga dos objetos (não
nos permite distingui-los). O outro tipo de células são os cones, que povoam
principalmente a região central da retina conhecida por mácula. Cada olho possui
aproximadamente seis milhões destas células. Estas nos permite ver em condições de
alta luminosidade, sendo responsáveis pela visualização de cores e pela acuidade
visual, ou seja, são estas células que permitem a visão de detalhe dos objetos.

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1.4 – Luz e Cor

Sabemos que decompondo a luz branca em um prisma de cristal, obtemos sete cores
(vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta).

Prisma – Decomposição da luz branca - Infografics

Embora a luz branca seja composta por sete cores, não é necessário combinar todas
estas cores para se obter novamente luz branca. Basta misturar as cores primárias da
luz (vermelho, verde e azul) para obter esse efeito. As cores primárias da luz,
misturadas em determinadas proporções, originam cores secundárias (magenta, ciano
e amarelo). Da mistura de duas ou mais radiações primárias da luz, resulta uma nova
radiação secundária. Este processo chama-se síntese aditiva, pois a radiação obtida
resulta da soma das radiações iniciais.

Síntese Aditiva - Philips

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Os objetos coloridos absorvem algumas radiações e refletem outras. A cor que vemos
corresponde à parcela de cor da luz refletida por esse objeto.

Superfície vermelha reflete a parcela vermelha da luz branca – Lighting Now

Nos objetos multicoloridos cada cor reflete a sua parcela que há na luz branca que a
ilumina, assim se uma lâmpada é pobre de vermelhos, veremos os vermelhos do
objeto como marrom, cinza escuro ou até mesmo preto. Este fenômeno foi
amplamente percebido em 2001 na crise de energia elétrica no Brasil, conhecido como
Apagão. A busca enlouquecida por lâmpadas econômicas inundou o mercado de
fluorescentes compactas extremamente azuladas e as pessoas as compravam para
substituir as lâmpadas incandescentes. Conclusão: as pessoas ficavam pálidas, as cores
quentes não tinham expressão e tudo parecia mais “triste”.

Maçã iluminada – Lighting Now

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Os filtros de cor utilizados em iluminação absorvem algumas radiações do espectro e


deixam passar as radiações iguais a da sua cor, por exemplo: Filtro azul transmite a
radiação azul e absorve as demais radiações.

Os filtros de cores primárias (Vermelho, Verde e Azul) absorvem todas as radiações


que compõe a luz branca, exceto a sua própria cor. Veja na ilustração abaixo a
caracterização deste efeito.

Filtros de cor – Vidrocor

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Os filtros de cores secundárias (Amarelo, Magenta e Ciano) absorvem apenas, uma


única cor primária, precisamente a cor que não é utilizada na obtenção dessa cor
secundária.

Síntese aditiva e absorções – Lighting Now

A cor vermelha é uma cor primária. Um objeto vermelho iluminado por radiação
branca refletirá a radiação vermelha e absorverá as radiações verde e azul.

A luz amarela é obtida a partir da adição das cores verde e vermelha. Um objeto
amarelo iluminado por radiação branca refletirá as cores verde e vermelha (cuja
mistura dá amarelo) e absorverá radiação azul.

A luz magenta é obtida a partir da adição das cores vermelha e azul. Um objeto
magenta iluminado por radiação branca refletirá as cores vermelha e azul (cuja mistura
dá magenta) e absorverá radiação verde.

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A luz ciano é obtida a partir da adição das cores azul e verde. Um objeto que ciano
iluminado por radiação branca refletirá as cores verde e azul (cuja mistura dá ciano) e
absorverá radiação vermelha.

A radiação vermelha é complementar do ciano, porque um objeto ciano, absorve


radiação vermelha e um objeto vermelho, absorve a radiação ciano (composta de azul
e verde).

Tabela de cor complementar


Vermelho Ciano
Verde Magenta
Azul Amarelo
Ciano Vermelho
Magenta Verde
Amarelo Azul

Imagine o que acontece se iluminarmos um objeto com sua cor complementar?

Se iluminarmos um uma maçã vermelha com uma luz ciano, a superfície vermelha da
maçã vai absorver a radiação ciano e como não haverá nada a refletir, veremos a
superfície da maçã enegrecida.

O mesmo acontecerá se iluminarmos a maçã com somente com a luz verde ou azul.
Como a superfície vermelha da maçã absorve as radiações verde e azul, teremos a
sensação de estar vendo uma maçã preta.

Pense no acontece se iluminarmos uma superfície amarela com uma luz ciano?

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Capítulo 2 – Conceitos Básicos em Iluminação

2.1– Introdução

Um sistema de iluminação deve ser adequado às tarefas a se realizar em determinado


ambiente (interno ou externo), além de contribuir para o bem-estar físico e psicológico
dos indivíduos. Estes sistemas devem ser projetados tendo em vista alguns parâmetros
que definem uma iluminação de qualidade e adequada a cada atividade. Deste modo o
projetista deve avaliar quais as tecnologias que, além de garantirem uma iluminação
adequada, estejam alinhadas com os as metas de eficiência energética, fator
fundamental nos dias de hoje.

2.2– Grandezas e Unidades Luminotécnicas

2.2.1 - Fluxo Luminoso (Φ):


É a potência luminosa total emitida a cada segundo por uma fonte luminosa em todas
as direções, sob a forma de luz. Sua unidade de medida é o lúmen (lm), representado
pelo símbolo Ø. Podemos comparar o fluxo luminoso como um chuveiro “esférico”
que joga água em todas as direções. Os raios de luz são os esguichos de água.

Brondani

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2.2.2 - Nível de Iluminação ou Iluminância (E):


É a quantidade de luz ou fluxo luminoso que atinge uma unidade de área de uma
superfície por segundo. Podemos comparar com a quantidade de água que cai em uma
superfície por segundo. A unidade de medida é o lux, representada pelo símbolo E. Um
lux equivale a 1 lúmen por metro quadrado (lm/m2).

Iluminância - OSRAM

A equação que permite sua determinação é: E= Φ /A

Onde
E = Iluminância em lm/m²
Φ = Fluxo luminoso em lm
A = Área projetada em m²

Os valores relativos à iluminância, com diferentes níveis de iluminação definidos por


pesquisas foram tabelados e no Brasil são encontradas na norma NBR 5413 -
Iluminância de Interiores da ABNT que segue a tendência das normas internacionais.

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2.2.3 - Intensidade Luminosa (I):


É definida como a concentração de luz em uma direção específica, radiada por
segundo. Ela é representada pelo símbolo I e a unidade de medida é a candela (cd).

Brondani

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A intensidade luminosa (I) e o fluxo luminoso (Φ) são relacionados a um ângulo sólido.

A equação que permite sua determinação é: Φ = ω. I

Onde
Φ = Fluxo luminoso em lm
I = Intensidade luminosa em cd
ω = Ângulo considerado em graus

A intensidade luminosa (cd), emitida por uma fonte pontual, origina o fluxo luminoso
(lúmen) e a iluminância (lux), que e função da área atingida (m2). Como a intensidade
luminosa e o fluxo luminoso permanecem constantes, quanto maior a distância entre a
fonte e a superfície iluminada, maior a área atingida e, portanto, menor a iluminância.
Este fenômeno e conhecido como a Lei do Inverso do Quadrado da Distância.

Lei do Inverso do Quadrado da Distância. Fonte: IES, 1993.

Lembrando: E= Φ /A

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2.2.4 - Curva de Distribuição Luminosa – CDL (cd):


A distribuição de luz realizada por uma fonte pode ser representada por uma
superfície definida pela distribuição espacial dos valores da intensidade luminosa em
cada direção. Uma representação espacial torna-se difícil de ser visualizada. Sendo
assim, adotam-se projeções das superfícies fotométricas sobre um plano. As
interseções das superfícies fotométricas com os planos formam as curvas fotométricas.
Segundo a ABNT, uma curva fotométrica representa a variação da intensidade
luminosa de uma fonte segundo um plano passando pelo centro, em função da
direção. Outra maneira de representar por curvas uma superfície de igual intensidade
luminosa é utilizando os diagramas de isocandelas.

Curvas Fotométricas Horizontais e Verticais: (a) Plano Horizontal; (b) Diagrama Polar Luminoso Horizontal; (c) Plano Vertical; (d)
Diagrama Polar Luminoso Vertical (Moreira, 1976 ).

Curva Fotométrica Vertical de uma Lâmpada de Vapor de Mercúrio de Cor Corrigida de 250W ( Moreira, 1976 ).

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Mais um exemplo da curva de distribuição de Intensidades Luminosas no plano


transversal e longitudinal para uma lâmpada fluorescente isolada (A) ou associada a
um refletor (B).

Para a uniformização dos valores das curvas, geralmente são referidas a 1000 lm.
Nesse caso, é necessário multiplicar-se o valor encontrado na CDL pelo Fluxo Luminoso
das lâmpadas em questão e dividir o resultado por 1000 lm.

CDL - Catálogo comercial OSRAM (2010/2011)

2.2.5 - Luminância (L):


E importante notar que os raios luminosos não são visíveis. A sensação de
luminosidade é decorrente da reflexão desses raios por uma superfície. Essa
luminosidade visível é chamada de luminância. Sua unidade é a candela por metro
quadrado (cd/m²).

A luminância dependente do coeficiente de reflexão de cada superfície (ou


refletância). Este coeficiente é encontrado em tabelas luminotécnicas e é uma função
dos materiais e das cores.

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Iluminância e Luminância - Catálogo comercial OSRAM (2010/2011)

A equação que permite sua determinação é: L = I / A

Onde
L = Luminância em cd/m²
I = Intensidade Luminosa em cd
A = área projetada em m²

Porém se a superfície for oblíqua ao observador a luminância é dada pela razão entre a
intensidade luminosa emitida na direção de observação e a área da superfície
aparente. Temos então a relação entre as duas superfícies SA = S . cos α.

Gráfico - mspc

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A equação que permite sua determinação é: L = I / A . cos α

Onde
L = Luminância em cd/m²
I = Intensidade Luminosa em cd
A = Área projetada em m²
α = Ângulo considerado em graus

2.2.6 - Contraste
Já definido qualitativamente, o contraste, sob o ponto de vista quantitativo se
apresenta como a relação entre a luminância de um objeto e seu entorno.

A equação que permite sua determinação é: C=Lo – Lf/ Lf

Onde:
Lo = Luminância do objeto
Lf = Luminância do fundo

2.2.7- Reflexão e Refração

Quando a luz incide sobre uma superfície, ela pode ser Refletida, Refratada,
Transmitida, Absorvida ou Refletir Internamente.

Reflexão e refração são fenômenos muito comuns que estão relacionados à


propagação da luz. Quando a luz está se propagando em um determinado meio e
atinge uma superfície, como um bloco de vidro transparente, por exemplo, parte dessa
luz retorna para o meio no qual estava se propagando. Este fato é chamado de
reflexão da luz. Já a outra parte da luz que passa para o outro meio, é a refração da luz.

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Esses dois fenômenos ocorrem de forma simultânea, no entanto, pode acontecer de


um prevalecer sobre o outro, mas isso depende da natureza dos meios que a luz está
incidindo e das condições de incidência.

Reflexão e refração da Luz – Alunos on-line

A reflexão pode ser definida de duas formas. Quando a superfície de incidência da luz é
totalmente polida, o raio refletido é bem definido. Quando isso acontece dizemos que
ocorreu reflexão especular. Por outro lado, se a superfície de incidência for irregular,
cheia de imperfeições, os raios de luz não são bem refletidos e, dessa forma, ocorre o
que chamamos de reflexão difusa.

De maneira simples podemos dizer que a reflexão é o ato da luz ser refletida para o
meio que estava se propagando. A reflexão luminosa é regida por duas leis que são:

• Primeira Lei – O raio incidente, o raio refletido e a normal pertencem ao mesmo


plano.

• Segunda Lei – O ângulo de reflexão é igual ao ângulo de incidência, r = i.

A refração da luz é responsável por uma série de fenômenos ópticos que acontecem
no cotidiano, como por exemplo, o fato de a profundidade de uma piscina parecer
menor do que realmente é. Esse fenômeno acontece em razão da diferença entre os
meios de propagação.

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Podemos definir a refração como sendo o fenômeno que consiste na mudança de


direção de propagação dos feixes de luz quando essa passa de um meio para outro.

No ano de 1620, o matemático e astrônomo holandês Snell Descartes descobriu uma


relação para calcular o ângulo de desvio dos raios solares. Essa relação leva o seu
nome Lei de Snell e pode ser escrita da seguinte forma: n1senθ1 = n2senθ2

Onde:
n1 e n2 são os índices de refração;
θ1 e θ2 são os ângulos de incidência e de refração.

Exemplos de aplicação prática da utilização desses conceitos em iluminação:


- Reflexão – princípio aplicado em refletores (maximizar e direcionar o fluxo luminoso)
- Refração – princípio aplicado em lentes para convergir os raios luminosos
- Absorção / Transmissão – princípio aplicado em filtros
- Reflexão Interna – princípio aplicado em fibras óticas

Exemplos – Lighting Now

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2.2.8 - Eficiência Luminosa


É calculada pela divisão entre o fluxo luminoso emitido em lumens e a potência
consumida pela lâmpada em Watts. A unidade de medida é o lúmen por Watt (lm/W).
Quanto maior a eficiência luminosa de uma lâmpada, maior será a quantidade de luz
emitida, consumindo a mesma energia.

Feldman

2.2.9 - Vida Útil:


É definida como o tempo em horas, no qual cerca de 25% do fluxo luminoso das
lâmpadas foi depreciado.

2.2.10 - Vida Média:


É definida como o tempo em horas, do qual 50% das lâmpadas de um grupo
representativo, testadas sob condições controladas de operação, tiveram queima.

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2.2.11 - Depreciação do Fluxo Luminoso:


Ao longo da vida útil da lâmpada é comum ocorrer uma diminuição do fluxo luminoso
que sai da luminária, em razão da própria depreciação normal do fluxo da lâmpada e
devido ao acúmulo de poeira sobre as superfícies da lâmpada e do refletor. Este fator
deve ser considerado no cálculo do projeto de iluminação a fim de preservar a
iluminância média (lux) projetada sobre o ambiente ao longo da vida útil da lâmpada.

2.2.12 - Temperatura de Cor (K)


E o termo usado para descrever a aparência da cor de uma fonte de luz, comparado a
cor emitida pelo corpo negro radiador (corpo metálico que teoricamente irradia toda a
energia que recebe). Este corpo negro muda de cor ao mudar de temperatura e uma
relação entre temperatura em Kelvin e cor da luz emitida por ele, expressa a
“temperatura de cor”. O branco do corpo metálico em alto grau de aquecimento,
semelhante ao branco da luz do meio-dia, possui uma temperatura de 6500K. A luz
amarela como de uma lâmpada incandescente está em torno de 2700K. As lampadas
de aparência fria têm temperatura de cor em torno de 5.000K e as de aparência
neutra, em torno de 4.000K.

Color Temperature – Molecular Expressions

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É importante destacar que a cor da luz em nada interfere na Eficiência Energética da


lâmpada, não sendo válida a impressão de que quanto mais clara, mais potente é a
lâmpada.

Convém ressaltar que, do ponto de vista psicológico, quando dizemos que um sistema
de iluminação apresenta luz “quente” não significa que a luz apresenta uma maior
temperatura de cor, mas sim que a luz apresenta uma tonalidade mais amarelada. Um
exemplo deste tipo de iluminação é a utilizada em salas de estar, quartos ou locais
onde se deseja tornar um ambiente mais aconchegante. Da mesma forma, quanto
mais alta for a temperatura de cor, mais “fria” será a luz. Um exemplo deste tipo de
iluminação é a utilizada em escritórios, cozinhas ou locais em que se deseja estimular
ou realizar alguma atividade. Esta característica é muito importante de ser observada
na escolha de uma lâmpada, pois dependendo do tipo de ambiente há uma
temperatura de cor mais adequada para esta aplicação.

2.2.13 - Índice de Reprodução de Cor (IRC):


Um objeto ou uma superfície sob diferentes fontes de luz são percebidos de formas
diferentes em relação a sua cor. Essa variação está relacionada com as diferentes
capacidades das lâmpadas de reproduzirem diferentemente as cores dos objetos. O
índice de reprodução de cor, que varia de 0 a 100, possui uma relação direta com a
reprodução de cores obtida com a luz natural. A luz artificial perfeita é aquela que mais
se aproxima das características da luz natural (referência 100).

A capacidade de a uma lâmpada reproduzir bem as cores (IRC) independe de sua


temperatura de cor (°K). Este aspecto está ligado à sua distribuição espectral da luz
branca emitida. Existem lâmpadas com diferentes temperaturas de cor e que
apresentam o mesmo IRC. Devemos utilizar lâmpadas com boa reprodução de cores
(IRC acima de 80), pois esta característica é fundamental para o conforto e beleza do
ambiente.

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IRC - Philips

A distribuição espectral da lâmpada incandescente é o que chamamos de espectro


contínuo e que mais se assemelha ao espectro da luz natural, tendo 100 de IRC e com
isso uma reprodução de cor perfeita.

A lâmpada CDM tem um IRC maior do que 80, o que é considerado bom, mas note que
sua distribuição espectral não é contínua, o que prejudica a percepção perfeita das
cores.

Na lâmpada de vapor de sódio de baixa pressão, a distribuição espectral é o que


chamamos de monocromático, havendo apenas a cor amarela na sua emissão. Como
os objetos refletem a parcela de luz de sua mesma cor, não vemos as cores de forma
real, a não ser o objeto amarelo.

Luminotécnica Básica por Alexandre Rautemberg – HUB Design School – Junho 2020. 29
Luminotécnica Básica

Agradecimentos

Agradecemos a todas as empresas, instituições de ensino, instituições de classe,


profissionais e amigos que nos ajudaram a tornar possível este trabalho, levando
informação e cultura aos leitores que de alguma forma estão ligados ao mercado de
iluminação.

Esperamos que este documento tenha colaborado e sirva como fonte de consulta na
vida profissional de cada um de vocês que muito nos prestigiaram.

Estaremos sempre à disposição para dirimir quaisquer dúvidas sobre este conteúdo.

Alexandre Rautemberg

Luminotécnica Básica por Alexandre Rautemberg – HUB Design School – Junho 2020. 30

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