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1ª Edição |Setembro| 2015

Impressão em São Paulo/SP


1º Edição: Setembro de 2015
Impressão em São Paulo/SP

P436L Pereira, Marcelo Eduardo.


Lógicas e fundamentos da matemática. / Marcelo Eduardo
Pereira. – São Paulo : Know How, 2015.
000 p. : 21 cm.
Inclui bibliografia
ISBN
1.Lógica. 2. Matemática. 3. Inferência. I. Título.
Higiene laboral na prática

Conclusão
Sumário.

Referências
Introdução

O trabalho é essencial para a vida, o desenvol-


vimento e a satisfação pessoal. Entretanto, as ativi-
dades essenciais, tais como a produção de alimentos,
a extração de matérias-primas, fabricação de bens,
a produção de energia e entrega de serviços envol-
vem processos, operações e materiais, em maior ou
menor grau que podem criar riscos para a saúde dos
trabalhadores, comunidades vizinhas e o meio am-
biente em geral.
Entretanto, a geração e a emissão do ambiente
de agentes nocivos no meio ambiente de trabalho
podem ser prevenidas por meio de intervenções
apropriadas para controlar os riscos, que não somen-
te protegem a saúde dos trabalhadores, mas também
que reduzem também os danos ao meio ambiente
que estão geralmente associados à industrialização.
Se uma substância química nociva gerada em um
processo de trabalho for eliminada, ela deixará para
afetar os trabalhadores e não contaminará tampouco
o meio ambiente.
A disciplina que se dedica especificamente à
prevenção e controle de riscos decorrentes de pro-
cessos de trabalho é chamada de “higiene laboral”,
“higiene do trabalho” ou ainda, de “higiene indus-
trial”. Os objetivos da higiene laboral são proteger e
promover a saúde dos trabalhadores, proteção am-
biental e contribuição para o desenvolvimento segu-
ro e sustentável.
A necessidade da higiene laboral de proteger a
saúde dos trabalhadores não deve ser subestimada.
Mesmo quando se consegue diagnosticar e tratar
uma doença profissional há a possibilidade de não
se poder evitar a sua repetição no futuro caso a ex-
posição do agente etiológico da doença se mantenha
no ambiente, ou seja, caso o ambiente de trabalho
não seja modificado, ainda haverá o potencial de que
ele continue a prejudicar a saúde dos trabalhadores,
gerando um ciclo vicioso de saúde e doença.

Figura 1 - Ciclo vicioso de um ambiente de trabalho contendo


contaminantes. Fonte: O Autor (2015).
No entanto, as ações preventivas devem ser to-
madas muito antes, não só antes de que se manifeste
qualquer dano para a saúde, mas mesmo antes de
ocorrer a exposição. O ambiente de trabalho deve
ser submetido a uma vigilância continua para que
seja possível detectar, eliminar e controlar os agentes
e fatores de risco antes que eles causem um efeito
nocivo. Esta é a função da higiene laboral.
Além disso, higiene laboral pode também con-
tribuir também para um desenvolvimento seguro e
sustentável, isto é, “assegurar que o desenvolvimen-
to atenda as necessidades da presente geração sem
comprometer a capacidade das gerações futuras sa-
tisfazerem as suas necessidades" (Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1987).
Para atender às necessidades da população mundial
sem esgotar ou danificar os recursos mundiais e sem
gerar consequências negativas para a saúde e o meio
ambiente. Isto se aplica aos processos de trabalho, e
está intimamente relacionado com a prática de higie-
ne laboral.
A saúde no trabalho requer uma abordagem in-
terdisciplinar, com a participação de disciplinas fun-
damentais, sendo uma delas a higiene laboral, além
de outras, como a medicina do trabalho, a ergono-
mia e a psicologia do trabalho.
É importante que os responsáveis pela tomada
de decisões, os diretores e os próprios trabalhado-
res, assim como todos os profissionais de saúde no
trabalho, compreendam a função básica que desem-
penha a higiene laboral para proteger a saúde dos
trabalhadores e o meio ambiente, assim como a ne-
cessidade de dispor de profissionais especializados
nesta área.
Não se deve esquecer que a estreita relação que
existe entre a saúde ocupacional e a saúde ambien-
tal, uma vez que a prevenção da contaminação de
fontes industriais através de processos adequados de
tratamento e eliminação de resíduos perigosos deve
iniciar-se no local de trabalho.

Conceitos

A higiene laboral é uma ciência de antecipação,


identificação, avaliação e o controle de riscos que se
originam no lugar de trabalho ou em relação a ele e
que possa pôr em perigo a saúde e o bem-estar dos
trabalhadores, tendo também em conta sua possível
repercussão nas comunidades do entorno e no meio
ambiente em geral.
Existem diferentes definições de higiene la-
boral, embora todas elas tenham essencialmente o
mesmo significado e se orientam num mesmo obje-
tivo fundamental de proteger e promover a saúde e
o bem-estar dos trabalhadores, assim como proteger
o meio ambiente em geral, através da adoção de me-
didas de prevenção no local de trabalho.
Um higienista laboral é um profissional capaz de:

• Prever os riscos para a saúde que podem sur-


gir como resultado de processos de trabalho, opera-
ções e equipamentos e, em consequência, assessorar
sobre seu planejamento e concepção de novas fábri-
cas e processos industriais;
• Identificar e conhecer o meio ambiente de tra-
balho, a presença (real ou potencial) de agentes quí-
micos, físicos e biológicos e outros fatores de risco,
assim como sua interação com outros fatores que po-
dem afetar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores;
• Conhecer as possíveis vias de entrada para
agentes no organismo humano e os efeitos que esses
agentes e outros fatores podem ter sobre a saúde;
• Avaliar a exposição dos trabalhadores aos
agentes e fatores potencialmente prejudiciais e ava-
liar os resultados;
• Avaliar os processos e métodos de trabalho,
desde o ponto de vista de uma possível geração e
transmissão/propagação de agentes e outros fatores
potencialmente nocivos, a fim de eliminar a exposi-
ção ou reduzir para níveis aceitáveis;
• Projetar e recomendar estratégias de controle
e avaliar a sua eficácia, sozinho ou em colaboração
com outros profissionais para garantir um controle
eficaz e econômico;
• Participar na análise de risco geral e na gestão
de um agente, processo ou lugar de trabalho, e con-
tribuir para o estabelecimento de prioridades para a
gestão de riscos;
• Conhecer as leis e outras bases legais para a
prática de higiene laboral em seu município, estado
ou país;
• Educar, formar, informar e assessorar pessoas
de todos os níveis em todos os aspectos da comuni-
cação de riscos;
• Trabalhar eficazmente em uma equipe inter-
disciplinar na qual outros profissionais também es-
tejam envolvidos;
• Identificar os agentes e fatores que podem ter
um impacto ambiental e compreender a necessidade
de integrar a prática de higiene laboral com a prote-
ção do meio ambiente.

Higiene laboral na prática

As etapas básicas da prática da higiene laboral


são as seguintes:

• Identificação dos riscos potenciais à saúde no


meio ambiente de trabalho;
• Avaliação do perigo: processo para avaliar a
exposição e tirar conclusões sobre o nível de risco à
saúde humana;
• Prevenção e controle de riscos: processo que
consiste em desenvolver e implementar estratégias
para eliminar ou reduzir a níveis aceitáveis a presença
de agentes e fatores nocivos no local de trabalho, le-
vando-se também em consideração o meio ambiente.

A abordagem ideal para a prevenção de riscos


é uma atuação preventiva antecipada e integrada
que inclua:

• Avaliação dos efeitos sobre a saúde dos tra-


balhadores e o impacto ambiental antes da criação e
instalação de novos processos, fábricas ou um novo
local de trabalho;
• Seleção da tecnologia mais segura, menos pe-
rigosa e limpa (produção mais limpa);
• Local adequado de trabalho considerando
também o ponto de vista ambiental;
• Projeto adequado visando distribuição e tec-
nologia de controle, fornecendo um manejo e evacu-
ação seguros de resíduos e contaminantes;
• Desenvolvimento de diretrizes e normas para
a formação de pessoal sobre o correto funciona-
mento dos processos, métodos seguros de trabalho,
manutenção e procedimentos de emergência.
A importância de antecipar e prevenir todas as
formas de contaminação ambiental é importante.
Felizmente, há uma tendência crescente para con-
siderar novas tecnologias, do ponto de vista dos
possíveis impactos negativos e sua prevenção, con-
siderando a concepção e instalação de processos de
tratamento dos resíduos e desperdícios resultantes,
aplicando uma abordagem abrangente.
Alguns desastres ambientais ocorridos tanto
em países desenvolvidos como nos países em de-
senvolvimento poderiam ter sido evitados através da
aplicação de estratégias de controle e procedimentos
de emergência adequados no local de trabalho.
Os aspectos econômicos devem ser analisados
em termos ir além da mera consideração do custo
inicial; alternativas mais caras, que ofereçam uma
boa proteção a saúde e ao meio ambiente podem
resultar em mais economia em longo prazo.
A proteção da saúde dos trabalhadores e do
meio ambiente deve começar muito mais cedo do
que geralmente é feito nas empresas. Os responsá-
veis pela concepção de novos processos, máquinas,
equipamentos e locais de trabalho devem receber in-
formações e conselhos técnicos em higiene laboral
e ambiental. Infelizmente, muitas vezes este tipo de
informação é feita muito tarde, quando a única so-
lução possível já é financeiramente cara e difícil de
aplicar retroativamente, ou pior, quando as consequ-
ências já foram desastrosas.

Identificação de riscos

A identificação de riscos é um passo essencial


para a prática de higiene laboral, indispensável para
o planejamento adequado de avaliação de riscos e
estratégias de controle, assim como para o estabe-
lecimento de prioridades de ação. Um projeto ade-
quado das medidas de controle também requer a
caracterização física de fontes de poluentes e vias de
propagação de contaminantes.

A identificação de riscos permite determinar:

• Os agentes que podem estar presentes e em


que circunstancias;
• A natureza e a possível magnitude dos efeitos
nocivos para a saúde e o bem-estar.

A identificação de agentes perigosos, suas fon-


tes e as condições de exposição requerem um co-
nhecimento profundo e um estudo detalhado dos
processos e operações de trabalho, das matérias-pri-
mas e das substâncias químicas utilizadas ou geradas,
os produtos finais e os possíveis subprodutos, bem
como a eventual formação acidental de substâncias
químicas, decomposição de materiais, queima de
combustíveis ou a presença de impurezas. A deter-
minação da natureza e da extensão potencial dos
efeitos biológicos que estes agentes podem causar se
ocorrer a exposição excessiva à eles, será necessário
conhecer as informações toxicológicas dos mesmos.
Para acessar as informações sobre produtos quími-
cos, por exemplo, será necessário conhecer a FIS-
PQ (Ficha de Informação do Produto Químico) do
agente em questão.
Os agentes que representam riscos para a saúde
e ao meio ambiente de trabalho podem ser agrupa-
dos nas seguintes categorias:

• Poluentes atmosféricos;
• Substâncias químicas não suspensas no ar;
• Agentes físicos (ex.: calor e ruído);
• Agentes biológicos;
• Fatores ergonômicos (ex.: postura inadequada
e levantamento de cargas);
• Fatores de estresse psicossocial.

Avaliações de higiene laboral

As avaliações de higiene laboral são realizadas


para avaliar a exposição dos trabalhadores e para ob-
ter informações para projetar ou estabelecer a eficá-
cia das medidas de controle.
As avaliações da exposição dos trabalhadores
aos riscos profissionais tais como os poluentes at-
mosféricos, agentes físicos e biológicos serão discu-
tidos mais adiante, no entanto, algumas observações
serão feitas em caráter geral para contribuir para uma
melhor compreensão no campo da higiene laboral.
É importante notar que a avaliação do risco não
é um fim em si mesma, mas deve ser entendida como
parte de um procedimento muito maior, que começa
quando se descobre que um determinado agente é
capaz de produzir danos para a saúde, o qual pode
estar presente no ambiente de trabalho, e conclui-se
com o controle deste agente para evitar que cause
danos. A avaliação de riscos facilita a prevenção de
riscos, mas em nenhum caso a substitui.

Avaliação da exposição

O objetivo da avaliação da exposição é determi-


nar a magnitude, frequência e duração da exposição
dos trabalhadores a um agente.
O procedimento mais comum para avaliar a
exposição aos poluentes do ar é o de avaliar a expo-
sição por inalação, para o qual é necessário determi-
nar a concentração atmosférica do agente ao qual o
trabalhador está exposto ou, no caso de partículas
transportadas pelo ar, à concentração atmosférica da
fração relevante (ex.: a fração respirável) e a duração
da exposição. No entanto, quando existem outras
vias diferentes de contaminação além da inalação e
que contribuem significativamente para a absorção
de uma substância química, pode emitir-se um jul-
gamento errôneo (se for apenas avaliada a exposição
por inalação). Em tais casos, a exposição total deve
ser avaliada, e uma ferramenta muito útil para isto é
o controle biológico.
A prática de higiene laboral aborda três tipos
de situações:

• Estudos iniciais para avaliar a exposição


dos trabalhadores;
• Controle/vigilância de acompanhamento;
• Avaliação da exposição em estudos epidemiológicos.

Uma das principais razões para determinar se


existe uma exposição excessiva a um agente perigoso
no ambiente de trabalho é decidir se alguma inter-
venção é necessária. Isso consiste muitas vezes para
comprovar se diretrizes de uma norma está sendo
cumprida, no que diz respeito aos limites de exposi-
ção profissional. A determinação da exposição “do
pior caso" pode ser suficiente para alcançar este ob-
jetivo. Na verdade, se a exposição prevista é muito
grande ou muito pequena em comparação com os
limites de tolerância, a exatidão e precisão das avalia-
ções quantitativas podem ser menores do que quan-
do se espera uma exposição próxima dos limites de
tolerância. Na verdade, quando os riscos são eviden-
tes, pode ser mais vantajoso iniciar por investir em
controles e realizar avaliações ambientais mais preci-
sas, uma vez introduzidos tais controles.
As avaliações de acompanhamento são neces-
sárias em muitos casos, especialmente quando há a
necessidade de instalar ou melhorar as medidas de
controle, ou quando se prevê mudanças nos proces-
sos ou materiais utilizados. Nestes casos, as avalia-
ções quantitativas desempenham um papel impor-
tante de monitorização para:

• Avaliar a validade, comprovar a eficiência ou


detectar possíveis falhas em sistemas de controle;
• Descobrir se houve mudanças nos processos,
por exemplo, na temperatura de operação ou em ma-
térias-primas, que mudaram a situação de exposição.

Sempre que se realiza uma avaliação da higiene


laboral sobre um estudo epidemiológico para obter
dados quantitativos sobre a relação entre a exposi-
ção e os efeitos para a saúde, as características da
exposição devem ser descritas com um elevado grau
de exatidão e precisão. Neste caso, devem caracteri-
zar-se adequadamente todos os níveis de exposição,
e não seria suficiente, por exemplo, apenas a exposi-
ção correspondente ao pior dos casos.
Seria ideal, mas difícil na prática, que em todo o
momento se mantenha todos os registros precisos e
exatos da exposição. Para que os dados da avaliação
da exposição aos trabalhadores sejam representati-
vos e para evitar o desperdício de recursos, deve ser
concebida e implementada uma estratégia de amos-
tragem adequada, considerando todas as fontes pos-
síveis de variabilidade.

Interpretação dos resultados

O grau de incerteza da estimativa de um pa-


râmetro exposição como a concentração média real
de um contaminante atmosférico, se determina me-
diante a análise estatística dos resultados de medi-
ções diferentes (ex.: amostragem de análise). A con-
fiabilidade dos resultados dependerá do coeficiente
de variação do sistema de medição e do número de
medições. Uma vez alcançado confiabilidade aceitá-
vel nos resultados, o próximo passo é considerar as
consequências da exposição à saúde: o que isso sig-
nifica para a saúde dos trabalhadores expostos agora
e num futuro próximo? E ao longo de sua vida pro-
fissional? Terá impacto sobre suas gerações futuras?
O processo de avaliação termina apenas quando
se interpretam os resultados das medições, levando-
-se em conta os dados (algumas vezes chamados de
"dados sobre a avaliação de risco") obtidos a partir
de toxicologia experimental, estudos epidemiológi-
cos e clínicos e, em alguns casos, de ensaios clínicos.
Na prática da higiene laboral, os resultados da
avaliação da exposição geralmente são comparados
com os limites de exposição ocupacional adotados,
cuja finalidade é oferecer orientações para avaliar os
riscos e estabelecer objetivos de controle. Quando
a exposição exceder esses limites, é necessário to-
mar imediatamente medidas corretivas, quer pela
melhoria das medidas de controle existentes ou pela
introdução de novos controles. Na verdade, as inter-
venções preventivas devem ser iniciadas quando a
exposição chega ao "nível de ação", de acordo com
a legislação e os limites de tolerância para exposição
de cada agente.

Medidas de controle

As medidas que tem como finalidade investigar


a presença de agentes e os padrões de parâmetros
de exposição do meio ambiente de trabalho podem
ser extremamente úteis para planejar e desenvolver
medidas de controle e métodos de trabalho. Os ob-
jetivos destas medidas são:
• Identificar e caracterizar as fontes de contaminação;
• Localizar pontos críticos em recintos ou sis-
temas fechados;
• Determinar as vias de propagação para o am-
biente de trabalho;
• Comparar diferentes intervenções de controle;
• Verificar que a poeira respirável foi depositada
com o pó grosso visível quando nebulizadores de
água são usados;
• Comprovar que o ar contaminado não vem de
uma área adjacente.

Os instrumentos de leitura direta são extrema-


mente úteis para efeitos de controle, especialmente
os que permitem realizar uma amostragem contínua
e refletem o que acontece em tempo real, detectando
situações de exposição onde o que caso contrário, não
se repararia e devem ser controladas. Exemplos de
tais instrumentos são os detectores de fotoionização,
os analisadores de infravermelhos, os medidores de
aerossol e os tubos indicadores. Quando a amostra-
gem é realizada para compreender o comportamento
dos contaminantes a partir da fonte até o meio am-
biente de trabalho, a exatidão e a precisão não são tão
decisivas como eles são para avaliar a exposição.
As medições também são necessárias para ava-
liar a eficiência das medidas de controle. Neste caso,
convém recolher amostras ambientais a partir da
fonte ou da área, separadamente ou em conjunto
com amostras pessoais para avaliar a exposição dos
trabalhadores. Para garantir a validade deste proce-
dimento, o lugar considerado "antes" e "depois" de
recolher as amostras (ou medições) e as técnicas usa-
das devem ser as mesmas ou equivalentes em sensi-
bilidade, precisão e exatidão.

Prevenção e controle de riscos

O principal objetivo da higiene laboral é a apli-


cação de medidas adequadas para prevenir e contro-
lar os riscos no ambiente de trabalho. As normas e
regulamentos, que não se aplicam, são inúteis para
proteger a saúde dos trabalhadores, e a sua efetiva
aplicação geralmente requer a implantação de es-
tratégias de vigilância e de controle. A ausência de
normas obrigatórias por lei não deve ser obstáculo
para a aplicação das medidas necessárias para evitar
exposições nocivas ou para controlá-los para que se
mantenham a um nível mínimo possível. Quando é
evidente que existem riscos graves, devem ser intro-
duzidos controles antes mesmo de realizar avaliações
quantitativas. Em alguns casos, pode ser necessário
substituir o conceito clássico de "identificação-ava-
liação-controle" por "indentificação-controle-avalia-
ção," ou mesmo "identificação-controle" se não há
recursos para avaliar os riscos. Exemplos de riscos
que, obviamente, requerem a tomada de medidas
sem a necessidade de amostragem ambiental prévia
são: a galvanoplastia realizada em uma sala pequena
e mal ventilada, ou o uso de um martelo pneumático
ou equipamento de limpeza com jato de areia, sem
controles ambientais nem equipamentos de prote-
ção. Quando tais riscos para a saúde são identifica-
dos, a necessidade imediata é de controle e não uma
avaliação quantitativa.
As medidas preventivas devem de alguma forma
interromper a cadeia pela qual o agente perigoso (ex.:
substância química, poeira, fonte energia) é transmi-
tida da fonte para o trabalhador. As medidas de con-
trole podem ser classificadas em três grandes grupos:

• Os controles de engenharia;
• As práticas de trabalho; e
• As medidas pessoais.

A abordagem mais eficiente para prevenir ris-


cos consiste em introduzir controles técnicos que
evitem as exposições ocupacionais. Esta forma de
intervenção ocorre no ambiente de trabalho e, con-
sequentemente, reduz a necessidade dos trabalhado-
res e das demais pessoas em precisar estar expostas
a estes riscos.
As medidas técnicas geralmente requerem a
modificação de alguns processos ou estruturas me-
cânicas. Sua finalidade é eliminar ou reduzir a utiliza-
ção, produção ou a emissão de agentes perigosos na
fonte ou, quando não for possível eliminar a fonte,
prevenir ou reduzir a propagação de agentes nocivos
no ambiente de trabalho:

• Enclausurando a fonte de risco;


• Eliminando o risco quando eles saem da fonte;
• Interferindo na sua propagação;
• Reduzindo a sua concentração ou intensidade.

As melhores intervenções de controle são


aquelas que consistem em alguma modificação da
fonte, e que eliminam ou reduzem a concentração
do agente perigoso ou sua intensidade. A fonte pode
ser reduzida através de medidas como:

• A substituição de material;
• A substituição ou a modificação de processos
ou equipamentos; e
• A melhoria da manutenção dos equipamentos.

Quando não se pode modificar a fonte, ou


quando essa modificação não é suficiente para atin-
gir o nível desejado de controle, deve-se prevenir
a emissão e a propagação de agentes nocivos ao
ambiente de trabalho interrompendo suas vias de
transmissão, com medidas de isolamento, ventilação
localizada, instalação de barreiras e defesas ou isola-
mento dos trabalhadores.
Outras medidas que ajudam a reduzir as exposi-
ções ao meio ambiente de trabalho são uma concep-
ção adequada do local de trabalho, o deslocamento
ou adequação da ventilação, boa limpeza e arma-
zenamento adequados. A colocação de etiquetas e
sinais de advertência pode ajudar os trabalhadores
a aplicar um dos métodos seguros de trabalho. Um
programa de controle também pode exigir sistemas
de vigilância e de alarme, tais como os detectores de
monóxido de carbono em torno de fornos, sulfeto
de hidrogênio em estação de tratamento de esgoto e
de falta de oxigênio em espaços confinados.
As práticas de trabalho são uma parte importan-
te do controle; por exemplo, em relação aos traba-
lhos onde a postura do trabalhador pode influenciar
na exposição, como ao se inclinar mais ou menos. A
posição do trabalhador pode afetar as condições de
exposição (ex.: zona de respiração em relação à fon-
te contaminante, possibilidade de absorção através
da pele).
Finalmente, a exposição ocupacional profissio-
nal pode ser evitada ou reduzida com a colocação de
uma barreira protetora para o trabalhador, no ponto
crítico de entrada do agente perigoso (boca, nariz,
pele, ouvidos), ou seja, através do uso de EPI - Equi-
pamentos de Proteção Individual. No entanto, antes
de recorrer a este tipo de equipamentos, devem ser
exploradas todas as outras possibilidades de contro-
le, visto que o uso de EPI é a forma menos satisfató-
ria para o controle de exposição, especialmente aos
contaminantes atmosféricos.
Outras medidas preventivas pessoais são a edu-
cação são a educação e a formação, a higiene pessoal
e a limitando a duração da exposição.
As avaliações contínuas por controles ambien-
tais e vigilância médica devem fazer parte de qual-
quer estratégia para controlar e prevenir riscos.
Uma tecnologia apropriada para controlar o am-
biente de trabalho também deve incluir medidas para
prevenir contaminação ambiental (ar, água, solo), in-
cluindo o tratamento adequado dos resíduos perigosos.
Embora a maior parte das medidas de contro-
le aqui mencionadas se referirem aos contaminantes
atmosféricos, muitas também podem ser aplicadas
a outros tipos de riscos. Por exemplo, um processo
pode ser modificado para produzir menos poluentes
do ar, menos ruído e menos calor. Uma barreira de
isolamento pode separar os trabalhadores de uma
fonte de ruído, calor ou radiação.
Demasiadas vezes, a prevenção concentra-se
em medidas bem conhecidas, tais como ventilação
localizada e os equipamentos de proteção indivi-
dual. Mas outras medidas de controle também são
consideradas valiosas, tais como o uso de tecnolo-
gias alternativas limpas, a substituição de materiais,
a modificação de processos ou a aplicação de boas
práticas de trabalho. Muitas vezes acontece que os
processos de trabalho são considerados imutáveis
quando, na verdade, as mudanças poderiam ser feitas
para prevenir com eficácia, ou ao menos reduzir os
riscos associados.
A prevenção e o controle de riscos no ambien-
te de trabalho exigem conhecimentos e inteligência.
Um controle eficaz não exige necessariamente que
as medidas sejam custosas e complicadas. Em mui-
tos casos, o risco pode ser controlado com o uso
de tecnologia apropriada, que pode ser tão simples
como uma peça de material impermeável entre o
ombro desnudo de um trabalhador e uma um saco
de material tóxico que pode ser absorvido através
da pele. Pode ser controlada também com melhorias
simples como a colocação de uma barreira móvel
entre uma fonte de raios ultravioletas e o trabalha-
dor, ou o treinamento de funcionários sobre práticas
seguras de trabalho.
Os aspectos que devem ser levados em conta
ao selecionar adequadas estratégias e tecnologias de
controle são:

• Tipo de agente perigoso (natureza, estado físi-


co, efeitos na saúde, vias de entrada no organismo);
• Tipo de fonte;
• A magnitude e as condições de exposição;
• As características do local de trabalho; e
• A localização relativa dos postos de trabalho.

Deve ser assegurada as qualificações e os recur-


sos necessários para a concepção, a implementação,
a operação, a avaliação e a manutenção de sistemas
de controle. Alguns sistemas, como a ventilação lo-
calizada ou a exaustão devem ser avaliadas no mo-
mento de sua instalação, e verificados periodica-
mente. Apenas um controle e manutenção regular
podem assegurar uma eficiência contínua, uma vez
que mesmo que os sistemas sejam bem concebidos,
eles podem perder suas características iniciais se não
tiverem uma manutenção adequada.
As medidas de controle devem ser integradas
em programas prevenção e controle de risco, dota-
dos de objetivos claros e uma gestão eficiente, en-
volvendo equipes interdisciplinares de higienistas
laborais e outros profissionais da saúde e segurança
do trabalho, técnicos de produção, gestores e traba-
lhadores. Tais programas devem também abranger
aspectos como a comunicação de risco, a educação
e a formação sobre práticas seguras de trabalho e
procedimentos de emergência.
Assim mesmo devem ser considerados aspec-
tos relacionados à promoção da saúde, uma vez que
o local de trabalho é um lugar ideal para promover
estilos de vida saudáveis em geral, e para alertar so-
bre os perigos de exposições não ocupacionais, por
exemplo, ao trabalhador fazer uso do fumo.
Conclusão
A higiene laboral é um dos ramos da saúde
e segurança do trabalho de uma das atividades
que profissionais formados em engenharia de
segurança do trabalho podem realizar. Os prati-
cantes e estudiosos desta disciplina são chama-
dos de higienistas ocupacionais.
Uma das principais atividades desta área é a
elaboração de laudos de insalubridade, ou seja,
há uma quantidade muito grande de engenhei-
ros de segurança do trabalho que são peritos de
diversos organismos públicos fiscalizatórios ou
regulatórios, atuando-se desta forma, como au-
tônomos, prestadores de serviços ou consulto-
res empresariais.
Convém que os interessados em aprofundar
seus conhecimentos nesta área busquem realizar
cursos sobre o tema, se buscando uma aproxi-
mação com alguma entidade de classe profissio-
nal específica, como por exemplo, a Associação
Brasileira de Higienistas Ocupacionais (ABHO).
Sobre os TLV´s, verifica-se que na prática,
há poucas diferenças nos padrões de Limites de
Exposição Profissional que são adotados nos di-
ferentes países. Convém, porém que os higienis-
tas ocupacionais estejam sempre se atualizando
sobre as técnicas de intervenção e análise de da-
dos sobre contaminantes ambientais, visto que
constantemente novos compostos químicos são
criados e empregados nos variados processos de
fabricação em diferentes tipos de empresas.
Os engenheiros de segurança do trabalho po-
dem usar seus suas habilidades e competências ao
utilizar os conhecimentos de higiene laboral como
uma ferramenta para melhorar a qualidade de suas
ações e o alcance de metas relacionadas à preven-
ção da saúde e segurança dos trabalhadores.
Referências

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