Você está na página 1de 25

APLICAR REGRAS DE HIGIENE, SAÚDE E SEGURANÇA NO

TRABALHO (HSST)
1. INTRODUÇÃO
Até meados do século 20, as condições de trabalho nunca foram levadas em conta, sendo sim
importante a produtividade, mesmo que tal implicasse riscos de doença ou mesmo a morte dos
trabalhadores. Para tal contribuíam dois factores, uma mentalidade em que o valor da vida
humana era pouco mais que desprezível e uma total ausência por parte dos Estados de leis que
protegessem o trabalhador.
Apenas a partir da década de 50/60, surgem as primeiras tentativas sérias de integrar os
trabalhadores em actividades devidamente adequadas às suas capacidades.
Actualmente em Moçambique existe uma legislação na área da Segurança, Higiene e Saúde no
Trabalho. A sua aplicação deve ser entendida como o melhor meio de beneficiar
simultaneamente as Empresas e os Trabalhadores na salvaguarda dos aspectos relacionados
com as condições ambientais e de segurança de cada posto de trabalho.

1.1. A importância da Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho

A Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho são fundamentais para uma empresa devido a um
número elevado de factores:

 ajudam a demonstrar que uma empresa é socialmente responsável;


 acrescentam valor à organização;
 ajudam a maximizar a produtividade dos trabalhadores;
 contribuem para que os trabalhadores estejam mais empenhados nas tarefas que
desempenham;
 constroem uma força de trabalho mais competente e saudável;
 reduzem os gastos e as distracções;
 encorajam os trabalhadores a ficar mais tempo no activo.

No actual enquadramento legislativo e social a implementação de um Sistema de Gestão de


Segurança e Saúde do Trabalho não deve ser encarado como factor propiciador de um acréscimo de
custos, mas pelo contrário permitirá à empresa desenvolver a sua estratégia em condições
concorrenciais de competitividade, independentemente do tamanho, ramo de actividade ou
localização da empresa.
5
Portanto, as empresas que encaram a SHST como um investimento com retorno (e não como um
custo) verificam que, de tal atitude, decorre um conjunto vasto de benefícios:

1. aumento da produtividade e dos resultados;


2. melhoria da qualidade dos produtos ou serviços prestados;
3. redução de custos inerentes às paragens e perdas de produção ou defeitos;
4. diminuição do absentismo;
5. redução de custos com prémios de seguro e dias de trabalho perdidos e com sistemas de
saúde, relativamente a despesas não cobertas pelas seguradoras;
6. redução de custos de substituição dos trabalhadores acidentados ou em situação de doença
profissional, muitas vezes, substituídos por outros com um potencial de trabalho
substancialmente inferior;
7. não ocorrência de custos de formação dos novos trabalhadores;
8. aumento da disponibilidade da empresa para a inovação

1.2. Organismos internacionais e nacionais promotores da Segurança, Higiene e


Saúde do Trabalho
1.2.1. O papel da Organização Mundial de Saúde (OMS)

A Organização Mundial de Saúde é uma instituição especializada da Organização das Nações


Unidas (ONU). Surgiu após a Segunda Guerra Mundial no México, tendo sido fundada a 7 de Abril
de 1948. A sua sede é em Genebra, Suíça sendo a sua directora-geral desde 2006, a chinesa
Margaret Chan.

A sua principal missão é desenvolver ao máximo a melhoria das condições de saúde de todo o ser
humano de qualquer parte do planeta. As acções da OMS prendem-se com o controlo de epidemias,
o emprego de medidas de quarentena, a estandardização de medicamentos, a regulamentação
sanitária, e o planeamento e a execução de campanhas de vacinação, rastreio e prevenção de
doenças, nomeadamente através da informação prestada às populações.

Desde a sua fundação a OMS, sempre associou parcelarmente a sua actividade à SST, promovendo
a protecção e promoção da segurança e saúde do trabalho, através do controlo dos riscos no
ambiente de trabalho e da promoção da saúde e da capacidade de trabalho dos trabalhadores.

6
1.2.2. O papel da Organização Internacional do Trabalho (OIT)

A Organização Internacional do Trabalho tem origem com o fim da Primeira Guerra


Mundial.

A OIT está sediada em Genebra, na Suíça, sendo a única agência das Nações Unidas onde os
membros participativos são representantes dos Governos, empregadores e trabalhadores.

É por isso muito relevante o papel da OIT como grande fórum mundial de representação
tripartida a que se associaram 183 países, os quais reúnem anualmente para produzir normas,
convenções e recomendações que, ao serem ratificados, obrigam os países membros no sentido
de garantir a sua exequibilidade. As recomendações, não sendo obrigatórias, são
complementares às disposições das convenções.

A OIT tem como objectivos específicos os seguintes:

a) promover os princípios fundamentais e direitos no trabalho através de um sistema de


supervisão e de aplicação de normas.
b) promover melhores oportunidades de emprego/renda para mulheres e homens em
condições de livre escolha, de não discriminação e de dignidade.
c) aumentar a abrangência e a eficácia da protecção social.
d) fortalecer o tripartismo e o diálogo social.

1.3. PREVENIR ACIDENTES DE TRABALHO (RA1/CD1)


1.3.1. Princípios gerais da prevenção

A prevenção dos riscos profissionais deve assentar numa correcta e permanente avaliação de
riscos e ser desenvolvida segundo princípios, políticas, normas e programas, que visem tomar as
medidas necessárias com base nos seguintes Princípios Gerias de Prevenção:

1. Evitar os riscos;
2. Avaliar os riscos que não possam ser evitados;
3. Combater os riscos na origem;
4. Adaptar o trabalho ao homem;
5. Ter em conta o estado da evolução técnica;
6. Substituir o que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso;

7
7. Planificar a prevenção com um sistema coerente;
8. Dar prioridade às medidas de protecção colectiva em relação às medidas de protecção
individual;
9. Assegurar a formação e informação dos trabalhadores.

1.3.2. Identificar as Fontes de perigo e situações de risco em um estaleiro ou


laboratório

O conceito de Higiene do Trabalho é por diversas vezes, erradamente, associado a higiene


pessoal, ao saneamento dos locais de trabalho, a higiene pública ou colectiva. Na verdade, a
Higiene do Trabalho propõe-se a combater, dum ponto de vista não médico, as doenças
profissionais, identificando os agentes ambientais que podem afectar o ambiente do trabalho e
o trabalhador, visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais (condições inseguras de

trabalho que podem afectar a saúde, segurança e bem estar do trabalhador). Os agentes
ambientais agressivos que podem afectar a saúde dos trabalhadores são agentes físicos,
químicos e biológicos. Os contaminantes presentes no local de trabalho são responsáveis pelo
chamado “efeito prejudicial”, ou seja, as consequências que o organismo não pode recuperar,
rompendo-se o equilíbrio e desencadeando um conjunto de efeitos designados por doença.

Assim o objectivo final da Higiene do Trabalho é a eliminação, nos locais de trabalho de todos
os factores de risco ambientais.

1.3.2.1. Agentes Biológicos

Define-se os agentes biológicos como microorganismos, incluindo os geneticamente


modificados, as culturas de células e os endoparasitas humanos e outro susceptíveis de provocar
infecções, alergias ou intoxicações. Os agentes biológicos que afectam o homem são
distribuídos nas seguintes classes de risco:

1. classe de risco 1 (baixo risco individual e para a colectividade): inclui os agentes


biológicos conhecidos por não causarem doenças em pessoas ou animais adultos sadios
(ex.: Lactobacillus sp.)
2. classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade): inclui
os agentes biológicos que provocam infecções no homem, cujo potencial de propagação
8
na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais
existem medidas terapêuticas eficazes (ex.: Schistosoma mansoni).
3. classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade): inclui os
agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que
causam patologias, potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas de
tratamento e/ou de prevenção. Representam risco se disseminados na comunidade e no
meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa (ex: Bacillus anthracis).
4. classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): inclui os agentes biológicos
com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão
desconhecida. Até o momento não há nenhuma medida terapêutica eficaz contra
infecções ocasionadas por estes. Causam doenças humanas de alta gravidade, com alta
capacidade de disseminação na comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui
principalmente os vírus (ex.: Vírus Ébola).

1.3.2.2. Agentes Físicos

Os agentes físicos são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os
trabalhadores, cuja determinada exposição pode causar doenças profissionais. Consideram -se
todos os riscos gerados pelos agentes que têm capacidade de modificar as características físicas
do meio ambiente.

Consideram-se agentes físicos: o ruído, as vibrações, as radiações ionizantes e não ionizantes, o


ambiente térmico e a iluminação.

1.3.2.2.1. Ruído

O ruído está na origem de um incómodo significativo para o trabalhador, desencadeador de


trauma auditivo e alterações fisiológicas extra-auditivas. Do ponto de vista fisiológico, o ruído é
um fenómeno acústico que produz uma sensação auditiva desagradável ou incomodativa. Em
termos gerais é um som incomodativo, desconfortável e nocivo para o homem.

A intensidade das vibrações sonoras ou as variações que lhe estão associadas são denominadas
de pressão sonora e exprime-se em Pascal (N/mm2). O ouvido não responde linearmente aos
estímulos provocados pelo ruído, mas sim logaritmicamente. Como é mais confortável trabalhar
9
em escalas lineares, e uma vez que com a pressão sonora teríamos que trabalhar em escala
logarítmicas, foi encontrado a unidade que permite esta conversão, que se chama decibel (dB).
O decibel é o logaritmo da razão entre o valor médio e o valor de referência padronizado e
corresponde à mais pequena variação de pressão sonora que o ouvido humano normal pode
distinguir nas condições normais de audição. Ressalve-se que uma pequena diferença na escala
de decibel (Figura abaixo) não significa também uma pequena diferença de energia sonora
efectiva. Uma diferença de apenas 3 dB significa o dobro ou metade da energia

Figura 1 - Escala de decibel


(dB).

A exposição a níveis de ruído elevados ou duradouros pode provocar:

 perdas temporárias: fadiga auditiva, perturbação na localização da fonte sonora, aumento


do tempo de reacção;
 perdas definitivas; exposição intensa (efeito agudo) e /ou prolongada no tempo (efeito
crónico);

10
 efeito fisiológicos extra-auditivos: perturbação na comunicação, diminuição do
rendimento no trabalho, falta de vigilância e atenção, perda da capacidade de
concentração e cansaço

O risco a que os trabalhadores estão sujeitos depende de: tempo de exposição (quanto mais
longo, maior é o risco), tipo de ruído (contínuo, intermitente ou súbito), distância da fonte do
ruído (quanto menor, maior é o risco), sensibilidade individual (varia com a idade e de indivíduo
para indivíduo) e danos na audição (lesões já existentes no aparelho do indivíduo). Assim, na
identificação das situações de risco deve caracterizar-se o ruído, as fontes e condições de
propagação, bem como as medidas de protecção colectiva e individual adoptadas.

1.3.2.2.2. Vibrações

As vibrações definem-se como o movimento oscilatório de um corpo em torno do seu ponto de


equilíbrio. O número de vezes que este ciclo se repete, por segundo, designa-se por frequência e
é medido em Hertz (Hz).

No meio laboral, as vibrações constituem agentes físicos nocivos que afectam a saúde e
segurança dos trabalhadores e encontram-se presentes em quase todas as actividades,
nomeadamente em construção civil e obras públicas, indústrias extractivas, exploração florestal,
fundições e transportes.

Ao contrário de outros agentes aos quais o trabalhador está exposto de forma passiva (ex.:
ruído), no caso das vibrações existe sempre contacto entre o trabalhador (através das mãos,
nádegas, costas e pés) e o equipamento ou máquina que transmite a vibração. Esta energia
vibratória é absorvida pelo corpo, como consequência da atenuação promovida pelos tecidos e
órgãos.

O corpo humano possui uma vibração natural. Se uma frequência externa coincide com a
frequência natural do sistema, ocorre a ressonância. A frequência de ressonância é a mais nociva
para o corpo humano, pois, quando o corpo entra em ressonância, amplifica a vibração que
recebe.

11
Figura 2- Frequências de ressonância do corpo humano

Existem, fundamentalmente, dois tipos de vibrações:

 as que se transmitem ao sistema mão-braço, durante o manuseamento de materiais em


vibração, ou de ferramentas e máquinas (ex.: martelos pneumáticos ou serras eléctricas);
 as que se transmitem ao corpo inteiro, quando a superfície de suporte corporal está em
vibração (ex.: escavadoras ou empilhadoras). Não causam danos ao nível dos órgãos
perceptores, mas provocam desconforto e mau estar nos indivíduos durante a sua rotina

12
A exposição directa a vibrações pode ser extremamente grave, podendo danificar
permanentemente alguns órgãos do corpo humano. Existem múltiplas afecções desencadeadas
pelas vibrações, cujos efeitos dependem de:

 tempo de exposição;
 forma como a exposição se produz;
 características físicas do meio;
 modo de transmissão (a todo o corpo ou às mãos);
 tipo de trabalho e tipo de postura.

As vibrações podem afectar o conforto, reduzir o rendimento do trabalho e causar desordens das
funções fisiológicas, dando lugar ao desenvolvimento de doenças quando a exposição é intensa.

1.3.2.2.3. Radiações
A radiação é por definição, a energia transmitida através do espaço sob a forma de ondas e
partículas. A intensidade da radiação depende do número de desintegrações assim como da
energia e do tipo de radiação emitida.
As radiações dividem-se em ionizantes e não ionizantes, consoante o resultado da sua
intenção com a matéria:
a) radiações ionizantes- incluem os raios alfa, beta, gama, raios X, neutrões e protões.
Este grupo de radiações tem a capacidade de produzir iões directa ou indirectamente.
b) radiações não ionizantes- caracterizam-se por não possuir energia suficientes
para ionizar os átomos ou moléculas com os quais interagem. Deste tipo de radiações
fazem partem as radiações ultravioletas (UV), visível, infravermelha (IV), laser,
micro-ondas e radiofrequências
A intensidade da radiação depende do número de desintegrações assim como da energia e
do tipo de radiação emitida. O efeito das radiações depende da parte do corpo irradiada e do
tipo de radiações

1.3.2.2.4. Ambiente térmico

Frio ou calor em excesso, ou a brusca mudança de um ambiente quente para um ambiente frio
ou vice-versa, também são prejudiciais à saúde.
Nos ambientes onde há a necessidade do uso de fornos, maçaricos etc., ou pelo tipo de
13
material utilizado e características das construções (insuficiência de janelas, portas ou
outras aberturas necessárias a uma boa ventilação), toda essa combinação pode gerar alta
temperatura prejudicial à saúde do trabalhador.
A sensação de calor que sentimos é proveniente da temperatura resultante existente no local e
do esforço físico que fazemos para executar um trabalho.
A temperatura resultante é função dos seguintes factores:
 humidade relativa do ar;
 velocidade e temperatura do ar;
 calor radiante (produzido por fontes de calor do ambiente, como fornos e maçaricos).
A unidade de medida da temperatura adoptada é o grau Celsius, abreviadamente ºC. De um
modo geral, a velocidade do ar tem de ser no Inverno inferior a 0,15 m/s, com temperaturas

entre 20 e 24ºC, e no Verão inferior a 0,25m/s, com temperaturas entre 23 e 26oC. Enquanto
a humidade relativa do ar deve estar entre 55% a 65%.
Os ambientes térmicos podem ser classificados como :

 quentes (fundições, cerâmicas, padarias);


 frios (armazéns frigoríficos);
 neutros (escritórios).

Logicamente que as situações mais preocupantes ocorrem em ambientes térmicos frios e


quentes, ou sobretudo quando as duas possibilidades existem na mesma empresa ou no mesmo
posto de trabalho.

1.3.2.2.5. Iluminação

A iluminação contribui para um bom desempenho dos trabalhadores, quando esta é deficiente ou
desadequada ao local de trabalhador, pode causar problemas para a saúde de um trabalhador,
afectando também o seu rendimento e consequentes acidentes de trabalho. Considera-se que a
iluminação não é apropriada quando apresenta as seguintes características:

 nível de iluminação desadequado ao local de trabalho (muito baixo ou muito alto);


 encadeamento sucessivo e contínuo;
 funcionamento deficiente da iluminação (lâmpadas que não mantém o fluxo luminoso
constante, reflectores ou difusores sujos, janelas sujas, etc.)
14
1.3.2.3. Agentes Químicos

Certas substâncias químicas são lançadas no ambiente de trabalho através de processos de


pulverização, fragmentação ou emanações gasosas. Essas substâncias podem apresentar-se nos
estados sólido, líquido e gasoso:

a) estado sólido- temos poeiras de origem animal, mineral e vegetal, como a poeira mineral
de sílica encontrada nas areias para moldes de fundição;
b) estado líquido- as substâncias apresentam-se sob a forma de solventes, tintas, vernizes
ou esmaltes;
c) estado gasoso- temos o GLP (gás liquefeito de petróleo), usado como combustível, ou
gases libertados nas queimas ou nos processos de transformação das matérias primas.

Esses agentes químicos ficam em suspensão no ar e podem penetrar no organismo do


trabalhador por:

 Via respiratória: essa é a principal porta de entrada dos agentes químicos, porque
respiramos continuadamente, e tudo o que está no ar acaba por passar nos pulmões.
 Via digestiva: se o trabalhador comer ou beber algo com as mãos sujas, ou que ficaram
muito tempo expostas a produtos químicos, parte das substâncias químicas serão
ingeridas com o alimento, atingindo o estômago e podendo provocar sérios riscos à
saúde.
 Epiderme: essa via de penetração é a mais difícil, mas se o trabalhador estiver
desprotegido e tiver contacto com substâncias químicas, havendo deposição no corpo,
serão absorvidas pela pele.
 Via ocular: alguns produtos químicos que permanecem no ar causam irritação nos olhos
e conjuntivite, o que mostra que a penetração dos agentes químicos pode ocorrer também
pela vista.

As medidas ou avaliações dos agentes químicos em suspensão no ar são obtidas por meio de
aparelhos especiais que medem a concentração, ou seja, percentagem existente em relação ao ar
atmosférico. Os limites máximos de concentração de cada um dos produtos diferem de acordo
com o seu grau de perigo para a saúde.

15
1.3.3. Interpretar sinais de aviso e símbolos no local de trabalho
1.3.3.1. Formas de sinalização

Existem várias formas de sinalização universais e que se complementam entre si:

➱ Sinais coloridos (pictogramas ou luminosos) para assinalar riscos ou dar indicações;

➱ Sinais acústicos h a b i t u a l m e n t e para assinalar situações de alarme e de evacuação;

➱ Comunicação verbal;

➱ Sinais gestuais para que, quando a comunicação de viva voz não seja possível, se
possam dar as indicações necessárias.

1.3.3.2.Sinais coloridos (pictogramas)


A forma geométrica e o significado dos sinais de segurança, bem como a combinação das
formas e das cores e seu significado nos sinais estão indicados nos quadros 1 e 2 abaixo.

Q FORMA GEOMÉTRICA SIGNIFICADO u


a dr
o 1
SINAIS DE OBRIGAÇÃO E DE PROIBIÇÃO
-
F or
m as
G e
o SINAIS DE PERIGO m
ét ri
ca s

SINAIS DE EMERGÊNCIA, DE INDICAÇÃO


E INFORMAÇÕES ADICIONAIS

FORMA
CORES
MATERIAL
VERMELHO PROIBIÇÃO DE COMBATE
A INCÊNDIOS

16
AMARELO PERIGO

SEGURANÇA EM
VERDE SITUAÇÃO DE
EMERGÊNCIA

AZUL OBRIGAÇÃO INFORMAÇÃO

Quadro 2 - Formas e Cores

EXEMPLOS
Sinais de Proibição

Sinais de Aviso/Perigo

17
Sinais de Obrigação

18
Sinais de Salvamento ou de Emergência

No estaleiro da obra em estudo a sinalização encontra-se na entrada, num sítio bem visível.

19
Figura 3-Sinalização que se encontra na entrada do estaleiro da obra em estudo

1.3.4. Descrever os riscos relacionados com a presença ou manuseamento de materiais,


equipamentos, substâncias contaminantes e produtos perigosos

Exercícios de reflexão conjunta dentro dos itens abaixo:

 Betoneira
 Verniz e tintas
 Cimento
 Martelo pneumático de demolir pavimento
 Placa compactadora de mão (sapo)
 Martelo de pregar electrico

20
1.3.5. Aplicar pratica de procedimentos de segurança para instalações, processos,
materiais, ferramentas e equipamentos utilizados
Exercícios de reflexão conjunta para Instalação eléctrica de um edifício.

1.3.6. Aplicar as regras de ergonomia nas estações de trabalho (aula visual)


1.3.6.1. Conceitos gerais

Define-se Ergonomia como sendo a ciência que faz o estudo da relação entre o homem e a
execução do seu trabalho e promove a interacção, de forma adequada, entre homens e máquinas.
Sua origem vem da palavra grega ergon que significa “trabalho” e da palavra nomos que quer dizer
“leis ou normas”.

O estudo da ergonomia pode ser dividido em três campos:

a) Ergonomia física - relacionado a aspectos físicos do trabalhador, avaliando a sua postura,


movimentos repetitivos e como faz o manuseio dos materiais.

b) Ergonomia cognitiva - está focada nos factores mentais que influenciam na actividade
laboral. Factores como percepção, memória, raciocínio e resposta motora podem afectar a
interacção entre trabalhador e a sua actividade.

c) Ergonomia organizacional - procura melhorar a organização produtiva do trabalho. O


estudo está voltado para as estruturas organizacionais, políticas e processos produtivos.

1.3.6.2. Benefícios e vantagens da ergonomia no trabalho


1. Proporciona melhoria na postura e prevenção de doenças ocupacionais
Ao sentar correctamente na cadeira, trabalhar com o monitor na altura correcta, posicionar braços e
pernas na direcção certa, evitam lesões mais graves e doenças adquiridas com movimentos
repetitivos e má postura.

2. Permite mais flexibilidade para o corpo e melhora o condicionamento físico


Alongar ajuda a melhorar os músculos e as articulações, proporciona mais flexibilidade para o
corpo, aumentando a força muscular. Além de prevenir lesões e favorecer maior resistência para o
colaborador.

21
3. Reduz o cansaço e o estresse
Os exercícios ergonômicos ajudam a relaxar o corpo e amenizar o cansaço do trabalho. Com isso, o
colaborador fica mais leve e menos estressado.

1.3.6.3. Benefícios e vantagens da ergonomia para as empresas


1. Diminui as faltas e atestados
É de responsabilidade da empresa contribuir para a saúde e o bem-estar do funcionário enquanto
ele estiver no ambiente de trabalho. Ao fazer uso das técnicas ergonômicas nos colaboradores e de
equipamentos adequados, há uma diminuição no número de faltas e atestados.

2. Valoriza o profissional
Quando a empresa se preocupa com o bem-estar do seu colaborador ao oferecer o suporte para ele
exercer com segurança a sua actividade, o funcionário sente-se valorizado.

3. Melhora a produtividade dos funcionários


Oferecer ferramentas de trabalho adequadas, investir em equipamentos ergonômicos e estimular a
prática da ginástica laboral entre os colaboradores, faz com que eles se sintam motivados a
trabalhar e produzir mais.

Exemplos de técnicas ergonômicas

22
Amarração de lajes com postura incorrecta

23
1.3.7. Ter em conta o género, idade ou deficiência
Exercício de reflexão conjunta dos trabalhos e posturas para o género, idade (idosos) e
deficiência

24
1.4. SINALIZAR ÁREAS OU LOCAIS DE TRABALHO (RA2/CD2)
1.4.1. Escolher os sinais de aviso e símbolos

Exercícios de reflexão conjunta sobre os critérios de escolha de um determinado símbolo.

1.4.2. Utilizar material e equipamento de sinalização, tendo em conta o

género, idade ou deficiência

Exercícios de elaboração conjunta

25
1.5. UTILIZAR EQUIPAMENTOS DE PROTECÇAO INDIVIDUAL E
COLECTIVA (RA3/CD3)
1.5.1. Equipamentos de protecção individual

O Equipamento de Protecção Individual (EPI) define-se como qualquer dispositivo ou meio que
se destine a ser envergado ou manejado por uma pessoa com vista à sua protecção contra um
ou mais riscos susceptíveis de ameaçar a sua saúde bem como a sua segurança.”
Todo o equipamento de protecção individual deve estar conforme com as normas aplicáveis à
sua concepção e fabrico em matéria de segurança e saúde, ser adequado aos riscos a prevenir e
às condições existentes no local de trabalho, atender às exigências ergonómicas e de
saúde do trabalhador e ser adequado ao seu utilizador.
Para a selecção adequada dos equipamentos de protecção individual (EPI’s) deve ter-se em
consideração:
 os riscos prováveis a que o trabalhador está exposto;
 a natureza do trabalho e demais condições envolventes da sua execução;
 as partes do corpo que se pretende proteger;
 as características pessoais do trabalhador que os vai utilizar.

É da inteira responsabilidade da entidade empregadora a distribuição do EPI. Por outro lado,


cabe aos trabalhadores a responsabilidade pela correcta utilização e conservação dos EPI’s de
acordo com as instruções prestadas pela entidade empregadora.
Os EPI podem dividir-se em termos da zona do corpo a proteger, nomeadamente:

Parte do corpo a proteger EPI Agentes Agressores

 Capacete. Riscos associados a queda de


Cabeça
materiais e pancadas.

 Protectores
Ouvidos auriculares; Ruído.
 Auscultadores.

 Óculos de protecção
Partículas sólidas, líquidos
contra projécteis
Olhos corrosivos e irritantes e
 Viseira de
radiações.
protecção.

26
 Máscaras
 Dispositivos
Vias respiratórias Poeiras, gases e vapores.
filtrantes

 Luvas de protecção Mecânicos, químicos eléctricos,


Mãos
térmicos e radiações.
Queda de materiais,
 Botas
Pés esmagamento, perfuração ou
corte e escorregamento.

Tabela - Equipamentos de protecção individual

1.5.2. Equipamento de protecção colectiva

O equipamento de protecção colectiva (EPC) é o conjunto dos meios a utilizar destinados a


proteger todos os grupos definidos como trabalhadores em estaleiro.
É obrigação do empregador, após identificados os perigos e valorados os riscos, de tentar
eliminar os perigos ou, caso não seja possível, reduzir o risco ou a probabilidade de ocorrerem
acidentes ou doenças profissionais decorrentes desse risco residual. Assim, os equipamentos de
protecção colectiva (EPC’s) surgem como uma tentativa de reduzir o risco e devem sempre ter
prioridade sobre o equipamento de protecção individual, uma vez que este apenas protege um
trabalhador. Pelo contrário os EPC’c protegem vários trabalhadores.
O sistema de protecção colectiva a empregar deve ser escolhido antes do início da obra. A
protecção colectiva eleita deve reunir um conjunto de características tais como:
 deve ser forte e segura;
 deve evitar a queda do trabalhador, em vez de limitar a mesma;
 a protecção não deve causar sensação de vertigem ao trabalhador;
 deve ser continua, protegendo os ângulos das fachadas e não deixando espaços por
cobrir;
 deve proteger o trabalhador em qualquer fase do trabalho;
 deve ser fácil de adaptar aos diferentes tipos de estruturas existentes, podendo assim ser
utilizada em diferentes obras;
 a sua correcta instalação deve ser verificada por uma pessoa competente.

27
Na Tabela 3 apresentam-se exemplos de equipamentos de protecção colectiva utilizados em obra:

EPC’c Especificidades Objectivo

São constituídos por Impedir a queda em


diversos elementos altura de pessoas e de
montados no local, pessoas. São
Guarda- utilizados na perifieria
que no seu conjunto,
corpos de lajes, coberturas,
devem garantir a
estabilidade e plataformas de
resistência necessária trabalho, andaimes,
e ter dimensões que aberturas em lajes,
assegurem o seu escadas e outros
objectivo. acessos.

Rede vertical com forca (anti e


limitadora de quedas)

Constituídas por
cordas fibro-sintéticas
Rede horizontal (anti-quedas) de poliamida ou
polipropileno, ligadas Impedir ou limitar a
Redes de por nós, formando um queda, quer de
segurança conjunto elástico de pessoas, quer de
malhas quadradas, materiais.
suportadas por corda
perimetral, capazes
Rede horizontal inclinada de absorver uma certa
(limitadora de quedas) quantidade de
energia.

Tabela – Alguns Equipamentos de Protecção Colectiva

28
29

Você também pode gostar