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BIOSSEGURANÇA E

QUALIDADE DOS SERVIÇOS DE


SAÚDE
AULA 1

Profª Nathaly Tiare Jimenez da Silva Dziadek


CONVERSA INICIAL

Definida como um conjunto de medidas, ações e condutas, a


biossegurança busca minimizar e, sempre que possível eliminar, riscos inerentes
a determinada atividade, ou seja, é aplicada a todos os segmentos, desde uma
fábrica de parafusos até um hospital.
Esses riscos não são apenas aqueles que afetam o profissional que
desempenha uma função, mas sim todos aqueles que podem causar danos ao
meio ambiente e à saúde das pessoas, tanto o profissional quanto o
cliente/paciente.
Em nossas aulas, iremos verificar onde se aplica a biossegurança em
serviços de saúde, visto que estes, em geral, são caracterizados como
insalubres, haja vista que a quantidade e a intensidade dos riscos se mostram
mais aumentadas que em outras atividades e serviços.

TEMA 1 – DEFINIÇÃO DE BIOSSEGURANÇA

Regulamentada por um conjunto de leis em vários países, a


biossegurança, uma área relativamente nova, fundamenta critérios e ações com
objetivo de minimizar os riscos no ambiente de trabalho de profissionais da área
da saúde.
A conduta de práticas seguras e equipamentos adequados reduzem
significativamente os riscos de acidente ocupacional. Da mesma importância,
faz-se necessária a conscientização do profissional da saúde em utilizar técnicas
assépticas e normas estabelecidas que garantem ao profissional e paciente um
tratamento sem risco de contaminação. De acordo com o Ministério da Saúde
(Brasil, 2010):

A biossegurança compreende um conjunto de ações destinadas a


prevenir, controlar, mitigar ou eliminar riscos inerentes às atividades
que possam interferir ou comprometer a qualidade de vida, a saúde
humana e o meio ambiente. Desta forma, a biossegurança caracteriza-
se como estratégica e essencial para a pesquisa e o desenvolvimento
sustentável sendo de fundamental importância para avaliar e prevenir
os possíveis efeitos adversos de novas tecnologias à saúde.
No âmbito do Ministério da Saúde (MS), a Biossegurança é tratada pela
Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS) que é coordenada pela
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) e
composta pelas Secretarias de Vigilância em Saúde (SVS) e de
Atenção à Saúde (SAS), pela Assessoria de Assuntos Internacionais
em Saúde (AISA), pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), pela
Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) e pela Agência Nacional de

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Vigilância Sanitária (ANVISA). A CBS foi instituída pela Portaria
GM/MS nº 1.683, de 28 de agosto de 2003.

O profissional da saúde está mais suscetível a riscos decorrentes da


atividade exercida em seu trabalho, por isso, medidas de biossegurança são
importantes para assegurar e minimizar possíveis acidentes no ambiente de
trabalho capazes de causa dados a saúde.

1.1 Evolução da biossegurança

Grandes avanços em investigações dos mecanismos de geração e


transmissão de doenças ocorreram graças à descoberta das células por Horbert
Hook, em 1665, que contribuiu para o desenvolvimento tecnológico entre
engenharia genética e molecular, possibilitando um debate entre a necessidade
da ética e biossegurança na área da saúde.
Discussões cientificas na Califórnia, na década de 1970, sobre os
impactos da engenharia genética na sociedade e os aspectos de proteção dos
pesquisadores e profissionais pertencentes às áreas da saúde iniciaram uma
abordagem do conceito de biossegurança voltada principalmente para os riscos
biológicos.
Ainda na década de 1970, pesquisas detectaram um crescente número
de casos de tuberculose, hepatite B e shigelose (caracterizada por diarreia, febre
e cólicas estomacais) na Inglaterra e na Dinamarca nos profissionais de
laboratório de saúde. Isso serviu como um alerta para cuidados e estudos
valorizando e difundindo o conceito de biossegurança, um tema que ultrapassa
as barreiras hospitalares e laboratoriais devido à intensa circulação de pessoas
e mercadorias no mundo, possibilitando ainda a transmissão de bactérias e vírus,
pois os riscos biológicos e químicos estão presentes em outros ambientes.
Em 1981, após um contágio acidental ocorrido a um profissional da saúde
com o vírus HIV, houve um aumento da preocupação com biossegurança.
Instaurou-se em 1987 as precauções universais como recomendação do
Centers for Disease Control and Prevention (CDC), como forma de medidas de
biossegurança e prevenção da transmissão do HIV e VHB (Vírus da Hepatite B).
Profissionais da área da saúde estão expostos a um número significativo
de riscos ocupacionais. Medidas e normas de biossegurança em saúde são
condições fundamentais para a prevenção de danos aos trabalhadores
multidisciplinares da área de atuação, pois os riscos estão sempre presentes.

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Independentemente do diagnóstico do paciente, recomenda-se o uso de
precauções com sangue e outros fluidos corporais a todos os profissionais de
saúde, considerando todos os pacientes potencialmente infectados.
A grande demanda de pacientes críticos e a exposição a material
biológico, decorrente de procedimentos invasivos e/ou mais complexos, facilitam
o aparecimento de infeções cruzadas em profissionais da saúde e clientes. A
exposição ocupacional é uma importante fonte de infecção por vírus, como o
HIV, hepatite B e C.
O ambiente de atuação entre profissionais da área da saúde divide-se em
crítico e semicrítico, porém, durante a assistência prestada, nem todos os
profissionais da saúde adotam as medidas de biossegurança necessárias à sua
proteção, o que pode ocasionar um risco à sua saúde e à saúde do cliente sob
seus cuidados.
Como forma de minimizar os riscos em relação aos organismos
modificados geneticamente, na década de 1990, o Brasil criou a Lei n.
8.974/1995, de 5 de janeiro de 1995, com ampla abrangência, envolvendo
também organismos não modificados geneticamente e sua relação com a saúde
no ambiente de trabalho e em meio à comunidade. Junto à Lei, foi criada a
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), empregada a
biotecnologia e meio ambiente. Por sua vez, os riscos biológicos são os de maior
relevância no serviço da saúde principalmente entre fatores microbiológicos, os
quais apresentam uma maior população causada por infecções cruzadas com a
Hepatite B e C. Assim como com a síndrome de imunodeficiência adquirida
(AIDS), os riscos aumentaram consideravelmente.
É importante salientar o conhecimento e conscientização dos profissionais
da saúde sobre os riscos de contagio e transmissão e as limitações dos
processos de desinfecção e esterilização para que estes realizem o uso correto
dos EPIs.
Na área da saúde, um acidente em ambiente de trabalho, como em
qualquer área, pode envolver não somente o profissional da saúde, como
paciente, visitantes, equipamentos instalação entre outros, por isso é importante
a atenção em diminuir os possíveis riscos por parte dos profissionais durante o
exercício de suas funções.

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TEMA 2 – NORMAS REGULAMENTADORAS (NR)

Em 2002, foi instituída a Comissão de Biossegurança em Saúde, com 36


Normas Regulamentadoras (NRs) específicas na legislação, as quais têm como
objetivo, entre outras atribuições, acompanhar e participar da elaboração e
reformulação das normas de biossegurança, bem como promover debates
públicos sobre o tema. São elas:

• NR 01 – Disposições gerais: determina que as normas regulamentadoras,


relativas à segurança e medicina do trabalho, tornam-se obrigatórias para
todas as empresas privadas e públicas, além dos órgãos públicos da
administração direta e indireta, desde que possuam empregados regidos
de acordo com a CLT.
• NR 02 – Inspeção prévia: trata sobre a inspeção prévia de
estabelecimentos novos.
• NR 03 – Embargo ou interdição: referente a embargo e interdição de
atividades, equipamentos ou locais que ofereçam riscos à saúde e
integridade física dos trabalhadores.
• NR 04 – Serviços especializados em engenharia de segurança e em
medicina do trabalho: estabelece critérios para organização dos Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho
(SESMT).
• NR 05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA): norma
expedida pelo MTE para tratar da CIPA.
• NR 06 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI): trata
especificamente do uso dos EPIs no local de trabalho, conforme riscos
identificados quanto à saúde e segurança dos trabalhadores.
• NR 07 – Programas de controle médico de saúde ocupacional: determina
a implementação, nas empresas e instituições, do Programa de Controle
Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).
• NR 08 – Edificações: estabelece requisitos técnicos mínimos que devem
ser observados nas edificações, para garantir segurança e conforto aos
que nelas trabalhem.
• NR 09 – Programas de prevenção de riscos ambientais: estabelece a
obrigatoriedade da elaboração e da implementação do Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).
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• NR 10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade: tem por
objetivo garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que interagem
nas instalações e serviços com eletricidade.
• NR 11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de
materiais: tem como objetivo definir as normas de segurança para a
instalação e a operação de elevadores, guindastes, transportadores
industriais e máquinas transportadoras.
• NR 12 – Máquinas e equipamentos: tem como objetivo garantir que
máquinas e equipamentos sejam seguros para o uso do trabalhador.
• NR 13 – Caldeiras e vasos de pressão: tem como objetivo condicionar
inspeção de segurança e operação de vasos de pressão, caldeiras e
tubulações.
• NR 14 – Fornos: estabelece os padrões de segurança, conforto e higiene
ocupacional na utilização de fornos, garantindo que os riscos gerados
pela sua utilização não ultrapassem os limites de tolerância.
• NR 15 – Atividades e operações insalubres: estabelece as atividades que
devem ser consideradas insalubres, gerando direito ao adicional de
insalubridade aos trabalhadores.
• NR 16 – Atividades e operações perigosas: trata de forma específica das
classificações e medidas que devem ser adotadas pelas empresas no que
se refere a atividades e operações perigosas.
• NR 17 – Ergonomia: estabelece parâmetros que permitam a adaptação
das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto,
segurança e desempenho eficiente.
• NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da
construção.
• NR 19 – Explosivos: estabelece diretrizes específicas para manusear
materiais explosivos no momento de fabricação, armazenamento,
transporte e utilização para alguma finalidade dentro da empresa.
• NR 20 – Líquidos combustíveis e inflamáveis: estabelece os requisitos
mínimos para a gestão de segurança e saúde no trabalho contra os
fatores de risco de acidentes provenientes das atividades de extração,
produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de
inflamáveis e líquidos combustíveis.
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• NR 21 – Trabalho a céu aberto: define parâmetros de segurança e saúde
para os trabalhadores que desempenham suas atividades ao ar livre.
• NR 22 – Segurança e saúde ocupacional na mineração.
• NR 23 – Proteção contra incêndios: é a norma do Ministério do Trabalho
e Emprego que traz diretrizes relacionadas à proteção contra incêndios
nos ambientes de trabalho.
• NR 24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho:
disciplina preceitos de higiene e de conforto que devem ser observados
nos locais de trabalho, especialmente no que se refere a banheiros,
vestiários, refeitórios, cozinhas, alojamentos e água potável, visando à
proteção à saúde dos trabalhadores.
• NR 25 – Resíduos industriais: tem o objetivo de preservação da saúde e
da integridade física dos trabalhadores, por meio da obrigatoriedade de
as empresas estabelecerem medidas preventivas aos riscos dos resíduos
industriais desde a sua geração até a destinação final ambientalmente
correta.
• NR 26 – Sinalização de segurança: refere-se à sinalização de segurança
nos ambientes laborais.
• NR 27 – Registro profissional do técnico de segurança do trabalho no
MTE.
• NR 28 – Fiscalização e penalidades.
• NR 29 – Segurança e saúde no trabalho portuário.
• NR 30 – Segurança e saúde no trabalho aquaviário.
• NR 31 – Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária
silvicultura, exploração florestal e aquicultura.
• NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos de saúde.
• NR 33 – Segurança e saúde no trabalho em espaços confinados.
• NR 34 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da
construção e reparação naval.
• NR 35 – Trabalho em altura.
• NR 36 – Segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e
processamento de carnes e derivados.

Regulamentadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)


encontradas na Portaria n. 3.214, de 1978, as Normas Regulamentadoras NRs

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são citadas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), legislação de
observância para todas as empresas.

TEMA 3 – CONCEITO-CHAVE – ENTENDENDO OS RISCOS

Como forma de prevenção à contaminação por agentes infecciosos, é


necessário que o profissional da saúde adote medidas de biossegurança para
minimizar e eliminar riscos à saúde, principalmente os que atuam em áreas
insalubres nas quais o risco é variável.
Os riscos dependem do ambiente de trabalho, complexidade e hierarquia
de atuação, o que pode tornar mais suscetível a contrair doenças advindas de
acidente de trabalho, por meio de procedimentos que apresentam riscos.

3.1 Conceito de risco

Para o Ministério do Trabalho e Emprego, a NR 10 aborda conceitos


fundamentais sobre perigo e risco, definidos como:

perigo é uma fonte ou situação com potencial para causar danos à


integridade do trabalhador, instalações e/ou equipamentos do
ambiente de trabalho, enquanto que risco se define como a
combinação da probabilidade de ocorrência e da consequência de um
determinado evento perigoso.

Figura 1 – Perigo e risco

Fonte: Laboratório de Micobactérias (UFC), [S.d.].

Condições incertas capazes de causar dano ao trabalhador, produto ou


ambientes, seja um agente biológico, químico ou físico são definidas como risco.
Nem sempre apresentam consequências imediatas e dependem de fatores
como: tempo e intensidade da exposição do trabalhador ao agente de risco,

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porém é importante ressaltar a necessidade da identificação e controle desses
agentes.

3.2 Natureza dos riscos

Riscos laboratoriais são classificados de acordo com a legislação vigente


na Portaria n. 3.214, do Ministério do Trabalho do Brasil (1978). A classificação
dos riscos na NR 5 apresenta cinco tipos de agentes de risco:

• Riscos de acidentes: condições que deixem o trabalhador em situação de


vulnerabilidade no ambiente de trabalho capazes de afetar sua
integridade, bem-estar físico e psíquico, como ferramentas inadequadas
para o uso, ligações elétricas em desacordo, armazenamento
inadequado, maquinário e equipamentos sem proteção ou certificação,
possibilidade de incêndio e exposição entre outros.
• Riscos biológicos: provenientes de microrganismos como vírus, bactérias,
protozoários, parasitas etc.
• Riscos ergonômicos: atividades que afetam a saúde ou causam
desconforto, interferindo nas características psicofisiológicas do
trabalhador, como postura inadequada, levantamento de peso, esforço
físico intenso, repetições, ritmo excessivo de trabalho, entre outros.
• Riscos físicos: exposição física a toda forma de energia capaz de afetar o
trabalhador como ruídos, umidade, vibração, pressão, frio, calor,
radiações ionizantes e não ionizantes etc.
• Riscos químicos: substâncias capazes de penetrar no organismo do
trabalhador por contato, ingesta ou vias aéreas em forma de poeira, gás,
vapor, fumo, névoa ou neblina oriundas da atividade exercida e exposição
a esses produtos ou compostos.

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Figura 2 – Riscos

Fonte: Hokeberg et al., 2006.

Estudos apontam que, por maior que seja o avanço tecnológico eficaz em
eliminar e minimizar os riscos, ainda ocorre problema no comportamento
inadequado dos profissionais. Por isso, faz-se necessário constantes
treinamentos e atualizações apropriados sobre os riscos potenciais associados
aos trabalhos desenvolvidos.

TEMA 4 – ANÁLISE DE RISCO

A análise de risco é realizada por meio de um exame detalhado dos


perigos identificados com objetivo em descobrir as causas e as possíveis
consequências caso os acidentes aconteçam. É uma análise qualitativa, cujo
objetivo final é obter medidas que eliminem ou reduzam os riscos. A análise de
risco contribui com tomada de decisões mais assertivas em eliminar e ou
controlar os riscos inerentes ao profissional da saúde. Ademais, a análise de
riscos é dividida em três fases:

• Identificação: caracteriza a fonte de risco e mede sua intensidade,


frequência e duração. Trabalhadores e suas funções direta e
indiretamente ligados a essas atividades devem ser descritas, assim
entendemos as atividades que possam levar a um evento indesejável. O
domínio da segurança se dá por meio de diversas técnicas, que
contribuem para um resultado positivo em reduzir ou eliminar os riscos:
reuniões da CIPA, lista de verificações, inspeções de campo, relato,

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análise e divulgação de acidentes e quase acidente, exames de
fluxogramas e análises de tarefas.
• Avaliação: avaliamos as prováveis consequências desses riscos para a
população estudada. A avaliação de risco quantifica um possível acidente,
assim o risco identificado depende da frequência ou probabilidade do
evento e suas consequências expressas em danos pessoais, materiais ou
financeiro. Entretanto, nem sempre as variáveis são fácies de identificar,
por isso, em alguns casos ocorre a análise qualitativa do risco. Desta
forma temos dois tipos de avaliação: qualitativa (avaliamos o perigo e não
o risco) e quantitativa (avaliada pela categoria de risco, uma estimativa de
risco presente).
• Administração: definir as ações tomadas para amenizar, controlar e
eliminar os danos ocorridos pelo risco. Com identificação, análise e
avaliação dos riscos realizadas, podemos tomar as decisões para a
eliminação, redução, retenção ou transferência dos riscos detectados nas
etapas anteriores.

Para um melhor entendimento do assunto, vamos dar um exemplo prático


vivenciado em um hospital. Iremos fazer a análise do agente do risco físico
radiações ionizantes.

• Identificação: as radiações ionizantes são utilizadas em ambiente


hospitalar com duas finalidades principais: para a realização de exames
diagnósticos, como o raio X, a ressonância magnética e as tomografias.
Além disso, são usadas na radioterapia de tumores. Para medir a
intensidade e a frequência da exposição à radiação ionizante, os
profissionais devem utilizar um equipamento chamado dosímetro durante
o seu período de trabalho. Não podemos esquecer que, além dos
trabalhadores, os pacientes também são submetidos à radiação e,
portanto, estudos devem ser realizados em relação à quantidade máxima
segura de radiação que eles podem ser expostos com segurança.
• Avaliação: os danos causados pela radiação ionizante podem ser
sentidos a médio e longo prazo. Um dos mais frequentes associados à
exposição excessiva à radiação é a geração de tumores. Além disso,
podem ocorrer alterações nas nossas células germinativas, os gametas,
e comprometer a fertilidade do indivíduo. Portanto, os danos causados

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pela radiação ionizante são muito significativos e podem levar inclusive à
morte.
• Administração: quais são as ações que devem ser conduzidas para
minimizar, controlar e eliminar o risco? São várias, por exemplo, deve-se
isolar o lugar onde são conduzidas as atividades com radiação, os
profissionais devem utilizar vestimentas específicas de proteção e a
medição da exposição deve ser feita constantemente por meio dos
dosímetros. Todo ambiente deve ser sinalizado interna e externamente, e
o paciente deve receber o mínimo possível de radiação. As manutenções
dos equipamentos e o treinamento dos trabalhadores envolvidos devem
ser periódicos. A legislação específica sobre esse tema deve ser
consultada – Resolução n. 6 de 1988 da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa).

4.1 Análise preliminar do risco (APR)

Análise realizada pela Comissão de Acidentes (CIPA), pelo Serviço


Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SEMT)
ou peritos externos. É uma ferramenta de ampla utilização, a análise preliminar
pode ser empregada em diversos métodos para listar os riscos.
Utilizando planilhas, classificação, recorrência e medidas de controle a
APR, antecipa suas discrições e controles envolvendo análise dos materiais
utilizados, etapas de serviços e entrevista dos trabalhadores. Faz uso das
normas regulamentadoras como levantamento de possíveis riscos e seus danos
medida de minimizar ou controlar os riscos.
Medidas de correção são empregadas em casos nos quais o agente de
risco pode ser totalmente eliminado, como sinalização de segurança ou
equipamentos. Exemplo: equipamento de incêndio. Já as medidas de controle
se referem a casos nos quais os riscos não podem ser totalmente eliminados,
medidas nas quais os riscos ficam dentro do limite de segurança. Exemplo:
ruídos.

TEMA 5 – GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA

Por haver diversas questões ligadas ao resultado final eficaz em gestão


de biossegurança, faz-se necessário um envolvimento multidisciplinar dos

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profissionais passando desde a colaboração do paciente, atendimento ao
cliente, equipe técnica e gestão geral. Devido à complexidade de envolver a
todos e manter atenção e comprometimento com o programa de prevenção e
gerenciamento de riscos para o ambiente de trabalho e torná-lo o mais seguro
possível, foram desenvolvidas cinco questões principais a serem observadas
pela gestão (Anvisa, [S.d.]):

• Prevenção: as obrigações legais de legislação de Segurança do Trabalho


estão sendo cumpridas? Os funcionários utilizam os equipamentos de
proteção individual (EPIs) e estes estão disponíveis em quantidade
suficiente? O serviço tem profissional especializado na área de Segurança
do Trabalho? O serviço tem brigada contra incêndio?
• Organização: projetos de instalação de equipamentos, lista de
prestadoras de serviços aos equipamentos e às instalações? A ficha
cadastral dos equipamentos, com dados de instalação, manutenção e
normas de segurança, está atualizada?
• Emergência: os pacientes e acompanhantes são orientados a como agir
em casos de emergência? Existem planos de emergência para incêndios,
falta de eletricidade e/ou água, inundações?
• Treinamento: existem treinamentos periódicos sobre atualizações
tecnológicas? Os trabalhadores usam corretamente e de forma segura os
equipamentos?
• Manutenção: a manutenção preventiva é feita nos equipamentos? Existe
uma equipe de manutenção?

Normas e resoluções especificas, conhecidas e observadas para um


maior controle e redução de danos à saúde do trabalhador e do paciente, geram
maior qualidade e efetividade no resultado final em gestão de biossegurança na
área da saúde.

NA PRÁTICA

É possível dizer que a administração e gestão da biossegurança se


iniciam na análise de risco? Qual é a importância dessa avaliação em serviços
de saúde?
Você consegue definir a diferença de perigo e risco e citar exemplos de
aplicação das duas definições na mesma situação?

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FINALIZANDO

Vimos em nossa aula que biossegurança se aplica a qualquer ramo de


atividade, estando presente sempre que for necessário administrar riscos
oriundos das atividades profissionais de um trabalhador. Os riscos são
classificados de acordo com seus agentes e suas consequências por exposição,
e o primeiro passo para garantir um ambiente seguro ao profissional é
administrar os mesmos através da gestão da biossegurança.
Em serviços de saúde, existem particularidades, visto que esses
ambientes possuem em sua maioria os cinco tipos de riscos e um elevado risco
biológico, o que o torna um ambiente insalubre. Por esse motivo, existe uma NR
específica, a NR 32, sobre segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos
de saúde.

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REFERÊNCIAS

ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Manual de segurança no


ambiente hospitalar. [S.d.]. Disponível em:
<anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/seguranca_hosp.pdf>. Acesso em: 8 dez.
2020.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria 3214, de 08 de junho de


1978. Aprova as Normas Regulamentadoras, NR, do Capítulo V, Título II, da
Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do
Trabalho. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 jun. 1978.

_____. Ministério da Saúde. Biossegurança em Saúde: Prioridades e


Estratégias de Ação. Brasília, 2010.

_____. Ministério da Saúde. Portaria n. 2.616, 12 de maio de 1998. Diário Oficial


da União, Brasília, DF, 12 maio 1998.

LABORATÓRIO DE MICOBACTÉRIAS (UFC). [S.d.]. Disponível em:


<www.micobacterias.ufc.br>. Acesso em: 8 dez. 2020.

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