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ESCOLA POLITÉCNICA BRASILEIRA

CURSO TÉCNICO DA SEGURANÇA DO TRABALHO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

WESLEY CARLOS MARTINS BISPO

SEGURANÇA DO TRABALHO PÓS-PANDEMIA.

BELO HORIZONTE/MINAS GERAIS


2022
ESCOLA POLITÉCNICA BRASILEIRA
CURSO TÉCNICO DA SEGURANÇA DO TRABALHO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

WESLEY CARLOS MARTINS BISPO

SEGURANÇA DO TRABALHO PÓS-PANDEMIA.

Artigo Científico Apresentado à Escola


Politécnica Brasileira, como requisito parcial
para a obtenção do título de Técnico “da
Segurança do Trabalho”.
Professor Orientador:

BELO HORIZONTE/MINAS GERAIS


2022
Resumo

Neste artigo, tenho o objetivo de apontar importantes contribuições, no âmbito


da Saúde e da Segurança do Trabalhador, no que se refere ao âmbito de
trabalho no novo normal pós COVID-19. Este trabalho teórico será baseado em
leis, políticas, normas e recomendações internacionais atualizadas sobre o
assunto como tratamento de prevenção não farmacológica. Pontuados
direcionamentos iniciais acerca da atuação no âmbito da saúde do trabalhador,
considerando o que preconizam o Sistema Único de Saúde, a Política Nacional
de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora e o Conselho Federal de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Convém enfatizar que ações não devem
ser direcionadas somente aos trabalhadores dos serviços de saúde, mas
também aos de outros serviços assistenciais essenciais e considerar
estratégias para alcançar os que trabalham de forma desregulamentada.

Palavras-chave: Saúde Pública; Exposição Ocupacional; Saúde do


Trabalhador; Terapia Ocupacional; COVID-19; Coronavírus

Abstract

It is also intended to identify possible actions in Occupational Therapy, health

and work, taking into account the fight against the pandemic in Brazil. The

literature indicates that health professionals are three times more likely to

contract the virus than the general population. For this reason, in Brazil, the

federal government needs to liaise with state and municipal governments to

prepare, adapt, implement and supervise laws, policies and regulations on

worker health and safety, in order to ensure adequate working conditions and

reduce risks to workers' health during the pandemic.

Key words: Public health; Occupational Exposure; Worker's health;

Occupational therapy; COVID-19; Coronavirus


Objetivo geral

Identificar possíveis atuações na saúde e trabalho, levando em consideração o


tratamento como não-farmacológico no combate à pandemia no Brasil.

Objetivos específicos

 Apontar ações contributivas desta prática para prevenção e dirimição


dos profissionais com risco demais chances de contrair o vírus do que a
população em geral;
 Articular, elaborar, adaptar, implementar e fiscalizar leis, políticas e
normas sobre saúde e segurança do trabalhador;
 Garantir condições de trabalho adequadas e diminuir os riscos à saúde
dos trabalhadores em sua volta pós-pandemia.
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1. Introdução

A pandemia está sendo minimizada, mais da metade da população


brasileira vacinada, aos poucos as coisas vão voltando ao normal, ou podemos
dizer um “novo normal”. Desde então, diversos países e instituições vêm
atualizando os números sobre a doença quase em tempo real.

As discussões que permeiam as necessidades da população brasileira


que envolvem todas as necessidades básicas como educação, alimentação,
segurança pública e em especial a saúde e a segurança do trabalhador.
Durante o enfrentamento de emergências de saúde pública a legislação
sanitária busca garantir a saúde e a segurança durante a execução de suas
atividades produtivas.

Ao quase continente chamado Brasil - devido ao seu vasto território –


com sua diversidade cultural, a distribuição econômica desigual e a grande
variabilidade dos seus equipamentos de saúde, acrescentam-se desafios no
que tange à efetividade da vigilância na área de Saúde do Trabalhador. No dia
11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o
surto causado pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), uma pandemia global
( Cucinotta & Vanelli, 2020 ). Detectado pela primeira vez em dezembro de
2019, na cidade de Wuhan, China, esse vírus causa uma doença denominada
de COVID-19, cujo quadro clínico varia de infecções assintomáticas a quadros
respiratórios graves. No Brasil, o primeiro caso foi notificado no dia 21 de
fevereiro de 2020 ( Gorbalenya et al., 2020 ).

Nessa direção, o objetivo deste ensaio teórico é de apontar importantes


contribuições, no âmbito da Saúde e da Segurança do Trabalhador , baseando-
se em leis, políticas, normas e recomendações internacionais sobre o assunto.
Pretende-se, também, identificar possíveis atuações em terapia ocupacional,
saúde e trabalho, com vistas ao combate à pandemia no Brasil.
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2. Prevenção não-farmacológica de doenças e acidentes no trabalho

Nesta paulatina volta às rotinas presenciais no ambiente de tralho, é


necessário que as medidas de saúde e segurança no trabalho devem ser
revistas em uma série de normas e procedimentos que buscam prevenir
acidentes e doenças ocupacionais.

Os locais de trabalho, muitas vezes pelas próprias características das


atividades desempenhadas – como a manipulação de produtos químicos ou a
exposição a agentes físicos ou biológicos –, podem comprometer a saúde e a
segurança do trabalhador, seja de forma imediata ou com o passar do tempo.

Vanelli é feliz ao dizer que:

“A segurança no trabalho envolve todos os aspectos relacionados à saúde dentro do ambiente


laboral. Doenças ocupacionais, violência, assédio moral e sexual, acidentes de trabalho e
assuntos relacionados fazem parte dos temas que são observados”.

Neste caso, os profissionais ficam encarregados de garantir que as


normas sobre a matéria sejam devidamente aplicadas. Essas normas têm base
na legislação brasileira e nas convenções internacionais. 

A seguir, trarei informações importantes sobre a importância da


segurança do trabalho e sua legislação vigente.
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3. Direitos e deveres dos trabalhadores neste pleito

O direito à saúde e à segurança no trabalho aparece no rol de direitos


sociais da Constituição da República: “São direitos dos trabalhadores urbanos
e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: redução
dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança” (artigo 7º, inciso XXII).

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) tem um capítulo específico


para segurança e medicina do trabalho. As empresas têm a obrigação de
cumprir e fazer cumprir as normas de segurança do trabalho e de instruir os
empregados sobre as precauções para evitar acidentes.  Também é obrigatório
à empresa fornecer equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados ao
risco e em perfeito estado de funcionamento (artigo 166). 

Aos empregados, cabe observar as normas de segurança. Assim, toda a


sociedade tem uma parcela de responsabilidade na prevenção de acidentes –
diagnosticando possíveis riscos, reduzindo chances e monitorando esses
elementos.
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4. Leis e convenções que asseveram a causa

O normativo também assegura direitos aos que estão expostos a riscos


– os adicionais de insalubridade e de periculosidade. De acordo com o artigo
193 da CLT, são consideradas atividades perigosas aquelas em que o
trabalhador tem contato com fatores de risco, como inflamáveis, explosivos,
energia elétrica e violência. Já atividades insalubres são as que expõem os
empregados a agentes nocivos à saúde acima dos limites de tolerância, fixados
em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos
seus efeitos (artigo 189).

Compõem ainda o conjunto de normas sobre o tema a Política Nacional


de Meio Ambiente (Lei 6.938/1981), a Política Nacional de Educação Ambiental
(Lei 9.765/1999), a Política Nacional de Saúde e Segurança no Trabalho
(Decreto  7.602/2011), o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e
Doenças do Trabalho (Lei 11.121/1995) e o Programa Integrado de Assistência
ao Acidentado do Trabalho (Portaria Interministerial 14/1996).

O objetivo da convenção é que os países formulem políticas nacionais


para prevenir os acidentes e os danos à saúde que forem consequência do
trabalho ou tenham relação com ele, reduzindo ao mínimo, na medida em que
for razoável e possível, as causas dos riscos inerentes ao meio-ambiente de
trabalho.
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5. Normas regulamentadoras

Outra grande referência sobre o tema são as 37 Normas


Regulamentadoras (NRs) da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia
(extinto Ministério do Trabalho). Elas detalham a aplicação das disposições da
CLT sobre medidas preventivas de medicina do trabalho, edificações,
iluminação, conforto térmico, instalações elétricas, armazenagem de materiais,
atividades insalubres, etc. 

Essas normas devem ser implementadas obrigatoriamente, no local de


trabalho e visam à proteção de empregadores e trabalhadores. Entre os temas
tratados estão equipamentos de proteção, sinalização de segurança e
treinamentos de evacuação em questões mais graves, como em incêndio.

Um exemplo é a Norma Regulamentadora 5, que instituiu a Comissão


Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), com o objetivo de tornar
compatíveis, permanentemente, o trabalho, a preservação da vida e a
promoção da saúde do trabalhador. As Cipas são compostas por
representantes dos empregadores e dos empregados e têm como atribuições
identificar os riscos do processo de trabalho; elaborar o mapa de riscos, com a
participação do maior número de trabalhadores; elaborar plano de trabalho que
possibilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança e saúde
no trabalho; e participar da implementação e do controle da qualidade das
medidas de prevenção necessárias, entre outros.

O fornecimento de equipamentos de proteção individual, a promoção de


eventos de conscientização e o monitoramento de condições seguras são
exemplos dessas normas sendo colocadas em prática.
Em relação à atuação com os trabalhadores da saúde, Lancman diz que:
“as ações direcionadas ao acompanhamento e aos profissionais, principalmente nos casos de
afastamento do trabalho, e auxiliá-los a se adaptar a novas rotinas de trabalho e aos processos
de retorno ao trabalho. Somam-se a isso as atuações direcionadas a solucionar problemas
impostos pelos desafios encontrados para garantir a proteção e a segurança para o exercício
do trabalho dos profissionais da saúde”.

A pandemia provocada pelo coronavírus tem agravado doenças físicas e


psíquicas em razão dos desafios e das consequências da nova forma de vida e
de trabalho, afetando, especialmente, a população mais vulnerável. André
Machado Cavalcanti diz que:

“a crise tem afetado a saúde do trabalhador de diversas formas. Muitos foram obrigados a
trabalhar em casa, muitas vezes sem condições para tanto; outros estão trabalhando em
situações de extremo risco; e uma grande parcela está privada do trabalho, seja porque foram
dispensados, seja porque são profissionais liberais ou empreendedores e tiveram que fechar
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seus negócios em razão da calamidade pública. Tudo isso causou uma situação de extremo
estresse, forte tensão e muito abalo emocional”.
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6. Segurança do trabalho como prevenção NÃO-FARMACOLÓGICA

As normas e a atuação das instituições responsáveis pelo assunto têm


voltado a atenção para as ações de prevenção. Delaíde Miranda Arantes,
ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST), coordenadora do Programa
Trabalho Seguro da Justiça do Trabalho enfatiza que:

“A prevenção é e será, em qualquer circunstância, a melhor saída para empregados /


empregadores. Sem dúvidas, uma das formas mais eficiente para evitar os infortúnios e as
suas nefastas consequências. É um caminho de defesa da vida e de construção de um
ambiente saudável”. 

Segundo a ministra, o trabalho de conscientização para a importância da


prevenção não é um gasto, mas um importante investimento. “A tragédia de
Brumadinho, por exemplo, é um acidente de trabalho que, se tivesse sido
evitado, não teria gerado tanto gastos financeiros e humanos, não se teriam
perdido tantas vidas”, assinala.

Já, o desembargador Sebastião de Oliveira, afirma que o contexto atual


requer esforços de todos para evitar o adoecimento profissional. O mesmo
afirma categoricamente que é:

“É necessário que as corporações e as empresas se reúnam e montem uma equipe de


emergência para tratar de quatro passos – prevenção, diagnóstico, tratamento e retorno ao
trabalho. É preciso uma conjugação de esforços de patrão e empregado para salvar todos que
puder”.

Enfim, entendemos que este procedimento não farmacológico faz parte


da segurança do trabalhador em cumprimento das orientações e das normas,
como distanciamento, uso de máscara, luvas, restrições no transporte de
empregados, os cuidados no refeitório, tudo deve ser exigido pelas empresas,
pelos empregados porque interessa a todos.
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Considerações Finais

Este artigo busca, mesmo que em suas limitações, elucidar neste novo e
longo processo, direito ao acesso a serviços de saúde; à proteção social,
possibilidade de exercer suas atividades de trabalho de forma digna como
direito fundamental à vida.

Enfim, neste cenário de emergência sanitária, a promoção e


recuperação da saúde será sem dúvidas o carro chefe da volta ao trabalho com
conforto e segurança, e entre, a reorganização do cotidiano, durante esse
período, contribuir para a saúde do trabalhador em seu ambiente de trabalho..

 Como citar:Barroso, B. I. L., Souza, M. B. C. A., Bregalda, M. M., Lancman, S.,


& Costa, V. B. B. (2020). A saúde do trabalhador em tempos de COVID-19:
reflexões sobre saúde, segurança e terapia ocupacional. Cadernos Brasileiros
de Terapia Ocupacional. Ahead of Print.https://doi.org/10.4322/2526-
8910.ctoARF2091
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Referências

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manejo-coronavirus.pdf
 Brasil. (2020b, 2 de abril). Projeto de Lei do Senado n° 873/2020. Promove
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2020, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil , Brasília, seção 1, p. 2. Recuperado em 20 de março de 2020, de
 Brasil. (2020c, 23 de março). Portaria GM/MS n° 492, de 23 de março de 2020.
Institui a ação estratégica “O Brasil Conta Comigo”, voltada para os alunos dos
cursos da área de Saúde, para o enfrentamento da pandemia do coronavírus
(COVID-19). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil , Brasília, seção
1, p. 56.
 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. (2018). Saúde
do trabalhador e da trabalhadora (Cadernos de Atenção Básica, No. 41).
Brasília: Ministério da Saúde.
 Candido, D. S., Watts, A., Abade, L., Kraemer, M. U. G., Pybus, O. G., Croda,
J., Oliveira, W., Khan, K., Sabino, E. C., & Faria, N. R. (2020). Routes for
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 Fiho, J. M. J., Assunção, A. A., Algranti, E., Garcia, E. G., Saito, C. A., &
Maeno, M. (2020). A saúde do trabalhador e o enfrentamento da COVID -19. 

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