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DOENÇAS

OCUPACIONAIS E
ERGONOMIA
Técnico em Edificações – Mód. I
Técnico em Meio Ambiente – Mód. I
Técnico em Segurança do Trabalho – Mód. I
Prof. Paulo Marinho

2023-1

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Sumário
AULA: INTRODUÇÃO ÀS DOENÇAS OCUPACIONAIS ............................................................................................... 93
ADOECIMENTO OCUPACIONAL............................................................................................................................... 95
AULA: RISCOS OCUPACIONAIS E SUAS CLASSIFICAÇÕES ........................................................................................ 99
AULA: AÇÕES PREVENCIONISTAS .......................................................................................................................... 101
AULA: ERGONOMIA E COLUNA VERTEBRAL ......................................................................................................... 104
AULA: LER – DORT – AMERT ................................................................................................................................. 109
AULA: ACIDENTE DE TRABALHO E ACIDENTE DE TRAJETO ................................................................................... 111
AULA: GINÁSTICA LABORAL E PROGRAMA DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO .......................................... 113
ANEXO: ARTIGO – AULA PRÁTICA ......................................................................................................................... 115

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APONTAMENTOS DE AULA – DOENÇAS OCUPACIONAIS

AULA: INTRODUÇÃO ÀS DOENÇAS OCUPACIONAIS

A Saúde do Trabalhador é um conjunto de ações destinadas a promoção, a proteção, a recuperação e a


reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho.

O objetivo da área é desenvolver ações que promovam a melhoria dos processos e ambientes de trabalho, e a
redução das doenças e acidentes do trabalho. Todos os trabalhadores urbanos e rurais das cidades grandes e
pequenas, do setor formal ou informal e até mesmo os desempregados deverão ter acesso universal e igualitário
às ações e serviços de saúde do trabalhador.

Este aspecto é de grande significado, pois, tradicionalmente, as ações do setor trabalho e da previdência social
restringiam-se aos trabalhadores do setor formal, especialmente nos maiores centros urbanos. O atendimento
pelo setor saúde, para atingir a totalidade dos trabalhadores, em um país com as características do Brasil, deve
estar pautado nas diretrizes definidas no Artigo 198 da Constituição Federal, que determina que as ações e
serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único,
organizando as ações de promoção, assistência e vigilância à saúde dos trabalhadores.

CONCEITO

Doença ocupacional é designação de várias doenças que causam alterações na saúde do trabalhador,
provocadas por fatores relacionados com o ambiente de trabalho.

A saúde dos trabalhadores constitui uma importante área da Saúde Pública que tem como objetivo a promoção
e a proteção da saúde do trabalhador, por meio do desenvolvimento de ações de acompanhamento dos riscos
presentes nos ambientes e condições de trabalho, dos problemas a saúde do trabalhador, a organização e
prestação de assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos de diagnósticos, tratamento e
reabilitação de forma integrada, no Sistema de Saúde Pública brasileiro. Neste conceito, trabalhadores são todos
os homens e mulheres que exercem atividade para sustento próprio ou de seus dependentes, qualquer que seja
sua atividade executada no mercado de trabalho. Estão incluídas nesse grupo as pessoas que trabalharam
assalariado, trabalhadores domésticos, trabalhadores avulsos, trabalhadores agrícolas, autônomos, servidores
públicos, trabalhadores cooperativados e empregadores.

Entre os fatores determinantes da saúde do trabalhador estão compreendidas as condições sociais, econômicas
e os fatores de risco ocupacionais, físicos, químicos, biológicos, mecânicos e aqueles decorrentes da organização

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laboral presentes nos processos de trabalho. Assim, ações de saúde do trabalhador tem como foco modificar os
processos de trabalho, de forma a contemplarem as relações saúde-trabalho em todas as atividades profissionais.

Os trabalhadores individual e coletivamente nas organizações são considerados sujeitos e participantes das ações
que incluem o estudo das condições de trabalho, a identificação de mecanismos de intervenção técnica para sua
melhoria, adequação e o controle dos serviços de saúde prestados. O adoecimento dos trabalhadores e sua
relação com o trabalho. Os trabalhadores compartilham das mesmas doenças e morte da população em geral,
em função de sua idade, gênero, grupo social ou presença em grupo especifico de risco. Além disso, os
trabalhadores podem adoecer ou morrer por causas relacionadas ao trabalho, em consequências da profissão
que exercem ou exerceram ou pelas condições adversas em que seu trabalho e ou foi realizado.

Assim, o perfil de adoecimento e morte dos trabalhadores resultara na separação desses fatores que podem ser
resumidos em quatro grupos de causas:

• Doenças comuns, aparentemente sem qualquer relação com o trabalho;

• Doenças comuns (crônico-degenerativas, infecciosas, neoplasias, traumáticas) eventualmente modificadas no


aumento da frequência de sua ocorrência ou no surgimento em trabalhadores, sob determinadas condições de
trabalho;

• Doenças comuns que são agravadas em função das condições de trabalho, a asma brônquica, a dermatite de
contato alérgica, a perda auditiva conduzida pelo ruído (ocupacional), doenças musculoesqueléticas e alguns
transtornos mentais exemplificam esta possibilidade, na qual, em decorrência do trabalho, multiplicam-se as
condições provocadoras ou desencadeadoras desses quadros hospitalares.

• Agravos à saúde específicos, típicos dos acidentes do trabalho e pelas doenças profissionais.

A silicose e a asbesto se exemplificam este grupo de agravos específicos. Os três últimos grupos constituem a
família das doenças relacionadas ao trabalho. A natureza dessa relação e sutilmente distinta em cada grupo.

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ADOECIMENTO OCUPACIONAL

É qualquer alteração biológica ou funcional (física ou mental) que ocorre em uma pessoa em decorrência do
trabalho.

Muitas vezes, o local de trabalho apresenta riscos que afetam a saúde do trabalhador. Eles podem vir sob forma
de poeiras, ruídos, calor, bactérias, produtos químicos e muitas outras fontes. Há, ainda, riscos provenientes da
organização do trabalho, que podem causar doenças oesteomusculares (como, por exemplo, dores nas costas,
ou mesmo LER - Lesões por Esforços Repetitivos) e transtornos mentais.

Vamos dar exemplos: uma máquina que produz muito barulho pode causar perda auditiva (surdez); um local que
contém poeira pode afetar os pulmões; um processo de produção que gera fumos metálicos (como as máquinas
de solda) pode causar contaminação no sangue de quem ali trabalha; um sistema de produção onde há
movimentos repetitivos pode causar LER/DORT; um sistema de transporte manual de carga, a exemplo de
carregamento de sacos de cimento ou caixas de produtos pesados, pode causar problemas na coluna; mesmo o
simples fato de trabalhar longos períodos em pé, comum no comércio, sobretudo em lojas de shopping e
farmácias, expõe o trabalhador a problemas circulatórios ou de coluna.

E há um agravante: muitas doenças somente se manifestam ao longo do tempo, às vezes bem depois do término
do contrato do trabalho, dificultando a identificação das causas. Um pedreiro ou cortador de pedras ornamentais
que fica exposto à poeira de sílica pode apresentar sintomas da doença até 30 anos após essa exposição, quando
ninguém mais se lembra da exposição ao fator de risco.

O QUE PREVÊ A LEI?

Existe uma série de leis e normas que regulamentam a exposição aos riscos nos locais de trabalho. Nosso país
aceitou diversas Convenções da Organização Internacional do Trabalho – OIT, que se tornaram, então,
obrigatórias. Dentre essas, citamos a Convenção nº 155, que trata de segurança e saúde dos trabalhadores. Ela
recomenda a implantação de uma política nacional coerente em matéria de segurança e saúde dos trabalhadores
e meio-ambiente de trabalho.

Já nossa Constituição Federal prevê que todos os trabalhadores têm direito a um ambiente de trabalho seguro e
saudável.

Veja:

CF, Art. 7º: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social... XXII: redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.

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A Consolidação das Leis do Trabalho - CLT também exige ambientes de trabalho seguros e sadios. O capítulo V
torna obrigatória a adoção de medidas de segurança e a observação das suas regras. Esse capítulo traz, dentre
outras, algumas obrigações. Olha lá:

Art. 157 - Cabe às empresas

I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;

II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar
acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;

III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente;

Essas medidas são obrigatórias. É direito básico um local de trabalho cujos riscos não vão prejudicar a saúde e a
segurança de quem ali está. A obrigação principal de cuidar desses fatores de risco é do dono do ambiente de
trabalho, que deve:

1) ver se existem riscos no ambiente de trabalho, através de um profissional, procurando eliminar esses fatores
ou diminuir sua ação danosa;

2) adotar medidas de controle e efetuar constante monitoramento desses riscos a fim de evitar que causem
problemas aos trabalhadores;

3) cuidar dos reflexos desses riscos na saúde dos trabalhadores, através de acompanhamento médico ocupacional
e;

4) por fim, adotar medidas corretivas se esses riscos estiverem altos ou com potencial para prejudicar a saúde
dos trabalhadores.

É um ciclo constante de monitoramento e cuidado com o local de trabalho e com quem ali trabalha. Veja:

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Para garantir tudo isso, há uma rede de proteção ao trabalhador: dentro da empresa podemos ter CIPA (Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes) e SESMT (Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho).
Ajudam a prevenir acidentes e doenças; fora da empresa, temos algumas instituições que prezam pela segurança
e saúde ocupacional, cabendo à Inspeção do Trabalho, constituída por Auditores-Fiscais do Trabalho, a
responsabilidade pela fiscalização dos ambientes, utilizando-se das Normas Regulamentadoras emitidas pelo
Ministério do Trabalho (conheça-as no endereço eletrônico trabalho.gov.br/legislacao). Essa rede pode e deve
ser acionada quando há situações que podem causar acidentes e adoecimentos.

O que fazer em caso de adoecimento no trabalho?

Mas mesmo tomando todos os cuidados, um trabalhador ficou doente. O que fazer?

Caso haja um produto ou um método de trabalho que ocasione riscos à saúde do trabalhador, o médico do
trabalho deve acompanhar o impacto que isso pode causar à saúde dos trabalhadores, muitas vezes solicitando
exames relacionados a esses riscos, buscando detectar precocemente uma eventual doença. Essa é a razão dos
exames médicos.

Assim, por exemplo, se no local de trabalho há a presença de benzeno (um produto químico que causa câncer), o
médico deve solicitar exames específicos para verificar se esse produto está atingindo o trabalhador, ainda na
chamada fase “prédoença”. Caso esse exame aponte exposição excessiva a esse agente, mesmo sem sintomas, o
trabalhador deve ser afastado do local de trabalho ou do risco até que se normalize esse nível de produto no
organismo do trabalhador. Obviamente providências devem ser tomadas em relação aos outros que estão
expostos a esse mesmo produto, assim como deverá haver uma investigação para saber por qual motivo as
medidas de controle não funcionaram (lembre-se que já falamos de medidas de controle).

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E se por algum motivo o trabalhador fica doente ou tem uma doença já existente agravada, o médico deve solicitar
ao empregador a emissão da Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT, deve encaminhar o trabalhador para
o INSS para medidas por parte desse Órgão e deve solicitar o afastamento do trabalhador do local onde haja o
risco à sua saúde, bem como deve orientar o empregador para que sejam adotadas medidas corretivas no
ambiente de trabalho. É obrigação do empregador fazer o que foi solicitado.

Essa é uma questão importante. A detecção precoce de problemas no ambiente de trabalho e de doenças
relacionadas ao trabalho possibilita a que os trabalhadores possam entrar e sair das empresas com saúde e
segurança. Saiba mais lendo os itens 7.4.7 e 7.4.8 da Norma Regulamentadora nº 07
(trabalho.gov.br/legislação/normas regulamentadoras).

Vimos que uma das providências em caso de adoecimento é a abertura de Comunicação de Acidentes do Trabalho
– CAT. Mas isso é importante? Sim, muito importante.

Primeiro temos que informar que para todo caso de adoecimento, inclusive aqueles apenas objeto de suspeita,
deve ser aberta CAT. Veja o que diz a CLT:

Art. 169 Será obrigatória a notificação das doenças profissionais e das produzidas em virtude de condições
especiais de trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as instruções expedidas pelo
Ministério do Trabalho.

A CAT é uma informação de cunho estatístico que serve para orientar as políticas públicas de prevenção de
doenças. Assim, o Brasil poderá dirigir suas ações para aquelas situações que mais geram adoecimentos, evitando-
os e preservando a capacidade produtiva dos brasileiros.

Serve, também, como instrumento auxiliar para o trabalhador preservar seus direitos, caso seja acometido de
incapacitação para o trabalho em decorrência da doença nele gerado.

A CAT é uma obrigação da empresa, mas se ela se recusar a fazê-lo, o trabalhador, seus dependentes, sindicatos,
médicos ou qualquer autoridade pública podem fazer isso.

Mas como faço abertura de CAT? É muito simples: Acesse a página do INSS (inss. gov.br), acesse “todos os
serviços”, clique em “comunicação de acidentes do trabalho” e veja as informações lá constantes. Prefira fazer
on-line, baixando o aplicativo. É mais rápido e a informação será processada na hora.

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AULA: RISCOS OCUPACIONAIS E SUAS CLASSIFICAÇÕES

RISCOS OCUPACIONAIS:

A existência de probabilidade de um trabalhador sofrer algum dano, resultante de suas atividades profissionais,
é denominada de risco ocupacional, ou seja, são acidentes ou doenças possíveis a que estão expostos os
trabalhadores no exercício do seu trabalho ou por motivo da ocupação que exercem.

Geralmente, os riscos ocupacionais estão relacionados ao ambiente em que o trabalhador fica sujeito a ruídos,
vibrações, gases, vapores, iluminação inadequada, entre outras inúmeras situações que podem gerar danos à
saúde ou à integridade física do profissional.

Em cada tipo de empresa e ocupação a característica do risco é diferente, porque a exposição do profissional ao
risco depende do processo produtivo.

Em indústrias e empresas que utilizam máquinas e equipamentos como parte da produção os perigos estão, de
modo geral, ligados à estas máquinas. A NR12 não trata de todos os riscos que uma máquina pode ter, mas no
item 12.39-a é exigido a elaboração de uma ANÁLISE DE RISCO.

Ministério do Trabalho (MT) classifica os riscos ocupacionais de acordo com sua natureza: física, química,
biológica, ergonômica ou acidental. Assim, eles podem ser operacionais (riscos para acidente), comportamentais
ou ambientais (físicos, químicos ou biológicos, ergonômicos).

Cada tipo é identificado por uma cor, o que acarreta a facilidade de realizar a sinalização, a qual contribui,
portanto, para a segurança do trabalhador.

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TABELA DA CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS OCUPACIONAIS

• O grupo 1 é denominado de verde e se refere aos riscos físicos, como ruídos, vibrações, radiações
ionizantes, frio, calor, pressões anormais e umidade.

• O grupo 2 corresponde à cor vermelha, que são os riscos químicos, como poeiras, fumos, névoas,
neblinas, gases, vapores e substâncias compostas ou produtos químicos que podem prejudicar a saúde
do trabalhador.

• O grupo 3 é titulado com a cor marrom, que abrange os riscos biológicos: vírus, bactérias, protozoários,
fungos, parasitas e bacilos.

• Já o grupo 4 recebe a cor amarela, que engloba os riscos ergonômicos, tais como esforço físico excessivo,
levantamento e transporte de peso exagerados, exigência de postura inadequada, controle rígido de
produtividade, trabalho noturno, jornadas de trabalho extensas, monotonia e repetitividade, entre outras
situações que se ligam ao estresse físico ou psicológico do trabalhador.

• Por fim, há o grupo 5, que é definido como azul e se compõe de riscos de acidentes causados por
conjuntos físicos inadequados, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inapropriadas,
iluminação incorreta, eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado,
entre outras incontáveis situações de risco que poderão contribuir para ocorrência de acidentes no
ambiente de trabalho.

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AULA: AÇÕES PREVENCIONISTAS

ADOECIMENTO OCUPACIONAL E AÇÕES PARA AS EMPRESAS

O processo produtivo ou organizacional em um determinado local pode gerar riscos à saúde. Vamos exemplificar:
uma atividade de soldagem vai gerar fumos metálicos, decorrentes do processo de fusão dos metais, que
prejudicam a saúde de quem está fazendo a soldagem e de todos os que estão em volta. É o chamado risco de
origem química. No comércio, para citar mais um caso, um vendedor que passa muito tempo na posição “em pé”
ou na posição “sentado”, sem alternância de posições, pode ter sua saúde afetada, seja por problemas de
circulação sanguínea ou questões que envolvem seu sistema osteomuscular. É o chamado risco de natureza
ergonômica. Em tais situações, como em muitas outras, o trabalhador não adoece imediatamente, mas depois de
algum tempo à exposição a esses fatores de risco. Esse tempo varia conforme o organismo de cada um.

O dono do local de trabalho é responsável por fazer um levantamento dos fatores de risco do estabelecimento,
tanto do aspecto chamado de higiene ocupacional, com identificação de riscos físicos, químicos e biológicos, como
dos fatores de risco de origem ergonômica, que podem envolver adoecimento por conta do processo produtivo,
e até dos riscos de acidentes típicos. Para tudo isso, o Ministério do Trabalho emitiu um conjunto de Normas
Regulamentadoras, entre as quais destacamos a NR 07 (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) e
NR 01 (Gerenciamento de Riscos Ocupacionais). Basicamente, o responsável pelo estabelecimento tem que
adotar as seguintes providências para evitar o adoecimento no trabalho:

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a) efetuar levantamento e avaliação dos riscos ocupacionais, para saber a necessidade de adoção de medidas de
controle. Esse levantamento normalmente é feito pelo profissional que elabora o Programa de Gerenciamento
de Riscos Ocupacionais (PGR). Esse profissional deve ir ao local de trabalho e analisar existência de fatores de
risco, que podem causar adoecimento, podendo utilizar equipamentos adequados para isso. Deve fazer uma
investigação do ambiente, procurando algo que possa afetar quem ali trabalha.

b) adotar medidas de controle para que esses riscos não afetem a saúde do trabalhador. Para isso, pode eliminar
ou diminuir o impacto ofensivo desse fator de risco (por exemplo, trocar uma máquina muito barulhenta, que
causa perda auditiva, por uma silenciosa ou ainda pode colocar essa máquina longe das pessoas ou mesmo colocá-
la dentro de um ambiente separado e fechado, diminuindo o nível de ruído próximo aos trabalhadores). As
medidas devem ser preferencialmente coletivas, ou seja, diretamente no ambiente de trabalho e na fonte do
risco. Caso não haja possibilidade, pode recomendar a utilização de medidas organizacionais ou equipamentos de
proteção individual; e

c) monitorar constantemente a exposição dos trabalhadores aos fatores de risco. Esses fatores não podem atingir
um nível que prejudique a saúde do trabalhador, devendo ser sempre verificados, pois podem mudar conforme
o desgaste das máquinas, instalação de novo processo de produção ou equipamentos etc;

Ou seja: cabe ao dono do ambiente de trabalho verificar a existência de riscos, controlá-los e efetuar constante
monitoramento, a fim de evitar que afetem a saúde das pessoas que ali trabalham.

Todos esses riscos devem ser informados aos trabalhadores. É o que prevê a Norma Regulamentadora nº 01, do
Ministério do Trabalho. Veja:

1.7 Cabe ao empregador: c) informar aos trabalhadores: I. os riscos profissionais que possam originar-se nos locais
de trabalho; II. os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa; III. os resultados
dos exames médicos e de exames complementares de diagnóstico aos quais os próprios trabalhadores forem
submetidos; IV. os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho.

Há outros riscos além dos acima citados. Também devem ser analisados e controlados: riscos de natureza
ergonômica, fatores organizacionais, assédio, pressão excessiva e tantos outros fatores que contribuem para o
adoecimento físico e mental. Como já dito, uma pessoa que trabalha o tempo em todo em pé vai adoecer, muito
provavelmente. Do mesmo modo, aquele que está sempre sobre pressão de metas excessivas, violência e
sofrimento, grosserias, assédio, também. Movimentos repetitivos, excessivos, levantamento de carga em
condições inadequadas e muitas outras situações fazem com que ocorram doenças ocupacionais.

Não é à toa que a maior causa de benefícios em decorrência de doenças ocupacionais são as dorsalgias (dores
nas costas), motivadas por situações de trabalho inadequadas.

Ambiente de trabalho sadio é obrigação do empregador, do dono do ambiente. Há regras que regulamentam a
segurança e saúde no trabalho, sob pena de sanções. Além disso, é financeiramente recompensador: um

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empregado que labora em um ambiente saudável e seguro falta menos ao serviço, vai trabalhar mais motivado e
rende muito mais.

EMPREGADO. QUAIS AS OBRIGAÇÕES E DIREITOS?

O principal responsável por condições seguras e sadias é o empregador, mas o empregado tem uma série de
obrigações.

Cada um de nós é o principal interessado na própria saúde. Assim, o empregado tem que se inteirar das normas
de segurança, conhecer os riscos que existem no ambiente de trabalho, exigir a aplicação das medidas de
segurança e, por fim, colaborar com a empresa na aplicação das normas de segurança. Olhe o que diz a Norma
Regulamentadora nº 01, do Ministério do Trabalho:

1.8 Cabe ao empregado:

a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde do trabalho, inclusive as ordens de
serviço expedidas pelo empregador;

b) usar o EPI fornecido pelo empregador;

c) submeter-se aos exames médicos previstos nas Normas Regulamentadoras - NR;

d) colaborar com a empresa na aplicação das Normas Regulamentadoras - NR;

E mais: a falta de cumprimento dessas medidas acima por parte do empregado é considerada ato faltoso.

Assim, é importante o envolvimento de todos nas ações de prevenção de acidentes e adoecimentos. Veja se há
CIPA e SESMT na sua empresa, participe das reuniões, conheça os riscos ambientais, veja se há riscos de acidentes,
veja se há proteções coletivas, utilize os equipamentos de proteção individual fornecidos pelo empregador (se
não tiver, cobre soluções: é melhor ter saúde sempre), informe ao seu encarregado e nas reuniões da CIPA
qualquer situação que possa resultar em acidente ou doença, compareça periodicamente aos exames médicos,
comunicando qualquer sintoma de doença, mesmo que seja um simples mal estar: o médico poderá fazer um
diagnóstico e adotar ações para prevenção de doença ocupacional.

Além das medidas de controle supracitadas, podemos pontuar outros métodos de controle, tais como:

• Treinamentos
• Ginástica Laboral
• Programa de Qualidade de Vida no Trabalho
• Rodízio de tarefas ou situações de trabalho
• Pausas psicofisiológicas
• Programas participativos que estimulam participação dos trabalhadores nos processos de Saúde e
Segurança do Trabalho.

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AULA: ERGONOMIA E COLUNA VERTEBRAL

ERGONOMIA

É um conjunto de ciências que visa adaptar o trabalho ao trabalhador, promovendo CONDIÇÕES E ATITUDES para
maior segurança, conforto e eficiência

• TRÍADE:

SEGURANÇA + CONFORTO + EFICIÊNCIA (ou Produtividade)

A ERGONOMIA TEM POR OBJETIVO ADAPTAR TUDO COM QUE O SER HUMANO SE RELACIONA ÀS
CARACTERÍSTICAS DO PRÓPRIO SER HUMANO, A FIM DE PRESERVAR SUA SAÚDE FÍSICA, EMOCIONAL E PSÍQUICA.

Para que isto seja possível, uma infinidade de outras ciências é usada pela Ergonomia, para que o profissional
que desenvolve projetos Ergonômicos obtenha os conhecimentos necessários e suficientes e resolva uma série
de problemas identificados num ambiente de trabalho, ou no modo como o trabalho é organizado e executado.

Após anos se desenvolvendo, hoje a intervenção da ergonomia se estende por inúmeras áreas e é considerada
uma ciência multidisciplinar e sua atuação irá depender da problemática a ser analisada, ou seja, ela é orientada
pelas condições existentes nos postos de trabalho. Citamos aqui alguns dos aspectos que a ergonomia engloba
enquanto intervenção:

• Posturas e movimentos.

• Antropometria.

• Dispositivos, equipamentos, controles e mostradores.

• Levantamento e carregamento de peso.

• Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT).

• Arranjo físico (layout).

• Organização do trabalho.

• Fatores de exposições ambientais.

• Trabalho em turnos.

Devemos considerar os fatores e as características que podem interferir para que a atividade desempenhada
num determinado posto de trabalho provoque maior ou menor intensidade de desgaste ao trabalhador, em
função das cargas exigidas por aquela atividade.

Estes fatores são os seguintes.


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Atividades Reconhecimento social Organização do
Desenvolvidas trabalho

TRABALHO

Condições Esforço Físico


Ambientais
Esforço Mental

Coluna Vertebral

Protege a medula espinhal e os nervos espinhais, suporta o peso do corpo, fornece um eixo parcialmente rígido
e flexível para o corpo e um pivô para a cabeça, exerce um papel importante na postura e locomoção movimento
de um lugar a outro.

A coluna vertebral é flexível porque é composta de muitos ossos relativamente pequenos – as vértebras.

As vertebras são separadas pelos discos intervertebrais

Embora o movimento entre duas vértebras seja pequeno, juntas elas formam uma coluna extraordinariamente
flexível.

Disco intervertebral

Atuam como absorventes de choque, proporcionam fixações resistentes entre os corpos vertebrais

Suas formas variadas produzem as curvaturas secundárias da coluna

• Cada disco é composto de:

• Um anel fibroso – uma parte fibrosa externa – composta de lamelas concêntricas de fibrocartilagem

• Uma massa central gelatinosa – o núcleo pulposo.

• São necessários muitos músculos fortes fixados nos processos espinhosos e transversos para suportar e
mover a coluna vertebral.

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Entre as disfunções que podem comumente afetar a coluna vertebral podemos citar:

Hérnia de disco: condição em que além do processo inflamatório sobre a raiz nervosa há uma compressão
mecânica dessa raiz pelo disco intervertebral, com prevalência de 5%. Tal condição tem maior incidência entre a
terceira e quartas décadas de vida. Isso, pois nessa fase da vida o processo degenerativo do disco intervertebral
encontra-se em um momento em que ainda há pressão no interior do núcleo pulposo, porém o ânulo fibroso já
apresenta redução de sua capacidade de resistir a essa pressão interna. Com isso ocorrem rupturas no ânulo
fibroso e consequente compressão de uma raiz nervosa no interior do canal vertebral ou no forâmen
intervertebral.

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Artrose: Alguns dos seus achados radiológicos, levam a doença ser conhecida popularmente como “bico de
papagaio”. A artrose na coluna é uma doença que se caracteriza pelo desgaste da cartilagem ou degeneração das
articulações, levando a uma diminuição da movimentação da coluna e podendo ocasionar dores na região lombar.
A doença é mais comum a partir dos 50 anos, devido ao processo natural de envelhecimento e desgaste dos ossos,
mas pode ser acentuada devido a exposição a algumas condições de trabalho, tais como movimentos repetitivos,
movimentação manual de cargas, entre outras.

Síndrome do piriforme: cerca de 6% dos casos de ciatalgia lombar podem ser relacionados à síndrome do
piriforme. Tal condição está relacionada à compressão do nervo ciático pelo músculo piriforme ou mesmo pelo
tendão desse músculo no assoalho pélvico. Isso ocorre quando há hipertrofia, inflamação ou variação anatômica
do músculo.

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RECOMENDAÇÕES ERGONÔMICAS

• Elimine hábitos posturais inadequados, seja em ambiente domiciliar ou laboral

• Para o uso do monitor de vídeo, utilize sempre centralizado, nunca lateralizado;

• Quando trabalho tem exigência que fique de pé: Alterne os pés num apoio sempre que achar necessário
tentando sempre manter um revezamento igual entre o pé direito e esquerdo.
Para que sempre que necessário e/ou o trabalho dê uma pequena pausa, utilize os bancos para sentar
temporariamente e assim mudar a postura por um momento.

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As pausas são momentos para descanso físico e mental, aproveite as pausas para:

• Relaxar a mente

• Mudar a postura que estavam

• Alongar e descansar a musculatura sobrecarregada

AULA: LER – DORT – AMERT

LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO (DORT)

Os casos de LER/DORT, no Brasil, foram primeiramente descritos como tenossinovites ocupacionais. Foram
apresentados, no XII Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho (1973), casos de tenossinovites
ocupacionais em lavadeiras, limpadoras e engomadeiras, recomendando-se que fossem observadas pausas de
trabalho daqueles que operavam intensamente com as mãos. No campo social, sobretudo na década de 80, os
sindicatos dos trabalhadores de processamento de dados travaram uma luta pelo enquadramento da
tenossinovite como doença do trabalho. Nestes últimos anos, várias outras entidades nosológicas, além da
tenossinovite, passaram a ser consideradas como LER/DORT pelo Ministério da Saúde.

As LER. são Lesões por Esforços Repetitivos (definição mais antiga)

A DORT (conhecidas como doenças osteomusculares relacionados ao trabalho) são responsáveis pela alteração
das estruturas osteomusculares – tendões, articulações, músculos e nervos

Diagnóstico/ Sintomas na DORT

A DORT se manifesta clinicamente por um sintoma subjetivo e peculiar a cada indivíduo que é a DOR.

Consequência de trauma direto de estruturas orgânicas por sobrecarga funcional ou traumatismos externos,
acarretando danos aos tecidos mais comumente afetados, como os músculos, tendões, fáscias, nervos e
articulações.

Desconforto, tensão, rigidez ou dor nas mãos, dedos, antebraços e cotovelos

Mãos frias, dormência ou formigamento

Redução da habilidade (destreza manual)

Perda de força ou coordenação nas mãos

Dor capaz de interromper o sono

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EXEMPLOS DE DISFUNÇÕES CLASSIFICADAS COMO DORT

Tendinite e tenossinovite dos músculos do antebraço é a inflamação de um tendão que surge usualmente através
do excesso de repetições de um mesmo movimento. Não é adquirida necessariamente no trabalho, mas com a
difusão da inflamação, tornou-se uma importante doença ocupacional.

Miosite dos músculos lumbricais é uma miopatia inflamatória. Ela pode afetar qualquer região do corpo e causar
a degeneração progressiva dos tecidos musculares, afetando também as artérias e demais vasos sanguíneos.

Tendinite do músculo bíceps ou tendinite bicipital, é uma inflamação no tendão principal que une a parte
superior do músculo bíceps ao ombro. A causa mais comum desta patologia é o uso excessivo e determinados
tipos de trabalho ou atividades esportivas.

Tendinite do supra espinhoso é uma condição do ombro caracterizada por inflamação e degeneração do tendão.

Inflamação do pronador redondo é uma neuropatia compressiva do nervo mediano, com sintomas parecidos
com a síndrome do túnel do carpo.

Cisto gangliônico no punho ou cisto sinovial é um aumento de volume localizado, que surge próximo a uma
articulação ou a um tendão.

Tendinite de DeQuervain ou tendinite, tenossinovite ou síndrome é uma inflamação que afeta os tendões do
punho que se dirigem para o polegar, nomeadamente os tendões do abdutor longo e extensor curto do polegar,
na zona onde atravessam uma bainha fibrosa espessa, que constitui o primeiro compartimento extensor do
punho.

Compressão do nervo ulnar também conhecida como neuropatia ulnar ou paralisia ulnar tardia, o termo
síndrome do túnel cubital é de uso comum para todas as neuropatias compressivas do nervo ulnar na região do
cotovelo. O nervo ulnar é responsável pela sensibilidade do dedo mínimo e de parte do dedo anelar, além de
fornecer inervação motora para diversos pequenos músculos da mão, que são muito importantes no controle de
movimentos finos da mão e dedos.

Síndrome do túnel do carpo é uma neuropatia resultante da compressão do nervo mediano no canal do carpo.

Compressão do nervo radial síndrome do túnel radial é uma doença derivada da compressão de um ramo do
nervo radial no antebraço, na parte posterior do braço ou no cotovelo.

Síndrome do desfiladeiro torácico (SDT) ocorre devido à compressão neurovascular (nervos e vasos sanguíneos
vascular) são comprimidos causando sintomas.

Epicondilite lateral e medial é uma degeneração dos tendões que se originam no cotovelo, atingindo
principalmente os músculos extensores do punho e dos dedos. A epicondilite é também conhecida como cotovelo
de tenista.

110
Bursite do Cotovelo a bursite do olecrano é a inflamação da Bursa olecraniana do cotovelo que se incha com o
fluido, aumento de volume e vai pressionar sobre estruturas adjacentes, dificultando o movimento.

Bursite do ombro é uma inflamação da Bursa sinovial, um tecido que atua como uma pequena almofada
localizada no interior de uma articulação, evitando o atrito entre o tendão e o osso. No caso da bursite no ombro,
há dor localizada na parte superior e anterior do ombro e dificuldade no movimento.

Síndrome da tensão cervical associação de vários sinais e sintomas que envolvem o crânio e a região cérvico-
escapular, tais como desequilíbrio e tonturas, que apresentam origem no segmento cervical, ou na transição
crânio-vertebral.

AULA: ACIDENTE DE TRABALHO E ACIDENTE DE TRAJETO

O que é Acidente de Trabalho?

Conforme dispõe o art. 19 da Lei nº 8.213/91, "acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço
da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a
morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho".

Esses acidentes não causam repercussões apenas de ordem jurídica.

Nos acidentes menos graves, em que o empregado tenha que se ausentar por período inferior a quinze dias, o
empregador deixa de contar com a mão de obra temporariamente afastada em decorrência do acidente e tem
que arcar com os custos econômicos da relação de empregado.

Os acidentes de trabalho geram custos também para o Estado.

Incumbe ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS administrar a prestação de benefícios, tais como:
111
auxílio-doença acidentário,

auxílio-acidente,

habilitação e reabilitação profissional e pessoal,

aposentadoria por invalidez e pensão por morte.

O acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar
proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus
planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado,
inclusive veículo de propriedade do segurado;

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio
de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.
(JORNADA IN INTINERE)

O QUE MUDOU COM A REFORMA TRABALHISTA?

O tempo de percurso “não será computado na jornada de trabalho”, salvo quando os locais forem de difícil
acesso ou não servidos por transporte público e o empregador forneça o transporte.

Dessa forma, com a Reforma trabalhista, o enunciado passou a ser: o empregado não estará à disposição do
empregador.

COMO FICA PARA O TRABALHADOR?

Mas é o que continuará dizendo a Lei 8.213/1991 (plano de benefícios da


Previdência Social) em seu art. 21, IV, “d”, ao dispor que equipara-se ao acidente
do trabalho, para os fins daquela Lei, o acidente sofrido pelo segurado, ainda que
fora do local e horário de trabalho, “no percurso da residência para o local de
trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive
veículo de propriedade do segurado”.

ACIDENTE DE TRAJETO é um direito previdenciário!

Para o empregado praticamente nada muda se o acidente por ele sofrido no trajeto
de ida ou de volta para o trabalho seja ou não considerado acidente do trabalho,

112
afinal, sendo ele segurado obrigatório da Previdência Social e observadas as regras aplicáveis, terá ele ou seus
dependentes legais direito aos benefícios previdenciários em decorrência de acidentes de qualquer natureza.

COMO FICA PARA O EMPREGADOR?

Mas para o empregador a situação é completamente diferente.

Primeiro porque o acidente do trabalho garante o empregado no emprego por 12 meses após a cessação do
auxílio-doença acidentário.

Por esse tempo, portanto, um empregador não poderá dispensar sem justa causa empregado que sofreu acidente
de percurso, mesmo não estando o trabalhador à disposição do empregador conforme a nova CLT.

AULA: GINÁSTICA LABORAL E PROGRAMA DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Ginástica Laboral é apenas uma das ferramentas para a promoção de qualidade de vida. Além dessa ferramenta
é necessário realizar um levantamento de dados individuais e por setor, acompanhar e apresentar os resultados
e participação e ter uma abordagem cuidadosa dos absenteístas.

O que é Ginástica Laboral?

GINÁSTICA LABORAL

Ginástica Laboral é o tipo de ginástica cuja prática é especificamente destinada aos funcionários no seu local de
trabalho.

Maciel (2010), define a Ginástica Laboral (GL) como a prática de exercícios físicos específicos e
preventivos, planejados de acordo com as características de cada tarefa laboral, realizados durante a
jornada de trabalho.

Com o objetivo de prevenir lesões e outras doenças provocadas pela atividade ocupacional, os exercícios (que
duram em média entre 5 e 15 minutos) trazem muitos benefícios. São exemplos a redução de fadiga e o aumento
de produtividade.

Muitas pessoas não fazem exercícios alegando principalmente a falta de tempo. Levam, assim, uma vida
sedentária.

É o caso de quem trabalha no computador, ou os trabalhadores que executam movimentos repetitivos durante
dias inteiros.

Para eles, a introdução de práticas de exercícios físicos ao longo da atividade laboral traz uma série de benefícios,
dentre os quais citamos:

113
• Redução da fadiga, do sedentarismo e do estresse

• Prevenção de doenças provocadas por repetição, tais como Ler (Lesões de Esforço Repetitivo e Dort
(Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho)

• Melhoria da circulação do sangue

• Melhoria de aspectos relacionados aos tendões

• Correção da postura

• Melhoria de relacionamento entre colegas de trabalho

• Melhoria na concentração e no ritmo de trabalho

• Aumento de produtividade

Paras as empresas, tudo isso tem como resultado, ainda, a redução de despesas decorrentes dos custos com
licenças médicas.

Tipos de Ginástica Laboral

Há pelo menos dois tipos de ginástica laboral: a preparatória e a compensatória.

• Ginástica preparatória: com uma duração entre 5 e 10 minutos, é feita nas primeiras horas do dia de
trabalho ou antes de começar. Consiste em aquecimento e/ou alongamento.

• Ginástica compensatória: é feita durante o dia de trabalho. Consiste em exercícios de descontração e


relaxamento muscular.

• Há também o relaxamento, o qual pode garantir o alívio das tensões ao fim da jornada de trabalho.

O Enfermeiro do Trabalho ou Técnico de segurança do trabalho pode ministrar aulas de ginástica laboral?

De acordo com a legislação e grade curricular, a Ginástica Laboral pode ser administrada tanto por fisioterapeutas como
por educadores físicos, ambos são capacitados para realização da mesma, desde que se capacitem para ministrar o
programa.

114
ANEXO: ARTIGO – AULA PRÁTICA

Movimentação e transferência de pacientes: aspectos posturais e ergonômicos

Moving and lifting patients: postural and ergonomic aspects

Neusa Maria Costa AlexandreI; Maria Marilene RoganteII

IEnfermeira. Professora Assistente Doutora do Departamento de Enfermagem – Faculdade de Ciências Médicas. UNICAMP
IIEnfermeira. Assistente Técnico em Recursos Materiais. Hospital das Clínicas. UNICAMP

RESUMO

Os procedimentos que envolvem a movimentação e o transporte de pacientes são considerados os mais penosos e perigosos para os
trabalhadores de saúde, sendo que a implementação de treinamentos e reciclagem é parte obrigatória de programas de prevenção de
lesões músculo-esqueléticas em escolas e instituições de saúde. O presente trabalho descreve orientações básicas e inovadoras sobre
esses procedimentos, dentro de uma abordagem ergonômica e com a utilização de materiais auxiliares.

Palavras-chave: Ergonomia. Postura. Transporte de pacientes.

ABSTRACT

The most dangerous and difficult tasks faced by health workers are those procedures involved with lifting and moving patients.
Therefore, training and recycling programs in lifting procedures are a compulsory part of programs for the prevention of musculoskeletal
disorders in schools and health institutions. The present study presents basic and innovative orientation with an ergonomic approach
regarding these procedures, together with the use of devices.

Keywords: Ergonomics. Posture. Transportation of patient.

1 INTRODUÇÃO

Grande parte das agressões à coluna vertebral em trabalhadores da saúde estão relacionadas a condições ergonômicas inadequadas de
mobiliários, posto de trabalho e equipamentos utilizados nas atividades cotidianas, sendo as dores nas costas causadas por traumas
crônicos repetitivos, que envolvem muitos outros fatores, além da manipulação de pacientes 2,3,4,15,23. Dessa forma, as recomendações
sobre um aspecto relevante do problema das algias vertebrais, que é a prevenção, têm caminhado em direção a uma abordagem
ergonômica.
115
A literatura tem sugerido a administração de cursos sobre movimentação e transporte de pacientes como uma das estratégias mais
importantes para reduzir a incidência de problemas na coluna vertebral entre os trabalhadores da saúde14,21,24 autilização de
equipamentos especiais e auxílios mecânicos também tem sido indicada para prevenir as dores nas costas9,26. Atualmente sabe-se que
para resolver tais problemas é necessário um amplo estudo do ambiente, dos equipamentos e dos indivíduos, baseando-se num enfoque
ergonômico 11,18,20,23 Assim, as habilidades em movimentação de pacientes devem ser complementadas com o estabelecimento de
práticas seguras de trabalho dentro de uma estrutura ergonômica, usando-se, sempre que possível, materiais e equipamentos auxiliares.
O presente trabalho tem por objetivo discutir e descrever as técnicas de movimentação e transferência de pacientes dentro de uma
estrutura ergonômica e com a utilização de materiais auxiliares que precisam urgentemente ser implementados na realidade brasileira.

2 MOVIMENTAÇÃO E TRANSPORTE DE PACIENTES

Os procedimentos que envolvem a movimentação e o transporte de pacientes são considerados os mais penosos e perigosos para os
trabalhadores da saúde. Estudiosos da questão defendem que o ensino desses procedimentos deve ser complementado com uma
avaliação do local de trabalho e com alternativas para torná-los menos prejudiciais16,18,23 Um cuidadoso planejamento, antes de se
iniciarem esses procedimentos, é essencial e imprescindível. Dentro deste contexto, desenvolveram-se orientações básicas e
procedimentos que tiveram um suporte teórico na literatura internacional16,17,22,23.

Considerando-se tais aspectos, dividiu-se esta fase em cinco partes:

2.1 Avaliação das condições e preparo do cliente

Inicialmente, deve-se fazer uma avaliação das condições físicas da pessoa que será movimentada, de sua capacidade de colaborar, bem
como a observação da presença de soros, sondas e outros equipamentos instalados. Também é importante, para um planejamento
cuidadoso do procedimento, uma explicação, ao paciente, do modo como se pretende movê-lo, como pode cooperar, para onde será
encaminhado e qual o motivo da locomoção. Vale a pena salientar que o cliente deve ser orientado a ajudar, sempre que for possível,
que não deve ser mudado rapidamente de posição e tem que estar usando chinelos ou sapatos com sola antiderrapante. Outro ponto
muito importante é que a movimentação e o transporte de obesos precisam ser minuciosamente avaliados e planejados, usando-se,
sempre que possível, auxílios mecânicos.

2.2 Preparo do ambiente e dos equipamentos

Considerando-se que determinados aspectos ergonômicos do posto de trabalho podem prejudicar atividades ocupacionais, tais como os
procedimentos relacionados com movimentação e transporte 5,8,16,19 abordam-se, nessa parte, os principais cuidados que necessitam
ser observados:Verificar se o espaço físico é adequado para não restringir os movimentos

• Examinar o local e remover os obstáculos

• Observar a disposição do mobiliário

• Obter condições seguras com relação ao piso

• Colocar o suporte de soro ao lado da cama, quando necessário

• Elevar ou abaixar a altura da cama, para ficar no mesmo nível da maca

• Travar as rodas da cama, maca e cadeira de rodas ou solicitar auxílio adicional

• Adaptar a altura da cama ao trabalhador e ao tipo de procedimento que será realizado

Devem-se, também, utilizar equipamentos auxiliares e adaptar as condições do ambiente a cada paciente em particular. Neste caso,
pode ser necessário:

• Colocar barras de apoio em banheiros

• Elevar a altura do vaso sanitário ( compensadores de altura para vasos convencionais )

• Utilizar cadeira de rodas própria para banho ou higiene

116
2.3 Preparo da equipe

Existem algumas orientações, especificamente relacionadas com os princípios básicos de mecânica corporal, que devem ser utilizadas
pelo pessoal de enfermagem durante a manipulação de pacientes6,10,11,12,16

• Deixar os pés afastados e totalmente apoiados no chão

• Trabalhar com segurança e com calma

• Manter as costaseretas

• Usar o peso corporal como um contrapeso ao do paciente

• Flexionar os joelhos em vez de curvar a coluna

• Abaixar a cabeceira da cama ao mover um paciente para cima

• Utilizar movimentos sincrônicos

• Trabalhar o mais próximo possível do corpo do cliente, que deverá ser erguido ou movido

• Usar uniforme que permita liberdade de movimentos e sapatos apropriados

• Realizar a manipulação de pacientes com a ajuda de, pelo menos, duas pessoas

2.4 Movimentação de clientes no leito

Lembrar que o paciente deve ser estimulado a movimentar-se de uma forma independente, sempre que não existir contra-indicações
nesse sentido. Outro ponto que não pode ser esquecido é procurar ter à disposição camas e colchões apropriados, dependendo das
condições e necessidades do cliente. O ideal são camas com altura regulável, que possam ser ajustadas, dependendo do procedimento
que será realizado7,16.

Durante a movimentação, deve-se, sempre que possível, utilizar elementos auxiliares, tais como: barra tipo trapézio no leito, plástico
antiderrapante para os pés, plástico facilitador de movimentos, entre outros.

Neste tópico serão apresentados separa-damente os principais motivos que levam os trabalhadores de saúde a movimentar os clientes
no leito:

2.4.1 Colocar ou retirar comadres

Quando o paciente pode auxiliar, deve-se utilizar o trapézio, no leito, e solicitar que eleve o quadril, evitando-se assim, a necessidade de
erguê-lo (Figura 1):

117
2.4.2 Trazer o cliente para um dos lados da cama

Lembrar que a movimentação no leito deve ser realizada, preferencialmente, por duas pessoas, seguindo-se os seguintes passos (Figura
2):

• As duas pessoas devem ficar do mesmo lado da cama, de frente para o paciente

• Permanecer com uma das pernas em frente da outra, com os joelhos e quadris fletidos, trazendo os braços ao nível da cama:

• a primeira pessoa coloca um dos braços sob a cabeça e, o outro, na região lombar

• a segunda pessoa coloca um dos braços também sob a região lombar e, o outro, na região posterior da coxa

• Trazer o paciente, de um modo coordenado, para este lado da cama

Se for necessário mover o paciente sem ajuda, deve-se fazê-lo em etapas, utilizando-se o peso do corpo como um contrapeso e plásticos
facilitadores de movimentos.

2.4.3 Colocar o cliente em decúbito lateral

118
Quando o paciente não é obeso, podem-se seguir as seguintes fases (Figura 3):

• Permanecer do lado para o qual você vai virar a pessoa

• Cruzar seu braço e sua perna no sentido em que ele vai ser virado, flexionando o joelho. Observar o posicionamento do outro braço

• Fazer o paciente virar a cabeça em sua direção

• Rolar a pessoa gentilmente, utilizando seu ombro e joelho como alavancas

Uma outra forma de realizar esse procedimento é usando-se plásticos deslizantes e resistentes, da seguinte forma (Figura 4):

• Virar o paciente e colocar o plástico sob seu corpo. Voltar o paciente e puxar o plástico

• Ficar no lado oposto ao que o paciente será virado

• Puxar o plástico, movendo o paciente em sua direção e para a beira da cama. Manter as costas eretas e utilizar o peso do seu corpo

119
• Elevar o plástico, fazendo o paciente virar cuidadosamente. Manter, no lado oposto da cama, uma grade de proteção

2.4.4 Movimentar o cliente, em posição supina, para a cabeceira da cama

Se o paciente tem condições físicas, ele pode mover-se sozinho, com a ajuda de um trapézio. O cliente flexiona os joelhos e dá um
impulso, tendo como apoio um plástico antiderrapante sob seus pés (Figura 5b) ou uma pessoa segurando -os (Figura 5a). Pode-se
também colocar um plástico deslizante sob as costas e a cabeça do paciente (Figura 5c).

Uma outra maneira de movimentação independente é colocar um plástico deslizante sob o corpo do paciente e pedir que ele realize o
mesmo impulso com os pés (Figura 6).

Quando o paciente não pode colaborar, uma alternativa é seguir os seguintes passos (Figura 7):

120
• Deixar a cama em posição horizontal

• Colocar um travesseiro na cabeceira da cama

• Colocar um lençol ou plástico deslizante sob o corpo do paciente

• Permanecer duas pessoas, uma de cada lado do leito, e olhando em direção dos pés da cama

• Segurar firmemente no lençol ou plástico e, num movimento ritmado, movimentar o paciente

Se a altura da cama for regulável, pode-se proceder da seguinte maneira (Figura 8):

• Abaixar a altura da cama de tal forma que os trabalhadores de enfermagem possam colocar Um joelho na cama e manter a outra
perna firmemente no chão

• Segurar o plástico e, de ma forma coordenada, sentar sobre seus calcanhares, movendo ao mesmo tempo o cliente

2.4.5 Movimentar o cliente em posição sentada para a cabeceira da cama

O paciente deve ser encorajado a movimentar-se sozinho, com a ajuda de um plástico facilitador de movimentos. Neste caso, o paciente
fica sentado sobre o plástico, podendo deslizar com o auxílio de blocos de mão antiderrapantes (Figura9).

121
Ele pode, também, receber a ajuda de uma pessoa, que segura seus pés, estando suas pernas flexionadas. Neste caso, o cliente apóia
uma mão de cada lado do corpo e ele próprio dá um impulso, ao endireitar as pernas (Figura 10).

Quando o paciente não pode colaborar, duas pessoas devem realizar o procedimento. Deve-se também usar um plástico deslizante e
procede-se da seguinte maneira (Figuras 11a e 11b):

122
• As duas pessoas devem ficar uma de cada lado do leito, olhando na mesma direção

• Abaixar a altura da cama, de uma forma tal que os trabalhadores de enfermagem possam colocar um joelho na cama, mantendo a
outra perna firmemente no chão

• Segurar a mão do paciente com uma das mãos e agarrar no local apropriado do plástico com a outra

• Usando movimento coordenado, sentar sobre os calcanhares, movendo, ao mesmo, tempo ocliente. Repetir o procedimento, se for
necessário

2.4.6 Sentar o paciente no leito

O cliente deve ser encorajado a sentar-se sozinho, ficando de lado e levantando-se com a ajuda dos braços. Podem-se, também, utilizar
materiais simples, como uma corda com nós ou uma escada de cordas que, fixadas nos pés da cama, permitem que o cliente sente sem
ajuda (Figura 12).

Quando o cliente é auxiliado por outra pessoa, pode-se fazer da seguinte forma (Figuras 13a e 13b):

123
• A pessoa fica de frente para o paciente, colocando um dos seus joelhos ao nível do quadril do paciente sentado-se sobre seu próprio
tornozelo

• Segurar no cotovelo do paciente, que também apoia o cotovelo da pessoa. O paciente deve se senter apoaindo-so na pessoa

Se o paciente não consegue auxiliar, uma outra alternativa é realizar o procedimento com duas pessoas, da seguinte maneira (Figura 14):

• Permanecer uma pessoa de cada lado da cama, olhando em direção da cabeceira

• Ficar ajoelhada, mantendo o joelho ao nível do quadril do cliente

• Segurar nos cotovelos e trazer o paciente para frente, enquanto senta em seus calcanhares. Pode-se usar, como um auxílio nessa
manobra, uma toalha resistente, que é colocada nas costas do paciente

2.4.7 Sentar o paciente na beira da cama

No caso do cliente estar deitado, seguir os seguintes passos (Figura 15):

124
• Colocar o paciente em decúbito lateral, sobre um plástico deslizante, e de frente para o lado em que vai se sentar

• Elevar a cabeceira da cama

• Uma pessoa apóia a região dorsal e o ombro do paciente e a outra segura os membros inferiores

• De uma forma coordenada, elevar e girar o paciente até ele ficar sentado paciente e sentando-se sobre seu próprio tornozelo

Uma outra alternativa é levantar o paciente, apoiando no cotovelo, como descrito anteriormente, estando o cliente sobre um plástico
deslizante. Depois, mover os seus membros inferiores para fora do leito (Figura 16).

2.5 Transporte de pacientes

O transporte de pacientes deve ser realizado com a ajuda de elementos auxiliares, tais como cintos e pranchas de transferência, discos
giratórios e auxílios mecânicos.

2.5.1 Auxiliar o cliente a levantar de cadeira ou poltrona

Nesse procedimento, é muito importante selecionar cadeiras ou poltronas de acordo com as necessidades de cada pessoa, levando em
consideração a promoção de conforto e independência. Não se deve esquecer também os equipamentos auxiliares, como andadores e
bengalas.

Quando o paciente necessita de ajuda, deve-se usar um cinto de transferência e proceder da seguinte maneira (Figuras 17a e 17b):

125
• Colocar o cliente para a frente da cadeira, puxando-o alternadamente pelo quadril

• Permanecer ao lado da cadeira, olhando do mesmo lado que o paciente

• O cliente deve colocar uma mão no braço mais distante da cadeira e a outra é apoiada pela mão do trabalhador de enfermagem. Com
o outro braço, o trabalhador circunda a cintura do paciente, segurando no cinto de transferência

• Levantar de uma forma coordenada, com movimentos de balanço.

Dependendo das condições do cliente, pode ser necessária a participação de uma outra pessoa, do outro lado da cadeira

2.5.2 Auxiliar o cliente a deambular

É importante fazer uma avaliação cuidadosa para verificar se o cliente tem condições de deambular. A pessoa deve permanecer bem
próxima do paciente, do lado em que ele apresenta alguma deficiência, colocando um braço em volta da cintura e o outro apoiando a
mão. O ideal, nestes casos, é utilizar um cinto especial, colocado na cintura do paciente (Figura 18).

126
2.5.3 Transferir o cliente do leito para uma poltrona ou cadeira de rodas

O paciente pode executar essa transferência de uma forma independente ou com uma pequena ajuda, utilizando uma tábua de
transferência, da seguinte maneira (Figuras 19a e 19b):

• Posicionar a cadeira próxima à cama. Elas devem ter a mesma altura

• Travar a cadeira e o leito, remover o braço da cadeira e elevar o apoio dos pés

• Posicionar a tábua apoiada seguramente entre a cama e a cadeira

Um outro modo é usar o cinto de transferência, seguindo-se os passos(Figuras 20a, 20b, 20c e 20d):

127
• Colocar a cadeira ao lado da cama, com as costas para o pé da cama

• Travar as rodas e levantar o apoio para os pés

• Sentar o cliente na beira da cama

• Calçar o cliente com sapato ou chinelo antiderrapante

• Segurar o cliente pela cintura, auxiliando-o a levantar, virar-se e sentar-se na cadeira

2.5.4 Trasnferir o paciente do leito para um maca

não existe maneira segura para realizar uma tranferencia manual do leito para uma maca. Existem equipamentos que devem ser
utilizados, como as pranchas e os plásticos resistentes de transferências nesse caso, o paciente deve ser virado para que se acomode o
material sob ele. .Volta-se o paciente para a posição supina, puxando-o para a maca com a ajuda do material ou do lençol
(Figuras 21a e 21b). Devem participar desse procedimento quantas pessoas forem necessárias, dependendo das condições e do peso do
cliente. Nunca esquecer de travar as rodas da cama e do leito e de ajustar sua altura.

128
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Organizações e autores internacionais têm procurado despertar a atenção sobre a importância das orientações, com um enfoque
ergonômico, sobre os procedimentos de movimentação e transferência de 1,16,17,22,23,25 . A implementação de treinamentos e reciclagem
é parte obrigatória de programas de prevenção de lesões músculo-esqueléticas entre trabalhadores da saúde. Esses procedimentos
devem ser aprendidos e praticados de uma forma planejada e sistemática.

Dentro deste contexto, procurou-se colaborar apresentando-se orientações básicas sobre a mobilização e a transferência de clientes
dentro de uma abordagem ergonômica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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