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VIGILÂNCIA SANITÁRIA, EPIDEMIOLÓGICA

E DA SAÚDE

Vigilância Sanitária, Epidemiológica e da Saúde

A Saúde do Trabalhador passou a ser incorporada pelo SUS no ano de 1990. A Lei Orgânica da Sa-
úde (LOS, nº 8080, artigo 6º), diz que é conferida à Direção Nacional do SUS a responsabilidade de
coordenar a política de saúde do trabalhador. Essa lei mostra as diretrizes para a execução das
ações voltadas à saúde do trabalhador. No parágrafo 3º do artigo 6 da LOS, essas ações estão des-
critas como:

Um conjunto de atividades que se destina, por meio das ações das Vigilâncias Epidemiológica e Sa-
nitária, à promoção e à proteção da saúde do trabalhador, assim como visa à recuperação e à reabi-
litação dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho.
(LOS, 1990).

O Sistema Único de Saúde, ou seja, o serviço de saúde pública tem como principais objetivos o de-
senvolvimento de sistemas de informações no campo da vigilância. Na área de Saúde do Trabalha-
dor, as informações ainda são escassas, e as análises são feitas a partir de dados da Previdência
Social, por meio da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), sendo pouco abrangentes e apre-
sentando defasagem na descrição dos relatos, pois têm o caráter de seguridade, principalmente
para trabalhadores com vínculo formal com o mercado de trabalho.

Somam-se a isto as subnotificações, principalmente de doenças relacionadas ao trabalho que aca-


bam não sendo diagnosticadas como tal. O trabalho informal é outro agravante de subnotificação,
pois oculta os acidentes, morte e invalidez de trabalhadores em sua atividade laboral informal.

A portaria nº 777/GM, de 28 de abril de 2004, dispõe sobre os procedimentos técnicos para a notifi-
cação compulsória de 11 agravos da saúde do trabalhador por intermédio do SUS e procedimentos
que devem ser realizados divididos em níveis local, municipal, regional, estadual e nacional nas
áreas de assistência (vigilâncias epidemiológica e ambiental e a estruturação de um sistema de in-
formação e capacitação).

Essa portaria está pautada na necessidade de agilizar e ser o mais fiel possível com relação às in-
formações sobre a situação da produção, perfil dos trabalhadores e ocorrência de agravos relacio-
nados ao trabalho para orientar as ações de saúde, a intervenção nos ambiente e condições de tra-
balho, e também como uma forma de unificar essas informações sobre a saúde do trabalhador que
ainda são muito dispersas e fragmentadas.

Desde abril de 2006, em atendimento a esta portaria, a Coordenação Nacional de Saúde do Traba-
lhador (COSAT), deu início ao processo de construção e implantação da Vigilância Epidemiológica
em Saúde do trabalhador com a incorporação dos agravos contidos na Portaria 777.

O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), criado pelo Ministério da Saúde, tem
por objetivo o registro e processamento dos dados sobre agravos de notificação em todo o território
nacional, fornecendo informações para análise do perfil da morbidade e contribuindo para a tomada
de decisão em níveis municipal, estadual e federal.

O SINAN é alimentado, principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e agra-


vos descritos na lista nacional de doenças de notificação compulsória (Portaria GM/MS nº 5, de 21
de fevereiro de 2006). No entanto, é facultado a estados e municípios incluir outros problemas de
saúde importantes em sua região.

A notificação é realizada via SISNAN-NET, e é importante porque os acidentes e doenças relaciona-


das ao trabalho são evitáveis e passíveis de prevenção. Por meio deste sistema, é possível identifi-
car o motivo pelo qual os trabalhadores adoecem ou morrem, para que esses dados possam ser as-
sociados aos ramos de atividade econômica e aos processos de trabalho, afim de que possam ser
feitas intervenções sobre as causas e os determinantes dos agravos aos trabalhadores.

Essas intervenções são realizadas por intermédio da elaboração de estratégias de atuação nas
áreas de promoção e prevenção de saúde, controlando de forma integrada e eficiente, os problemas
de saúde coletiva relacionados com o trabalho.

A portaria GM/MS Nº 201, de 3 de novembro de 2010, estabelece os parâmetros para monitora-

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mento da regularidade na alimentação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SI-


NAN) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), para fins de manutenção do repasse
de recursos do Componente de Vigilância e Promoção da Saúde do Bloco de Vigilância em Saúde.
E a portaria GM/MS Nº 3252, de 22 de dezembro de 2009, discute todas as diretrizes para execução
e financiamento das ações de Vigilância em Saúde pela União, Estados, Distrito Federal e Municí-
pios, além de determinar outras providências.

Os acidentes e doenças ocupacionais resultam em elevados custos sociais, que seja para os traba-
lhadores, as famílias, as empresas, o estado e a sociedade. A subnotificação desses acontecimen-
tos faz com que a real magnitude dos acidentes de trabalho não seja bem conhecida.

A Portaria nº 777/2004 estabelece a implantação de Notificação Compulsória para 11 agravos, que


são descritos a seguir.

1) Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR): quando ocorre a diminuição gradual da audição indu-
zida por índice de ruídos elevado no ambiente de trabalho;

2) Dermatoses ocupacionais: englobam as alterações da pele, mucosas e tecidos anexos, direta ou


indiretamente causadas, mantidas ou agravadas pelo trabalho;

3) Pneumoconioses: compreendem as doenças pulmonares causadas pelo acúmulo de poeira nos


pulmões e reação tissular à presença dessas partículas presentes no ambiente de trabalho;

4) LER-DORT: corresponde a um quadro clínico que afeta o sistema musculoesquelético e é carac-


terizado pela ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não, de aparecimento insidioso, como
dor crônica, parestesia, fadiga muscular, localizando-se principalmente no pescoço, cintura escapu-
lar e/ou membros superiores. As grandes causas desse quadro são a realização de movimentos re-
petitivos e postura inadequada;

5) Câncer relacionado ao trabalho: corresponde a todo tipo de câncer cujo aparecimento foi conse-
quência da exposição a agentes carcinogênicos presentes no ambiente de trabalho, mesmo após
cessada a exposição;

6) Acidente de trabalho com exposição o material biológico: engloba todo acidente ocupacional en-
volvendo material biológico como sangue e outros fluidos orgânicos. Os profissionais mais expostos
a esse tipo de acidente são os da área da saúde, durante o desenvolvimento do seu trabalho, onde
os mesmos estão expostos a materiais biológicos potencialmente contaminados.

7) Transtornos mentais relacionados ao trabalho: compreendem as desordens mentais e de compor-


tamento relacionadas ao trabalho, resultantes de situações do processo de trabalho, provenientes
de fatores pontuais como exposição a determinados agentes tóxicos, até a completa articulação de
fatores relativos à organização do trabalho, como a divisão e distribuição das atividades, recursos
humanos, relação hierárquica organizacional, sobrecarga de trabalho, entre outros;

8) Acidente de trabalho fatal: é o acidente de trabalho que resulta na morte do trabalhador, e que
ocorre no exercício da atividade laboral ou no percurso de casa para o trabalho ou vice-versa;

9) Acidente de trabalho com mutilações: todo acidente de trabalho que não resulta em morte, mas
que traz danos físicos e, na maioria das vezes, perda de partes do corpo do trabalhador;

10) Acidente de trabalho em crianças e adolescentes: corresponde a todo acidente que envolva di-
reta ou indiretamente crianças e adolescente;

11) Intoxicação exógena: todo trabalhador que, tendo tido contato com substâncias químicas, quer
sejam agrotóxicos, produtos de uso doméstico, medicamentos, cosméticos e higiene pessoal, produ-
tos químicos de uso industrial, drogas, plantas, alimentos ou bebidas, e que apresente sinais e sinto-
mas clínicos de intoxicação e/ou alterações laboratoriais, possivelmente relacionados a estes agen-
tes.

Dentre alguns dos objetivos do SINAN-NET, podemos citar: a geração de informações que permitam
identificar as causas das mortes e adoecimento dos trabalhadores, permitindo utilizar as informa-
ções de morbimortalidade para associá-las aos ramos de atividade econômica e aos processos de

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trabalho para poder intervir sobre as suas causas e determinantes, para a elaboração de estratégias
de atuação no campo da promoção e da prevenção da saúde no trabalho.

Por meio desse mecanismo desenvolvido pelo Ministério da Saúde será possível desenvolver um
diagnóstico para subsidiar e orientar políticas públicas para a Saúde dos Trabalhadores, determina-
das por critérios de prioridade epidemiológica, integrando os serviços do Sistema Único de Saúde,
voltados à assistência e à vigilância, de forma a unificar os esforços dos principais executores com
interface na Saúde do Trabalhador.

A Vigilância em Saúde é responsável por ações de vigilância, prevenção e controle de doenças trans-
missíveis, pela vigilância de fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não trans-
missíveis, saúde ambiental e do trabalhador e também pela análise de situação de saúde da popula-
ção brasileira.

Diante do novo contexto, em que diferentes estratégias e tecnologias são incorporadas às ações de
saúde pública, a vigilância em saúde passa a ser entendida como um processo contínuo e sistemá-
tico de coleta, consolidação, disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde, que visa
ao planejamento e à implementação de medidas de saúde pública para a proteção da saúde da popu-
lação, a prevenção e controle de riscos, agravos e doenças, bem como para a promoção da saúde.

O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), tem a função de coor-
denar programas de prevenção e controle de doenças transmissíveis de relevância nacional, como
aids, dengue, malária, hepatites virais, doenças imunopreveníveis, leishmaniose, hanseníase e tuber-
culose e do Programa Nacional de Imunizações (PNI); investigar surtos de doenças; coordenar a rede
nacional de laboratórios de saúde pública; gestão de sistemas de informação de mortalidade, agravos
de notificação obrigatória e nascidos vivos, realização de inquéritos de fatores de risco, coordenação
de doenças e agravos não-transmissíveis e análise de situação de saúde, incluindo investigações e
inquéritos sobre fatores de risco de doenças não transmissíveis, entre outras ações.

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