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DOENÇAS OCUPACIONAIS: Profª Victória Midlej

SAÚDE DO TRABALHADOR:
•Área da Saúde Pública;
•Objeto de estudo e intervenção - as relações entre o trabalho e a saúde;
• Promoção e a proteção da saúde do trabalhador;
• Desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e condições de
trabalho, dos agravos à saúde do trabalhador e a organização;
• Prestação da assistência aos trabalhadores – procedimentos de diagnóstico, tratamento e
reabilitação de forma integrada, no SUS
•Ações de saúde do trabalhador - mudanças nos processos de trabalho que contemplem as
relações saúde-trabalho em toda a sua complexidade, por meio de uma atuação
multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial
TRABALHADORES (AS):
“ Os homens e mulheres que exercem atividades para sustento próprio e/ou de seus
dependentes, qualquer que seja sua forma de inserção no mercado de trabalho, nos setores
formais ou informais da economia”
“ São também considerados trabalhadores aqueles que exercem atividades não
remuneradas – habitualmente, em ajuda a membro da unidade domiciliar que tem uma
atividade econômica, os aprendizes e estagiários e aqueles temporária ou definitivamente
afastados do mercado de trabalho por doença, aposentadoria ou desemprego”
Os trabalhadores, individual e coletivamente nas organizações, são considerados sujeitos e
partícipes das ações de saúde, que incluem: o estudo das condições de trabalho, a
identificação de mecanismos de intervenção técnica para sua melhoria e adequação e o
controle dos serviços de saúde prestados.
DETERMINANTES DA SAÚDE DO TRABALHADOR:
1. Condicionantes sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais responsáveis pelas
condições de vida;
2. Fatores de risco ocupacionais– físicos, químicos, biológicos, mecânicos e aqueles
decorrentes da organização laboral;
BASES LEGAIS PARA AS AÇÕES DE SAÚDE
DO TRABALHADOR:
Atribuição do SUS, prescritas na Constituição Federal de 1988.
Lei Orgânica da Saúde - artigo 6.º - à direção nacional do Sistema a responsabilidade de
coordenar a política de saúde do trabalhador.
Saúde do Trabalhador - “um conjunto de atividades que se destina, por meio das ações de
vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde do
trabalhador, assim como visa à recuperação e à reabilitação dos trabalhadores submetidos
aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho”.
Portaria/MS n.º 3.120/1998 - definição de procedimentos básicos para a vigilância em saúde
do trabalhador
Portaria/MS n.º 3.908/1998 - prestação de serviços
CAUSAS PARA O ADOECIMENTO DO TRABALHADOR:
Doenças Comuns - sem qualquer relação com o trabalho;
Doenças comuns (crônico-degenerativas, infecciosas, neoplásicas, traumáticas, etc.) no
aumento da frequência de sua ocorrência ou na precocidade de seu surgimento em
trabalhadores, sob determinadas condições de trabalho.
Doenças comuns que têm o espectro de sua etiologia ampliado ou tornado mais complexo
pelo trabalho.
Agravos à saúde específicos, tipificados pelos acidentes do trabalho e pelas doenças
profissionais
GRUPOS (SCHILLING, 1984):
GRUPO I: doenças em que o trabalho é causa necessária, tipificadas pelas doenças
profissionais, stricto sensu, e pelas intoxicações agudas de origem ocupacional.
GRUPO II: doenças em que o trabalho pode ser um fator de risco, contributivo, mas não
necessário, exemplificadas pelas doenças comuns, mais freqüentes ou mais precoces em
determinados grupos ocupacionais e para as quais o nexo causal é de natureza
eminentemente epidemiológica.
GRUPO III: doenças em que o trabalho é provocador de um distúrbio latente, ou agravador
de doença já estabelecida ou preexistente, ou seja, com causa
FATORES DE RISCO PARA A SAÚDE DO TRABALHADOR:
FÍSICOS: ruído, vibração, radiação ionizante e não-ionizante, temperaturas extremas (frio e calor), pressão
atmosférica anormal, entre outros;
QUÍMICOS: agentes e substâncias químicas, sob a forma líquida, gasosa ou de partículas e poeiras
minerais e vegetais, comuns nos processos de trabalho
BIOLÓGICOS: vírus, bactérias, parasitas, geralmente associados ao trabalho em hospitais, laboratórios e
na agricultura e pecuária;
ERGONÔMICOS E PSICOSSOCIAIS: decorrem da organização e gestão do trabalho, como, por exemplo:
da utilização de equipamentos, máquinas e mobiliário inadequados, levando a posturas e posições
incorretas; locais adaptados com más condições de iluminação, ventilação e de conforto para os
trabalhadores; trabalho em turnos e noturno; monotonia, ou ritmo de trabalho excessivo, exigências de
produtividade, relações de trabalho autoritárias, falhas no treinamento e supervisão dos trabalhadores,
entre outros;
MECÂNICOS E DE ACIDENTES: ligados à proteção das máquinas, arranjo físico, ordem e limpeza do
ambiente de trabalho, sinalização, rotulagem de produtos e outros que podem levar a acidentes do
trabalho.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
RELACIONADAS AO TRABALHO:
 Os agentes etiológicos não são de natureza ocupacional;
 A ocorrência da doença depende das condições ou circunstâncias em que o trabalho é
executado e da exposição ocupacional, que favorece o contato, o contágio ou a transmissão.
Os agentes etiológicos estão disseminados no meio ambiente, dependentes de condições
ambientais e de saneamento e da prevalência dos agravos na população geral, vulneráveis
às políticas gerais de vigilância e da qualidade dos serviços de saúde;
As consequências para a saúde da exposição do trabalhador a fatores de risco biológico
presentes em situações de trabalho incluem quadros de infecção aguda e crônica,
parasitoses e reações alérgicas e tóxicas a plantas e animais
VIGILÂNCIA OCUPACIONAL:
“Atuação contínua e sistemática, ao longo do tempo, no sentido de detectar, conhecer,
pesquisar e analisar os fatores determinantes dos problemas de saúde relacionados aos
processos e ambientes de trabalho, em seus aspectos tecnológicos, social e epidemiológico,
com a finalidade de planejar e avaliar as intervenções sobre os mesmos, de forma a eliminá-
los” (Pinheiro, 1996).
“Conjunto de ações que visa conhecer a magnitude dos acidentes e doenças relacionados ao
trabalho, identificar os fatores de risco ocupacionais, estabelecer medidas de controle e
prevenção e avaliar os serviços de saúde de forma permanente, visando à transformação das
condições de trabalho e a garantia da qualidade da assistência à saúde do trabalhador”
(BAHIA/SES, 1996).
TRANSTORNOS MENTAIS E DO
COMPORTAMENTO RELACIONADOS AO
TRABALHO:
1. LIMITAÇÕES EM ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA:
2. EXERCÍCIO DE FUNÇÕES SOCIAIS;
3. CONCENTRAÇÃO, PERSISTÊNCIA E RITMO: também denominados capacidade de
completar ou levar a cabo tarefas.
4. DETERIORAÇÃO OU DESCOMPENSAÇÃO NO TRABALHO: refere-se a falhas repetidas
na adaptação a circunstâncias estressantes
É IMPORTANTE CONHECER:
conteúdo das tarefas, dos modos operatórios e dos postos de trabalho;
ritmo e intensidade do trabalho;
fatores mecânicos e condições físicas dos postos de trabalho e das normas de produção;
sistemas de turnos;
sistemas de premiação e incentivos;
fatores psicossociais individuais;
relações de trabalho entre colegas e chefias;
medidas de proteção coletiva e individual implementadas pelas empresas;
as estratégias individuais e coletivas adotadas pelos trabalhadores.
EM CASO DE RELAÇÃO COM O TRABALHO:
informar ao trabalhador;
examinar os expostos, visando a identificar outros casos;
notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de
saúde do
trabalhador), por meio dos instrumentos próprios, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria;
providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da Previdência
Social,
orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para
eliminação ou controle dos fatores de risco.
DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO
RELACIONADAS AO TRABALHO
Nove categorias de disfunção ou deficiência resultantes de distúrbios neurológicos:
1. Distúrbios da consciência e da atenção;
2. Afasia ou distúrbios da comunicação;
3. estado mental e anormalidades das funções de integração;
4. distúrbios emocionais ou comportamentais;
5. tipos especiais de preocupação ou obsessão;
6. anormalidades sensoriais ou motoras importantes;
7. distúrbios dos movimentos;
8. distúrbios neurológicos episódicos;
9. distúrbios do sono.
DOENÇAS DO OLHO E ANEXOS
RELACIONADAS AO TRABALHO
O aparelho visual é vulnerável à ação de inúmeros fatores de risco para a saúde presentes
no trabalho: agentes mecânicos (corpos estranhos, ferimentos contusos e cortantes), agentes
físicos (temperaturas extremas, eletricidade, radiações ionizantes e não-ionizantes), agentes
químicos, agentes biológicos e ao sobre esforço por atividades de monitoramento visual;
As manifestações variam da sensação de dor, desconforto e alterações na estética até os
transtornos graves da função visual, temporários ou permanentes;
1. resposta primária no local da agressão (exemplo: alterações na córnea, em conseqüência
de uma queimadura ou abrasão);
2. resposta ocular inflamatória, mais tardia e generalizada;
3. resposta ocular específica
DOENÇAS DO OUVIDO RELACIONADAS AO
TRABALHO:
As doenças otorrinolaringológicas relacionadas ao trabalho são causadas por agentes ou
mecanismos irritativos, alérgicos e/ou tóxicos.
No ouvido interno, os danos decorrem da exposição a substâncias neurotóxicas e fatores de
risco de natureza física, como ruído, pressão atmosférica, vibrações e radiações ionizantes.
Os agentes biológicos estão, freqüentemente, associados às otites externas, aos eventos de
natureza traumática e à lesão do pavilhão auricular.
Exposição ao ruído - Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR)
disfunção do sentido da audição;
disfunção vestibular ou da função do equilíbrio.
DOENÇAS DO SISTEMA CIRCULATÓRIO
RELACIONADAS AO TRABALHO
DOENÇAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO
RELACIONADAS AO TRABALHO
O sistema respiratório constitui uma interface importante do organismo humano com o meio
ambiente, particularmente com o ar e seus constituintes, gases e aerossóis, sob a forma
líquida ou sólida;
Entre os fatores que influenciam os efeitos da exposição a esses agentes estão as
propriedades químicas e físicas dos gases e aerossóis e as características próprias do
indivíduo, como herança genética, doenças preexistentes e hábitos de vida, como tabagismo.
DOENÇAS DA PELE E DO TECIDO SUBCUTÂNEO
RELACIONADAS AO TRABALHO:

As dermatoses ocupacionais compreendem as alterações da pele, mucosas e anexos, direta


ou indiretamente causadas, mantidas ou agravadas pelo trabalho.
São determinadas pela interação de dois grupos de fatores:
predisponentes ou causas indiretas, como idade, sexo, etnia, antecedentes mórbidos e
doenças concomitantes, fatores ambientais, como o clima (temperatura, umidade), hábitos e
facilidades de higiene;
causas diretas constituídas pelos agentes biológicos, físicos, químicos ou mecânicos
presentes no trabalho que atuariam diretamente sobre o tegumento, produzindo ou
agravando uma dermatose preexistente.
DOENÇAS DA PELE E DO TECIDO SUBCUTÂNEO
RELACIONADAS AO TRABALHO:

Cerca de 80% das dermatoses ocupacionais são produzidas por agentes químicos,
substâncias orgânicas e inorgânicas, irritantes e sensibilizantes;
Dermatite por contato é a mais comum;
DOENÇAS DO SISTEMA OSTEOMUSCULAR E
DO TECIDO CONJUNTIVO RELACIONADAS AO
TRABALHO:
Os sinais e sintomas de LER/DORT são múltiplos e diversificados:
dor espontânea ou à movimentação passiva, ativa ou contraresistência;
alterações sensitivas de fraqueza, cansaço, peso, dormência, formigamento, sensação de
diminuição, perda ou aumento de sensibilidade, agulhadas, choques;
dificuldades para o uso dos membros, particularmente das mãos, e, mais raramente, sinais
flogísticos e áreas de hipotrofia ou atrofia.
DOENÇAS DO SISTEMA OSTEOMUSCULAR E
DO TECIDO CONJUNTIVO RELACIONADAS AO
TRABALHO:
Fatores de risco:
fatores biomecânicos presentes na atividade;
fatores psicossociais relacionados à organização do trabalho;
fatores ligados à psicodinâmica do trabalho ou aos desequilíbrios psíquicos gerados em
certas situações especiais de trabalho na gênese do processo de adoecimento.
FATORES DE RISCO:
1. GRAU DE ADEQUAÇÃO DO POSTO DE TRABALHO À ZONA DE ATENÇÃO E À VISÃO;
2. FRIO, AS VIBRAÇÕES E AS PRESSÕES LOCAIS SOBRE OS TECIDOS;
3. POSTURAS INADEQUADAS, COM TRÊS MECANISMOS QUE PODEM CAUSAR OS
DISTÚRBIOS;
4. CARGA OSTEOMUSCULAR ENTENDIDA COMO A CARGA MECÂNICA;
5. CARGA ESTÁTICA PRESENTE QUANDO UM MEMBRO É MANTIDO NUMA POSIÇÃO
QUE VAI CONTRA A GRAVIDADE:;
6. INVARIABILIDADE DA TAREFA: monotonia fisiológica e/ou psicológica;
7. EXIGÊNCIAS COGNITIVAS:
8. FATORES ORGANIZACIONAIS E PSICOSSOCIAIS LIGADOS AO TRABALHO:
DOENÇAS DO SISTEMA GÊNITO-URINÁRIO
RELACIONADAS AO TRABALHO
Exposição ambiental e/ou ocupacional a agentes biológicos, químicos e farmacológicos pode
lesar, de forma aguda ou crônica, os rins e o trato urinário;

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