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FUNDAME

NTOS DE
SAÚDE E
SEGURANÇ
A DO
TRABALHO
AULA 1

Prof. Mauro Seigi Hashimoto

CONVERSA
INICIAL

Olá, bem-vindo (a) à nossa disciplina de

Fundamentos de Saúde e Segurança do

Trabalho do Curso Técnico em Segurança

do Trabalho. Os conteúdos aprofundados

nesta disciplina trazem uma série de

informações importantes para que você

tenha uma excelente capacitação técnica

em sua nova carreira profissional.

Nesta aula, teremos uma introdução

sobre a Saúde e Segurança do Trabalho,


vendo qual é o papel da área e sua

importância no ambiente de trabalho. Além

do mais, veremos a história da Saúde e

Segurança do Trabalho e como ela é tratada

atualmente no Brasil.

Então confira o material, acesse os

vídeos e não deixe de acompanhar as


indicações para aprofundar o seu

conhecimento. Bons estudos!

TOP –
INTRODUÇÃO À
SEGURANÇA DO
TRABALHO

O trabalho faz parte da vida dos

indivíduos de uma sociedade. As

civilizações se desenvolveram através do

trabalho chegando nas estruturas que

conhecemos hoje.

Desde que o ser humano começou a

trabalhar, ele sempre esteve exposto a

riscos e acidentes no ambiente laboral.

Lembre-se de que, no início das civilizações,

o tipo de trabalho mais comum sempre foi o

“braçal”, exposto a intempéries climáticas,

como os trabalhos na agricultura, nas

construções, e outros trabalhos de

subsistência.
Mas foi a partir da revolução industrial

que o indivíduo começou a sofrer mais com

acidentes de trabalho e com as doenças

ocupacionais. À medida que a forma de

produção foi se modernizando e com o

início do capitalismo industrial, o

pensamento da humanidade em relação à

classe trabalhadora foi mudando, ocorrendo

a necessidade de criar leis visando proteger

a saúde e garantir a segurança do

trabalhador, surgindo, desse modo, uma

nova área de estudo e de atuação: a

Segurança do Trabalho.

Figura 1 – Segurança do trabalho

Créditos: TRUEFFELPIX/Shutterstock.

Mas então, o que é Segurança do

Trabalho? A Segurança do Trabalho é o

“conjunto de normas e medidas que devem

ser tomadas pelo empregador para prevenir

a ocorrência de acidentes de trabalho”

(Michaelis, 2019).

O setor de Saúde e Segurança do

Trabalho é de extrema importância nas

empresas, pois seu objetivo é zelar pela

saúde do trabalhador, pela qualidade de vida

e reduzir os acidentes de trabalho,


mantendo um ambiente de trabalho seguro,

influenciando diretamente na produtividade

do trabalhador.

Os profissionais de Segurança do

Trabalho visam manter o ambiente de

trabalho livre de riscos, de acidentes e de

doenças ocupacionais, trabalhando sempre

com a prevenção e orientação.

No Brasil, essa área é regulamentada, e

a Legislação de Segurança do Trabalho é

composta por leis específicas, normas

regulamentadoras (NR), leis

complementares, como portarias e decretos,

além das convenções internacionais da

Organização Internacional do Trabalho (OIT)

ratificadas pelo Brasil.

Saiba mais

Para saber ainda mais sobre o

assunto, leia A importância da saúde e

segurança no trabalho disponível em:

<https://www.jornalcontabil.com.br/a-

importancia-da-saude-e-seguranca-no-

trabalho/>. Acesso em: 12 mai. 2020.

ROLÊ 1 – SAÚDE
DO
TRABALHADOR
Como a saúde e o trabalho podem se

relacionar? Primeiramente, é importante

você saber que a saúde está sim

relacionada ao trabalho! O ambiente de

trabalho pode ter um impacto muito grande

na saúde das pessoas, visto que um

ambiente estressante ou uma atividade que

coloque em risco a saúde e a integridade

física da pessoa pode trazer consequências


sérias na vida do trabalhador.

As questões de saúde e trabalho

evoluíram historicamente, movimentando a

política e a economia mundial, buscando

soluções para as reivindicações e

necessidades dos trabalhadores. Da relação

saúde e trabalho, temos três campos de

atuação que se relacionam, mas que são

distintos em seus campos de atuação: a

medicina do trabalho, a saúde ocupacional e

a saúde do trabalhador.

A medicina do trabalho é uma

especialidade da medicina que se preocupa

com a saúde física e mental do trabalhador,

buscando a prevenção de doenças

originadas pelo trabalho e dos acidentes de

trabalho. Surgiu no período da Revolução

Industrial devido às péssimas condições de

trabalho e os adoecimentos dos

trabalhadores. O médico do trabalho auxilia

na promoção e vigilância da saúde do

trabalhador através de exames médicos,


atendimento ambulatorial, monitoração das

condições ambientais de trabalho etc.,

dentro de uma equipe multiprofissional de

saúde e segurança do trabalho.

Figura 2 – Médico do trabalho

Créditos: ART_PHOTO/Shutterstock.

A saúde ocupacional nasceu com o

respaldo da Saúde Pública, com uma


atuação mais ampla em relação à medicina

do trabalho. Segundo Mendes (1991), a


saúde ocupacional surgiu dentro das

grandes empresas, com a organização de


equipes multiprofissionais, tendo ênfase na

higiene industrial. No ambiente de trabalho,


a saúde ocupacional está relacionada com a

assistência médica preventiva, é prevista por


lei e garante o atendimento médico ao

trabalhador.

A Saúde do Trabalhador é um campo

da Saúde Pública que estuda as relações


entre o trabalho e o processo saúde/doença.

A Saúde do Trabalhador passou a ser


incorporada nas ações do SUS a partir dos
anos 90, pela Lei Orgânica da Saúde que, no

art. 6º, parágrafo 3º, definiu a Saúde do


Trabalhador como:

Um conjunto de atividades

que se destina, através das


ações de vigilância

epidemiológica e vigilância
sanitária, à promoção e

proteção da saúde dos

trabalhadores, assim como


visa à recuperação e

reabilitação da saúde dos


trabalhadores submetidos

aos riscos e agravos

advindos das condições de


trabalho. (Brasil, 1990)

Saiba mais

Leia o seguinte artigo: Da medicina


do trabalho à saúde do trabalhador.

Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rsp/v25n5/0

3.pdf>. Acesso em: 12 mai. 2020.

ROLÊ 2 –
SEGURANÇA DO
TRABALHO

Vimos, anteriormente, que a Segurança

do Trabalho visa à saúde e à segurança do


trabalhador, buscando diminuir os acidentes
de trabalho e as doenças ocupacionais. Mas

como isso é feito? Basicamente, os


profissionais de segurança do trabalho

devem observar, identificando os riscos da


atividade do trabalhador e promover ações

de prevenção:

Observação: para saber quais são os

riscos, ou o que é inseguro para o


trabalhador, é necessário saber o que é

realizado na função exercida pelo


trabalhador. Depois de monitorar as

atividades do trabalhador, é possível


identificar onde um fator de risco pode

ocorrer e com isso propor ações para


evitá-lo ou diminuir sua frequência;

Prevenção: com o conhecimento das


atividades do trabalhador e dos

fatores de risco, ações preventivas


devem ser tomadas, modificando ou

excluindo da rotina de trabalho as


situações de risco, estabelecendo

procedimentos e normas de segurança


que dever ser seguidos pelo

trabalhador.

Essas medidas podem ser elaboradas e


aplicadas em diferentes setores das

empresas. Ressaltamos que o objetivo é


garantir a segurança dos indivíduos,

resguardar o bem-estar físico e mental dos


trabalhadores e também proporcionar maior

qualidade de vida no ambiente de trabalho.

Figura 3 – Inspeção

Créditos: Michael Jung/Shutterstock.

É importante destacar que a Segurança

do Trabalho promove a organização do


ambiente de trabalho, resultando no

aumento da produtividade e da qualidade


dos serviços prestados.

Os benefícios em investir na Segurança

do Trabalho são muitos. Na prática, além de


melhorar o desempenho do funcionário e

promover a qualidade de vida do


trabalhador, a empresa que investe em

Saúde e Segurança tem maior credibilidade


no mercado de trabalho, reduz os acidentes

de trabalho, multas e processos trabalhistas,


além de aumentar a produtividade da

empresa, tornando o ambiente saudável e


organizado.

Saiba mais
Segurança do trabalho na indústria

(CREA-Minas). Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?

v=rqbdUlQ0stQ>. Acesso em: 12 mai.


2020.

TRILHA 1 –
HISTÓRIA DA
SAÚDE E
SEGURANÇA NO
TRABALHO

Na história, desde a antiguidade


existem registros de observações em

relação às condições em que o trabalho era


realizado e os efeitos na saúde do

trabalhador. De acordo com Camisassa


(2017), o marco para o estudo das doenças

dos trabalhadores foi a obra lançada em


1700, De morbis artificum Diatriba (“As

doenças dos trabalhadores”), escrito por


Bernardino Ramazzini, em que ele

relacionou os riscos à saúde provocados


por produtos químicos, poeira, metais e

outros agentes encontrados nos ambientes


de trabalho da época, tendo sido uma

importante referência para a área do


trabalho e ao adoecimento até o século XIX.
Com a Revolução Industrial no século
XVIII e XIX, as máquinas e a produção em

massa foram inseridas na realidade do


trabalhador, aumentando os riscos de

acidentes. As condições de trabalho nas


fábricas eram péssimas. Os trabalhadores

eram expostos ao calor ou frio excessivo,


ventilação inadequada, excesso de ruídos,

além de cumprirem longas jornadas de


trabalho, que geralmente chegava a 16

horas por dia. Além de tudo isso, os


trabalhadores eram explorados pelos

patrões, donos de fábricas, os salários dos


operários eram baixos e insuficientes para o
sustento de suas famílias.

Apesar de todos os riscos, a

preocupação pela saúde e segurança do

trabalhador e as ações de prevenção para

reduzir os acidentes de trabalho eram


praticamente inexistentes. Nesse período, o

máximo que se fazia era apenas tratar os

trabalhadores que ficavam doentes e

aqueles que sofriam acidentes no trabalho.

Figura 4 – Linhas de montagem


Créditos: Everett Historical/Shutterstock.

No final do século XIX e início do século


XX, a mentalidade em relação à saúde e

segurança do trabalhador começou a

mudar. Na Inglaterra, já havia a preocupação

com a proteção dos trabalhadores nas


indústrias têxteis. Na Alemanha e em outros

países da Europa, começaram a surgir as

primeiras leis tratando sobre acidentes de

trabalho. Nos Estados Unidos, organismos


de proteção do ambiente de trabalho foram

criados, como o American Conference of

Governmental Industrial Hygienists (ACGIH) e

o National Institute of Occupational Safety


and Health (NIOSH). “Destacamos aqui a

médica norte americana Alice Hamilton

(1869-1970), pioneira nos estudos de

doenças ocupacionais, estudando os efeitos


nocivos dos metais industriais e dos

compostos químicos no corpo humano”.

Saiba mais
Alice Hamilton (1869-1970):

Mother of US Occupational Medicine.

Disponível em:
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/ar

ticles/PMC2774192/>. Acesso em: 17

mar. 2020.

TRILHA 2 – SAÚDE
E SEGURANÇA DO
TRABALHO NO
BRASIL

No Brasil, por volta de 1870, houve a

instalação da primeira fábrica têxtil no país,

em Minas Gerais. Mas foi somente em 1891

que surgiu a primeira lei relacionada à


proteção do trabalho, o Decreto n. 1.313,

que estabeleceu providencias para

regularizar o trabalho dos menores de idade

que trabalhavam em fábricas. Ademais, em


1919, surge uma lei tratando dos acidentes

de trabalho, foi criado o Decreto n. 3.724

regulando as obrigações e as indenizações

(Camisassa, 2017, p. 63).

No início dos anos 1900, eram poucas


as leis que protegiam o trabalhador. Com

isso, a saúde do trabalhador era

negligenciada. Nesse período, as revoltas,

greves e mobilizações sindicais eram


expressivas, impulsionadas principalmente
pelos imigrantes italianos, que em sua

maioria trabalhavam como operários nas

fábricas brasileiras.

Em 1943, no Governo de Getúlio Vargas,

iniciou-se, no Brasil, uma nova visão

relacionada à Segurança do Trabalho com a


Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT),

reunindo, em um único documento, as leis

esparsas sobre direito do trabalho e saúde e

segurança do trabalho.

Em 1944, foi oficialmente instituída a


Comissão Interna para Prevenção de

Acidentes (CIPA) pelo Decreto-Lei n. 7.036,

também conhecida como Nova Lei de

Prevenção de Acidentes.

Em 1957, a Organização Internacional

do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial


da Saúde (OMS) estabeleceram objetivos

para a saúde do trabalhador.

Em 1966, é criada a Fundação Centro

Nacional de Segurança, Higiene e Medicina

do Trabalho (FUNDACENTRO) devido à


preocupação com os altos índices de

acidentes e doenças do trabalho no Brasil.

Em 1978, foram elaboras as Normas

Regulamentadoras (NRs), regulamentando e

orientando procedimentos obrigatórios

relacionados à saúde e segurança do


trabalhador, aprovadas pela Portaria n.

3.214.

Em 1988, é promulgada no Brasil a nova

Constituição Federal da República, que no

art. 7º, inc. XXII, garante a redução dos


riscos inerentes ao trabalho, por meio de

normas de saúde higiene segurança. Ainda

em 1988, foram estabelecidas as Normas

Regulamentadoras Rurais (NRR) pela


Portaria n. 3.067. E a partir da década de

1990, inúmeras medidas foram tomadas

visando melhorar as condições dos

trabalhadores, por meio de Convenções,


Decretos e Portarias.

ELO

Nesta aula, vimos a importância da


Saúde e Segurança do Trabalho. É essencial

saber o que é a segurança do trabalho e

como garantir a saúde e a integridade do

trabalhador no ambiente de trabalho.

Você, como profissional da área, deve


entender os conceitos e diferenças entre

medicina do trabalho, saúde ocupacional e

saúde do trabalhador para ser capaz de

orientar corretamente seus colegas de


trabalho em situações que necessitem de

um atendimento médico especializado.


Saber a história da Saúde e Segurança

do Trabalho ajuda no seu entendimento


sobre a situação atual da área, os avanços,

as conquistas e também os erros

cometidos. É interessante ver a evolução da

área até os dias de hoje, e ver também qual


é a realidade da Saúde e Segurança do

Trabalho no Brasil.

Esta é uma área complexa pois envolve

muitos fatores para garantir a segurança do

trabalhador, e você, profissional Técnico em

Segurança do Trabalho, faz parte desse


universo e é responsável por reduzir e evitar

os acidentes, contribuindo na construção de

um ambiente de trabalho mais seguro e

saudável para o trabalhador.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, F.; NUNES, A. Segurança do


trabalho na agropecuária e na

agroindústria. São Paulo: Atlas, 2017.

BRASIL. Introdução à higiene

ocupacional. São Paulo: FUNDACENTRO,

2004.

CAMISASSA, M. Q. Segurança e saúde

no trabalho: NRs 1 a 36 comentadas e


descomplicadas. 4. ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2017.

DICIONÁRIO MICHAELIS. Editora

Melhoramentos, 2019.

FAIMAN, C. J. S. Saúde do trabalhador.

São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012.

FERREIRA, M. C. Saúde e bem-estar no

trabalho: dimensões individuais e culturais.

São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012.

MARTINS, S. R. Clínica do trabalho. São

Paulo: Casa do Psicólogo, 2009.

WACHOWICZ, M. C. Segurança, saúde e


ergonomia. IBPEX: Curitiba, 2007.

MENDES, R.; DIAS, E. C. Da medicina do


trabalho à saúde do trabalhador. Rev. Saúde

públ., v. 25, n. 5, p. 341-349, 1991.

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