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Instituto Superior de Gestão e Administração de Santarém

Técnico Superior de Segurança e Saúde no Trabalho

Medicina do Trabalho e Doença Profissional

André Mendão
Luísa Manuela Marinho

Docente: António Ribeiro


Unidade Curricular: Introdução a Segurança e Saúde do Trabalho

Santarém
2021/2022
Resumo
A Saúde e Segurança no Trabalho têm sido elementos cada vez mais defendidos pela Organização
Internacional do Trabalho e por diversas instituições relacionadas com a defesa dos trabalhadores.
Por esta razão é importante conhecer e entender os termos associados à Saúde e Segurança no
Trabalho para melhor compreensão da sua abrangência e impacto na rotina dos colaboradores. O
objetivo geral desta pesquisa é conceituar e correlacionar os principais termos ligados ao ramo de
Saúde e Segurança no Trabalho. Esta pesquisa concentrou-se em abordar especialmente os termos
Medicina do Trabalho e Doença Profissional.

Palavras chave: Doença Profissional, Medicina do Trabalho, Saúde, Segurança.


ÍNDICE

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 4
OBJETIVOS ................................................................................................................. 4
METODOLOGIA ......................................................................................................... 4
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................... 5
1. DEFINIÇÃO DE TERMOS E CONCEITOS ....................................................... 5
2. MEDICINA DO TRABALHO E LEGISLAÇÃO ................................................ 6
3. DOENÇAS PROFISSIONAIS .............................................................................. 7
CONCLUSÃO................................................................................................................. 9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 10

ÍNDICE DE FIGURAS

Tabela 1. Lista das Doenças Profissionais e Exemplos…………………………………. 8


INTRODUÇÃO

As pessoas são o recurso mais valioso que as organizações possuem. Por isso, as
instituições estão cada vez mais preocupadas em salvaguardar esse bem. O Estado está
cada vez mais interessado em certificar-se de que o bem-estar físico, mental e social dos
cidadãos é respeitado. Para o Estado português este assunto não é de menos importância,
por isso, na Constituição da República, no artigo n.º 59 n.º1, alínea – c), diz: “Todos os
trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, território de origem, religião,
convicções políticas ou ideológicas, têm direito […] À prestação do trabalho em
condições de higiene e segurança.” Segundo António Ribeiro (2021), a Segurança no
Trabalho é composta pelo conjunto de técnicas e procedimentos que têm por objetivo
eliminar ou diminuir o risco que conduz aos acidentes de trabalho, ao passo que a Higiene
do Trabalho concentra-se no uso de técnicas para a prevenção do aparecimento de
doenças profissionais, estudando, valorizando e modificando o meio ambiente físico,
químico e biológico do trabalho.

A estratégia de prevenção tem sempre por base a análise e avaliação de riscos, cujo
principal intuito é a redução e/ou eliminação dos perigos que poderão provocar acidentes
de trabalho e/ou doenças profissionais (Lei n.º 79/2019, de 02 de Setembro). Por isso é
bastante importante perceber a importância da Medicina do trabalho como fator redutor
das doenças profissionais, e consequentemente como elemento intrínseco na criação de
um local de trabalho seguro e produtivo.

OBJETIVOS

A pesquisa realizada tem por principal objetivo contextualizar, definir e correlacionar


os principais conceitos de Segurança e Saúde no Trabalho, especificamente Medicina do
Trabalho e Doença Profissional.

METODOLOGIA

A metodologia usada foi essencialmente bibliográfica com recurso a leis, decretos,


artigos online, livros e o manual de base para as aulas de Introdução à Segurança e Saúde
do Trabalho disponibilizados pelo professor. A partilha de informações e ideias entre os
elementos do grupo foi feita recorrendo a plataforma Zoom e por troca de emails.

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CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1. DEFINIÇÃO DE TERMOS E CONCEITOS

Segundo Souto (2005), a medicina do trabalho deve ser entendida como a arte de
estudar, prevenir e tratar as doenças que se originam do trabalho, utilizando os alicerces
técnicocientíficos da Medicina, tendo como ponto de partida as relações recíprocas que
ligam os problemas de saúde/doença dos trabalhadores ao ambiente físico e social no qual
trabalham ou convivem.

Para Figueredo (2020), de forma simplificada podemos concluir que a medicina do


trabalho foi criada para prevenir doenças ou riscos de saúde para os trabalhadores no local
de trabalho. Muitas empresas têm obtido bons resultados por cumprirem a legislação e
por acatarem as recomendações dos médicos do trabalho.

Considera-se risco, todo e qualquer fator, condição, característica ou comportamento


que contribuam para o aumento da probabilidade de concretização de dano, doença ou
lesão. A conjugação de vários fatores de risco, pode resultar no aparecimento de
doenças/lesões, sejam elas profissionais ou não (Ribeiro, 2021).

Para colmatar os riscos inerentes à atividade profissional, a Segurança e Saúde no


Trabalho reúne-se de técnicas e procedimentos essenciais na prevenção e combate de
acidentes de trabalho e doenças profissionais. De acordo com a Lei 102/2009, de 10 de
Setembro artigo n.º 73 n.º 1: “O serviço de segurança e de saúde no trabalho deve tomar
as medidas necessárias para prevenir os riscos profissionais e promover a segurança e a
saúde dos trabalhadores, nomeadamente”:

a) Planear a prevenção, integrando, a todos os níveis e para o conjunto


das atividades da empresa, a avaliação dos riscos e as respetivas
medidas de prevenção;

b) Proceder à avaliação dos riscos, elaborando os respetivos relatórios;

c) Elaborar o plano de prevenção de riscos profissionais, bem como


planos detalhados de prevenção e proteção exigidos por legislação
específica;

Assim sendo, a avaliação e prevenção dos riscos constituem ferramentas fundamentais


na prática da Higiene e Segurança no Trabalho. Segundo Nunes (2011), a avaliação de

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risco é o processo onde vão ser avaliados os riscos decorrentes de um perigo, tendo em
conta as medidas de controlo existentes, e onde é decidido se o risco é ou não aceitável.

Ainda para Figueredo (2020), a medicina do trabalho se configura como um conjunto


de ações técnicas que dispõe de instrumentos próprios que ao concretizarem sua atuação
chegam a um resultado real nos objetivos desejados pela sociedade.

Assim, o médico de trabalho, segundo a Lei n.º 79/2019, de 02/09 artigo n.º 103 n.º 1
e 2 é definido como sendo o licenciado em Medicina com especialidade de medicina do
trabalho reconhecida pela Ordem dos Médicos ou aquele a quem seja reconhecida
idoneidade técnica para o exercício das respetivas funções, nos termos da lei.

É também importante conceituar a doença profissional que de acordo com a Direção


Geral da Saúde é toda a doença contraída pelo trabalhador na sequência de uma exposição
a um ou mais fatores de risco presentes na atividade profissional, nas condições de
trabalho e/ou nas técnicas usadas durante o trabalho.

A medicina do trabalho tem como principal objetivo prevenir e combater as doenças


profissionais por seguir todos os parâmetros legais visando o bem-estar do trabalhador.

2. MEDICINA DO TRABALHO E LEGISLAÇÃO

A medicina do trabalho é legislada pela Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro. Segundo


a legislação, o empregador deve promover a realização de consultas e de exames de saúde
adequados a comprovar e avaliar as aptidões físicas e psíquicas dos trabalhadores para o
exercício da sua atividade profissional. Além disso, as consultadas prestadas pela
medicina do trabalho devem focar-se nos fatores de risco da atividade e na repercussão
que a mesma tem na saúde dos trabalhadores.

Esta lei destaca outros princípios basilares para o funcionamento da medicina do


trabalho como destacado a seguir:

 O médico deve estar informado sobre vários elementos técnicos da atividade e dos
produtos nela utilizada. Sempre que existe alguma alteração significativa, a
entidade empregadora deve comunicá-la aos serviços de segurança no trabalho.
Desta forma o médico pode verificar algumas situações que podem ter
repercussão na segurança e saúde dos trabalhadores (artigo 105 n.º 2).

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 A legislação indica que a medicina do trabalho deve ter em conta a aptidão do
trabalhador para as funções que realiza, consoante o estado de saúde e os riscos
profissionais a que está sujeito (artigo 108 n.º 1).
 É da responsabilidade da medicina do trabalho fazer recomendações ou propor
alterações nas condições e funções profissionais dos trabalhadores para prevenir
doenças profissionais (artigo 110 n.º 5).
 É dever do médico do trabalho respeitar o sigilo profissional entre médico e doente
(artigo 109 n.º 2).

Ainda de acordo com a lei, as consultas da medicina de trabalho podem ser realizadas
de três formas:

 Consultas e exames de admissão: Acontecem antes do início da prestação de


trabalho ou quando a admissão de trabalho for urgente, nos 15 dias seguintes ao
início das funções (artigo 108 n.º 3 alínea – a).
 Exames e consultas periódicas: Realizados anualmente quando os trabalhadores
têm mais de 50 anos, e de 2 em 2 anos para os restantes trabalhadores (artigo 108
n.º 3 alínea – b).
 Consultas e exames ocasionais: Quando o trabalhador regressa ao trabalho após
uma ausência superior a 30 dias por baixa médica ou devido a um acidente. Para
além desse motivo, sempre que existam alterações substanciais no local de
trabalho que possam ter uma repercussão nociva para a saúde dos trabalhadores.
(artigo 108 n.º 3 alínea – c).

No entanto, de acordo com o artigo 108 n.º 4, o médico do trabalho pode aumentar ou
reduzir a periodicidade dos exames e consultas face ao estado de saúde do trabalhador e
consoantes os riscos profissionais da sua atividade.

A Lei assegura o cumprimento da medicina do trabalho nas organizações. Pois é


através das consultas e exames efetuados pelo médico do trabalho que são asseguradas as
condições necessárias de saúde e segurança no local de trabalho para os trabalhadores.

3. DOENÇAS PROFISSIONAIS
Segundo a Lei n.º 99/2003, de 27 de Agosto, doenças profissionais são doenças que
afetam o trabalhador, a qual resulta diretamente do trabalho e que consta da Lista de
Doenças Profissionais, causando incapacidade para o exercício da profissão ou a morte.
Pode, igualmente, ser considerada uma doença profissional uma lesão corporal,

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perturbação funcional ou uma doença que não estando incluída na Lista, se comprove que
a mesma não resulta do desgaste normal do organismo, mas é consequência direta da
atividade profissional exercida pelo trabalhador.

Segundo o Decreto Regulamentar n.º 76/2007, de 17 de Julho, publica a “Lista das


Doenças Profissionais” que integra 5 capítulos distintos: doenças provocadas por agentes
químicos; doenças do aparelho respiratório; doenças cutâneas e outras; doenças
provocadas por agentes físicos; doenças infeciosas e parasitárias. Conforme exemplificado
na tabela abaixo:

Tabela 1. Lista das Doenças Profissionais e Exemplos

Lista das Doenças Profissionais Exemplos


Doenças provocadas por agentes Químicos Exposição a Chumbo, Ácido sulfídrico,
nitroglicerina ou Acetonas
Doenças do aparelho respiratório Exposição a Sílica, Amianto, carvão ou
poeiras e aerossóis com ação imunoalérgica e
ou irritante
Doenças cutâneas Exposição a cimento, alcatrão ou resinas

Doenças provocadas por agentes Físicos Exposição a Radiações, Iluminação


insuficiente, Ruídos ou vibrações;
Doenças infeciosas e parasitárias Exposição a Bacilíco tetânico, vírus da
hepatite ou vírus do sarampo.
Fonte: Próprio Autor, 2021.

Um trabalhador é reconhecido como doente profissional quando lhe é certificada uma


doença profissional pelo Instituto de Segurança Social, com base em parecer de peritos
médicos competentes (Departamento de Proteção contra Riscos Profissionais). Nestes
casos, o trabalhador tem direito à proteção e reparação, face ao reconhecimento como
doente profissional. (Instituto de Segurança Social, 2021)

A participação de um diagnóstico presuntivo de doença profissional ao Instituto de


Segurança Social é realizado pelo médico do trabalho ou por qualquer outro médico em
todos os casos clínicos em que seja de presumir a existência de doença profissional.
(Instituto de Segurança Social, 2021)

A Lei n.º 98/2009, de 04 de Setembro, diz que a doença profissional pode determinar:
incapacidade temporária (parcial ou absoluta) para o trabalho habitual e incapacidade
permanente (parcial ou absoluta) para todo e qualquer trabalho (artigo n.º 19 n.º 1-3).

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CONCLUSÃO

Para o papel de empregador e entidade patronal, é de salientar a importância de serem


detetados, avaliar e atuar sobre todos os riscos profissionais, provenientes da atividade
laboral da empresa. Quer sejam os que podem provocar acidentes de trabalho e/ou
doenças profissionais, fadiga mental ou insatisfação laboral, bem como qualquer fator
que possa causar dano para a saúde dos trabalhadores.

Uma melhor medicina do trabalho ajuda a identificar e corrigir possíveis doenças, a


curto e médio prazo. Essas causas podem ser, físicas ou até mesmo psicológicas. É certo
que o ambiente laboral, relação com os colegas ou com a entidade empregadora, ter um
trabalho monótono ou repetitivo, estar muitas horas na mesma posição ou a trabalhar em
algo extremamente exaustivo física / psicologicamente são alguns dos fatores que maior
influenciam o nosso estado de saúde e bem-estar. A medicina do trabalho não deve
concentrar-se apenas com o desgaste físico, mas também com o mental que pode levar
aos transtornos psicossociais.

Se a medicina do trabalho for adequada a função de cada um, será mais fácil prevenir
o aparecimento de doenças profissionais.

A aplicação da medicina do trabalho resulta em ganhos para a organização. Uma vez


que há maior prevenção de doenças, há também um aumento na produtividade resultante
dos cuidados e exames periódicos feitos aos trabalhadores.

Somando estes fatores todos podemos concluir que a medicina do trabalho deve ser
encarada quer pela entidade patronal como pelo trabalhador como algo essencial e não
como uma obrigatoriedade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Constituição da República de Portugal.

Decreto Regulamentar n.º 76/2007, de 17 de Julho. Aprova a Lista das Doenças


Profissionais.

FIGUEREDO, Natacha. Medicina do Trabalho – Quais são os direitos e deveres dos


trabalhadores. Disponível em [https://www.doutorfinancas.pt/vida-e-
familia/medicina-do-trabalho-quais-sao-os-direitos-e-deveres-dos-
trabalhadores/]. Acesso em 09/11/2021.

Instituto de Segurança Social. Guia Prático – Doença Profissional – Certificação.


Publicado em 06/09/2021.

Lei n.º 79/2019, de 02 de Setembro. Regime Jurídico da Promoção da Segurança e


Saúde no Trabalho.

Lei n.º 98/2009, de 04 de Setembro. Regulamenta o Regime de Reparação de


Acidentes de Trabalho e de Doenças Profissionais.

Lei n.º 99/2003, de 27 de Agosto. Regime Jurídico dos Acidentes de Trabalho e


Doenças Profissionais.

Nunes, I.L. Occupational safety and health risk assessment methodologies.


Documento trabalho. Não publicado (2011).

Ribeiro, António. Material de Introdução a Segurança e Saúde do Trabalho, 2021.

SOUTO, Daphinis Ferreira. Diretrizes Gerais para o Exercício da Medicina do


Trabalho. Rio de Janeiro, 2005.

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