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Projeto em Engenharia de Segurança do Trabalho / Projeto em Engenharia de Segurança d…

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1. Contextualização

Diversos “programas” foram desenvolvidos ao longo dos anos na área de Higiene e Segurança do Trabalho. Sempre que
aplicados de forma prática e eficaz, eles permitem que os objetivos desse amplo campo de trabalho sejam alcançados e que
a integridade física do trabalhador seja garantida. Dentre eles há aqueles que estão formalizados através das NRs (Normas
Regulamentadoras), os que foram desenvolvidos para dar suporte a essas Normas e, por fim, os utilizados para contribuir
com a gestão da Higiene e Segurança do Trabalhador. Nós veremos, nessa disciplina, os que são obrigatórios ou mais
conhecidos.

2. Programa de Segurança

O Programa de Segurança consiste em uma carta de intenções, na qual a empresa declara o que pretende praticar para
atender as NRs as quais está sujeita. Esse Programa representa o mínimo, em termos de gestão, a ser adotado quanto à
saúde e segurança no trabalho.

A fim de elaborá-lo, a empresa deve interpretar sua realidade específica e adequá-la, através de alguns elementos conside-
rados básicos, para implementação. Quando bem sucedido, os trabalhadores passam a atuar na prevenção da saúde e se-
gurança no trabalho em seu cotidiano.

Dentre os elementos básicos a serem considerados, podemos destacar: a função da área de SST; suas responsabilidades;
as técnicas adotadas; as inspeções de segurança (objetivos, propostas, meios de controle e atuação...); os registros de aci-
dente (prevenção, investigação e custos); e a investigação dos acidentes (critérios, requisitos, levantamentos, análises, solu-
ções e relatórios).

3. PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

O PCMSO é obrigatório para todas as pessoas físicas ou jurídicas, empresas e instituições, que tenham trabalhadores con-
tratados no regime da CLT (Consolidação das Leis Trabalho), conforme definido e regulamentado na NR 7, ainda que o em-
pregador possua um único empregado. Ele tem por objetivo promover e preservar a saúde do conjunto de trabalhadores,
além de prever, rastrear e diagnosticar precocemente as doenças associadas às funções realizadas e ao ambiente de
trabalho.

Sendo assim, cabe à Segurança do Trabalho identificar os riscos, avaliar os possíveis efeitos dos riscos identificados e pro-
por medidas técnicas que minimizem a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais nos ambientes de trabalho, tendo
em mente que um acidente de trabalho deve ser pensado de forma holística, pois não tem origem única e exclusiva. Isso sig-
nifica que o acidente ocorre devido à interação simultânea de diversos fatores, na qual um desencadeia o outro e assim su-
cessivamente, até que o acidente ocorra. Logo, pode-se afirmar que todo acidente de trabalho é fruto de várias causas, le-
vando a Segurança do Trabalho a focar em duas abordagens complementares: a reducionista e a sistêmica. Enquanto a
abordagem reducionista considera em detalhes fatores de ordem física, biológica, psicológica, social e cultural, a abordagem
sistêmica explora a interação desses fatores no processo que ocasionou o acidente.

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Mas, qual a diferença entre doença e acidente de trabalho? Vamos ver alguns conceitos importantes:
Doença profissional: é aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho, que é peculiar a uma atividade
específica e consta na relação de doenças elaborada pelo antigo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Nela o tra-
balho é causa necessária, ou seja, há uma relação direta de causa e efeito entre o trabalho e a doença. Ex.: Silicose
(doença pulmonar que afeta os trabalhadores da mineração).

Doença do trabalho: doença adquirida ou desencadeada devido a condições especiais de realização do trabalho, relaci-
onada diretamente ao trabalho e que consta na relação de doenças elaborada pelo antigo MTE. Nesse caso, o trabalho
é um fator de risco para que o trabalhador adoeça, mas não é determinante. Ocorre com doenças comuns, que podem
afetar qualquer indivíduo, mas as condições específicas do trabalho provocam. Ex.: Doenças osteomusculares.

Acidente de trabalho: segundo a Lei Nº 8.213, de 24/07/1991, acidente de trabalho “é o que ocorre pelo exercício do tra-
balho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no in-
ciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perpetuação funcional que cause a morte ou a perda ou redu-
ção, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. Mas, numa abordagem de gestão, o acidente de traba-
lho é tido como uma ocorrência não programada ou indesejada, desde que interrompa ou interfira no processo produtivo
planejado, causando lesão corporal ao trabalhador, dano ao patrimônio, à imagem da empresa, e/ou ao meio ambiente.

O PCMSO, portanto, dispõe de normas que especificam procedimentos e condutas a serem adotados pelas empresas para
proteção da saúde ocupacional do trabalhador. Ele deve ser planejado e implantado com base nos riscos aos quais os em-
pregados estão expostos no ambiente de trabalho, a fim de prevenir, detectar precocemente, monitorar e controlar todas as
possibilidades de danos à saúde dos mesmos.

Na NR 7 são estabelecidos os parâmetros mínimos e diretrizes gerais a serem observados na execução do Programa, os
quais podem ser ampliados mediante negociação coletiva de trabalho. Como parte integrante de um conjunto mais amplo de
iniciativas voltadas para a saúde do trabalhador, o PCMSO precisa estar articulado com o disposto nas demais NRs.

No caso de contratação de uma empresa prestadora de serviços de mão-de-obra, a empresa contratante deve informar à
contratada os riscos existentes nas atividades a serem executadas e auxiliar a contratada na elaboração e implementação
do PCMSO nos locais de trabalho em que os serviços estejam sendo prestados.

E quais são as consequências da não implantação ou elaboração e/ou execução indevidas do PCMSO? A primeira con-
sequência é expor a saúde dos trabalhadores ao risco. Adicionalmente, o empregador também está exposto a procedimen-
tos criminais, indenização civil e/ou multa imputada pela fiscalização do trabalho.

Além disso, o PCMSO deve, ainda: considerar as questões incidentes sobre o indivíduo e a coletividade de trabalhadores,
privilegiando o instrumental clínico-epidemiológico na abordagem da relação entre sua saúde e o trabalho; ter caráter de pre-
venção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclínica,
além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores.

3.1. As responsabilidades em relação ao PCMSO

Compete ao empregador: garantir a elaboração e efetiva implementação do PCMSO, bem como zelar pela sua eficácia; cus-
tear sem ônus para o empregado todos os procedimentos relacionados ao Programa; indicar, dentre os médicos dos
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), da empresa, um coordenador res-
ponsável pela execução do PCMSO; no caso de a empresa estar desobrigada de manter médico do trabalho (NR 4), indicar
médico do trabalho, empregado ou não da empresa, para coordenar o PCMSO; inexistindo médico do trabalho na locali-
dade, contratar médico de outra especialidade para coordenar o PCMSO. Essas responsabilidades variam em função do
grau de risco e do número de trabalhadores da empresa.

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Compete ao médico coordenador: realizar os exames médicos previstos na NR 7 ou encarregar os mesmos a profissional
médico familiarizado com os princípios da patologia ocupacional e suas causas, bem como com o ambiente, as condições
de trabalho e os riscos a que está ou será exposto cada trabalhador da empresa a ser examinado; encarregar dos exames
complementares previstos nos itens, quadros e anexos da NR 7 profissionais e/ou entidades devidamente capacitados, equi-
pados e qualificados.

3.2. O Desenvolvimento do PCMSO

O PCMSO é formado por alguns procedimentos médicos, como: exames clínicos, ou avaliações médicas: realizados pelo
médico no consultório. Abrangem anamnese ocupacional (avaliação clínica) e exame físico e mental; exames complementa-
res: realizados em laboratório, ou por outros profissionais, a fim de prevenir a ocorrência de doenças ocupacionais.

O Programa deve incluir, entre outros, a realização obrigatória dos seguintes exames médicos: admissional; periódico; de re-
torno ao trabalho; de mudança de função; demissional.

Atividade extra

Nome da atividade: Para aprofundar seus conhecimentos, assista ao vídeo disponível no site
https://www.youtube.com/watch?v=63ta1lC-bdY e entenda como o PCMSO surgiu e se evoluíu no Brasil e no mundo.

Referência Bibliográfica

BARSANO, P. R. & BARBOSA, R.P. Segurança do trabalho: guia prático e didático. 2. ed. São Paulo: Érica, 2018.

NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.

NR 15 – Atividades e Operações Insalubres.

Oliveira, C. L. & Piza, F. de T. Segurança e saúde no trabalho. Coleção segurança e saúde no trabalho; v. 1. São Caetano
do Sul, SP. Difusão Editora.

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