Você está na página 1de 170

Auditoria, laudo e perícia

1ª Edição |Novembro| 2014


Impressão em São Paulo/SP
Na atualidade, existe uma infinidade de docu-
mentos previstos em leis, decretos, decretos-lei, me-
didas provisórias, portarias, instruções normativas
da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança
e Medicina do Trabalho (Fundacentro), resoluções
da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)
e agências do Governo, ordens de serviço do Insti-
tuto Nacional do Seguro Social (INSS) e regulamen-
tos técnicos do Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro).
A observância das NRs não desobriga as em-
presas do cumprimento destas outras disposições
contidas em códigos de obras ou regulamentos sani-
tários dos Estados ou Municípios, e outras, oriundas
de convenções e acordos coletivos de trabalho.
Tivemos como base na elaboração do material,
bibliografias, perícias e fiscalizações técnicas reali-
zadas por quem atua na área, como uma síntese da
Legislação brasileira pertinente à Segurança do Tra-
balho e Medicina do Trabalho.
Com o acelerado desenvolvimento industrial
no Brasil, dentro do atual contexto da nova ordem
econômica, o tema “Segurança e Medicina do Tra-
balho”, merece atenção do poder público, das elites
empresariais e trabalhadoras, pois não basta só au-
mentar a produção sem prestar atenção em pontos
importantes a serem observados para que se possa
alcançar índices estáveis, pois onde se obtém pro-
dutividade deve-se respeitar o binômio: Qualidade
e Segurança.
A Segurança do Trabalho e a Medicina do Tra-
balho estão relacionadas de forma intrínseca e in-
dissociável do nosso ordenamento jurídico, espe-
cialmente com o Direito do Trabalho, visto que as-
pectos legais sempre devem estar em conjunto com
dados técnicos específicos.
Temos certeza de que essas abordagens são
consideradas inovadoras dentro do contexto da atu-
alidade. Tocamos em pontos importantes com certa
profundidade, mas objetivamos propiciar um estudo
em linguagem fácil para o público-alvo:

- Estudantes;
- Trabalhadores;
- Dirigentes Sindicais;
- Gerentes;
- Encarregados de Departamentos de Pessoal
de Empresas;
- Empresários e Profissionais de Segurança e
Medicina do Trabalho (Engenheiro de Segurança
do Trabalho, Médicos do Trabalho, Enfermeiros
do Trabalho, Técnicos de Segurança do Trabalho e
Auxiliares de Enfermagem do Trabalho) que estão
iniciando na área.
Auditoria, laudo e perícia
Coordenação Geral Coordenação de Projetos
Nelson Boni Leandro Lousada

Professor Responsável Revisão Ortográfica


Selma Freitas Célia Ferreira Pinto

Coordenadora Peda- Projeto Gráfico, Dia-


gógica de Curso- EAD gramação e Capa
- Ana Flávia Marcheti

1º Edição: Setembro de 2014


Impressão em São Paulo/SP

Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353


Sumário
UNIDADE 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS 15
1.1. Normas Regulamentadoras
1.2. Inspeção Prévia
1.2.1. Certificado de Aprovação de Instalações
1.2.2. Princípio da dupla visita
1.3. Acidente de Trabalho
1.3.1. Exceção
1.3.2. Equiparação
1.3.3. Comunicação do acidente
1.4. Serviço especializado em Engenharia de Segurança e Me-
dicina do Trabalho - SESMT
1.4.1. Riscos no Ambiente de Trabalho
1.4.1.1. Ergonomia
1.4.1.2. EPI’S X EPC’S
1.4.1.3. Eficácia do SESMT
1.4.1.4. OHSAS - (Occupational Health and Safety Assessment Services)
1.4.1.5. ACGIH - (American Conference of Governmental In-
dustrial Hygienists)

UNIDADE 2 - CIPA – COMISSÃO INTERNA DE 127


PREVENÇÃO DE ACIDENTES

2.1. Conceito de Insalubridade


2.2. Caracterização da Insalubridade
2.2.1. Lista de atividades insalubres conforme NR 15
2.2.2. A eliminação da Insalubridade
2.2.3. A eliminação da Insalubridade X Trabalhador

221
UNIDADE 3 - HIGIENE OCUPACIONAL

3.1. Atestado de Saúde Ocupacional


3.2. Critério adotado para a caracterização da Insalubridade
3.2.1. Avaliação quantitativa
3.2.2. Avaliação qualitativa
3.2.3. Avaliação qualitativa de riscos inerentes à atividade
3.3. Análise dos agentes químicos, físicos e biológicos
3.3.1. Limites de tolerância para exposição ao calor
3.3.2. Trabalho sob condições hiperbáricas
3.3.3. Radiações não ionizantes
3.3.4. Vibrações
3.3.5. Frio
3.4. Valores dos adicionais de Insalubridade e Periculosidade
3.4.1. Base de Cálculo do Adicional de Insalubridade
3.4.2. Valor e base de Cálculo do Adicional de Periculosidade
3.4.3. Eliminação ou Neutralização da Insalubridade e/
ou Periculosidade
3.4.4. Conceito de Periculosidade

UNIDADE 4 - PERÍCIA E LAUDO PERICIAL 105

4.1. Formulário
4.1.1. Instrução para a elaboração do Laudo Pericial de Insalu-
bridade e Periculosidade
4.2. Prova Pericial
4.3. Perícia Extrajudicial
4.4. Perícias Judiciais
4.5. A Substituição Processual
4.6. Auditoria
4.7. Auditoria externa e interna
4.8. Tipos de Auditorias
4.8.1. Auditoria Ambiental
4.8.2. Auditoria na Saúde
4.8.3. Auditoria Financeira
4.8.4. Auditoria Fiscal Trabalhista
4.8.5. Auditoria de Cumprimento e Operacional
4.8.6. Atividades de Auditoria Fiscal do Trabalho
4.8.6.1 - Agente Transformador
4.8.6.2. Identificação
4.8.6.3. Escalão Máximo
4.8.6.4. Remuneração
4.9. A Estrutura da Inspeção do Trabalho no Brasil
4.9.1. E em relação à Saúde e Segurança do Trabalhador

REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS 105


UNIDADE 1- CONSIDERAÇÕES GERAIS
A Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho
(SSST) é o órgão de âmbito nacional competente em
conduzir as atividades relacionadas com a segurança
e saúde ocupacional.
Essas atividades incluem a Campanha Nacional
de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Canpat), o
Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) e,
ainda, a fiscalização do cumprimento dos preceitos
legais e regulamentares sobre segurança e saúde ocu-
pacional, em todo o território nacional.
Compete, ainda, à SSST (Secretaria de Segurança
e Saúde no Trabalho) conhecer, em última instância, as
decisões proferidas pelos delegados Regionais do Tra-
balho, em termos de segurança e saúde ocupacional.
Para a Engenharia de Segurança do Trabalho,
devemos fazer importantes considerações sobre al-
guns temas, e para tanto, darmos ênfase a algumas
definições como segue:
Segurança do Trabalho – é uma ciência que atra-
vés de métodos preventivos apropriados, estuda as cau-
sas de acidentes de trabalho, possibilitando a adoção
de medidas técnicas que pretendam eliminar ou, ao
menos, diminuir ocorrências de Acidentes de Trabalho.
Medicina do Trabalho – é entendida como uma
ciência que se dedica ao estudo de doenças ocupa-
cionais, incluindo doenças do profissional e as do
trabalho, com objetivo de desenvolver métodos e
técnicas possíveis de prevenção.
Devemos deixar constatado que, consideram-
-se como comum dentre a maioria dos trabalhadores
e até mesmo profissionais qualificados, há certa con-
fusão entre atribuições administrativas e judiciárias
diretamente vinculadas à matéria trabalhista.
Trataremos de temas relacionados no campo
da saúde ocupacional, discorrendo sobre avaliação e
controle dos agentes agressivos passíveis de levar o
empregado a adquirir doença profissional, conside-
rando suas atividades ou ocupações.
Faremos uma incursão sobre as atribuições e fina-
lidades dos diversos órgãos envolvidos, restringindo a
abordagem nos tópicos diretamente relacionados com
a Segurança do Trabalho e a Medicina do Trabalho.

1.1. Normas regulamentadoras

As Normas Regulamentadoras, também cha-


madas de NR, foram publicadas pelo Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE) através da Portaria n.º
3.214/78, para estabelecer os requisitos técnicos e
legais sobre os aspectos mínimos de Segurança e
Medicina do Trabalho e Portaria n.º 3.311/89, re-
vogada pela Portaria 546/2010, que estabelece os
princípios norteadores do programa de desenvolvi-
mento do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho.
Atualmente, existem 36 Normas Regulamenta-
doras. Lembramos que a elaboração e modificação
das NRs é um processo dinâmico que necessita de
um acompanhamento via Internet pelo endereço
eletrônico (http://www.mte.gov.br).
Conforme destacamos as primeiras normas
regulamentadoras, como seu próprio título sugere,
define as recomendações genéricas de Segurança do
Trabalho que deveriam ser aplicadas em todos os lo-
cais de trabalho.
As NRs são elaboradas e modificadas por uma
comissão tripartite composta por representantes do
governo, empregadores e empregados. As NRs são
elaboradas e modificadas por meio de portarias ex-
pedidas pelo MTE.
Nada nas NRs cai em desuso sem que exista uma
portaria identificando a modificação pretendida.
Para aplicação das Normas Regulamentadoras,
devemos considerar o que segue:

a) Empregador - Considera-se empregador a


empresa individual ou coletiva, que, assumindo os
riscos de atividade econômica, admite, assalaria e di-
rige a prestação pessoal de serviços. Contudo é ne-
cessário observar que na relação empregatícia, tam-
bém há a figura do empregador por equiparação. São
os casos dos profissionais liberais e as associações de
beneficência que admitem pessoas para a prestação
de serviços. Na realidade, para estes profissionais, a
legislação preferiu criar a figura do empregador por
equiparação, tendo em vista que a simples análise do
artigo 2.º da CLT, poderia não dar ensejo à caracte-
rização da relação empregatícia propriamente dita.
Na Consolidação das Leis do Trabalho no ar-
tigo 2º...

“§ 1º. Equiparam-se ao empregador, para os efeitos


exclusivos da relação de emprego, os profissionais li-
berais, as instituições de beneficência, as associações
recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos,
que admitirem trabalhadores como empregados.”

Desta forma, atualmente, é mais simples admi-


tir que empregador seja todo aquele que utiliza força
de trabalho de outrem, mediante pagamento de salá-
rio, desenvolver alguma atividade laborativa, pouco
importando a finalidade.
b) Empregado - Empregado é a pessoa físi-
ca que presta pessoalmente a outrem serviços não
eventuais, subordinados e assalariados. “Considera-
-se empregado toda pessoa física que prestar servi-
ços de natureza não eventual a empregador, sob de-
pendência deste e mediante salário” (CLT, art. 3.º).

“Art. 3.º - Considera-se empregado toda pessoa fí-


sica que prestar serviços de natureza não eventual
a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário.”
Parágrafo único – “Não haverá distinções relativas à
espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem
entre o trabalho intelectual, técnico e manual. (Pará-
grafo incluído pela Lei n.º 4.072, de 16-06-62).”

c) Empresa – é o estabelecimento e/ou con-


junto de estabelecimentos, canteiro de obras, frente
de trabalho, local de trabalho e outras, constituindo
a organização de que se utiliza o empregador para
atingir seus objetivos.
d) Estabelecimento – Cada uma das unida-
des da empresa funcionando em diferentes lu-
gares, como: fábrica refinaria, usina, escritório, loja,
oficina, depósito e laboratório.
e) Setor de serviços – É a menor unidade
administrativa ou operacional compreendida no es-
tabelecimento.
f) Canteiro de obra – Uma área de trabalho
fixa ou temporária, onde é desenvolvida atividade ou
operações de apoio e execução de construção, de-
molição ou reparo de obra.
g) Frente de trabalho - é uma área de tra-
balho móvel e temporária, onde desenvolve ativida-
des e operações de apoio e execução à construção/
demolição/reparos.
h) Local de trabalho – Local onde são
executados os trabalhos.
Sempre que uma ou mais empresas, mesmo
sendo que cada uma tenha personalidade jurídica
própria, constituindo um grupo industrial ou comer-
cial de atividade econômica, para efeito das Normas
Regulamentadoras (NRs) sempre serão, solidaria-
mente, responsáveis, cada uma por sua subordinação
à empresa principal.
Para efeitos de aplicação das Normas Regula-
mentadoras (NRs), as obras de engenharia, compre-
endendo canteiro de obras ou frentes de trabalho
serão consideradas um estabelecimento, salvo se dis-
puser de forma específica diferente.
São deveres do empregador:
a) Cumprir e fazer cumprir a disposições legais e re-
gulamentadoras sobre a segurança e medicina do trabalho;
b) Elaborar ordens de serviços sobre segurança
e medicina do trabalho, dando ciência aos emprega-
dos de:
I – prevenir atos inseguros no desempenho do trabalho;
II – divulgar as obrigações e proibições que os
empregados devem saber e cumprir;
III – dar conhecimento aos empregados a res-
peito de punições pelo descumprimento das ordens
de serviços expedidas;
IV – determinar os procedimentos que deverão
ser adotados em caso de acidente de trabalho e do-
ença profissional ou do trabalho;
V – adotar medidas determinadas pelo Ministé-
rio do Trabalho;
VI – adotar medidas para eliminar ou neutralizar
a insalubridade e condições inseguras de trabalho.
c) Informar aos trabalhadores:
I – os riscos profissionais que possam originar-
-se no local de trabalho;
II – os meios para prevenir e limitar tais riscos
e as medidas adotadas pela empresa;
III- os resultados de exames médicos e dos exa-
mes complementares de diagnósticos aos quais os
próprios trabalhadores foram submetidos.
São deveres dos empregados – Cumprir as dis-
posições legais e regulamentadoras sobre segurança
e medicina do trabalho, inclusive as ordens de ser-
viços expedidas pelo empregador, constituindo ato
faltoso a recusa injustificada do empregado no cum-
primento do disposto no item anterior.
São atribuições das Delegacias Regionais de
Trabalho (DRT)
Através de seus agentes de inspeção, adotar me-
didas necessárias para a fiel observância aos precei-
tos legais e regulamento sobre segurança e medicina
do trabalho.
Notificar empresas, estipulando prazos para cor-
reção de irregularidades técnicas, inclusive de elimina-
ção ou neutralização de insalubridade; aplicar multas
e no eventual descumprimento embargar obras, inter-
ditar estabelecimentos e setores de serviços, sempre
que devidamente constatado por laudo técnico feito
por engenheiro de segurança do trabalho a existência
de uma situação de risco grave e iminente para saúde
ou integridade física dos trabalhadores.

1.2. Inspeção prévia

Por meio de Norma Regulamentadora de Segu-


rança e Medicina do Trabalho, todos os novos estabe-
lecimentos ou os que sofreram alguma modificação
substancial em suas instalações e/ou equipamentos,
antes de iniciar ou reiniciar as atividades deverá ser
solicitada a aprovação de suas instalações junto aos
Órgãos Regionais do Ministério do Trabalho.
A NR 2, cujo título é Inspeção Prévia, estabelece
as situações em que as empresas deverão solicitar ao
MTE a realização de inspeção prévia em seus estabe-
lecimentos, bem como a forma de sua realização.
A NR 2 está, juridicamente, assegurada na le-
gislação ordinária, nos artigos 160.º e 161.º da CLT.
Todo estabelecimento novo, antes de iniciar suas ati-
vidades, deverá solicitar aprovação de suas instala-
ções ao Órgão Regional do MTE, isto é, a Delegacia
Regional do Trabalho (DRT).
A inspeção prévia e a declaração de instalações
previstas na NR 2 constituem os elementos capazes
de assegurar que o novo estabelecimento inicie suas
atividades livres de riscos de acidentes e/ou de do-
enças do trabalho.
Um dos documentos complementares, quando
tratamos de inspeção prévia está no Capítulo V do
Título II da CLT - Refere-se à Segurança e Medicina
do Trabalho.

1.2.1. Certificado de Aprovação


de Instalações

O Certificado de Aprovação de Instalações


(CAI) é um documento emitido pela DRT, órgão re-
gional do MTE, após realizar a inspeção prévia nas
instalações. O modelo do CAI está previsto na NR 2.
Sempre que ocorrerem modificações subs-
tanciais nas instalações e/ou nos equipamentos de
seu(s) estabelecimento(s), deverá comunicar e soli-
citar a aprovação da DRT, órgão regional do MTE.
Uma observação bastante importante é a lacu-
na legal existente no caso da empresa que deixe de
solicitar inspeção prévia e, também, não apresente o
CAI, não está prevista gradação de multa para isso
(ver Anexo II, NR 28).

1.2.2. Princípio da dupla visita

O princípio da dupla visita define que o traba-


lho dos Auditores Fiscais do Trabalho (AFT) possui
caráter educativo e punitivo.
A legislação destaca a necessidade de orientar
as empresas de pequeno porte, sem prejuízo de sua
ação específica de fiscalização prevista na Lei n.º
9.841/99.
Prioritariamente, os AFT estão orientados a es-
clarecer dúvidas na implementação dos documentos
legais de segurança e saúde ocupacional.
Este processo ocorre por meio de notificação
para a correção de possíveis desvios. O não atendi-
mento dos requisitos legais poderá resultar no as-
pecto punitivo, no qual a empresa poderá ser autua-
da e multada.
A legislação garante ao empregador o direito
de recorrer das notificações, autuações e possíveis
multas aplicadas.
O descumprimento contínuo das disposições
legais, comprovado mediante relatório emitido pelo
Auditor Fiscal do Trabalho, resultará, por parte da
autoridade regional, na denúncia do fato, de imedia-
to, ao Ministério Público do Trabalho.
Será facultada a apreciação prévia da DRT os
projetos de construção e respectivas instalações con-
forme segue:
1.3. Acidente de trabalho

O conceito de acidente – é o que ocorre pelo


exercício do trabalho a serviço da empresa, ou ainda
pelo exercício do trabalho dos segurados especiais,
provocando lesão corporal ou perturbação funcio-
nal que cause a morte, a perda ou redução da capa-
cidade para o trabalho permanente ou temporário.
Considera-se acidente de trabalho o que segue:
- doença profissional: assim entendida é a adqui-
rida ou entendida como desencadeada em função do
exercício profissional peculiar da atividade e constan-
te da relação do Decreto 3048/99, há uma relação de
doenças profissionais e de doenças do trabalho (mas
é uma relação meramente exemplificativa).
- doença do trabalho: assim entendida a adqui-
rida ou desencadeada em função das condições es-
peciais em que o trabalho é realizado e que ele se
relaciona diretamente, desde que conste na relação
do Decreto citado.
Não são consideradas doença do trabalho:
- doença degenerativa;
- a inerente a grupo etário;
- a que não produz incapacidade laborativa;
- a doença endêmica adquirida por segurados
habitantes de regiões onde elas se desenvolvam, sal-
vo comprovação de resultou de exposição ou conta-
to determinado pela natureza do trabalho.

1.3.1. Exceção:

Excepcionalmente, constatando-se que a doen-


ça não incluída em doença profissional e doença do
trabalho resultou de condições especiais, em que o
trabalho é executado e com ele se relaciona direta-
mente, a Previdência Social, deve considerá-la aci-
dente do trabalho.

1.3.2. Equiparação:
O artigo 21 da Lei 8213/91 relaciona os “aci-
dentes de trabalho por equiparação”, determinado
que se equiparem ao acidente de trabalho:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não


tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente
para a morte do segurado, para redução ou perda da
sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão
que exija atenção médica para a sua recuperação;

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e


no horário do trabalho, em consequência de:

a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo pratica-


do por terceiro ou companheiro de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por


motivo de disputa relacionada com o trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia


de terceiro ou de companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos


fortuitos ou decorrentes de força maior;

III - a doença proveniente de contaminação acidental


do empregado no exercício de sua atividade;

IV - o acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora


do local e horário de trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviço


sob a autoridade da empresa;

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à em-


presa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para


estudo, quando financiada por esta dentro de seus
planos para melhor capacitação da mão de obra, in-
dependentemente de meio de locomoção utilizado,
inclusive veículo de propriedade do segurado;

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou


desde para aquela, qualquer que seja o meio de loco-
moção, inclusive veículo de propriedade do segurado.

Como podemos constatar a preocupação do


legislador em garantir um intervalo mínimo de uma
hora, está respaldada no dever estatal de garantir a
higidez física e psicossocial do trabalhador durante a
jornada laboral.

Para Maurício Godinho Delgado, com muita


propriedade, enfatiza que:

"intervalos e jornada, hoje, não se enqua-


dram, porém, como problemas estritamente
econômicos, relativos ao montante de força
de trabalho que o obreiro transfere ao empre-
gador em face do contrato pactuado. É que
os avanços das pesquisas acerca da saúde e
segurança no cenário empregatício têm ensi-
nado que a extensão do contato do emprega-
do com certas atividades ou ambientes labo-
rativos é elemento decisivo à configuração do
potencial efeito insalubre ou perigoso desses
ambientes ou atividades. Tais reflexões têm
levado à noção de que a redução da jornada
em certas atividades ou ambientes, ou a fixa-
ção de adequados intervalos no seu interior,
constituem medidas profiláticas importantes
ao contexto da moderna medicina laboral."

Nesse sentido, Francisco Antonio de Oliveira


alerta que:

"todo período de descanso previsto em lei, quer du-


rante a jornada ou entre jornadas, tem finalidade me-
dicinal e objetiva reduzir as toxinas que se acumulam
em períodos prolongados de trabalho. Liga-se também
à segurança do trabalho, posto que o período prolon-
gado, com reduzido descanso, diminui a atenção do
trabalhador e torna o ambiente propício a acidentes."

Desta feita, por mais de 30 anos, a hipótese le-


gal de redução do intervalo para refeição e descanso
ficou condicionada a ato administrativo exclusivo do
Ministro do Trabalho, conforme se infere do parágra-
fo terceiro do artigo 71 da CLT.
1.3.3. Comunicação do acidente

Toda empresa deverá comunicar o acidente


do trabalho à Previdência Social até o 1.º (primeiro)
dia útil seguinte da ocorrência e, de imediato em caso
de morte à autoridade competente, sob pena de
multa variável entre o mínimo e máximo do salário
de contribuição, sucessivamente nas reincidências.

O acidentado deverá receber cópia fiel da


comunicação de acidente, também seus
dependentes e o Sindicato a que corresponda sua
categoria.

Acidente pessoal de acordo com a Norma


ABNT NBR 14280, é aquele cuja caracterização
depende de existir acidentado.

Acidente de trajeto Norma ABNT NBR 14280


define que é o acidente de trabalho sofrido pelo
empregado no percurso da residência para o trabalho
ou deste para aquela.
define que é o acidente de trabalho sofrido pelo em-
pregado no percurso da residência para o trabalho ou
deste para aquela.
Acidente impessoal para a Norma ABNT NBR
14280, é aquele cuja caracterização independe de exis-
tir acidentado, não podendo ser considerado como
causador direto da lesão pessoal.
Lesão imediata é a que se verifica imediatamente
no momento da ocorrência do acidente, e lesão me-
diata tardia é aquela lesão que não se verifica imediata-
mente após a exposição à fonte da lesão. Caso seja ca-
racterizado o nexo causal, isto é, a relação da doença
com o trabalho, evidenciará uma doença ocupacional.
Assim, admite-se a preexistência de uma “ocorrência
ou exposição contínua ou intermitente”, de natureza
acidental, sendo registrada como acidente do traba-
lho, nas estatísticas de acidente.
Incapacidade permanente total é a perda total
de capacidade de trabalho, em caráter permanente,
excluindo a morte. Esta incapacidade corresponde à
lesão que, não provocando a morte, impossibilita o
acidentado, permanentemente, de exercer o trabalho
ou da qual decorre a perda ou a perda total do uso dos
seguintes elementos: ambos os olhos, um olho e uma
das mãos, um olho e um pé, ambas as mãos ou ambos
os pés ou uma das mãos e um pé.
Incapacidade permanente parcial é a redução par-
cial da capacidade de trabalho, em caráter permanente.
Incapacidade temporária total é a perda total da
capacidade de trabalho de que resulte um ou mais dias
perdidos, excetuados a morte, a incapacidade perma-
nente parcial e a incapacidade permanente total.
Também chamada acidente com lesão com
afastamento, é o acidente que resulta em lesão com
perda de tempo ou lesão incapacitante, é a lesão pes-
soal que impede o trabalhador de retornar ao tra-
balho no dia útil imediato ao do acidente ou de que
resulte incapacidade permanente.
Existe também a lesão sem afastamento, que é
o acidente que resulta em lesão sem perda de tem-
po ou lesão incapacitante, é a lesão pessoal que não
impede o trabalhador de retornar ao trabalho no dia
imediato ao do acidente, desde que não haja incapa-
cidade permanente.
Dias perdidos (Dp), são os dias de afastamento
de cada acidentado, contados a partir do primeiro
dia de afastamento até o dia anterior ao do dia de
retorno ao trabalho, segundo à orientação médica.
Dias debitados (Dd), são os dias que devem ser
debitados devido à morte ou incapacidade permanen-
te, total ou parcial. No caso de morte ou incapacidade
permanente total, devem ser debitados 6.000 (seis mil)
dias. Por incapacidade permanente parcial, os dias a
serem debitados devem ser retirados da norma bra-
sileira ABNT NBR 14280 (Cadastro de Acidentes).
Temos que considerar que existe em norma a
Taxa de Frequência de Acidentados (FL) e Taxa de
Gravidade (G).
1.4. Serviço especializado em genharia de segu-
rança e medicina do trabalho - SESMT

O dimensionamento dos SESMT vincula-se à


gradação do risco da atividade principal e ao número
total de empregados do estabelecimento, constantes
dos Quadros anexos à NR 4 e no artigo 162 da CLT.
São denominados Serviços Especializados em
Segurança e Saúde do Trabalho Portuário (SESS-
TP), cujo dimensionamento possui regras próprias
estabelecidas pela Portaria MTb/SSST n.º 53/97, no
item 29.2.1.1 e seus subitens.
Os SESMT para o trabalho na agricultura, pe-
cuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura
são denominados Serviços Especializados em Segu-
rança e Saúde no Trabalho Rural (SESTR), que pos-
sui regras próprias estabelecidas pela Portaria MTE/
GM n.º 86/05.
Com a criação da OIT (Organização Interna-
cional do Trabalho) em 1919 a prevenção de aciden-
tes no Brasil ganha um novo impulso, é criado então,
a Lei n.º 3724/19, essa foi à primeira de acidente de
trabalho no Brasil.
Serviço Especializado em Engenharia de Segu-
rança e em Medicina do Trabalho-(SESMT), é utili-
zado por uma empresa, que deve manter uma equipe
de profissionais da saúde, que ficam dentro da mesma
para proteger a integridade física dos trabalhadores.
Em 1967, foi criado o SESMT a partir do De-
creto-Lei n.º 229, de 28/02/67. E posteriormente
foi regulamentado, em 1972 pela Portaria n.º 3237.
O artigo 4.1 da (NR04), destaca que todas as em-
presas públicas ou privadas, todos os órgãos públicos
da administração direta ou indireta e dos poderes Le-
gislativo e Judiciário se faz necessário o SESMT.
Em 1990, o quadro do SESMT foi alterado,
sendo introduzidos todos os profissionais que parti-
cipam dele atualmente, pontos importantes deverão
ser observados, pois dependendo da quantidade de
empregados e da natureza das atividades, o serviço
pode incluir os seguintes profissionais:
Médico do trabalho;
Enfermeiro do trabalho;
Técnico de enfermagem do trabalho;
Engenheiro de segurança do trabalho;
Técnico de segurança do trabalho.

O setor do – SESMT - foi criado para funcio-


nar dentro de uma empresa, visto que com o alto ín-
dice de ocorrências de aumento de acidentes que os
funcionários, em geral, estavam sofrendo no local de
trabalho. No entanto, não foi criado apenas para isso,
o SESMT também tem a função de alertar e dar ins-
truções para os funcionários sobre o aparecimento de
novas doenças, esclarecimentos sobre qualquer tipo
de doença e também evitar que pequenos acidentes
de trabalho possam acontecer e prejudicar a empresa.
O direito à saúde e à segurança não deve estar
substanciado apenas no meio ambiente do trabalho,
mas também, no meio ambiente como um todo e
para que seja alcançado o sucesso na prevenção dos
infortúnios do trabalho, é necessário que o Estado e
as empresas se direcionem na busca da valorização
do homem, tanto no aspecto social como profissio-
nal, pois é o homem o tema central da prevenção
dos infortúnios do trabalho, seja ele operário, técni-
co, administrador, empresário ou servidor público.
Embora, a regra geral aplicável ao dimensio-
namento do SESMT, leve em conta apenas o grau
de risco da atividade principal e o número total de
empregados da empresa, há algumas exceções, como
passaremos a elencar:

“Art. 162 da CLT.: A empresa, de acordo com


as normas a serem expedidas pelo Ministério do Tra-
balho e Emprego, estarão obrigadas a manter servi-
ços especializados em segurança e em medicina do
trabalho.

Parágrafo único. As normas a que se refere este


artigo estabelecerão:
a) Classificação das empresas segundo o número de
empregados e a natureza do risco de suas atividades;
b) O número mínimo de profissionais especializados
exigido de cada empresa, segundo o grupo em que se
classifique na forma da alínea anterior;
c) A qualificação exigida para profissionais em ques-
tão e seu regime de trabalho;
d) As demais características e atribuições dos serviços
especializados em segurança e em medicina do traba-
lho, nas empresas.

De acordo com Marco Antônio de Sousa:

“O SESMT é um setor que faz parte do organograma


interno das empresas, sendo que o mesmo está sub-
metido às ordens da empresa contratante, bem como
à constante fiscalização do Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE), pois a sua estrutura, os seus profis-
sionais e as suas respectivas finalidades estão subme-
tidos à legislação de segurança do trabalho. “Assim,
não é possível ter um SESMT constituído e estrutura-
do fora das normas estabelecidas pelo MTE.”

Compete aos profissionais integrantes dos Ser-


viços Especializados em Engenharia de Segurança e
Medicina do Trabalho:
a) aplicar os conhecimentos de engenharia de
segurança e de medicina do trabalho ao ambiente de
trabalho e a todos os seus componentes, inclusive
máquinas e equipamentos, de modo a reduzir até eli-
minar os riscos ali existentes à saúde do trabalhador;
b) determinar, quando esgotados todos os meios
conhecidos para a eliminação do risco e este persis-
tir, mesmo reduzido, a utilização, pelo trabalhador, de
Equipamentos de Proteção Individual - EPI;
c) colaborar, quando solicitado, nos projetos e
na implantação de novas instalações físicas e tecno-
lógicas da empresa;
d) responsabilizar-se tecnicamente pela orien-
tação quanto ao cumprimento do disposto nas NR
aplicáveis às atividades executadas pela empresa e/
ou seus estabelecimentos;
e) manter permanente relacionamento com a
CIPA, valendo-se ao máximo de suas observações,
além de apoiá-la, treiná-la e atendê-la;
f) promover a realização de atividades de cons-
cientização, educação e orientação dos trabalhadores
para a prevenção de acidentes do trabalho e doenças
ocupacionais, tanto através de campanhas quanto de
programas de duração permanente;
g) esclarecer e conscientizar os empregadores
sobre acidentes do trabalho e doenças ocupacionais,
estimulando-os em favor da prevenção;
h) analisar e registrar em documento (s) espe-
cífico (s) todos os acidentes ocorridos na empresa
ou estabelecimento, com ou sem vítima, e todos os
casos de doença ocupacional, descrevendo a história
e as características do acidente e/ou da doença ocu-
pacional, os fatores ambientais, as características do
agente e as condições do (s) indivíduo (s) portador
(es) de doença ocupacional ou acidentado (s);
i) registrar, mensalmente, os dados atualizados
de acidentes do trabalho, doenças ocupacionais e
agentes de insalubridade. (disponível em www.cmt.
com.br/nr4.htm) As ações de segurança e saú-
de no trabalho no âmbito da empresa podem ser sis-
tematizadas em um tripé formado pela NR5, CIPA
– Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, pela
NR9, PPRA – Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais e pela NR7, PCMSO – Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional.

1.4.1. Riscos no Ambiente de Trabalho

Meio ambiente de trabalho é o local onde o ho-


mem realiza a prestação de serviço, desenvolvendo ativi-
dade profissional em favor de uma atividade econômica.
Consideram-se riscos ambientais, tudo que tem
potencial para gerar acidentes ou doenças no traba-
lho, em função de sua natureza, concentração, intensi-
dade e tempo de exposição. Os riscos dividem-se em:
• Riscos biológicos: são microrganismos pre-
sentes no ambiente de trabalho, tais como: as
bactérias, os fungos, os vírus, entre outros.
• Riscos ergonômicos: são conhecimentos
fundamentais ao planejamento de tarefas,
postos e ambiente de trabalho, ferramentas,
máquinas e sistema de produção, a fim de
que sejam utilizados com o máximo de con-
forto, segurança e eficiência.
• Riscos físicos: são representados pelas
condições físicas, tais como: vibrações, ra-
diações, ruído, calor e frio, que podem cau-
sar danos à saúde.
• Riscos mecânicos: relacionados a máqui-
nas inadequadas, máquinas e equipamentos
mal dispostos, móveis sem boa localização, a
ordem e a limpeza, entre outros.
• Riscos químicos: os agentes químicos são
produtos que podem penetrar no orga-
nismo. Quando absorvidos, produzem na
grande maioria dos casos, reações diversas,
dependendo da natureza, da quantidade e
da forma da exposição à substância. Apesar
dessas classificações, o risco mais danoso
atualmente é o comportamental, onde o in-
divíduo deixa de cumprir com as normas de
segurança impostas pela empresa, alterando
seu ambiente de trabalho de forma prejudi-
cial, ou deixa de usar os equipamentos e sis-
temas implantados para sua proteção.

1.4.1.1. Ergonomia

Ergonomia é a disciplina científica que diz res-


peito ao entendimento das interações entre os ho-
mens e os outros elementos de um sistema e a pro-
fissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos
para projetar de modo a otimizar o bem-estar dos
homens e a eficiência total do sistema.
A avaliação ergonômica dos postos e métodos de
trabalho é um dos documentos obrigatórios que po-
dem ser exigidos pelos Auditores Fiscais do Trabalho.
A análise ergonômica do trabalho, também co-
nhecida pela sigla AET, deve conter as seguintes etapas:

1.4.1.1. Ergonomia

Ergonomia é a disciplina científica que diz res-


peito ao entendimento das interações entre os ho-
mens e os outros elementos de um sistema e a pro-
fissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos
para projetar de modo a otimizar o bem-estar dos
homens e a eficiência total do sistema.
A avaliação ergonômica dos postos e métodos de
trabalho é um dos documentos obrigatórios que po-
dem ser exigidos pelos Auditores Fiscais do Trabalho.
A análise ergonômica do trabalho, também co-
nhecida pela sigla AET, deve conter as seguintes etapas:

• Análise da demanda e do contexto;


• Análise global da empresa no seu contexto
das condições técnicas, econômicas e sociais;
• Análise da população de trabalho;
• Definição das situações de trabalho a se-
rem estudadas;
• Descrição das tarefas prescritas, das tarefas
reais e das atividades;
• Análise das atividades - elemento central
do estudo;
• Diagnóstico e Validação do diagnóstico;
• Recomendações;
• Simulação do trabalho com as modifica-
ções propostas;
• Avaliação do trabalho na nova situação.

1.4.1.2. EPI’S X EPC’S

Os EPI’s são - Equipamentos de Proteção Indi-


vidual, que tem a finalidade de proteger a integridade
física do trabalhador durante a atividade de trabalho.
Sua função é neutralizar ou atenuar um possível agen-
te agressivo, contra o corpo do trabalhador que o usa.
A NR 6, com redação dada pela Portaria MTE/
SIT n.º 25 de 2001, estabelece as disposições rela-
tivas aos EPIs. Evitam lesões ou minimizam a sua
gravidade, nos casos de acidentes ou exposições à
riscos, podem também nos proteger contra efeitos
de substâncias tóxicas, alérgicas e/ou agressivas, que
podem causar as chamadas doenças ocupacionais.

“A empresa é obrigada a fornecer ao em-


pregado, gratuitamente, EPI adequado ao
risco, em perfeito estado de conservação e
funcionamento, nas seguintes circunstân-
cias: sempre que as medidas de ordem geral
não forneçam completa proteção contra os
riscos de acidentes de trabalho ou doenças
ocupacionais, enquanto as medidas de pro-
teção coletiva estiverem sendo implanta-
das para atender situações de emergência.”
(www.fundacentro.gov.br)

Os EPI's podem ser classificados em 4 grupos:


Proteção para a cabeça;
Proteção do tronco;
Proteção das vias respiratórias e cintos de segurança;
Proteção para os membros superiores e mem-
bros inferiores;
Proteção contra quedas com diferença de nível;
Proteção auditiva;
EPCs são – Equipamentos de uso Coletivo.
Todos dispositivos de uso coletivo, destinados a
proteger a integridade física dos trabalhadores.
O EPC serve para neutralizar a ação dos agen-
tes ambientais, evitando acidentes, protegendo contra
danos à saúde e a integridade física dos trabalhadores,
uma vez que o ambiente de trabalho não deve ofere-
cer riscos à saúde ou à segurança do trabalhador.
Deve-se usá-los apenas para a finalidade que se
destina; responsabiliza-se por sua guarda e conser-
vação; comunicar qualquer alteração que o torne im-
próprio para o uso. Adquirir o tipo adequado a ativi-
dade do empregado; treinar o trabalhador sobre seu
uso adequado e tornar obrigatório seu uso; substituí-
-lo quando danificado ou extraviado. São exemplos
de EPCs: extintores de incêndio, lava-olhos, capelas.

Obriga-se o empregador, quanto ao EPI:

Adquirir o tipo adequado à atividade do empregado;


Fornecer, gratuitamente, aos empregados, so-
mente os aprovados pelo MTb;
Treinar o trabalhador para seu uso adequado;
Tornar obrigatório o seu uso;
Substituí-lo, imediatamente, quando danificado;
Responsabilizar-se pela higienização e manu-
tenção periódica;
Comunicar ao MTb qualquer irregularidade ob-
servada no EPI adquirido.
Obriga-se o empregado, quanto ao EPI:
Utilizá-lo apenas para a finalidade a que se destina;
Responsabilizar-se por sua guarda e conservação;
Comunicar ao empregador qualquer alteração
que o torne impróprio para o uso.

1.4.1.3. Eficácia do SESMT

Em relação à eficiência da (NR-4), no seu


modelo atual, e sua contribuição de maneira signi-
ficativa, o principal ponto levado em consideração
é referente à vontade que as empresas devem ter
para que o SESMT realmente cumpra ao seu papel
dentro delas, uma vez observado que para um bom
funcionamento do mesmo devem partir ordens em
nível de diretoria. Não há muito interesse por parte
de algumas empresas para que se tenha uma atuação
eficaz nesta área.
Quando há vontade política e a empresa leva
a sério, o SESMT funciona de maneira correta, pois
profissionais qualificados serão contratados e farão
parte do quadro funcional, o que irá contribuir de
uma forma muito valiosa com aquilo que a norma
propõe.
Ocorre que em alguns casos não há eficiên-
cia nenhuma, pois a empresa constitui o SESMT so-
mente no papel, o que acaba fazendo com que este
serviço fique totalmente sem valor.
Com a Segurança no Trabalho, soma-se o co-
nhecimento necessário para fazer a empresa mais
eficiente, segura, organizada e produtiva.

1.4.1.4. OHSAS - (Occupational He-


alth and Safety Assessment Services)

As siglas em inglês OHSAS, traduzindo, temos o:


Serviços de Avaliação de Saúde e Segurança Ocupacional.
Entrou em vigor em 1999, após estudos de um
grupo de organismos certificadores e de entidades
de normalização da Irlanda, Austrália, África do Sul,
Espanha e Malásia.
Consiste num Sistema de Gestão, assim como a
ISO 9000 e ISO 14000, porém com o foco voltado
para a saúde e segurança ocupacional.
Em outras palavras, a OHSAS 18001 é uma fer-
ramenta que permite uma empresa atingir e sistema-
ticamente controlar e melhorar o nível do desempe-
nho da Saúde e Segurança do Trabalho por ela mesma
estabelecido. A norma é voltada à saúde e segurança
ocupacional. É passível de auditoria e certificação.
Assim, como os Sistemas de Gerenciamento
Ambiental e de Qualidade, o Sistema de Gestão de
Segurança e Saúde Ocupacional também possui ob-
jetivos, indicadores, metas e planos de ação. Visa au-
xiliar a empresa a controlar os riscos de acidentes no
local de trabalho.
É uma norma para sistemas de gestão da Segu-
rança e da Saúde no Trabalho (SST). A certificação
por essa norma garante o compromisso da empresa
com a redução dos riscos ambientais e com a melho-
ria contínua de seu desempenho em saúde ocupacio-
nal e segurança de seus colaboradores.
A norma baseia-se no conceito de que a com-
panhia deve periodicamente analisar e avaliar seu
sistema de gestão da SST, de maneira sempre a iden-
tificar melhoras e implementar as ações necessárias.
Por isso, ela não estabelece requisitos absolutos para
o desempenho da Segurança e Saúde no Trabalho
— mas exige que a empresa atenda integralmente à
legislação e regulamentos aplicáveis e se comprome-
ta com o aperfeiçoamento contínuo dos processos.
Por não estabelecer padrões rígidos, duas orga-
nizações que desenvolvam atividades similares, mas
que apresentem níveis diferentes de desempenho da
SST podem, simultaneamente, atender aos requisi-
tos da norma.
A norma OHSAS 18000 integra-se no mesmo
modelo das normas ISO 9000 e ISO 14000, apresen-
tando uma abordagem por processo. Estas normas
são baseadas na utilização do “ciclo de Deming”, que
permitem uma melhoria contínua dos desempenhos.
A OHSAS 18000 compõe-se de um sistema de
gestão que integra:
- O compromisso de seguir uma política de ges-
tão dos riscos;
- A identificação e a avaliação dos fatores e áreas
de riscos;
- A identificação de objetivos e programas;
- A formação do pessoal;
- A implantação de processos de controle;
- A preparação a situações de emergência;
- O estabelecimento de procedimentos de medi-
da de vigilância;
- A implantação de medidas de prevenção
dos acidentes;
- A instauração de um procedimento regular
de verificação.

O procedimento de certificação desenvolve-se


em três etapas:
- A pré-avaliação efetuada pelo organismo res-
ponsável pela auditoria de certificação;
- O estudo dos documentos fornecidos pela empresa;
- A auditoria de certificação a fim de examinar
e verificar a implantação efetiva dos procedimentos
por parte da empresa. (Fonte: OHSAS 2007 17)

1.4.1.5. ACGIH - (American Conferen-


ce of Governmental Industrial Hygienists)

A ACGIH é a Conferência Norte-Americana


de Higienistas Industriais Governamentais (Ameri-
can Conference of Governmental Industrial Hygie-
nists), uma organização de profissionais de higiene
ocupacional patrocinados por instituições governa-
mentais ou educacionais dos Estados Unidos.
A ACGIH desenvolve e publica, anualmente,
limites recomendados de exposição ocupacional de-
nominado de Threshold Limit Values (TLV) para
centenas de substâncias químicas, agentes físicos, e
inclui Índices de Exposição a Agentes Biológicos:
Biological Exposure Indices (BEI). O TLV é marca
registrada da ACGIH cujos valores são atualizados e
divulgados constantemente por meio de publicações.
Os TLV da ACGIH são referências a serem
utilizadas para fins de implementação de medidas
de controle no campo da higiene ocupacional. Os
TLV não devem ser usados para fins de caracteri-
zação de atividade ou operação insalubre, para isso
devem ser utilizados apenas os Limites de Tolerância
(LT) da NR 15 - Atividades e Operações Insalubres.
Uma sugestão, para a redução dos acidentes de tra-
balho, seria contar com a contribuição do governo,
para oferecer incentivos fiscais às empresas que atin-
gissem metas relacionada à prevenção dos mesmos.
Seria necessária fiscalização contínua para assegurar
um SESMT atuante. Assim, possivelmente, as em-
presas menos conscientes iriam, de alguma forma,
aderir ao SESMT.
A segurança dentro de uma organização não
é prioridade, mas é necessário cuidar do seu maior
bem, que é o recurso humano, que por sua vez, tem
o SESMT que regulamenta os procedimentos den-
tro da empresa, visando à segurança na mesma e atu-
alizando dados de acontecimentos para que novas
medidas de precaução sejam tomadas, ajudando que
todos os acontecimentos sejam respeitados, e apura-
dos de fato, para o bem-estar de todos.
QUESTÕES – UNIDADE 1

1. Qual a definição de empregado para fins de


aplicação das NRs?

2. Qual a definição de empresa para fins de apli-


cação das NRs?

3. Qual a definição de local de trabalho para


fins de aplicação das NRs?

4. São atribuições das Delegacias Regionais de


Trabalho (DRTs)?

5. O que é o Certificado de Aprovação de Ins-


talações (CAI)?
de, tem entendimento firmado na orientação Juris­
prudencial do TST n.º 267 SDI, integra a base de
cálculo das horas extras.
3.4.3. ELIMINAÇÃO OU NEUTRA­
LIZAÇÃO DA INSALUBRIDADE E/
OU PERICULOSIDADE

Conforme consta no artigo 191 da CLT, toda


eliminação ou neutralização ocorrerá:

Art. 191 - A eliminação ou a neutralização da insalu­


bridade ocorrerá: (Redação conforme a Lei n.º 6.514,
de 22.12.1977)

I - com a adoção de medidas que conservem o am­


biente de trabalho dentro dos limites de tolerância;
(Incluído conforme Lei n.º 6.514, de 22.12.1977)

II - com a utilização de equipamentos de proteção in­


dividual ao trabalhador, que diminuam a intensidade
do agente agressivo a limites de tolerância. (Incluído
conforme Lei n.º 6.514, de 22.12.1977)

Parágrafo único - Caberá às Delegacias Regionais do


Trabalho, comprovada a insalubridade, notificar as
empresas, estipulando prazos para sua eliminação ou
neutralização, na forma deste Artigo. (Incluído con-
quisição ao MTb para realização de perícia em estabe­
lecimentos ou setores deste, com objetivo de caracte­
rizar e classificar as atividades insalubres ou perigosas.
A Lei atribuiu ao Poder Executivo a competên­
cia para realização de perícia. Na prática, dificilmen­
te isso ocorre, pois o MTb teria prejudicada a sua
função de fiscalização e cumprimento das Normas
de Segurança e Medicina do Trabalho.
O correto seria o MTb credenciar entidades, em­
presas e profissionais da área para executar tal serviço.
Muitas vezes, sindicatos e empresas, através de
acordos, fazem perícia por intermédio de profissio­
nais e empresas terceirizadas. Essa prática, também,
é recomendada para substituir a atribuição conferida
ao MTb pelo artigo 195 da CLT.
Destacamos que também ocorre a perícia a pe­
dido do MTb, quando a empresa faz a perícia ou
contrata serviço de terceiro e, em seguida, submete
o laudo à aprovação do órgão competente do MTb.
Mesmo fora do âmbito judicial, a perícia é im­
prescindível para a determinação da insalubridade
e periculosidade, tanto no aspecto legal, quanto no
prejuízo que poderá trazer às partes, devido o en­
quadramento errôneo ou inadequado das funções/
atividades insalubres ou perigosas.
4.4 PERÍCIAS JUDICIAIS
dificuldade até mesmo de pagar os salários em dia,
atrasando suas contas. Simplesmente, impor mul­
tas pode ser danoso para a empresa e indiretamen­
te para o trabalhador. Neste momento, o melhor é
buscar uma solução e concluir a fiscalização com a
situação normalizada.
É interessante lembrar, que de cada duas em­
presas fiscalizadas uma é punida, e que também o
fenômeno da terceirização é crescente.
Hoje, a fiscalização trabalhista dentro de uma
empresa deve ser diversificada, porque ali existem
prestações de serviços interpostos e cabe ao auditor
verificar se esta terceirização é legal e se o trabalha­
dor não está sendo prejudicado ou exposto à agente
de riscos de saúde.
4.8.6.2. Identificação

Estabilidade e salário compensador são impor­


tantes, mas a identificação com a carreira também é
fundamental. Sabemos que apesar de ter uma ótima
remuneração e estabilidade pode se tornar frustrante a
atividade, porque não se identificaram com o trabalho.
É necessário identificar a sua vocação para essa
atividade e para ser servidor público tem que haver
compromisso de estar ao lado da população, saber
que problemas nesta área terão que ser solucionados.

Um chefe de inspeção do trabalho do DRT


exige muita dedicação. Haverá espaço para
todos, por­que a sociedade brasileira necessita
da atuação deste profissional para que não
ocorra maior perda dos direitos trabalhistas de
funcionários em todo o país.
As vagas oferecidas pelo Ministério do
Trabalho e Emprego - MTE em concurso suprem
apenas 10% das necessidades do MTE. A
defasagem nesta área chega a mais de 3.000
servidores em todo o Brasil.
O número de auditores fiscais do trabalho no
país ainda é metade da necessidade real de trabalha­
dores em todo o território nacional, sem contar que
com o passar de tempo, diversos servidores se apo­
sentam aumentando ainda mais a necessidade.

4.8.6.3. Escalão Máximo

Na estrutura do MTE só existe a carreira téc­


nica administrativa e de auditoria fiscal do trabalho,
sendo que existem algumas funções de profissionais
como administradores e economistas, mas em me­
nor escala.
Quem ingressar na carreira de auditor do tra­
balho dentro do MTE não terá cargo mais elevado a
não ser que venha a ocupar cargos de confiança po­
dendo chegar a responder por delegacias ou secreta­
rias a nível nacional, não existindo uma progressão
para outra carreira dentro do Ministério.

Você também pode gostar