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Realizamos o estudo sobre a Norma Regulamentadora 15 (NR 15), seus aspec-


tos e aplicações, com uma passagem pelas Normas de Higiene Ocupacional
(NHOs) da Fundacentro, observando suas aplicações e as características técni-
cas para a boa prática da higiene ocupacional, além de conhecer um pouco
mais sobre alguns pontos fundamentais relacionados às utilizações de padrões
e normas internacionais, sua sistemática, e a sua padronização via Organização
Internacional do Trabalho (OIT). Veremos, a partir deste momento, outras com-
parações normativas nacionais e que também servem para esclarecer dúvidas,
e até mesmo, auxiliar na implantação de um sistema de gestão e caz. Faremos
um pequeno estudo das Normas Brasileiras (NBR/ABNT) e suas aplicações, di-
retrizes e sistemática de consulta e aplicação, inclusive, que elas podem auxiliar
no dia dia da saúde e segurança do trabalho.
Você, acadêmico(a), perceberá que as normas da NBR/ABNT não devem ser
deixadas de lado, pois somam e agregam valores que são fundamentais para as
possíveis tomadas de decisão, e nos trazem algumas características mais volta-
das às situações administrativas e têm cunho de gestão nas operações técnicas.
Munido(a) com a base teórica, você será inserido(a) em um contexto mais
aprofundado sobre o bom uso das NHOs mais usuais e seus principais conceitos,
de nições e metodologia, proporcionando, assim, uma ideia mais consistente
de quando e como fazer o uso delas para a constatação de fatos e levantamen-
to de dados. O uso das Normas Regulamentadoras e a utilização da Normas
Brasileiras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), bem como das
NHOs e das normativas internacionais, lhe proporcionarão o conhecimento
necessário à prática da higiene ocupacional no seu dia dia, na prestação de ser-
viços ou na utilização em perícias técnicas especializadas.
Aproveite o que estudaremos agora, pois fortalecerá a sua base conceitual
facilitando as suas tomadas de decisão futuras. Bons estudos!
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Para os pro ssionais da área de saúde e segurança do trabalho, estarem atentos a
tudo que acontece ao seu redor é extremamente importante, sendo assim, estarem
atentos quanto a tudo que diz respeito às normas e procedimentos que envolvem
os mais diversos aspectos que, por sua vez, norteiam e balizam as avaliações ocupa-
cionais, é fundamental. Neste viés, passaremos a conhecer um pouco mais sobre as
Normas Brasileiras da ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR/ABNT ) e
as principais características que as diferenciam das Normas Reguladoras (NRs).

Dia do Engenheiro e do Técnico de Segurança do Trabalho, criado em 27


de novembro de 2016
Seguir as normas de segurança e aderir ao uso correto dos equipamentos de
proteção é a melhor forma de obter um ambiente seguro. Por este motivo,
essa data serve como alerta para que todos os pro ssionais se atentem e
evitem acidentes de trabalho.
As normas técnicas da ABNT auxiliam nesse processo, por meio do Comitê
Brasileiro de Equipamentos de Proteção Individual (ABNT/CB-032), são de-
senvolvidas normas que atuam no campo de equipamentos de proteção
individual, compreendendo vestimentas e equipamentos individuais desti-
nados à proteção de pessoas contra riscos, tais como: proteção respiratória,
proteção auditiva, capacete, luvas, óculos e cinturões de segurança, além
de tudo que concerne a respeito da terminologia, requisitos, métodos de
ensaio e generalidades. Para saber mais, acesse: <www.abnt.org.br>.
Fonte: ABNT (2017, on-line).

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é um órgão responsável pela


normalização por meio da resolução nº 07 do Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade (CONMETRO), de 24 de agosto de 1992. Ou seja, a ABNT é o
órgão responsável pela normalização técnica no país, é o foro nacional de normalização,
reconhecido desde a sua fundação, em 28 de setembro de 1940, e, posteriormen-
te, con rmado pelo governo federal por meio de diversos instrumentos legais. Haja
vista que a legislação brasileira garante que, na falta de normalização técnica sobre
determinado assunto, é possível a utilização de normas técnicas estabelecidas e emi-
tidas por organismos internacionais do tipo ISO, NFPA, IEC, ANSI, BSI, entre outros.
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As Normas Brasileiras (NBRs) são elaboradas por instituições públicas e priva-


das e posteriormente normalizadas pela ABNT, e, em seguida, comercializadas para
servir como parâmetros de gestão, também servindo com balizadoras no momento
de revisão das Normas Regulamentadoras no momento da reunião da Comissão
Tripartite Paritária Permanente (CTPP) do governo para elaboração e/ou atualização
das normas. Já as Normas Regulamentadoras (NRs) são elaboradas pelo Ministério
do Trabalho e Emprego, juntamente com uma comissão composta de membros
do governo, representantes dos empregados e representantes dos empregadores,
também chamados de Comissão Tripartite Paritária Permanente, e tem como objetivo
regulamentar e detalhar disposições presentes na Consolidação das Leis Trabalhistas
(CLT) e nas demais leis trabalhistas vigentes.
Apesar de muito semelhantes, e, muitas vezes, de uma sigla remeter a outra, tais
normas são diferentes, e possuem, cada uma, as suas características próprias e formas
de aplicação. Outra questão muito importante quanto a estas duas normativas é
que o não cumprimento do disposto nas NBRs irá, de certa forma, apenas prejudi-
car a empresa quanto ao seu desempenho, ou seja, quanto a sua gestão. Porém, o
não cumprimento do disposto na Portaria n° 3.214/78, as NRs, que têm força de lei,
poderá gerar sanções, tais como: multas, ou até mesmo, podendo o auditor scal do
Ministério do Trabalho e Emprego interditar o estabelecimento. De acordo com os
itens 1.7 e 1.9 da NR no 1, cabe ao empregador determinadas funções, como visto
a seguir.

1.7. Cabe ao empregador:

a) cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre se-


gurança e medicina do trabalho; (101.001-8 / I1)

b) elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, dando


ciência aos empregados por comunicados, cartazes ou meios eletrônicos.
(101.002-6 / I1) (Alterado pela Portaria SIT 84/2009).

c) informar aos trabalhadores: (101.003-4 / I1)

I - os riscos pro ssionais que possam originar-se nos locais de trabalho;

II - os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela


empresa;
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III - os resultados dos exames médicos e de exames complementares de diag-


nóstico aos quais os próprios trabalhadores forem submetidos;

IV - os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho.

d) permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem a scaliza-


ção dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do
trabalho. (101.004-2 / I1)

e) determinar os procedimentos que devem ser adotados em caso de aci-


dente ou doença relacionada ao trabalho. (Redação dada pela Portaria SIT
84/2009)

1.9. O não cumprimento das disposições legais e regulamentares sobre se-


gurança e medicina do trabalho acarretará ao empregador a aplicação das
penalidades previstas na legislação pertinente (GUIA TRABALHISTA, 2017,
on-line).

Sendo esta uma diferença importante entre as normas, temos a relevância de cada
uma delas. As NRs como força de lei e as NBRs/ABNT como procedimentos técnicos.
As normas propostas e aprovadas via ABNT são importantes por suas característi-
cas voltadas à indicação de parâmetros e padrões de qualidade a m de melhorar a
produtividade de um modo geral, mitigando falhas, evitando defeitos e acidentes,
além de proporcionar economia e redução de desperdícios. A partir do momento
em que adotamos padrões, reduzimos as nossas chances de falhas, aumentando a
con abilidade.
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Em relação à saúde e segurança do trabalho, a ABNT, hoje, possui excelentes normati-
vas que colaboram para a aplicação das questões relacionadas à higiene ocupacional
nos ambientes laborais. Essas normativas vêm de encontro aos anseios de muitos
pro ssionais para questões técnicas e esclarecimentos no dia dia. Como um dos seus
primeiros atos, o conselho deliberativo da ABNT aprovou, em sua reunião ordinária,
a criação, em 17 de dezembro de 1996, do Comitê Brasileiro de Equipamentos de
Proteção Individual (CB-32) para atender ao anseio e às proposições da Associação
Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção ao Trabalho (ANIMASEG),
fundada em 1978, e que abrigou, de forma estrutural, o funcionamento do Comitê
e da ABNT/CB-32, visando à agilização da elaboração e da revisão das normas de
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), iniciando uma série de normativas que
se voltaram às questões de segurança nos ambientes de trabalho.
De forma geral, temos várias NBRs que se aplicam à saúde e à segurança do tra-
balho, algumas mais usuais, outras com características apenas informativas, como
veremos a seguir em caráter ilustrativo.

ABNT NBR 14280: 2001

Cadastro de acidente do trabalho - Procedimento e classi cação.

ABNT NBR 13887: 1997

Ferrovia - Acidente do trabalho - Classi cação do local.

ABNT NBR 14725-1: 2009

Versão Corrigida: 2010 - Produtos químicos - Informações sobre segurança, saúde


e meio ambiente - Parte 1: Terminologia.

ABNT NBR 14725-2: 2009

Versão Corrigida:2010 - Produtos químicos - Informações sobre segurança, saúde


e meio ambiente - Parte 2: Sistema de classi cação de perigo.
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ABNT NBR 14725-3: 2012

Versão Corrigida 3:2015 - Produtos químicos - Informações sobre segurança,


saúde e meio ambiente - Parte 3: Rotulagem.

ABNT NBR 14725-4: 2014

Produtos químicos - Informações sobre segurança, saúde e meio ambiente -


Parte 4: cha de informações de segurança de produtos químicos (FISPQ).

ABNT NBR ISO 5131: 2017

Tratores agrícolas e orestais - Medição de ruído na posição do operador - Método


de avaliação.

ABNT NBR 10151: - 2000

Versão Corrigida: 2003 - Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando


ao conforto da comunidade - Procedimento.

ABNT NBR 10152: 1987

Errata 1: 1992- Níveis de ruído para conforto acústico - Procedimento.

ABNT NBR ISO 13753: 2015

Vibrações mecânicas e choque - Vibração no sistema mão-braço - Método para


medição da transmissibilidade da vibração em materiais resilientes sob preen-
são pelo sistema mão-braço.

ABNT ISO/TR 25398: 2008

Máquinas rodoviárias - Diretrizes para avaliação da exposição à vibração transmitida


ao corpo humano por máquinas que transportam o operador - Utilização de dados
harmonizados medidos por institutos internacionais, organizações e fabricantes.
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ABNT NBR ISO 6184-1: 2007

Sistemas de proteção contra explosão - Parte 1: Determinação dos índices de


explosão dos pós combustíveis no ar.

ABNT NBR 14606: 2013

Armazenamento de líquidos in amáveis e combustíveis - Entrada em espaço


con nado em tanques subterrâneos e em tanques de superfície.

ABNT NBR 16577: 2017

Versão Corrigida: 2017 - Espaço con nado - Prevenção de acidentes, procedi-


mentos e medidas de proteção.

Percebemos a existência de inúmeras NBRs que podem nos auxiliar, como as vistas
anteriormente, que, de certa forma, podem ajudar na avaliação ocupacional, pois
possuem padrões técnicos apurados e avaliados por vários pro ssionais das áreas de
saúde e segurança do trabalho. Compete a cada pro ssional buscar e fazer o bom uso
delas, porém, ainda não saiu do papel uma NBR exclusiva para a gestão de saúde e
segurança do trabalho, amplamente desejada e esperada pelos pro ssionais da área.
Hoje, como parâmetro, temos a Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional (OHSAS
18001), publicada pela British Standards Institution (BSI), publicada em 2007, e que
será substituída pela ISO 45001.
Hoje, temos apenas uma tradução da OHSAS 18001 para utilizarmos como pa-
râmetro de gestão. A sua aplicação está condizente com cada realidade de cada
ambiente de trabalho e de cada empresa, assim como as suas características e riscos
ocupacionais. As demais NBRs também estão prestes a aumentar a con abilidade
do sistema, e assim, podemos compreender melhor o trabalho a ser realizado e os
possíveis resultados que queremos alcançar.
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Diante da necessidade de procedimentos de avaliação que servissem de base aos


pro ssionais da saúde e segurança do trabalho, em complementação aos anexos
constantes da NR 15 e seus anexos, foram desenvolvidas um total de 10 NHOs, que
serviram como base para esclarecer muitas das dúvidas durante as diligências inves-
tigativas nos ambientes laborais, tornando os trabalhos técnicos mais con áveis e
com melhores resultados.
Sendo assim, passaremos a compreender melhor algumas destas NHOs quanto
às suas aplicações, referências normativas, de nições, abreviaturas e símbolos, na se-
guinte sequência: NHO 01, avaliação da exposição ocupacional ao ruído; NHO 03,
análise gravimétrica de aerodispersóides sólidos coletados sobre ltros de membra-
na; NHO 06, avaliação da exposição ocupacional ao calor; NHO 08, coleta de material
particulado sólido suspenso no ar de ambiente de trabalho.

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A norma aplica-se à exposição ocupacional a ruído contínuo ou intermitente, e a


ruído de impacto, em quaisquer situações de trabalho, contudo, não está voltada
para a caracterização das condições de conforto acústico.

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As edições das normas relacionadas a seguir, referidas ao longo do texto, se encon-
travam em vigor durante a elaboração da presente norma. Os usuários da versão
antiga devem estar atentos às edições mais recentes referendadas.

• ANSI S 1.25 (1991) - Speci cation for personal noise dosimeters.

• ANSI S 1.4 (1983) - Speci cation for sound level meters.

• ANSI S 1.40 (1984) - Speci cation for acoustical calibrators.

• IEC 804 (1985) - Integrating-averaging sound level meters.

• IEC 651 (1993) - Sound level meters.


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• Ciclo de Exposição: conjunto de situações acústicas aos quais é submetido
o trabalhador, em sequência de nida, e que se repete de forma contínua
no decorrer da jornada de trabalho.

• Critério de Referência (CR): nível médio para o qual a exposição, por um


período de oito horas, corresponderá a uma dose de 100%.

• Dose: parâmetro utilizado para a caracterização da exposição ocupacional


ao ruído, expresso em porcentagem de energia sonora, tendo por referên-
cia o valor máximo da energia sonora diária admitida, de nida com base
em parâmetros preestabelecidos (q, CR, NLI).

• Dose Diária: dose referente à jornada diária de trabalho.

• Dosímetro de Ruído: medidor integrador de uso pessoal que fornece a dose


da exposição ocupacional ao ruído.

• Grupo Homogêneo: corresponde a um grupo de trabalhadores que expe-


rimentam exposição semelhante, de forma que o resultado fornecido pela
avaliação da exposição de parte do grupo seja representativo da exposição
de todos os trabalhadores que compõem o mesmo grupo.

• Incremento de Duplicação de Dose (q): incremento em decibéis que, quando


adicionado a um determinado nível, implica a duplicação da dose de expo-
sição ou a redução para a metade do tempo máximo permitido.

• Limite de Exposição (LE): parâmetro de exposição ocupacional que repre-


senta condições sob as quais se acredita que a maioria dos trabalhadores
possa estar exposta, repetidamente, sem sofrer efeitos adversos a sua ca-
pacidade de ouvir e de entender uma conversação normal.

• Limite de Exposição Valor Teto (LE-VT): corresponde ao valor máximo, acima


do qual não é permitida a exposição em nenhum momento da jornada de
trabalho.

• Medidor Integrador de Uso Pessoal: medidor que pode ser xado no traba-
lhador durante o período de medição, fornecendo, por meio de integração,
a dose ou o nível médio.
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• Medidor Integrador Portado pelo Avaliador: medidor operado diretamen-


te pelo avaliador, que fornece, por meio de integração, a dose ou o nível
médio.

• Nível de Ação: valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas
de forma a minimizar a probabilidade de as exposições ao ruído causarem
prejuízos à audição do trabalhador e evitar que o limite de exposição seja
ultrapassado.

• Nível Equivalente (Neq): nível médio baseado na equivalência de energia.

• Nível de Exposição (NE): nível médio representativo da exposição ocupa-


cional diária.

• Nível de Exposição Normalizado (NEN): nível de exposição, convertido para


uma jornada padrão de oito horas diárias, para ns de comparação com o
limite de exposição.

• Nível Limiar de Integração (NLI): nível de ruído a partir do qual os valores


devem ser computados na integração para ns de determinação de nível
médio ou da dose de exposição.

• Nível Médio (NM): nível de ruído representativo da exposição ocupacio-


nal relativo ao período de medição, que considera os diversos valores de
níveis instantâneos ocorridos no período e os parâmetros de medição
prede nidos.

• Ruído Contínuo ou Intermitente: todo e qualquer ruído que não está clas-
si cado como ruído de impacto ou impulsivo.

• Ruído de Impacto ou Impulsivo: ruído que apresenta picos de energia acús-


tica de duração inferior a um segundo, com intervalos superiores a um
segundo.

• Situação Acústica: cada parte do ciclo de exposição na qual o trabalhador


está exposto a níveis de ruído considerados estáveis.

• Zona Auditiva: região do espaço delimitada por um raio de 150 mm ± 50


mm, medido a partir da entrada do canal auditivo.
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Um estudo realizado pelo Instituto Nacional para a Segurança e Saúde


Ocupacional (NIOSH), nos Estados Unidos, mostrou que 15% dos trabalha-
dores que foram expostos ao ruído ocupacional em algum momento de
suas carreiras têm zumbido.
O zumbido pode ser constante ou intermitente, e parecer com um assobio,
rangido ou um som pulsante. Pode ser muito leve em intensidade e só per-
ceptível em uma sala silenciosa, ou ser extremamente alto e irritante, de
modo que o paciente não ouve nada além dele. “O zumbido é muito comum
entre os trabalhadores expostos ao ruído, mas ainda são poucos os gestores
de saúde e segurança que estão cientes das consequências deste problema
para a empresa e para os funcionários”, diz Elizabeth Masterson, epidemio-
logista do NIOSH em Cincinnati. “O zumbido é um sintoma e pode causar
perda auditiva. E assim como qualquer outra forma de perda auditiva ocu-
pacional, é passível de indenização pela companhia.”
Fonte: Juliana Tavares.

As análises de ruído ocupacional, realizadas seguindo as metodologias demonstra-


das pela NHO 01, trazem resultados muito precisos do que realmente acontece nos
ambientes laborais, porém, quando bem empregadas, devemos nos ater às ques-
tões relativas do que está explícito na NR 15, anexos 1 e 2, e dos parâmetros adotados
pela NHO, que possuem algumas divergências, cabendo ao pro ssional a interpre-
tação e o uso consciente desses parâmetros.

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A análise gravimétrica de aerodispersóides presentes nos ambientes de trabalho


tem como campo de aplicação a prevenção de doenças ocupacionais originadas da
exposição dos trabalhadores a poeiras, fornecendo subsídios para a proposição de
medidas de controle ou para a veri cação de sua e ciência.
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As normas relacionadas a seguir estavam em vigor no momento desta publicação.
Se recomenda a utilização das edições mais recentes, tendo em vista o fato de toda
norma estar sujeita à revisão. Na aplicação deste método de ensaio, poderá ser ne-
cessário consultar as seguintes normativas.

• NHT-02 A/E/1985: norma para avaliação da exposição ocupacional a aero-


dispersóides (Fundacentro), em fase de revisão.

• NHT-03 A/E/1984: determinação de vazão de amostragem pelo método da


bolha de sabão (Fundacentro), em fase de revisão.

• NBR 10562/1988: calibração de vazão, pelo método da bolha de sabão, de


bombas de baixa vazão utilizadas na avaliação de agentes químicos no ar
(ABNT).

• MB-3422/1991: agentes químicos no ar - coleta de aerodispersóides por l-


tração (ABNT).

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São aplicadas as seguintes de nições, para efeito deste método de ensaio.

• Aerodispersóide: reunião de partículas sólidas e/ou líquidas suspensas em


um meio gasoso por tempo su ciente para permitir sua observação ou
medição. Estão incluídas nessa categoria as partículas menores que 100 mm.

• Poeira: toda partícula sólida, de qualquer tamanho, natureza ou origem,


formada por ruptura de um material original sólido, suspenso ou capaz de
se manter suspenso no ar. Essas partículas geralmente possuem formas ir-
regulares e são maiores que 0,5 mm.

• Filtro de membrana: ltro de malha rígida, uniforme e contínua, de mate-


rial polímero, com tamanhos de poros determinados precisamente durante
a fabricação.

• Suporte do ltro: disco de celulose usado para suportar o ltro de mem-


brana dentro do porta- ltro.
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• Porta- ltro (cassete): conjunto de duas ou três peças feito em plástico


transparente, com 37 mm de diâmetro, que abriga e sustenta o ltro de
membrana e o suporte utilizados para retenção da amostra.

• Filtro testemunho: ltro de membrana do mesmo tipo, porosidade e diâme-


tro do ltro a ser utilizado para a coleta. É um ltro usado exclusivamente
em laboratório, como branco analítico, e deve acompanhar todos os trata-
mentos dados aos ltros do mesmo lote destinados à coleta de amostras.

• Caixa de estabilização: caixa utilizada para proteção dos ltros de membra-


na durante o período de estabilização, construída em madeira ou alumínio
de forma a permitir que haja equilíbrio das condições de umidade e tem-
peratura entre o seu interior e o ambiente em que se encontra, sem que
haja depósito de poeira desse ambiente sobre as amostras. As dimensões
da caixa devem ser de nidas de acordo com o espaço disponível no local
de utilização.

• Suporte de pesagem: triângulo de vidro sobre o qual o ltro é depositado


para a pesagem em balança analítica. O vidro ajuda a eliminar parte da ele-
tricidade estática do ltro de membrana e facilita o seu manuseio durante
o processo de pesagem.

• ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

• MA: Método Analítico.

• MB: Método Brasileiro.

• mg: miligramas.

• mm: milímetros.

• mmCA: milímetros de coluna de água.

• NBR: Norma Brasileira.

• NHT: Norma de Higiene do Trabalho.

• PVC: cloreto de polivinila.

• µm: micrômetros.
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Outra fonte de informação extremamente importante e relevante para o estudo da


higiene ocupacional é a questão relacionada à avaliação de aerodispersóides, por-
tanto, o estudo da NHO 03 traz muitos e importantes parâmetros relevantes ao nosso
dia dia, para que possamos monitorar de forma adequada e adotar as medidas de
controle condizentes às realidades vividas pelos trabalhadores.

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Esta norma se aplica à exposição ocupacional ao calor em ambientes internos ou


externos, com ou sem carga solar direta, em quaisquer situações de trabalho, não
sendo, no entanto, voltada para a caracterização de conforto térmico.

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• Ciclo de Exposição: conjunto de situações térmicas ao qual o trabalhador é
submetido, conjugadas às diversas atividades físicas por ele desenvolvidas,
em uma sequência de nida, e que se repete de forma contínua no decor-
rer da jornada de trabalho.

• Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo Médio (IBUTG): média pon-


derada no tempo dos diversos valores de IBUTG obtidos em um intervalo
de 60 minutos corridos.

• Taxa Metabólica Média (M): média ponderada no tempo das taxas meta-
bólicas, obtidas em um intervalo de 60 minutos corridos.

• Ponto de Medição: ponto físico escolhido para o posicionamento do dispo-


sitivo de medição onde serão obtidas as leituras representativas da situação
térmica objeto de avaliação.

• Situação Térmica: cada parte do ciclo de exposição onde as condições do


ambiente que interferem na carga térmica a que o trabalhador está exposto
podem ser consideradas estáveis.
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• Grupo Homogêneo: corresponde a um grupo de trabalhadores que expe-


rimentam exposição semelhante, tanto do ponto de vista das condições
ambientais como das atividades físicas desenvolvidas, de modo que o resultado
fornecido pela avaliação da exposição de parte do grupo seja representati-
vo da exposição de todos os trabalhadores que compõem o mesmo grupo.

• Limite de Exposição: valor máximo de IBUTG. Médio, relacionado à M, Taxa


de Metabolismo Média que representa as condições sob as quais se acre-
dita que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta, repetidamente,
durante toda a sua vida de trabalho, sem sofrer efeitos adversos a sua saúde.

As análises de calor ocupacional devem ser realizadas seguindo as metodologias de-


monstradas pela NHO 06, que possui parâmetros mais dedicados a elucidar, da melhor
forma, as dúvidas oriundas do processo de avaliação do meio ambiente laboral. Se
corretamente seguida, a NHO 06 traz resultados mais e cientes sobre a exposição
real que de fato acontece nos ambientes laborais. Apenas devemos nos atentar ao
seguinte: as questões relativas ao que está explícito na NR 15, anexo 3, e os parâme-
tros adotados pela NHO, possuem algumas divergências, cabendo ao pro ssional a
interpretação e o uso consciente da Norma de Higiene Ocupacional.

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Este procedimento se aplica à coleta de partículas de origem mineral, metálica,


vegetal e animal, de negro de fumo e de partículas insolúveis não especi cadas de
outra maneira. Não se aplica para as partículas na forma de bras.

Como as poeiras são classi cadas? De maneira resumida, como podemos classi -
car as poeiras quanto ao seu tamanho e aos efeitos sobre o sistema respiratório?
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Na aplicação deste procedimento, poderá ser necessário consultar (BRASIL, 2009, p.
12-13) as seguintes normativas.

• MB 3422: Agentes químicos no ar: coleta de aerodispersóides por ltração.

• NHO 03/2000: Análise gravimétrica de aerodispersóides sólidos coletados


sobre ltros de membrana.

• NHO 07/2002: Calibração de bombas de amostragem individual pelo método


da bolha de sabão.

• NR 15/1978: Atividades e operações insalubres.

• NR 9/1994: Programa de prevenção de riscos ambientais.

• ISO 7708. Air Quality: particle size fraction de nitions for health-related
sampling.

• CEN EN-481. Workplace Atmospheres: size fraction de nitions for measu-


rements of airborne particles in the workplace.

Nota: havendo edições mais recentes, se recomenda a sua utilização.

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Para efeito deste procedimento técnico, se aplicam as seguintes de nições e con-
ceitos (BRASIL, 2009, p. 13-16).

• Bomba de amostragem; instrumento portátil e leve, que forneça uma vazão


de até 6,0 L/min, com bateria recarregável e blindada contra explosão. A
bomba deve possuir um sistema automático de controle de vazão com ca-
pacidade para mantê-la constante, dentro de um intervalo de ± 5%, durante
o tempo de coleta.

• Dispositivo de coleta: conjunto composto por porta- ltro, suporte do ltro,


ltro de membrana, e, quando necessário, um separador de partículas.

• Exposição ocupacional: situação em que um ou mais trabalhadores podem


interagir com agentes ou fatores de risco no ambiente de trabalho.
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• Filtro de membrana: ltro de malha rígida, uniforme e contínua, de mate-


rial polímero, com tamanhos de poros determinados precisamente durante
a fabricação.

• Grupo de exposição similar (GES): grupo de trabalhadores que experimentam


situações de exposição semelhantes de forma que o resultado fornecido
pela avaliação da exposição de qualquer trabalhador desse grupo seja re-
presentativo da exposição dos demais trabalhadores.

• Jornada de trabalho: se refere ao período durante o qual o trabalhador


exerce, efetivamente, a sua atividade. Exemplos: jornada diária de oito horas;
turno noturno de seis horas; jornada semanal de 48 horas.

• Local de trabalho: corresponde à área onde o trabalhador desenvolve suas


atividades.

• Material particulado: partículas sólidas, produzidas por ruptura de um mate-


rial originalmente sólido, suspensas ou capazes de se manterem suspensas
no ar.

• Particulado inalável: é a fração de material particulado suspenso no ar


constituído por partículas de diâmetro aerodinâmico menor que 100μm,
capaz de entrar pelas narinas e pela boca, penetrando no trato respirató-
rio durante a inalação. É apropriada para a avaliação do risco ocupacional
associado com as partículas que exercem efeito adverso quando deposi-
tadas no trato respiratório como um todo.

• Particulado torácico: é a fração de material particulado suspenso no ar, cons-


tituída por partículas de diâmetro aerodinâmico menor que 25μm, capaz
de passar pela laringe, entrar pelas vias aéreas superiores e penetrar nas vias
aéreas dos pulmões. É apropriada para a avaliação do risco ocupacional as-
sociado com as partículas que exercem efeito adverso quando depositadas
nas regiões traqueobronquial e de troca de gases.

• Particulado respirável: é a fração de material particulado suspenso no ar,


constituída por partículas de diâmetro aerodinâmico menor que 10μm,
capaz de penetrar além dos bronquíolos terminais e se depositar na região
de troca de gases dos pulmões, causando efeito adverso nesse local.
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• Particulado total: é o material particulado suspenso no ar coletado em por-


ta- ltro de poliestireno de 37 mm de diâmetro, de três peças, com face
fechada e orifício para a entrada do ar de 4 mm de diâmetro, conhecido
como cassete. A coleta de particulado total deve ser utilizada somente
quando não houver indicação especí ca para coleta de particulado inalá-
vel, torácico ou respirável.

• Partículas não especi cadas de outra maneira (PNOS): partículas para as quais
ainda não há dados su cientes para demonstrar efeitos à saúde em concen-
trações geralmente encontradas no ar dos locais de trabalho. Esta de nição se
refere às partículas que não tenham um limite de exposição estabelecido; que
sejam insolúveis ou fracamente solúveis em água ou nos uidos aquosos dos
pulmões; não sejam citotóxicas, genotóxicas ou quimicamente reativas com o
tecido pulmonar; não emitam radiação ionizante; causem imunossensibiliza-
ção ou outros efeitos tóxicos que não a in amação ou a deposição excessiva.

• Porta- ltro: componente do dispositivo de coleta que abriga e sustenta o


suporte do ltro e o ltro de membrana.

• Registro de campo: é o registro de todos os dados ou ocorrências observa-


dos durante a avaliação do ambiente de trabalho. As informações devem
ser tomadas de maneira organizada e anotadas em formulários apropria-
dos de modo que possam contribuir para as conclusões da avaliação.

• Risco ocupacional: é a possibilidade de um trabalhador sofrer um determi-


nado dano à saúde em virtude das condições de trabalho. Para quali car
um risco de acordo com a sua gravidade, se avaliam conjuntamente a pro-
babilidade de ocorrência e a severidade do dano.

• Separador de partículas: componente do dispositivo de coleta utilizado


para separar partículas dentro de uma faixa de tamanhos predeterminada.

• Sistema de coleta: sistema composto por bomba de amostragem, disposi-


tivo de coleta e mangueira.

• Suporte do ltro: disco de celulose, metal ou outro material adequado ao


tipo de porta- ltro em uso. Sua função é facilitar a distribuição do uxo de
ar e sustentar o ltro de membrana impedindo que o mesmo se rompa.
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• Vazão de ar: volume de ar, em litros, que passa através do dispositivo de


coleta, por unidade de tempo, em minutos.

• Zona respiratória: região hemisférica com um raio de 150 ± 50 mm, medido


a partir das narinas do trabalhador.

• ACGIH : American Conference of Governmental Industrial Hygienists.

• CEN: Comité Européen de Normalisation.

• CMPT: Concentração Média Ponderada pelo Tempo

• GES: Grupo de Exposição Similar.

• ISO: International Organization for Standardization

• L/min: litros por minuto.

• m3: metro cúbico.

• μm: micrômetro.

• mm: milímetro.

• NHO: Norma de Higiene Ocupacional.

• NHT: Norma de Higiene do Trabalho.

• NIOSH: National Institute for Occupational Safety and Health.

• NR: Norma Regulamentadora.

• OSHA: Occupational Safety & Health Administration.

• PNOS: particles (insoluble or poorly soluble) Not Otherwise Speci ed.

O estudo da NHO 08 complementa a NHO 03, esclarecendo as demais dúvidas quanto


à coleta de aerodispersóides, suas formas e maneiras adequadas de uso de equipa-
mentos e acessórios, referências normativas, entre outros esclarecimentos necessários
à boa prática da higiene ocupacional, haja vista que a higiene ocupacional tem a -
nalidade de reconhecer, avaliar e controlar os fatores de riscos ambientais presentes
no ambiente de trabalho, e, também, levando em conta o próprio meio ambiente e
os seus recursos naturais.

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