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Fiscalizações de saúde e segurança do

trabalho e penalidades
Para iniciarmos o assunto de fiscalização e penalidades,
vamos recorrer à nossa Constituição da República Federativa do
Brasil, de 1988, em seu artigo 7º, inciso XII, que diz:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,


além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho,


por meio de normas de saúde, higiene e
segurança

Com base neste artigo, pautamos e aperfeiçoamos as


atividades do profissional técnico em segurança do trabalho (TST).
Práticas profissionais que estão focadas na preservação da vida,
por meio da promoção da segurança e da saúde dos trabalhadores.

O TST é parte integrante das empresas. Portanto, estas


devem seguir as normas que estão ligadas à saúde e à segurança
do trabalho. Por este motivo, refletimos, ao longo curso, sobre as
diferentes legislações e normatizações, com o propósito de manter
os ambientes de trabalho dentro dos padrões estabelecidos pelas
normas regulamentadoras (NRs).

Quando falamos de normas, estamos nos referindo à


obrigatoriedade de todos em desenvolver ações de promoção da
saúde e da segurança dos trabalhadores. Isso é aplicável em
empresas privadas e públicas; em órgãos públicos da
administração direta e indireta e em órgãos dos poderes legislativo
e judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT).

São inúmeros os itens que devem ser observados com


atenção nos ambientes de trabalho. Entre eles, destacamos:

A organização e segurança do ambiente de trabalho

As condições de higiene do local

A documentação de segurança

A proteção coletiva e individual dos trabalhadores

Mas, para que tudo isso seja atendido, contamos com o auxílio
da fiscalização. Agentes de inspeção que, fundamentados e
amparados nos critérios técnicos, têm condições de notificar os
empregadores, de maneira que esses cumpram com os prazos e
corrijam as irregularidades encontradas nos ambientes de trabalho.

Essa inspeção técnica pode ocorrer a partir de uma denúncia


dos colaboradores – ou de entidades sindicais - ou após a
ocorrência de acidentes graves ou fatais. Nesses casos, a visita
nas instalações e ou canteiros de obra da empresa ocorre com o
intuito de fiscalizar o cumprimento das normas regulamentadoras.

Logo, ao constatar uma situação grave e iminente de risco à


saúde e à integridade física do trabalhador, de imediato, haverá a
interdição do estabelecimento, setor de serviço ou máquina. Pode
ser definido também o embargo parcial ou total da obra,
determinando as adequações necessárias para a correção das
situações de risco.

Quando o auditor fiscal do trabalho encontra irregularidades na


empresa, ele poderá elaborar o auto de infração. Tal documento
(cópia) deve ser entregue ao autuado e conter algumas
informações obrigatórias, quais sejam: número do auto de infração;
dados do autuado; ementa; histórico da infração; capitulação (que
aborda os regramentos que foram infringidos); elementos de
convicção; data de lavratura; e assinatura da autoridade que
realizou a autuação.

Depois de emitido o auto de infração, ocorre um processo


administrativo, no qual a empresa autuada tem direito à ampla
defesa e ao contraditório. Ao fim do processo, se a procedência do
auto é confirmada, é aplicada a multa trabalhista.
O objetivo da fiscalização não é aplicar multas, mas, sim,
verificar irregularidades que podem causar acidentes e trazer
prejuízo à saúde dos colaboradores da empresa e à busca de
regularização. Cabe ao auditor fiscal não só advertir a empresa
e/ou o empregador, mas também orientá-los quanto ao
cumprimento da legislação.

A Norma Regulamentadora 28 (NR-28) trata das fiscalizações


e das penalidades. Ela regulamenta quais são as medidas que
podem ser adotadas pelos órgãos fiscalizadores quando são
encontradas irregularidades nas empresas.

Para melhor conceituar essas


informações vamos explorar a NR-28.

Fiscalização
Esta norma regulamentadora tem como propósito a fiscalização e
o cumprimento das leis, normas e/ou regulamentações que tratam dos
aspectos de segurança e saúde do trabalhador.

O agente da inspeção do trabalho deverá autuar o empregador,


devido a uma infração de descumprimento das cláusulas legais e/ou
regulamentares contidas nas normas regulamentadoras urbanas e
rurais.

O agente da inspeção do trabalho, com base em critérios técnicos,


pode notificar os empregadores e conceder prazos para a correção das
irregularidades encontradas.

O prazo para cumprimento dos itens notificados deverá ser


limitado a, no máximo, 60 (sessenta) dias.

Embargo ou interdição

Quando o agente da inspeção do trabalho constatar situação de


grave e iminente risco à saúde e ou integridade física do trabalhador,
com base em critérios técnicos, deverá propor, de imediato, à
autoridade regional competente, a interdição do estabelecimento, setor
de serviço, máquina ou equipamento, ou o embargo parcial ou total da
obra, determinando as medidas que deverão ser adotadas para a
correção das situações de risco (BRASIL, 2017).

Penalidades
As infrações aos preceitos legais e ou regulamentadores,
referentes à segurança e saúde do trabalhador, terão as penalidades
aplicadas conforme o disposto no quadro de gradação de multas
(anexo I da referida norma), obedecendo às infrações previstas no
quadro de classificação das infrações (anexo II da referida norma).
Novamente, ressaltamos a importância da compreensão de
suas responsabilidades, como profissional técnico em segurança do
trabalho, perante as fiscalizações e as penalidades, já que as
multas administrativas previstas na CLT, em alguns casos, são
insignificantes se comparadas aos valores que o empregador deve
investir para providenciar as medidas de proteção.

Mas, embora estejamos falando de penalidades, não podemos


esquecer que o TST estará direcionado a propor medidas de
melhorias para preservar a vida e a saúde dos trabalhadores. Em
algumas situações, poucos recursos financeiros são necessários
para implementar ações que orientem os empregadores e
empregados.

Um importante instrumento para a gestão da segurança e da


saúde do trabalho na empresa, é a ordem de serviço. Esse
documento é citado pela CLT:
Art. 157. Cabe às empresas:
(Redação dada pela Lei nº 6.514,
de 22.12.1977)

I  – cumprir e fazer cumprir as


normas de segurança e medicina
do trabalho;

II – instruir os empregados, através


de ordens de serviço, quanto às
precauções a tomar no sentido de
evitar acidentes do trabalho ou
doenças ocupacionais; [...]

A NR-1 também apresenta como dever do empregador a


elaboração da ordem de serviço sobre segurança e saúde do
trabalho, para dar ciência aos colaboradores. A ordem de serviço
informa e conscientiza os funcionários sobre os agentes de risco
presentes no ambiente de trabalho e as medidas de controle. Por
meio dela, o colaborador se compromete a trabalhar de forma
segura.
Além disso, não existe um formato padrão para elaborá-la.
Porém, ela precisa abordar alguns pontos. São eles:
Descrição das atividades do colaborador

Conscientização sobre os agentes de risco na atividade

Indicação dos riscos gerais na empresa

Procedimentos de segurança que devem ser adotados

Indicação das medidas preventivas existentes

Treinamentos obrigatórios

Penalidades pela não adoção dos procedimentos da empresa

Sempre fique atento à


gestão da saúde e da segurança
e ao registro das ações
realizadas. Caso as ações
(como entrega de equipamentos
de proteção individual – EPIs,
realizações de treinamento etc.)
sejam realizadas, mas não
existam formas de comprová-las
ou os documentos não estejam
disponíveis durante a
fiscalização, uma não
conformidade pode ser
caracterizada, passível das
penalidades previstas na NR-28,
como visto anteriormente.
Nesse item, apresentamos a importância de uma adequada
fiscalização e do cumprimento das legislações para área de saúde
e segurança do trabalho.

Você, enquanto técnico em segurança do trabalho, já deve ter


visto inúmeras legislações e normatizações até esse momento.
Logo, o conhecimento e o entendimento delas são imprescindíveis
para a sua atuação enquanto profissional prevencionista.

Lembre-se de que no site da Escola Nacional de Inspeção do


Trabalho temos acesso aos textos completos da leis. É importante
conhecê-las, na íntegra, pois são elas que fundamentam a atuação
do trabalhador e do empregador e fornecem embasamento para a
tomada de decisões importantes.

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