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SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

Segurança e Saúde No Trabalho: Entenda A Relação Entre Elas

A segurança e a saúde, quando consideradas no ambiente de trabalho, estão muito próximas se


referentes ao colaborador e às condições em que ele labora. Sobretudo porque ambas apresentam
um objetivo maior comum: a proteção e a promoção do bem-estar do trabalhador como
características de sua qualidade de vida laboral.

No entanto, são ciências diferentes — cada uma com os seus instrumentos de intervenção. Apesar
disso, também são igualmente reguladas pelas Normas Regulamentadoras do Ministério do
Trabalho.

Acompanhe este post e saiba mais sobre a relação entre segurança e saúde no trabalho.

A Segurança No Trabalho

Quando se fala em segurança no trabalho refere-se às medidas que devem ser adotadas para se
preservar o bem-estar do trabalhador e proteger a sua vida de possíveis acidentes no ambiente
laboral. A segurança, portanto, tem natureza preventiva. Esse aspecto de prevenção da segurança
no trabalho é sua característica mais marcante.

Desse modo, a segurança preocupa-se com as instalações para que não apresentem riscos
de acidentes. Da mesma forma, procura orientar os procedimentos adotados no trabalho para que
não permitam situações de risco. Para esse fim, indica o modo mais seguro de se proceder, a
ferramenta mais adequada, o equipamento de proteção necessário para aquela atividade.

Essas atribuições de analisar, orientar e decidir sobre segurança no trabalho são restritas ao
Engenheiro de Segurança do Trabalho e ao Técnico em Segurança do Trabalho.

A Saúde No Trabalho

Por sua vez, a saúde no trabalho está diretamente relacionada às possíveis doenças ocupacionais e
profissionais. No entanto, vai muito além das doenças, e visa a preservação da qualidade de vida do
trabalhador, considerando sua saúde física, mental e social.

Por outro lado, deve avaliar a capacidade laborativa do funcionário e as condições de saúde com
que iniciou suas atividades na empresa, assim como quando sair. Esse objetivo é alcançado através
da realização dos exames ocupacionais que ocorrem, principalmente, na sua admissão, na
demissão e na mudança ou retorno de função. Além disso, também conduz exames periódicos de
acompanhamento de determinados aspectos de saúde.

Essas atribuições são restritas ao Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho.

Saúde E Segurança No Trabalho

Saúde e segurança no trabalho atuando juntas se complementam e respondem por garantir um


ambiente de trabalho melhor, mais seguro e mais saudável. O resultado é mais qualidade de vida
para o trabalhador e melhor desempenho de suas atribuições. Também resultam menor
absenteísmo e, consequentemente, maior produção.

De modo geral, esses dois segmentos estão reunidos no Serviço Especializado em Engenharia de
Segurança e Medicina do Trabalho, dentro da empresa, e genericamente conhecido por sua sigla
SESMT. São os profissionais do SESMT que avaliam, por exemplo, se determinada atividade de um
trabalhador da empresa se enquadra nas previsões normativas para a percepção do adicional de
insalubridade ou de periculosidade.

Por sua vez, profissionais de segurança e saúde no trabalho se congregam com os trabalhadores,
juntamente com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (a famosa CIPA), quando da
realização da Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho, todos os anos.

Normas Regulamentadoras - Segurança E Saúde Do Trabalho

As Normas Regulamentadoras - NR, relativas à segurança e medicina do trabalho, são de


observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da

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administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que
possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.

O não-cumprimento das disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do


trabalho acarretará ao empregador a aplicação das penalidades previstas na legislação pertinente.

Constitui ato faltoso a recusa injustificada do empregado ao cumprimento de suas obrigações com
a segurança do trabalho.

As Normas Regulamentadoras vigentes estão listadas adiante (clique no link para acessar a
respectiva norma):

 NR 01 - Disposições Gerais

 NR 02 - Inspeção Prévia

 NR 03 - Embargo ou Interdição

 NR 04 - Serviços Especializados em Eng. de Segurança e em Medicina do Trabalho

 NR 05 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

 NR 06 - Equipamentos de Proteção Individual - EPI

 NR 07 - Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional

 NR 08 - Edificações

 NR 09 - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais

 NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade

 NR 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais

 NR 12 - Máquinas e Equipamentos

 NR 13 - Caldeiras e Vasos de Pressão

 NR 14 - Fornos

 NR 15 - Atividades e Operações Insalubres

 NR 16 - Atividades e Operações Perigosas

 NR 17 - Ergonomia

 NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção

 NR 19 - Explosivos

 NR 20 - Líquidos Combustíveis e Inflamáveis

 NR 21 - Trabalho a Céu Aberto

 NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração

 NR 23 - Proteção Contra Incêndios

 NR 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho

 NR 25 - Resíduos Industriais

 NR 26 - Sinalização de Segurança

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 NR 27 - Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no MTB (Revogada


pela Portaria GM n.º 262/2008)

 NR 28 - Fiscalização e Penalidades

 NR 29 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário

 NR 30 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário

 NR 31 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária


Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura

 NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde

 NR 33 - Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados

 NR 34 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval

 NRR 1 - Disposições Gerais (Revogada pela Portaria MTE 191/2008)

 NRR 2 - Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural (Revogada


pela Portaria MTE 191/2008)

 NRR 3 - Comissão Interna De Prevenção De Acidentes Do Trabalho Rural (Revogada


pela Portaria MTE 191/2008)

 NRR 4 - Equipamento De Proteção Individual - EPI(Revogada pela Portaria MTE 191/2008)

 NRR 5 - Produtos Químicos (Revogada pela Portaria MTE 191/2008)

Segurança E Saúde No Trabalho: Uma Questão Mal Compreendida

Acompanhando, há quase 30 anos, a trajetória dos programas de Segurança do Trabalho


concebidos e implementados no Brasil, observou-se a falta de consistência e desenvoltura
encontradas nos demais segmentos das gestões empresariais, sobretudo, no que se refere à
organização da produção.

Essa impressão é fruto de vivências técnico-pedagógicas estabelecidas não só com operários em


quase todos os ramos de atividades econômicas, mas também com profissionais dos serviços
Especializados de Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT, e que passam pelas médias
gerências até os mais elevados escalões de empresas, em diversas regiões do País.

Na Fundacentro, teve-se a oportunidade de acompanhar e, na maioria das vezes, de participar,


direta ou indiretamente, de grande parte das tentativas de concepção e desenvolvimento de um
sistema de gestão de segurança que garantisse o trato da questão da saúde/segurança do
trabalhador nas empresas, com a importância que o tema merece.

Desde a experiência frustrante com o Mapa de Riscos – que não produziu os resultados esperados
–, resolveu-se reunir informações, entrevistar pessoas, estudar programas de segurança e saúde do
trabalhador de empresas, realizando coleta sistemática de informações que se levasse a entender
melhor as razões do insucesso das diversas iniciativas de criação de um sistema eficaz de gestão
de segurança do trabalho, já que as existentes nunca se apresentaram como ideais. A consistência
desses dados permitiu aventar algumas idéias, opiniões e conclusões, exportar a seguir.

Tentar-se-á elucidar que dificuldades interferem no sucesso dessas iniciativas, impedindo-as de


romper as barreiras que as situam em segundo plano nas organizações.

O ponto de partida para essa empreitada é a definição de alguns elementos que compõem os
programas de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho – SST, nas empresas brasileiras, que
constituirão o objeto dessa observação. Em função da importância, em especial para a
implementação dos referidos programas, irá se tratar de três elementos que, no entender, são
decisivos para o sucesso ou insucesso desses programas. Daí a necessidade de compreendê-los
melhor. Trata-se, entre outros, dos três elementos básicos de qualquer programa de gestão – no

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caso específico, da segurança e saúde no trabalho –, que formam os pilares nos quais se
sustentam as ações dos programas, quais sejam:

- aspectos culturais ou a forma como as partes interessadas – trabalhadores, empregadores,


profissionais do ramo e governo – vislumbram e abordam a questão;

- conteúdos técnicos ou ferramentas utilizadas na identificação e controle dos riscos do trabalho;

- aspectos ligados aos resultados.

Em função do que se pretende debater no presente artigo, abordar-se-á os aspectos culturais.

Aspectos Culturais : Vieses E Acertos

O que se segue objetiva levantar e analisar algumas questões, consideradas críticas, sobre o jeito
de SER e de AGIR da maioria das empresas brasileiras quando o assunto é segurança e saúde no
trabalho. O texto procura ainda indagar: onde se está e para aonde provavelmente se irá?

Dos diversos elementos que compõem um programa de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho
– SST, os três aqui apontados – cultura, ferramentas e objetivos –, se avaliados conforme a
importância, sem dúvida, os aspectos culturais representam, de longe, o que há de mais
significativo, facilitando, inibindo ou inviabilizando seu sucesso. Por mais elaborado que seja um
programa de SST e por melhores que sejam as ferramentas por ele disponibilizadas para o
diagnóstico e a solução dos riscos do trabalho, se não houver disposição e participação
compromissada de todos os envolvidos em suas ações, especialmente do corpo gerencial da
empresa, os resultados por ele produzidos serão limitados, tanto do ponto de vista quantitativo,
quanto qualitativo. Pior do que os parcos resultados na correção dos riscos do trabalho é o baixo
desempenho na manutenção das medidas corretivas porventura implementadas.

No entanto, em função dos traços da cultura de SST ainda predominante na maioria das empresas
brasileiras, mesmo nas de grande porte, a questão da segurança e saúde no trabalho não é tratada
como deveria ser, tanto por parte da empresa – na pessoa de seus prepostos – , como por parte
dos trabalhadores. Esse mesmo ponto de vista pode ser observado pelas falas de trabalhadores e
de prepostos dos empregadores, colhidas nas empresas por meio de questionários aplicados com
essa finalidade. Os principais problemas ainda existentes na maioria das empresas, que dificultam
e, em certas circunstâncias, até mesmo inviabilizam a implementação dos programas de SST,
segundo o que se pode levantar, são:

Envolvimento Da Alta Direção Da Empresa

Não é praxe, no Brasil, o envolvimento direto da alta direção das empresas com as questões da
segurança e saúde no trabalho, salvo quando da ocorrência de acidentes graves, que, além de
danos materiais, provocam ranhuras na imagem de suas empresas, atingindo-os de forma direta.

De maneira não muito diferente, seus prepostos, gerentes de todos os escalões, por não se
considerarem ou não terem sido considerados pelo empregador como responsáveis diretos pela
promoção da segurança e saúde no trabalho, esquivam-se, de todas as formas possíveis, de
assumir o papel de gestores e responsáveis pelos programas de SST – diga-se de passagem, caros
– propostos, às vezes, pelo próprio empregador.

É certo que essa postura vem declinando, sobretudo nas grandes empresas, nos últimos anos, mas
não a ponto de já ter amadurecido uma nova experiência em que as questões da segurança e
saúde no trabalho sejam consideradas como parte integrante do sistema produtivo, recebendo dos
dirigentes das empresas o mesmo valor conferido aos itens de produção, por exemplo, e
administradas por quem dispõe de poderes para intervir nos processos produtivos – o corpo
gerencial da empresa.

Programas De SST Orientados Para O Atendimento À Legislação

Os programas de segurança e saúde no trabalho, em função da cultura dominante na maioria das


empresas, são concebidos e orientados normalmente para o atendimento à legislação que dispõe
sobre a matéria.

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Programas fundamentados nesse princípio são, em geral, pobres e de baixo desempenho, por
várias razões, mas, principalmente, porque privilegiam as situações de risco que se apresentam em
franco desacordo com a Lei e que podem transformar-se em objeto de fiscalização pelo Ministério
do Trabalho e Emprego ou gerar algum tipo de passivo, de natureza trabalhista ou reparatória, em
detrimento de outras que podem ser muito mais nocivas à saúde do trabalhador, mas não
facilmente perceptíveis.

Outro aspecto negativo dos denominados programas "legalistas",1 que combinados com a
abordagem reducionista ou "minimizadora" dos riscos do trabalho reforçam seu lado negativo, é o
fato de que não há cobertura total de fiscalização pelo Ministério do Trabalho e Emprego em razão
do reduzido número de auditores fiscais para cobrir o universo de empresas onde existem
trabalhadores expostos, cotidianamente, aos riscos de acidentes e/ou de doenças do trabalho.

Sem contar, o que é pior, a postura assumida por muitos gerentes de empresas, que acreditam ser
o cumprimento das notificações do Ministério do Trabalho e Emprego a forma de restabelecer a
conformidade legal da empresa em relação aos instrumentos legais regulamentadores da
segurança e saúde do trabalhador, postura que restringe ainda mais as ações de segurança do
trabalho na empresa. Essa estreiteza de visão, além de comprometer a segurança dos
trabalhadores, é extremamente nociva a todos os envolvidos com os processos de trabalho na
empresa por ser absolutamente equivocada.

Para ser isso verdade, seria necessário ao auditor fiscal avaliar, na empresa fiscalizada, todos os
itens de SST em desacordo com as normas legais vigentes e transfomá-los em notificações. A
inviabilidade desse princípio não esbarra apenas em questões de natureza técnica, mas,
principalmente, na missão da fiscalização.

O "Ato Inseguro" Como Causa Preponderante Dos Acidentes Do Trabalho

Ainda em relação aos traços da cultura de SST predominante na maioria das empresas brasileiras,
outro aspecto relevante que contribui negativamente para o baixo desempenho da maioria dos
atuais programas de SST é o estabelecimento do nexo causal dos acidentes, tomando-se como
base o comportamento dos trabalhadores. Relacionar o comportamento do trabalhador com a
prevenção ou a ocorrência de acidentes no trabalho – não importando se o impacto for uma
intoxicação aguda ou uma fratura óssea ou coisa do mesmo gênero – não é tarefa difícil nem
mesmo para os leigos no assunto, quanto mais para quem milita no ramo da promoção da
segurança e saúde do trabalhador. Tal fato, todavia, não ocorre quando se pretende elucidar os
determinantes do comportamento dos indivíduos, o que, em última instância, é o que interessa a
quem lida com a gestão da segurança no trabalho.

É sabido que quantidade apreciável dos acidentes do trabalho ocorridos, no Brasil ou em qualquer
parte do mundo, origina-se no comportamento das vítimas. Quanto a isso, não há nenhuma dúvida;
o que é mal interpretado ou às vezes compreendido erroneamente, de propósito, é por que as
pessoas se expõem, de maneira passiva, sem os devidos cuidados, a uma condição de risco que
possa lesá-las ou matá-las. Afora os equívocos ou as intenções que os orientam, a alteração do
comportamento do trabalhador em relação ao que se qualifica como o corretamente esperado não
deixa de ser um sério agravante na exposição aos riscos ocupacionais, sobretudo, quando eles não
são tão conhecidos, qualificados e avaliados corretamente. E, pior, controlados de modo
inadequado ou nem mesmo controlados.

A incidência de acidentes relacionados ao cometimento de erros no trabalho não é pequena no


universo dos acidentes registrados e estudados. Milhares de trabalhadores morrem ou mutilam-se
todos os anos no Brasil e em outras partes do mundo, em decorrência de acidentes do trabalho
cujas causas vão desde a precariedade das condições físicas do ambiente onde o trabalho se
realiza, às diversas formas de distorções em sua forma de organização até os comportamentos
inadequados dos trabalhadores, traduzidos em erros comprometedores na execução de suas
tarefas. A inclusão do comportamento dos trabalhadores no conjunto dos fatores causais de
acidentes do trabalho, quando cabível, de forma alguma significa debitar aos trabalhadores
acidentados a culpa pelos acidentes e, conseqüentemente, pelos danos deles decorrentes,
incluindo invalidez e morte.

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Na arte de prevenir acidentes, o comportamento do trabalhador, como foi expresso na ação do


acidente, ainda que tenha sido a causa preponderante, é de importância secundária, às vezes até
irrelevante. O que deve ser levado em conta – e, por todos os meios possíveis, valorizados e
cuidadosamente estudados – são os determinantes do comportamento, ou seja, o que o motivou: o
que havia de errado no ambiente, nas relações de trabalho e ainda na vida do trabalhador que
interferiam, direta ou indiretamente, no relacionamento dele com o todo de seu trabalho, definindo
posturas traduzidas em atitudes corretas ou equivocadas.

A figura do "Ato Inseguro" – que tanto serviu e continua, em alguns ambientes, servindo para
responsabilizar e até mesmo para culpar trabalhadores pelos acidentes sofridos – não serviu para
outra coisa senão para ocultar e/ou mascarar, em algumas empresas, sinais de agravos à saúde do
trabalhador e, da mesma forma, distorções na organização do trabalho do que propriamente às
finalidades para as quais se propunha, que era estabelecer nexo entre os acidentes ocorridos e
suas reais causas. O questionamento em relação à figura do "Ato Inseguro" não se refere ao
comportamento do trabalhador, expresso no cometimento de erros no trabalho, mas à parcialidade
com que foi utilizado na definição causal dos acidentes.

O erro na execução do trabalho, embora indesejável, é passível de ocorrer, e todos, indistintamente,


nele podem incorrer. Não é, por conseguinte, o erro, como erro, que interessa a quem lida, com
espírito construtivo, com a prevenção de acidentes, mas as causas do erro, não importando sua
clarividência – se visíveis ou ocultas, se imediatas ou remotas.

A abordagem da segurança do trabalho valendo-se do raciocínio de que o trabalhador erra ao


executar suas tarefas porque é displicente, indisciplinado, negligente, imperito ou simplesmente
imprudente – princípios nos quais se fundamentam as teses do "Ato Inseguro" – é tão nociva à
gestão da segurança no trabalho quanto o é a crença de que o trabalhador, por sua conta e risco,
nunca erra. E, quando erra, é porque foi induzido ao erro por motivos totalmente alheios não apenas
a sua condição de trabalhador, mas também de humano.

Ambas as linhas de raciocínio falham e em nada contribuem para a segurança no trabalho porque,
de um lado, constrói-se a idéia de um trabalhador anárquico, irresponsável e indisciplinado em
relação ao cumprimento de normas de trabalho – normas, na maioria das vezes, elaboradas por
quem não está diretamente envolvido com os processos de trabalho e, por desconhecimento, não
define o que deve ser rígido ou flexibilizado nas normas. Daí a explicação da "desobediência",
parcial ou total, do trabalhador a seu cumprimento.

De outro lado, retrata-se um trabalhador, em todos os sentidos, duplamente vitimado. Vitimado em


relação aos impactos do acidente ou da doença, o que é absolutamente verdadeiro, e vitimado em
relação a suas causas, nas quais, ele, na condição de cidadão e de sujeito, com sua cultura e seu
jeito de ser em todas as relações de trabalho, parece não existir. E, se existe, é desprovido de
autodeterminação quanto a seus atos, ainda que na defesa da saúde e da vida. Não há dúvida que
qualquer julgamento, premeditado ou não, acerca da causalidade acidentária, que tome como base
os extremos dos dois pontos de vista aqui mencionados, é suscetível de falhas, uma vez que desvia
o ponto de atenção e de análise das condições ambientais nas quais o trabalho realiza-se e dos
elementos fundamentais de sua organização.

Comportamento Do Trabalhador E Sua Relação Com A Organização Do Trabalho

É certo que o trabalhador age, de um lado, orientado pelos ditames da empresa; de outro, em
função das condições de trabalho, mas também, e principalmente, pela consciência da realidade na
qual ele está inserido. Daí não ser correto supor que o comportamento do trabalhador, decorrente
ou não das circunstâncias já mencionadas, não contribui para a ocorrência dos acidentes no
trabalho – isso entendendo que o que se pretende com a investigação não é culpar o trabalhador
pelo acidente, mas, pura e simplesmente, estabelecer nexo entre o acidente e seus determinantes
causais.

Um modelo de gestão de segurança do trabalho que permite relacionar a ocorrência de acidentes


do trabalho ao comportamento do trabalhador, definindo-o como displicente, imperito, negligente
e/ou imprudente, na definição causal dos acidentes, sem considerar as condições físicas do
ambiente laboral e, principalmente, seus elementos determinantes na organização formal ou

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informal, certamente, estará tratando a questão da SST de forma superficial, parcial e, o que é pior,
às vezes, inconseqüente.

Embora, por essa via, a análise pode privilegiar o comportamento da vítima, desvinculado dos
fatores que o tenham determinado, em detrimento da investigação científica que procura, isenta de
parcialidade, desvendar e correlacionar os determinantes causais dos acidentes.

A definição da causa dos acidentes do trabalho pela via do "Ato Inseguro" não peca apenas por
privilegiar o comportamento do trabalhador como causa preponderante dos acidentes do trabalho,
em detrimento da qualidade dos ambientes e de sua organização, mas, sobretudo, por supor que os
erros cometidos pelo trabalhador na execução de suas tarefas derivam-se, pura e simplesmente, de
suas próprias limitações, não guardando, por isso, qualquer relação com a forma de ser e de agir da
empresa. Essa estreiteza de imaginação ou imaginação intencional, combinada com o extremo de
supor que o comportamento do trabalhador, não importando as razões que o determinem, não deve
ser abordado como causa de acidente – porque ele, em todos os sentidos, deve ser visto e tratado
como vítima – não apenas empobrece qualquer iniciativa na área de gestão de SST, mas concorre
para reforçar as teses que sustentam não ser a segurança do trabalho problema de gestão da
produção, mas problema relacionado à qualidade da mão-de-obra da empresa. Daí a preocupação
em se reforçarem as práticas de treinamento em prevenção de acidentes, desvinculadas dos
processos produtivos, acreditando que a capacitação do trabalhador para fazer segurança seja a
solução mais produtiva na prevenção de acidentes, o que nem sempre ocorre. O treinamento em
prevenção de acidentes produz excelentes resultados, não há dúvidas, quando associado à
melhoria contínua dos ambientes e da organização do trabalho.

Outro aspecto negativo na abordagem do acidente do trabalho com base no comportamento do


trabalhador, na visão do "Ato Inseguro", reside no equívoco de se supor que o trabalhador comete
erros no trabalho simplesmente porque, em determinado momento, decide, por conta própria, como
se comportar no trabalho, improvisando condições alternativas para a realização das tarefas,
ignorando procedimentos normativos previamente definidos para o mesmo – procedimento ou
prática padrão. Afirmar que o trabalhador decide por conta própria como se comportar em relação
às normas que orientam o trabalho, sem considerar as variáveis que o envolve, revela não apenas
uma inversão de papéis, mas, sobretudo, uma demonstração clara da forma como o trabalho é
organizado naquele ambiente, bem como as incongruências de seus sistemas de controle. A
organização da produção e o que dela decorre: fazer o quê, por quê, como, onde e especialmente
por quem, sempre foi tarefa indelegável da empresa e não dos trabalhadores. Não se concebe que
o trabalhador, em nenhuma empresa brasileira, em face da cultura do trabalho ainda predominante
no Brasil, disponha de poderes para decidir, individualmente, como deve comportar-se no trabalho,
independentemente das determinações normativas impostas pela empresa. O que se afigura como
mais provável, nesse particular, são as falhas de controle que a empresa exerce sobre o trabalho
em decorrência de deficiências em seu sistema de organização, em especial em relação à
organização formal do trabalho.

Inserção Dos Trabalhadores Nos Programas: Treinamento

Ainda em relação aos aspectos culturais vinculados à segurança e saúde do trabalhador, ao longo
dos anos em que se lidou com essa questão, constatou-se algo, de certa forma, paradoxal, porém
verdadeiro e importante: tão nefastas quanto as doenças e os acidentes do trabalho são as formas
escolhidas por algumas empresas para com eles lidar. O enfrentamento dessa questão, por sua
complexidade e multicausalidade, não passa apenas pelo treinamento específico de trabalhadores
para fazer segurança, independentemente das condições físicas onde o trabalho se realiza.
Acredita-se até que treinar trabalhadores para o estrito cumprimento de normas – em ambientes
agressivos, desfavoráveis à vida, onde a organização do trabalho em nada favorece o seu exercício
correto – sem lhes oferecer as condições necessárias e abertura para discutir, ponderar e propor
medidas de melhorias, tanto no ambiente quanto na organização do trabalho, é exacerbar o estado
de angústia que caracteriza a exposição, consciente, a riscos potencialmente capazes de gerar
danos à saúde. Isso porque, uma coisa é expor-se a uma situação de risco à saúde e/ou à
integridade física, sem saber o que isso significa; outra, bem diferente, é ter consciência do
problema e ter que a ele expor-se sem condições para agir. Nesse caso, o dano não se restringe
apenas àquele provocado pelo risco em questão, mas, também, pelo sofrimento de natureza mental
de não poder proteger-se. Oferecer essa condição ao trabalhador, na expectativa de que ela seja
um caminho alternativo para a solução do problema acidentário, além de não representar solução

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alguma, aprofunda ainda mais o fosso que separa os propósitos da empresa em relação ao tema do
engajamento voluntarioso e compromissado dos trabalhadores.

Nada mais danoso a qualquer programa de gestão de SST do que o constrangimento sofrido por
trabalhador submetido a treinamento específico de segurança promovido pela própria empresa, mas
que, ao tentar praticar as lições aprendidas, é impedido de fazê-lo, ora por decisão de suas chefias
imediatas, sem justificativas convincentes para tal, ora por impedimento das próprias condições de
trabalho. No caso da segunda hipótese, o conflito está intimamente relacionado ao fato de o
conteúdo do treinamento não ter considerado as peculiaridades do ambiente e do trabalho. Em
todos os sentidos, a ocorrência desse fato pode ser debitada à desvinculação da SST dos
processos produtivos e da própria organização do trabalho. Iguais a isso, ou pior, são determinadas
posturas assumidas, de forma contundente, por alguns gerentes ao reivindicarem direitos
legalmente instituídos para proteger trabalhadores, habitual e permanentemente, expostos a
agentes nocivos à saúde, como os adicionais de insalubridade e periculosidade. E, da mesma
forma, a aposentadoria especial.

Paradoxos da SST: Adicionais de Insalubridade e Aposentadoria Especial

Quanto à última afirmativa, não nos parece que o gerente não deva reivindicar, por razões éticas,
direitos decorrentes da exposição a riscos do trabalho ou a redução do tempo para aposentadoria,
quando cabíveis, mesmo porque a concessão desses "benefícios" depende da aplicação da
legislação pertinente. A questão é que essa postura, principalmente advinda dos gerentes, reforça,
ainda mais, as teses que vinculam a segurança do trabalho à monetarização da saúde dos
trabalhadores por meio de pagamento de adicionais de insalubridade, em detrimento da melhoria
das condições de trabalho.

Quanto a essa afirmação, testemunhou-se diversas iniciativas, por parte de algumas empresas, cujo
propósito era a eliminação de determinadas condições insalubres passíveis disso, seguidas da
supressão do adicional de insalubridade constante da folha de pagamento dos trabalhadores e por
eles terminantemente rejeitadas. É imprescindível para quem deseja, de modo imparcial, aprofundar
no assunto, questionar os motivos que ainda direcionam uma parcela considerável de trabalhadores
a tal posicionamento. O que foi possível observar, por meio de pesquisas realizadas em diversas
empresas de ramos de atividades diferentes, é que, nas categorias de trabalhadores em que o
salário é por demais reduzido, os trabalhadores não abrem mão do referido adicional, por ser ele
parte considerável de seus ganhos – como o são, da mesma forma, as horas extras. Já nas
categorias em que os salários são mais elevados, o pleito pelo adicional de insalubridade associa-
se à idéia de que por meio dele se assegura, na Previdência Social, a obtenção da aposentadoria
especial.

Quanto ao primeiro posicionamento, a despeito da desumanidade que o caracteriza, embora


inaceitável, é perfeitamente compreensível; já o segundo trata-se de desinformação, uma vez que a
aposentadoria especial, hoje, depende da efetiva comprovação técnica de que a condição de
trabalho é prejudicial à saúde do trabalhador, seguida do pagamento de seu respectivo custeio. De
qualquer forma, independentemente das razões alegadas, a monetarização da saúde não deveria,
em hipótese alguma, por razões humanas e morais, ser objeto de negociações que não
objetivassem sua supressão. Evidentemente, essa supressão não se restringe à figura jurídica da
insalubridade, mas, sobretudo, às condições de trabalho que a ensejam.

Todavia, a opinião é que, entre se expor a uma condição agressiva à saúde sem nada receber e
tendo como única alternativa a ela se expor, o melhor será fazê-lo; no entanto, por isso recebendo.

Entre os diversos aspectos negativos da cultura brasileira relacionada à segurança do trabalho, a


monetarização da saúde – pelo nefasto adicional de insalubridade – e a redução do tempo de
serviço para a aposentadoria, sem o devido custeio feito pelas empresas,2 representam o que há de
pior. Convencer os trabalhadores de que melhor do que quaisquer ganhos monetários decorrentes
da exposição aos riscos no trabalho são as medidas saneadoras desses riscos é tarefa difícil, por
vários motivos, mas, principalmente pelo fato de os trabalhadores, ao longo do tempo, terem
associado, de forma errônea, a concessão da aposentadoria especial à percepção do adicional de
insalubridade.

Ordenamento Formal Do Trabalho E Os Conflitos De Poder

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Outro aspecto importante, fruto dos traços da cultura ainda predominante nas empresas, que
interfere, de maneira negativa, no desempenho da gestão da segurança e saúde do trabalhador, é o
dualismo vivenciado cotidianamente pelos trabalhadores no cumprimento do ordenamento formal do
trabalho. O fosso que ainda separa o discurso formal do trabalho (normas escritas) da diversidade
de formas práticas – nem sempre conforme o que está escrito – de realização das tarefas, por parte
dos trabalhadores, relaciona-se, possivelmente, a três fatores distintos:

- condições de trabalho nem sempre compatíveis com as exigências contidas nos procedimentos
escritos;

- deficiência na capacitação técnica dos trabalhadores para a correta execução das tarefas
conforme prescrições normativas;

- duplicidade de orientação sobre como realizar as tarefas.

Dos três fatores enumerados, sem nenhuma dúvida, a duplicidade de orientação é a que mais
confunde os trabalhadores no exercício de seu trabalho. A maioria dos trabalhadores brasileiros
aprendeu a trabalhar seguindo orientações orais – ordens – de suas chefias imediatas. Poucas
eram as ordens escritas passadas aos trabalhadores, o que difere da atualidade, em que
praticamente todas as atividades são normalizadas, seguem prescrições sobretudo contidas nos
programas de qualidade. No dia-a-dia das empresas, o que se verifica, na prática, porém, é uma
espécie de rito de passagem das formas antigas de comando, orientadas por meio da fala
imperativa, dos encarregados para uma comunicação formal, conformada por normas de
procedimentos escritos. Com isso, o gerente que exercia um papel caracteristicamente de mando
transforma-se, aos poucos, numa espécie de facilitador.

O problema é que essa experiência é recente demais e tanto os gerentes quanto os trabalhadores
ainda não se adaptaram suficientemente a ela a ponto de fazê-la funcionar sem conflitos, em
especial, nas relações de comando.

Outro fator relevante que não pode ser desprezado na compreensão do fenômeno (teoria e prática),
em razão de sua importância, é a dificuldade de estabelecerem parâmetros entre a realização de
uma atividade prática, por um ou mais trabalhadores, reproduzindo experiências acumuladas ao
longo do tempo, sem orientação formal, e a realização da mesma atividade conforme prescrições
formalizadas. Isso porque, uma coisa é a realização de uma atividade de maneira informal, em que
a aprendizagem dá-se por experimentações, ou seja, por tentativas que envolvem erros e acertos;
outra coisa, muito diferente, é a realização da mesma atividade segundo prescrições formais. Em
decorrência disso, verificam-se ainda, e com razoável freqüência, conflitos entre trabalhadores e
supervisores no ordenamento dos trabalhos. Há momentos em que trabalhadores defrontam-se,
sem saber como agir, com conflitos surgidos entre eles e suas chefias imediatas em relação
a que ou a quem obedecer, seguir os procedimentos escritos determinados pela própria empresa,
ou acatar as ordens de suas respectivas chefias – ordens que, muitas vezes, passam ao largo das
determinações formais.

As origens desses conflitos estão nas dificuldades de transformarem, em curto prazo, as


experiências construídas e vivenciadas ao longo de gerações em relações formalizadas, em que
prevalece não o que se verbaliza oralmente, mas o que está escrito.

Postura Das Chefias Em Relação À SST

Como ilustração das dificuldades de lidar com questões de segurança e saúde dos trabalhadores
nas empresas, com base na visão de seus gestores, aqui são retratadas algumas falas recolhidas
por intermédio de pesquisas em seis grandes empresas mineiras, dos ramos de metalurgia,
siderurgia, mineração e serviços, realizadas nos anos de 1995 e 1996. Ressalte-se que os mesmos
itens abordados na época foram objeto de estudos no ano de 2001 e os resultados obtidos,
comparados à primeira pesquisa, não sofreram alterações substanciais, como se imaginava que
acontecesse em face da movimentação, ocorrida no mesmo período, em decorrência da
implantação dos programas de qualidade e meio ambiente apoiados nas séries ISO 9000 e 14000.

Tanto a primeira quanto a segunda pesquisa foram elaboradas com 30 perguntas, seguidas de seis
alternativas de respostas que afirmaram ou negavam o que estava sendo perguntado, e o

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SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

entrevistado pôde escolher até três alternativas de respostas, com ordem crescente de afirmação ou
de negação.

Resumo Da Fala Dos Gerentes: O Que Pensam E O Que Fazem

Entre os trinta itens abordados nas duas pesquisas, elegeu-se dez para apoiar os comentários que
serão feitos a seguir.

Foi tomado como referência apenas os itens que obtiveram mais de 60% de respostas afirmativas
entre os 312 gerentes entrevistados. Denominou-se gerentes todos os ocupantes de cargo que
tivessem, direta ou indiretamente, a função de mando e/ou de facilitador do trabalho de outrem,
como: gerente técnico, supervisor, encarregado e líder de equipes.

Os itens são os seguintes:

- Os gerentes que trabalham de forma direta com riscos potencialmente capazes de gerar danos à
saúde dos trabalhadores não dispõem do conhecimento necessário para com eles lidar de modo
adequado.

- Os gerentes que convivem com riscos, mesmo sabendo de sua existência, não assumem o
compromisso de corrigi-los pelo simples fato de ser essa uma tarefa de competência do SESMT.

- Os gerentes que lidam com os riscos podem saber de sua existência, mas não se esforçam para
corrigi-los porque suas chefias superiores não lhes dão apoio para as ações necessárias.

- A situação de risco é mantida porque sua existência não atrapalha; se atrapalha, não impede a
realização do trabalho.

- A exposição, por longo tempo, a determinada condição de risco, sem o controle devido, termina
induzindo as pessoas a enxergá-la como normal e aceitável.

- A situação de risco é mantida porque ninguém toma qualquer providência para corrigi-la.

- A situação de risco é mantida porque todas as preocupações e recursos são voltados


prioritariamente para o atendimento às finalidades do negócio.

- A situação de risco é mantida porque as gerências das áreas alegam não dispor de recursos
(orçamentários e de mão-de-obra) para sua solução.

- A situação de risco é mantida em razão da descrença das pessoas com ela envolvidas, por falta
de respostas às inúmeras solicitações de correção.

- A situação de risco é mantida e, às vezes, agrava-se em função da indefinição do trabalhador em


relação a quê ou a quem obedecer – se aos procedimentos escritos ou às ordens dos supervisores.

Como contribuição ao tema e em contrapartida às impressões colhidas dos gerentes, foram


enumeradas – conforme a seguir – 20 considerações extraídas da fala de 1.372 trabalhadores, de
cinco ramos de atividades econômicas diferentes, por ocasião da última pesquisa. Ressalte-se que
todas as afirmações aqui resumidas foram recolhidas do conjunto de respostas que obtiveram mais
de 50% de afirmação. As constatações são as que se seguem:

- A segurança no trabalho é mais importante no discurso da direção da empresa do que


propriamente nas áreas onde ela deveria, de fato, ser realizada.

- A Segurança do Trabalho, na prática, só adquire importância nos momentos de crise (quando


ocorre acidente grave que pode comprometer principalmente a imagem da empresa).

- O fosso que separa o discurso (SST como valor) da prática (o que efetivamente é feito) constitui o
mais importante obstáculo no desenvolvimento das ações de SST na empresa.

- A forma errada como sempre se trabalhou, acreditando que se trabalhava correto, dificulta e/ou
inviabiliza, a curto prazo, a prática de procedimentos corretos.

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SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

- As tarefas são descritas (Tarefa Padrão – TP ou Procedimento Operacional Padrão – POP) com
base no que é desejável, no que às vezes é necessário. Não são consideradas, porém, pelo menos
como deveria, as dificuldades que os trabalhadores encontram na execução das tarefas conforme
prescritas.

- O treinamento para o cumprimento das TPs é, em geral, inadequado, porque não leva – ou pouco
leva – em conta a realidade do ambiente de trabalho e as dificuldades vivenciadas pelos
trabalhadores para o pronto atendimento aos padrões estabelecidos.

- A empresa expressa por meio das TPs o que ela deseja. Na prática, as condições de trabalho
oferecidas ao trabalhador dificultam ou não lhe permitem o cumprimento do que está prescrito na
tarefa.

- O trabalhador sabe que o que é mais importante para a empresa não é como o trabalho está
sendo executado – embora o correto fosse o desejável, ou seja, o que está escrito nos
procedimentos – mas o resultado dele advindo (a produção).

- O trabalhador não é cobrado pela forma como desenvolve seu trabalho, mas pelos resultados.
Disso resulta o fato de os supervisores não verem ou fingirem que não vêem o cometimento de
"erros" na execução da tarefa.

- Supervisão ambígua. O supervisor é cônscio do trabalho a ser desenvolvido (consta nos


procedimentos). Sabe operacionalizar conforme prescrito; no entanto, faculta-lhe fazer com base
nas experiências consolidadas ao longo do tempo, porque compreende que o mais importante para
a empresa não é como fazer, mas fazer (a produção é prioridade).

- Ambigüidade entre o que se determina e o que é executável. O trabalhador encontra dificuldade


enorme em definir ao que ou a quem obedecer – se a prescrição das tarefas ou a fala do supervisor.

- O trabalhador, às vezes, prefere, de forma silenciosa, correr o risco oferecido pela atividade a
correr o risco de ser mal-entendido, taxado de medroso e frouxo pelos colegas ou mesmo pela
chefia em caso de reclamação ou de recusa ao trabalho.

- É consenso entre trabalhadores e supervisores que, se o risco de determinada tarefa é


considerado leve ou moderado, é preferível a ele expor-se para agilizar a execução da tarefa do que
executar conforme o prescrito, gastando-se mais tempo em sua execução.

- O trabalhador, embora sabendo (consta nos procedimentos) que pode recusar-se a executar tarefa
perigosa sem a prevenção devida, prefere executá-la em desobediência à norma pelo fato de
desconhecer qual seria a reação da empresa (sua chefia) em face de sua recusa.

- A avaliação inadequada do risco (minimizar ou exagerar) dificulta a tomada de decisões corretas


em relação a seu controle, especialmente por parte das chefias.

- Por não ser a segurança parte integrante das atividades produtivas, quem cria ou mantém a
situação de risco (chefias das áreas operacionais) não se sente responsável por sua correção.

- Por ser a produção prioritária, seus responsáveis sempre alegam não dispor de recursos para a
correção de situações de risco, ainda que o recurso seja apenas o comprometimento.

- A segurança do trabalho é exigida pelas chefias, desde que não interfira nos cronogramas de
produção.

- Grande parte das situações de riscos poderia ser resolvida se houvesse interesse e
comprometimento da chefias em resolvê-las.

- Uma dificuldade importante do trabalhador no enfrentamento dos riscos do trabalho reside nas
freqüentes alterações de funções para atendimento às demandas de trabalho, por causa do
reduzido número de trabalhadores.

A definição de fatores culturais como obstáculos ao avanço das questões da saúde e segurança no
trabalho nas empresas constitui problema não apenas nos países onde as relações entre capital e

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SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

trabalho ainda se encontram em estágios atrasados. Mesmo nas economias altamente


desenvolvidas, o problema existe e manifesta-se, em alguns pontos, tal como ocorre no Brasil e em
outros países em vias de desenvolvimento.

Como exemplo, vale apresentar uma relação de 15 itens, elaborada por Hale e Glendon (1997),
com a qual o leitor poderá fazer uma comparação e elaborar suas conclusões:

- limitação de recursos para remoção do perigo;

- ultrapassagem dos limites das tarefas ou atribuições dos profissionais;

- aceitação dos perigos como inevitáveis;

- influência do clima social;

- tradição na indústria;

- falta de competência técnica para remoção do perigo;

- incompatibilidade de demandas (produção, custos, qualidade versus segurança);

- dependência do trabalhador;

- falta de autoridade para fazer alguma coisa;

- situações contingentes;

- gestão ou gerenciamento de fatores do sistema de segurança;

- sobrecarga de tarefa;

- práticas, políticas e regras das empresas;

- falta de informação (quebra de comunicação);

- inexistência de obrigação legal.

Comparando os itens aqui apresentados e os dos pesquisadores holandeses, Hale e Glendon,


verificou-se que há enorme semelhança entre eles. A justificativa da escassez de recursos para
solucionar problemas pertinentes à segurança do trabalho não relaciona-se propriamente à sua
falta, mas à importância que se dá ao emprego. Hale e Glendon (1997) verificaram que tal alegação
para corrigir situações de risco no trabalho não procedia apenas das médias e pequenas empresas
holandesas, mas também das grandes, com inclusão das estatais. E mais, que o fenômeno não se
verificava apenas na Holanda, mas em todos os países da União Européia por eles visitados. Outro
item da listagem holandesa que despertou atenção foi o que se refere à falta de autoridade para
decidir sobre a intervenção no ambiente de trabalho, isto é, na correção dos riscos. Contudo, a
pesquisa de Hale e Glendon (1997) não define de quem é a falta de poder para intervir nas
condições de trabalho, se dos trabalhadores ou dos gerentes das áreas de riscos. Outro fator
importante não elucidado pelos autores é o que se refere aos aspectos de gerenciamento da
segurança do trabalho. Como esse gerenciamento é conduzido, se separado dos processos
produtivos, como é o caso brasileiro, ou se integrado a todo o complexo produtivo e de
responsabilidade das chefias das áreas.

De acordo com o que foi visto até aqui, pode-se afirmar, sem receio de cometer injustiças, que o
juízo que os trabalhadores fazem dos aspectos de sua segurança e saúde no trabalho relaciona-se,
intimamente, aos conteúdos e à maturidade dos programas de segurança e saúde desenvolvidos
nas empresas nas quais trabalham.

Nas empresas em que os programas de SST são concebidos e implementados para o estrito
cumprimento das exigências legais sobre a matéria, a representatividade dos trabalhadores em
relação a eles certamente se limitará ao que lhes é exigido por parte da empresa.

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SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

É pouco provável que os trabalhadores de uma empresa que não vislumbra a segurança do
trabalho como valor agregado a seu negócio, que não apresentam seus programas de SST
alinhados ao sistema produtivo – promovendo a melhoria contínua das condições e procedimentos
de trabalho e investindo pesadamente na educação dos trabalhadores e de seu corpo gerencial
para o correto exercício do trabalho – possam enxergar a segurança do trabalho como valor que se
equipara a outros itens relacionados diretamente ao negócio, como produção, por exemplo.

As experiências demonstram que a participação dos trabalhadores nos programas de SST vincula-
se intimamente à cultura da empresa relacionada com o tema e sobretudo ao conjunto de ações
que ela desenvolve, em especial na área de educação, para incorporá-los aos seus programas. Nas
empresas em que os programas de segurança desvinculam-se das atividades produtivas,
organizados e implementados pelas equipes de segurança (o SESMT), é comum trabalhadores
associarem as ações de segurança do trabalho com o vivenciado no cotidiano – como, por exemplo,
uso de equipamentos de proteção individual (EPI) e realização de exames médicos, principalmente
os periódicos. Fora isso, restam as atividades da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes –
CIPA, que também são de seu conhecimento. Num ambiente dessa natureza, dificilmente os
trabalhadores associam as ações de segurança à promoção da qualidade de vida ou algo que
possa melhorar o seu relacionamento com o próprio trabalho, diferentemente das empresas em que
os programas de segurança do trabalho são abordados como parte integrante dos processos
produtivos, e as ações de segurança são concebidas e implementadas como parte integrante do
próprio negócio da empresa.

A importância da adoção de programas dessa natureza, entre outras vantagens, está no ganho de
não ser preciso desenvolver ações em duplicidade para abordar o mesmo conteúdo, que são os
aspectos produtivos. Isso sem contar com uma vantagem maior: a possibilidade de convencer os
trabalhadores de que para fazer segurança não é necessário desenvolver ações específicas para
tal, basta incluir essa preocupação nos procedimentos de trabalho e transformá-la em ações
concretas que possam ser avaliadas e medidas.

A Legislação De Saúde Do Trabalhador Aplicável E Vigente No Brasil

Hodiernamente, em nosso ordenamento jurídico, a segurança, higiene e medicina do trabalho, foi


alçada a matéria de direito constitucional, sendo direito social indisponível dos trabalhadores, ou
melhor, direito público subjetivo dos trabalhadores, exercerem suas funções em ambiente de
trabalho seguro e sadio, cabendo ao empregador tomar as medidas necessárias no sentido de
reduzir os riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança (inciso
XXII do art. 7º).

O direito à saúde, ao trabalho, à segurança e à previdência social está previsto no art. 6º da


Constituição da República. Os arts. 196 a 200 da Carta Constitucional dispõem que a Saúde é
direito de todos e dever do Estado, garantir e promover a efetividade desse direito, mediante
políticas, ações e serviços públicos de saúde, organizados em um sistema único, que podem ser
complementados por outros serviços de assistência à saúde prestados por instituições privadas.
Tais ações e serviços são de relevância pública, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da
lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente
ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

Nos termos dos incisos II e VIII do art. 200 da CF/88, compete ao sistema único de saúde, entre
outras coisas, executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do
trabalhador; e colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. O art. 225
da Magna Carta assegura o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial à sadia
qualidade de vida. O meio ambiente de trabalho também encontra proteção jurídica nesse
dispositivo constitucional, especificamente no inciso V do §1º, que dispõe, in verbis:

"§1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

(...)

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que


comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;"

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SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

(nota: regulamentado pela Lei n° 8.974, de 05.01.95)

A interpretação sistemática do disposto nos arts. 6º, 7º, XXII, 196 a 200 e art. 225, §1º, V da
Constituição da República não deixa dúvidas de que a saúde do trabalhador e o meio ambiente do
trabalho foram também alçados a direito social de natureza constitucional e cujo cumprimento é
imposto por lei ao empregador, conforme se verifica das prescrições dos arts. 154 a 201 da CLT
(com redação dada pela Lei 6.514/77) e nas Portarias 3.214/78 e 3.067/88 , que tratam das normas
regulamentares relativas à segurança e medicina do trabalho urbano e rural, respectivamente,
sendo certo que a efetividade do direito requer a firme atuação do Poder Público, no sentido de
exigir e fiscalizar o cumprimento da lei.

Ninguém discute que as normas regulamentadoras de medicina e segurança no trabalho,


estabelecidas em lei ou em Portarias do Ministério do Trabalho e Emprego são plenamente
aplicáveis aos trabalhadores e às empresas, sujeitos à relação de emprego regidas pela
Consolidação das Leis do Trabalho, instituída pelo Decreto-lei n° 5.452, de 1° de maio de 1943.

Neste estudo, tentarei demonstrar que nosso ordenamento jurídico autoriza a exegese de que tais
normas também possam ser aplicáveis e exigíveis a outras relações de trabalho, tais como
trabalhadores avulsos, trabalhadores rurais não sujeitos à relação de emprego (parceiros rurais),
sociedades cooperativas e servidores públicos civis.

Alcance Das Normas De Medicina E Segurança Do Trabalho

Primeiramente, importa ressaltar que o direito social previsto no inciso XXII do art. 7° da Magna
Carta, a saber, o direito dos trabalhadores urbanos e rurais à redução dos riscos inerentes ao
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, constitui-se em um dos direitos e
garantias fundamentais do indivíduo, eis que o capítulo II - dos direitos sociais - está contido no
Título II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais - da Constituição da República Federativa do
Brasil.

E, nos expressos termos do §1° do art. 5° da CF, "as normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata".

O e. jurista José Afonso da Silva leciona que "por regra, as normas que consubstanciam os direitos
fundamentais democráticos e individuais são de eficácia contida e aplicabilidade imediata, enquanto
as que definem os direitos sociais tendem a sê-lo também na Constituição vigente, mas algumas,
especialmente as que mencionam uma lei integradora, são de eficácia limitada e aplicabilidade
indireta.

"Então, [prossegue o jurista], em face dessas normas, que valor tem o disposto no §1° do art. 5°,
que declara todas de aplicação imediata? Em primeiro lugar, significa que elas são aplicáveis até
onde possam, até onde as instituições ofereçam condições para seu atendimento. Em segundo
lugar, significa que o Poder Judiciário, sendo invocado a propósito de uma situação concreta nelas
garantida, não pode deixar de aplicá-las, conferindo ao interessado o direito reclamado, segundo as
instituições existentes"([1]).

Em outra passagem da mesma obra, afirma o e. jurista, citando doutrina de Gomes Canotilho: "Por
conseguinte, todas as normas que reconhecem direitos sociais, ainda quando sejam programáticas,
vinculam os órgãos estatais, de tal sorte que "o Poder Legislativo não pode emanar leis contra estes
direitos e, por outro lado, está vinculado à adoção das medidas necessárias à sua concretização; ao
Poder Judiciário está vedado, seja através de elementos processuais, seja nas próprias decisões
judiciais, prejudicar a consistência de tais direitos; ao poder executivo impõe-se, tal como ao
legislativo, atuar de forma a proteger e impulsionar a realização concreta dos mesmos direitos"([2]).

No que diz respeito à integração das normas constitucionais que encerram direitos e garantias
fundamentais, deve-se dar especial atenção ao disposto no §2° do art. 5° da Magna Carta, in verbis:

§2° - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte."

Do texto acima, extrai-se que o constituinte expressamente estabeleceu que outros direitos e

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SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

garantias estabelecidos em tratados internacionais firmados pelo Brasil também têm aplicação
imediata, tão logo incorporado ao nosso ordenamento jurídico interno.

As normas internacionais de trabalho são de dois tipos: convenções e recomendações; são criadas
no seio da Organização Internacional do Trabalho, através de seu parlamento, a Conferência
Internacional do Trabalho, constituído por 4 delegados para cada Estado Membro, sendo 1
representante dos trabalhadores, 2 do governo e 1 dos empregadores. As convenções distinguem-
se das recomendações, porque as convenções, uma vez ratificadas, constituem fonte formal de
direito, gerando direito subjetivos individuais, principalmente nos países onde vigora a teoria do
monismo jurídico e desde que não se trate de diploma meramente promocional ou programático. Já
as recomendações e as convenções não ratificadas constituem fonte material de direito, porquanto
servem de inspiração e modelo para a atividade legislativa nacional, os atos administrativos de
natureza regulamentar, os instrumentos de negociação coletiva, de laudo de arbitragem ou de
decisões normativas dos tribunais do trabalho, dotados do poder normativo, quando apreciam
conflitos coletivos de interesse.

A convenção, após ter sido aprovada pelo Congresso Nacional (art. 49, I, da CF), mediante Decreto
Legislativo, está em condições de ser ratificada por ato soberano do Chefe de Estado. Uma vez
ratificada a convenção, incorpora-se ao nosso ordenamento jurídico interno e entra em vigor um ano
após a data da ratificação. A convenção internacional equipara-se hierarquicamente à lei federal,
conforme se depreende do art. 105, III, a) da CF.

A Constituição brasileira de 1988 adotou a teoria do monismo jurídico, em virtude da qual o tratado
ratificado complementa, altera ou revoga o direito interno, desde que se trate de norma de aplicação
imediata, ou seja, que a matéria nela versada trate de direitos e garantias fundamentais (§1° do art.
5° da CF).

Ora, a saúde, o trabalho e a segurança são direitos sociais insertos no art. 6° da Lei Maior. O inciso
XXII do art. 7° estatui que é direito dos trabalhadores urbanos e rurais a redução dos riscos
inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. Segundo a classificação
de José Afonso da Silva, tal dispositivo constitucional se enquadraria dentre as normas de eficácia
limitada e aplicabilidade indireta, na medida em que depende de uma norma integradora.

Tais normas, quando do advento da Constituição, já existiam e estão inseridas nos arts. 154 e s. da
Consolidação das Leis do Trabalho, com redação dada pela Lei 6.514/77. Há ainda regulamentando
essas normas legais as Portarias n°3.214/78 e 3.067/88, emitidas com fulcro no art. 155, I, da CLT,
que aprovaram as Normas Regulamentadoras das ações e serviços em matéria de saúde, higiene e
segurança no trabalho urbano e rural - são as NRs e NRRs.

Portanto, o direito fundamental e social à redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
normas de saúde, higiene e segurança, previsto no inciso XXII do art. 7° da Magna Carta, já está
devidamente integrado e regulamentado nas normas supracitadas, e, assim, em plena condição de
aplicabilidade imediata.

A plena aplicabilidade dessas normas aos trabalhadores regidos pela relação jurídica de emprego
estabelecida na CLT é questão pacífica na doutrina. Procurarei, nas linhas seguintes, demonstrar
que nosso direito positivo autoriza a exegese de que tais normas também possam ser aplicáveis e
exigíveis a outras relações jurídicas de trabalho.

Em matéria de meio ambiente de trabalho, o Brasil ratificou as convenções 148, 152, 155 e 161. A
Convenção 148, que trata da Contaminação do Ar, Ruído e Vibrações, foi ratificada em 14.01.82 e
promulgada através do Decreto n° 93.413, de 15.10.86. A convenção 152, que trata da Segurança e
Higiene dos Trabalhos Portuários, foi ratificada em 17.05.90 e promulgada pelo Decreto nº 99.534,
de 19.09.90. A Convenção 155, que trata da Segurança e Saúde dos Trabalhadores, foi ratificada
em 18.05.92 e promulgada pelo Decreto n° 1.254/94. A Convenção 161, que trata dos Serviços de
Saúde do Trabalho, foi ratificada em 18.05.90 e promulgada através do Decreto n° 127, de
22.05.91.

Conforme já acima afirmado, a convenção, uma vez ratificada, insere-se no ordenamento jurídico
pátrio com força de lei federal. Assim, vem ela complementar, alterar ou revogar o direito interno,
conforme seja o caso.

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SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

Assim, passaremos a analisar o conteúdo das convenções 155 e 161, por tratarem de forma geral a
questão da segurança e saúde no trabalho, e porque tais convenções foram ratificadas após a
promulgação da Vigente Carta Constitucional, para verificar o alcance jurídico de suas normas.

A Convenção 155 dispõe, em seu art. 1°, que ela se aplica a todas as áreas de atividade
econômica, facultando ao Estado Membro, após consulta prévia às organizações sindicais de
empregadores e trabalhadores interessadas, excluir total ou parcialmente da sua aplicação
determinadas áreas de atividade econômica. O art. 2 diz que ela se aplica a todos os trabalhadores
das áreas de atividade econômica abrangidas, facultando, da mesma forma, a exclusão parcial ou
total de categorias limitadas de trabalhadores que apresentariam problemas particulares para sua
aplicação. O art. 3 define algumas expressões utilizadas no texto da norma:

a) a expressão "áreas de atividade econômica" abrange todas as áreas em que existam


trabalhadores empregados, inclusive a administração pública;

b) o termo "trabalhadores" abrange todas as pessoas empregadas, incluindo os funcionários


públicos;

c) a expressão "local de trabalho" abrange todos os lugares onde os trabalhadores devem


permanecer ou onde têm que comparecer, e que estejam sob o controle, direto ou indireto do
empregador;

d) o termo "regulamentos" abrange todas as disposições às quais a autoridade ou as autoridades


competentes tiverem dado força de lei;

e) o termo "saúde", com relação ao trabalho, abrange não só a ausência de afecções ou de


doenças, mas também os elementos físicos e mentais que afetam a saúde e estão diretamente
relacionados com a segurança e a higiene no trabalho.

Outros dispositivos desta convenção estabelecem a obrigatoriedade de adoção de um política


nacional em matéria de segurança e saúde dos trabalhadores e do meio ambiente de trabalho, com
o objetivo de prevenir os acidentes e os danos à saúde decorrentes do exercício do trabalho,
reduzindo ao mínimo possível as causas dos riscos inerentes ao meio-ambiente de trabalho.
Estabelece que as ações que devem ser empreendidas a nível nacional, e.g. a inclusão das
questões de segurança, higiene e meio ambiente de trabalho em todos os níveis de ensino e
treinamento, e a nível de empresa e.g. exigir dos empregadores todas as medidas necessárias para
garantir o local de trabalho higiênico e seguro, bem como a segurança na operação do maquinário e
equipamentos que estiverem sob seu controle, entre outras medidas.

A convenção 161, que trata dos Serviços de Saúde do Trabalho, em seu art. 1, apresenta as
seguintes definições:

a) a expressão "serviços de saúde no trabalho" designa um serviço investido de funções


essencialmente preventivas e encarregado de aconselhar o empregador, os trabalhadores e seus
representantes na empresa em apreço, sobre:

i) os requisitos necessários para estabelecer e manter um ambiente de trabalho seguro e salubre,


de molde a favorecer uma saúde física e mental ótima em relação ao trabalho;

ii) a adaptação do trabalho às capacidades dos trabalhadores, levando em conta seu estado de
sanidade física e mental;

b) a expressão "representantes dos trabalhadores na empresa" designa as pessoas reconhecidas


como tal em virtude da legislação ou da prática nacional.

O art. 2. estabelece a obrigatoriedade de o Estado Membro definir, pôr em prática e reexaminar


periodicamente uma política nacional coerente com relação aos serviços de saúde no trabalho.

O art. 3. dispõe que "Todo membro se compromete a instituir, progressivamente, serviços de saúde
no trabalho para todos os trabalhadores, entre os quais se contam os do setor público, e os
cooperantes das cooperativas de produção, em todos os ramos da atividade econômica e em todas
as empresas; as disposições adotadas deverão ser adequadas e corresponder aos riscos

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SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

específicos que prevalecem nas empresas.

O art. 5 da referida convenção elenca as funções que devem ser atribuídas aos serviços de saúde,
dentre as quais, destacamos:

- identificar e avaliar os riscos para a saúde, presentes nos locais de trabalho;

- prestar assessoria no planejamento e na organização do trabalho, inclusive sobre a concepção


dos locais de trabalho, a escolha, a manutenção e o estado das máquinas e equipamentos, bem
como sobre o material utilizado no trabalho;

- prestar assessoria nas áreas da saúde, da segurança e da higiene no trabalho, da ergonomia e,


também, no que concerne aos equipamentos de proteção individual e coletiva;

- acompanhar a saúde dos trabalhadores em relação com o trabalho;

- organizar serviços de primeiros socorros e de emergência; participar da análise de acidentes de


trabalho e das doenças profissionais.

Destacamos essas funções, porque elas são compatíveis e correlatadas com as funções e
atribuições dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho
(SESMT - NR-4) e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, e com as finalidades do
Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais (PPRA - NR-9) e do Programa de Controle Médico
de Saúde Ocupacional (PCMSO - NR-7).

O art. 6 estabelece a forma como devem ser instituídos os serviços de saúde no trabalho: pela via
da legislação; por intermédio de convenções coletivas ou de outros acordos entre empregadores e
trabalhadores interessados; c) por todos os demais meios aprovados pela autoridade competente
após consultas junto a organizações representativas de empregadores e trabalhadores
interessados.

O art. 9 e s. estabelece as condições de funcionamento.

Em suma, de todo o exposto, podemos concluir com total segurança que nossa legislação interna,
consubstanciada na Lei 6.514/77 e nas Portarias 3.214/78 e 3.067/88, atendem, de modo geral, às
determinações das supra analisadas convenções, ao menos no que diz respeito aos trabalhadores
e empregadores sujeitos ao regime jurídico da CLT.

No que diz respeito aos demais trabalhadores: autônomos, avulsos, servidores públicos civis e
trabalhadores organizados em cooperativas, as convenções internacionais supra citadas
expressamente determina que esses também sejam contemplados e protegidos. No entanto, a
situação desses trabalhadores em relação à efetiva proteção da sua saúde e segurança no trabalho
ainda se encontra em área cinzenta do nosso direito.

Nas linhas seguintes tentarei tornar menos obscura a proteção jurídica da saúde desses
trabalhadores, à vista dos preceitos constitucionais, convenções internacionais e legislação nacional
vigentes no país.

Servidores Públicos Civis

A vigente Carta Constitucional estendeu aos servidores públicos civis alguns direitos sociais
assegurados aos trabalhadores urbanos e rurais.

O §2° do art. 39, em sua redação original, dispunha in verbis:

"§2° Aplica-se a esses servidores o disposto no art. 7°, IV, VI, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII,
SVIII, XIX, XX, XXII, XXIII e XXX."

Destaca-se propositadamente os incisos XXII e XXIII por terem pertinência ao tema ora tratado, os
quais prevêem os seguintes direitos:

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;

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XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da


lei;

Em relação aos servidores públicos civis da União, a matéria é citada no Titulo VI - Da Seguridade
Social do Servidor - da Lei 8.112/90, no seu art. 185, I, h), que dispõe, in verbis:

"Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor compreendem:

I - quanto ao servidor:

(...)

h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho satisfatórias;"

O capítulo II do citado Titulo VI trata dos diversos benefícios do servidor público civil, nada dispondo
todavia sobre a forma como se efetivará a garantia de condições individuais e ambientais de
trabalho satisfatórias. O parágrafo único do art. 184 da Lei 8.112/90 estabelece que os benefícios
serão concedidos nos termos e condições definidos em regulamento.

Não tenho notícia de que esta matéria esteja regulamentada de modo específico para a
Administração Pública Federal.

Conforme acima afirmado, as normas relativas à saúde, higiene e segurança no trabalho estão
regulamentadas nos arts. 154 e s. da Consolidação das Leis do Trabalho, com redação dada pela
Lei 6.514/77, e nas Portarias expedidas por órgãos competentes do Ministério do Trabalho.

Todavia, o art. 7° da CLT dispõe, in verbis:

"Art. 7°. Os preceitos constantes da presente Consolidação, salvo quando for, em cada caso,
expressamente determinado em contrário, não se aplicam:

(...)

c) aos funcionários públicos da União, dos Estados e dos Municípios e aos respectivos
extranumerários em serviço nas próprias repartições;

d) aos servidores de autarquias paraestatais, desde que sujeitos ao regime próprio de proteção ao
trabalho que lhes assegure situação análoga à dos funcionários públicos." (grifei)

Parece-nos que o supra citado dispositivo legal encontra-se parcialmente revogado, ao menos no
que diz respeito à aplicação das normas relativas à Medicina e Segurança do Trabalho constantes
da CLT.

Com efeito, a Constituição da República ao adotar a teoria do monismo jurídico em relação à ordem
jurídica internacional e nacional, admitiu a automática inserção na ordem jurídica interna das
normas de tratados internacionais aprovadas pelo Congresso Nacional, com força de lei ordinária
(art. 5°, §2° c/c art. 49, I e art. 105, III a). Assim, a ratificação das Convenções 148, 152, 155 e 161 e
a inclusão do inciso XXII do art. 7° dentre os direitos assegurados aos servidores públicos civis
importa na expressa autorização de aplicabilidade dos preceitos relativos à medicina e segurança
do trabalho constantes das citadas Convenções, da CLT e das Portarias 3.214/78 e 3.067/78 do
MTb, aos servidores públicos civis.

Tal exegese decorre do fato de que às normas constitucionais devem ser atribuídas o máximo de
eficácia jurídica possível, pelo que o intérprete e aplicador da lei tem de afastar as dificuldades para
concretizar os dispositivos da Lei Maior. Assim, enquanto não houver lei que complete certos
dispositivos simplesmente enunciados pela Constituição, tem-se de aplicar o instituto deferido para
outros sujeitos ou situações, tal com ele já está em vigor, conforme afirma o saudoso jurista e prof.
Valentim Carrion, in Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, 23a edição, pp. 44. São
Paulo. Saraiva, 1998.

Tal interpretação se impõe de maneira mais acentuada, na medida em que a E.C. nº 19 retirou dos
servidores públicos o direito ao adicional de remuneração para as atividades penosas, insalbures ou
perigosas. Assim, mais se reforça a nossa tese de que a esses servidores devem ser aplicadas as

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SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

normas relativas à medicina e segurança no trabalho previstas na CLT.

Outra razão lógica para tal aplicabilidade decorre do fato de que, com a edição da E.C. nº 19, os
entes federados poderão admitir trabalhadores tanto pelo regime estatutário como pelo regime
celetista, para laborarem nos respectivos órgãos da administração pública direta ou indireta. Sendo
assim, parece-nos que não se coaduna com os princípios constitucionais da dignidade da pessoa
humana, do valor social do trabalho, da igualdade de todos perante a lei, da isonomia de tratamento
e do direito de todos à saúde, a coexistência de trabalhadores, a serviço de um mesmo órgão da
administração pública direta ou indireta, sendo que os celetistas teriam direito à proteção de sua
saúde no trabalho, através das ações e serviços de saúde previstos nas normas regulamentares
estabelecidas na CLT e nas Portarias do MTB, e aos estatutários tal direito não fosse assegurado.

Trabalhadores Avulsos

Trabalhador avulso é aquele que, sindicalizado ou não, presta serviço de natureza urbana ou rural,
a diversas empresas, sem vínculo empregatício, com a intermediação obrigatória do sindicato da
categoria ou do órgão gestor de mão-de-obra, nos termos da Lei 8.630, de 25.02.93. Pelo
regulamento dos benefícios da Previdência Social (art. 6°, VI, do Decreto n° 2.172, de 05.03.97) são
considerados trabalhadores avulsos: o trabalhador que exerce atividade portuária de capatazia,
estiva, conferência e conserto de carga, vigilância de embarcação e bloco; o trabalhador em
alvarenga (embarcação para carga e descargo de navios); o trabalhador de estiva de mercadorias
de qualquer natureza([3]), inclusive carvão e minério; o amarrador de embarcação; o ensacador de
café, cacau, sal e similares; o carregador de bagagem em porto; o prático de barra em porto; o
guindasteiro; o classificador, o movimentador e o empacotador de mercadorias em portos; outros
assim classificados pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

A Constituição da República, em seu art. 7°, inciso XXXIV, assegura a igualdade de direitos entre o
trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. Em decorrência dessa
isonomia de direitos, os trabalhadores avulsos, além de outros direitos, gozam do direito à redução
dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança (inciso XXII).

Com o advento da Lei 8.630/93, que regulamenta a exploração dos portos organizados e o trabalho
portuário, os sindicatos dos trabalhadores portuários deixaram de ser o administrador do
fornecimento da mão-de-obra destes trabalhadores, função essa que passou à responsabilidade do
órgão gestor de mão-de-obra, que deve ser constituído, em cada porto organizado. Àqueles
sindicatos cabem a representação e a defesa dos interesses individuais e coletivos da categoria, a
fim de entabular negociação coletiva e firmar acordos ou convenções coletivas, por exemplo.

No que diz respeito à saúde e segurança no trabalho portuário, o art. 3º da Lei 6.514/77, que deu
nova redação a todos os artigos do Capítulo V - Da Medicina e da Segurança no Trabalho, do Título
II da CLT, já dispunha, in verbis:

"Art. 3º - As disposições contidas nesta Lei aplicam-se, no que couber, aos trabalhadores avulsos,
às entidades ou empresas que lhes tomem o serviço e aos sindicatos representativos das
respectivas categorias profissionais."

Complementando a proteção da saúde dos trabalhadores portuários, giza o art. 9° da Lei 9.719, de
27.11.98, in verbis:

"Art. 9° - Compete ao órgão gestor de mão-de-obra (OGMO), ao operador portuário e ao


empregador, conforme o caso, cumprir e fazer cumprir as normas concernentes a saúde e
segurança do trabalho portuário.

Parágrafo único. O Ministério do Trabalho estabelecerá as normas regulamentadoras de que trata o


caput deste artigo."

A lei 8.630/93 estabeleceu a possibilidade de os operadores portuários contratarem diretamente os


trabalhadores portuários por prazo indeterminado mediante relação de emprego. Neste caso, a
responsabilidade pelo cumprimento das normas de saúde e segurança recai diretamente sobre o
operador portuário empregador.

Com relação ao trabalhador portuário avulso, o art. 19 da Lei 8.630/93 giza que compete ao órgão

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gestor de mão-de-obra zelar pelas normas de saúde, higiene e segurança.

A supracitada lei estabelece ainda a competência do Ministério do Trabalho e do INSS para


observar o cumprimento das normas e condições gerais de proteção ao trabalho portuário.

A repartição das competências em relação às medidas de segurança e saúde no trabalho portuário


encontra-se devidamente regulamentada na NR-29, sendo certo que tal norma alcança todos os
trabalhadores portuários, com ou sem vínculo de emprego, bem como impõe a obrigação de os
operadores portuários, empregadores, tomadores de serviços e o OGMO cumprirem e fazerem
cumprir a NR-29 no que tange à prevenção dos riscos de acidentes do trabalho e doenças
profissionais nos serviços portuários.

Sociedades Cooperativas

Nos termos do art. 3° da Lei 5.764/71, as sociedades cooperativas são constituídas por pessoas
que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade
econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro. As cooperativas são constituídas para
prestar serviços aos associados, de forma a proporcionar-lhes melhores condições de trabalho e
renda, para promoção de sua ascensão social e econômica.

Os trabalhadores que se unem voluntariamente para trabalharem sob a forma do sistema do


cooperativismo são considerados pela legislação previdenciária, como autônomos, posto que, na
verdadeira relação cooperativista, a relação jurídica entre os associados é societária, ou seja, os
cooperados são os donos do empreendimento.

Conforme acima verificado, a Convenção 161, que trata dos serviços de saúde do trabalho,
determina a instituição dos serviços de saúde no trabalho para todos os trabalhadores, entre os
quais se contam os do setor público, e os cooperantes das cooperativas de produção, em todos os
ramos da atividade econômica e em todas as empresas.

Diante deste dispositivo legal e considerando que a finalidade precípua das sociedades
cooperativas é a prestação de serviços aos cooperados, para que estes logrem melhores condições
de trabalho, é cediço que às sociedades cooperativas deve incidir a obrigatoriedade de colocar à
disposição dos seus cooperados os serviços de saúde, de que trata a Convenção 161, os quais
estão regulamentados nas NRs 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho - SESMT, NR-5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA, NR-7
- Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO e NR-9 Programa de Prevenção
de Riscos Ambientais entre outras correlatas e interdependentes.

Caso se trate de cooperativa que exerça atividade de natureza rural, ou seja, agricultura ou
pecuária, aplicam-se a elas as normas regulamentares relativas ao trabalho rural, tais como, NRR-2
- Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural (SEPATR) e NRR-4 -
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho Rural (CIPATR).

A se pensar que tais serviços de saúde não devem ser assegurados ao trabalhador autônomo
organizado em cooperativa, que vantagem teria o trabalhador autônomo ou eventual, em se unir a
outros da mesma classe de profissão, se, ainda assim, estaria totalmente afastado de um dos mais
importantes direitos sociais dos trabalhadores, a saber: o direito à saúde, higiene e segurança no
trabalho.

É claro que aquelas normas deverão ser aplicadas e interpretadas, levando em conta que os
trabalhadores beneficiados e a cooperativa, de certa forma, se confundem, posto que esta age no
interesse exclusivo daqueles. Portanto, os custos de tais serviços devem ser suportados pelos
fundos sociais de que trata o art. 28 da Lei 5.764/71.

Há ainda as cooperativas formadas por trabalhadores portuários avulsos, registrados na forma da


Lei 8.630/93, que podem, nos termos do art. 17 da citada lei, se estabelecerem como operadores
portuários para a exploração de instalações portuárias, dentro ou fora dos limites da área do porto
organizado. Neste caso, a cooperativa, enquanto operadora portuária, deverá observar o disposto
no art. 9° da Lei 9.719, de 27.11.98, e as disposições da NR-29 acima referidas.

Por derradeiro, é importante ressaltar que, neste tópico, estamos nos referindo às verdadeiras

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sociedades cooperativas, que operam segundo os princípios do cooperativismo. As fraudoperativas,


ou seja, as cooperativas fraudulentas, que somente se utilizam da nomenclatura cooperativa, com o
nítido intuito de fraudar os direitos sociais dos trabalhadores, uma vez que funcionam como
verdadeiras empresas comerciais, devem ser tratadas como as empresas em geral, posto que os
trabalhadores, ditos "cooperados", são, na realidade, empregados.

Trabalhadores Rurais Sem Vínculo Empregatício

O caput do art. 7° da Magna Carta estabeleceu igual tratamento jurídico entre o trabalhador urbano
e o rural. Todavia, é certo que muitos dos direitos inseridos nos diversos incisos do referido artigo
dizem respeito aos trabalhadores urbanos e rurais com vínculo empregatício. No entanto, não se
pode perder de vista que as normas de proteção da saúde e segurança do trabalhador são de
ordem pública, isto é, de interesse público, geral da sociedade, devendo portanto ser observadas
sempre que as condições de trabalho ofereçam risco à saúde ou à integridade física do trabalhador,
independentemente da natureza jurídica da relação de trabalho.

Partindo dessa premissa maior é que devem ser interpretadas as normas que tratam da proteção à
saúde do trabalhador e dos benefícios previdenciários decorrentes de doenças do trabalho ou
acidente do trabalho.

Assim devem ser interpretados os arts. 1º, 13 e 17 da Lei 5.889/73, que dispõem, in verbis:

"Art. 1º As relações de trabalho rural serão reguladas por esta Lei e, no que com ela não colidirem,
pelas normas da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovado pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º de
maio de 1943."

"Art. 13. Nos locais de trabalho rural serão observadas as normas de segurança e higiene
estabelecidas em portaria do Ministro do Trabalho."

"Art. 17. As normas da presente Lei são aplicáveis, no que couber, aos trabalhadores rurais não
compreendidos na definição do art. 2°, que prestem serviços a empregador rural."

O art. 2° mencionado define quem é o empregado rural. Portanto, a lei determina expressamente
que suas disposições são aplicáveis aos trabalhadores rurais sem vínculo de emprego, que estejam
a serviço de empregador rural, que, nos termos do art. 3°, é a pessoa física ou jurídica, proprietária
ou não, que explore atividade agroeconômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente
ou através de prepostos e com auxílio de empregados.

A lei pretende, ao nosso ver, alcançar, e efetivamente alcança, outros trabalhadores rurais, sem
vínculo de emprego, tais como o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, e o assemelhado, que
exerçam suas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar. Ora, a interpretação
conjunta desses três dispositivos legais, não deixa dúvidas de que, em todos os locais de trabalho
rural, independentemente da natureza jurídica da relação de trabalho rural existente, devem ser
observadas as normas de medicina e segurança estabelecidas em portarias do Ministério do
Trabalho, as quais têm fundamento nos arts. 154 e s. da CLT. Portanto, esses dispositivos legais da
CLT e as referidas portarias aplicam-se a todos os locais de trabalho rural.

A responsabilidade pelo cumprimento de tais normas regulamentares rurais (NRRs), ao nosso ver,
recai sobre o empregador rural, se assim se puder qualificar o empreendedor rural, ou sobre o
proprietário (sujeito do contrato) do prédio rústico, objeto do contrato de arrendamento, meação ou
parceria rural, na medida em que, nos termos do art. 21 da Convenção 155 e art. 12 da Convenção
161 da OIT, as medidas de segurança e higiene e de acompanhamento da saúde do trabalhador
não devem implicar em nenhum ônus financeiro para os trabalhadores.

Ademais, nos termos do inciso VII do art. 11 da Lei 8.213/91, os trabalhadores rurais citados no item
anterior (produtor, parceiro, meeiro e arrendatário) são considerados segurados especiais, os quais
gozam dos direitos e benefícios decorrentes de acidente de trabalho, por força do art. 19 da Lei
8.213/91, sendo a empresa (leia-se empresário) responsável pela adoção e uso das medidas
coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador, ex vi do §1º do antes
citado art. 19.

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O Problema Da Fiscalização

A Constituição estabelece, em seu art. 21, XXIV, que compete à União organizar, manter e executar
a inspeção do trabalho. A fiscalização do fiel cumprimento das normas de proteção ao trabalho é de
incumbência das autoridades competentes do Ministério do Trabalho, nos termos do art. 626 da
CLT. Vale notar que a Constituição e a Lei fazem menção à inspeção do trabalho e proteção ao
trabalho. Logo, imprópria se mostra a restrição da atuação do Ministério do Trabalho em fiscalizar
apenas o trabalho subordinado (relação de emprego).

Por outro lado, as ações e serviços públicos de saúde, nos termos do art. 198 da Carta Magna,
integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único de saúde,
descentralizado, com direção única em cada esfera de governo. O art. 200 da CF dispõe in verbis:

Art. 200 - Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:

I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e


participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros
insumos;

II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do


trabalhador;

(...)

VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho."

A Lei 8.080/89, que regula, em todo o território nacional, o conjunto das ações e serviços públicos
de saúde, que constitui o Sistema Único de Saúde, define no §3° do art. 6° o conjunto de atividades
que envolve a saúde do trabalhador, dentre as quais se encontra a participação na normatização,
fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e
privadas (inciso VI).

Por sua vez, o art. 159 da CLT prevê a possibilidade de delegação a outros órgãos federais,
estaduais ou municipais, mediante convênio autorizado pelo Ministério do Trabalho, de atribuições
de fiscalização ou orientação às empresas quanto ao cumprimento das disposições constantes do
Capítulo relativo à Segurança e Medicina do Trabalho.

O art. 154 da CLT estabelece ainda que a observância, em todos os locais de trabalho, do disposto
neste capítulo, não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições que, com relação
à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos Estados ou
Municípios em que se situem os respectivos estabelecimentos, bem como daquelas oriundas de
convenções coletivas de trabalho.

Deve-se ainda atentar para o fato de que o Brasil é signatário da Convenção n° 81, que trata da
Inspeção do Trabalho na Indústria e no Comércio, que em seu art. 5°, a) giza:

"Art. 5 - A autoridade competente deverá tomar medidas apropriadas para favorecer:

a) a cooperação efetiva entre os serviços de inspeção, de uma parte, e outros serviços


governamentais e as instituições públicas e privadas que exercem atividades análogas, de outra
parte."

O art. 9 da Convenção n° 155 - Segurança e Saúde dos Trabalhadores, dispõe:

"O controle da aplicação das leis e dos regulamentos relativos à segurança, a higiene e o meio-
ambiente de trabalho deverá estar assegurado por um sistema de inspeção das leis ou dos
regulamentos."

E o art. 16 da Convenção 161- Serviços de Saúde no Trabalho arremata:

"Art. 16 - A legislação nacional deverá designar a autoridade ou autoridades encarregadas de


supervisionar o funcionamento do serviços de saúde no trabalho e prestar-lhes assessoramento,

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SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

uma vez instituídos."

Desta forma, verifica-se que encontra amparo constitucional e infra-constitucional a atuação dos
órgãos públicos do sistema único de saúde na fiscalização dos serviços de saúde do trabalhador
realizados nas instituições e empresas públicas e privadas. Todavia, a Lei 8.080/90 não atribui
amplo poder de polícia a tais órgãos, posto que não gozam do poder de impor sanções às
empresas que não cumprem as respectivas normas relativas aos serviços medicina e segurança no
trabalho. No entanto, mediante convênio entre o órgão do Ministério do Trabalho e a Secretaria
Estadual ou Municipal de Saúde pode-se delegar a atribuição de fiscalização das normas do
capítulo de Medicina e Segurança no Trabalho, incluindo o poder de autuar as empresas
recalcitrantes.

Desta forma, a fiscalização e controle dos serviços de saúde e segurança do trabalhador, que
devem ser assegurados a todos trabalhadores não sujeitos à relação de emprego, pode e deve ser
exercida de forma ampla e irrestrita pelos agentes de fiscalização do Ministério do Trabalho, e
mediante convênio, pelos demais órgãos públicos federais, estaduais ou municipais do sistema
único de saúde, para atuar na fiscalização das normas de medicina e segurança do trabalho, nos
termos do art. 159 da CLT.

Conseqüências da não observância das normas relativas à Medicina e Segurança no Trabalho

Conseqüências do descumprimento das normas legais, convencionais, contratuais e


regulamentadoras de segurança, higiene e medicina do trabalho. O empregado dispõe de cinco
comportamentos juridicamente tutelados:

a) reclamar perante a CIPA e/ou SESMT (item 5.18.c da NR-5 e item 9.4.2 da NR-9);

b) apresentar denúncia da irregularidade ao órgão local do Ministério do Trabalho e Emprego ou do


Ministério Público do Trabalho (inciso XXXIV, a do art. 5° da Magna Carta - direito de petição aos
Poderes Públicos em defesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder);

c) requerer judicialmente as providências para eliminação ou neutralização do agente agressivo


(neste caso, a ação coletiva - ação civil pública - é mais recomendável e eficaz), ou a indenização
por danos materiais e morais sofridos em decorrência de acidente de trabalho, através de ação
individual;

d) interromper a prestação dos serviços (jus resistente do empregado - item 3.1.1 da NR-3 c/c art.
161, §6° da CLT);

e) postular a rescisão indireta do contrato de trabalho com fulcro no art. 483 da CLT.

Em caso de acidente de trabalho, além da indenização a que tem direito pela legislação
previdenciária, paga pela Previdência Social (teoria da responsabilidade objetiva), pode o
empregador postular o pagamento de indenização por danos materiais ou morais, em havendo a
concorrência de dolo ou culpa do empregador quando da ocorrência do acidente de trabalho (teoria
da responsabilidade civil subjetiva), conforme se depreende do inciso XXVIII do art. 7° e do inciso X
do art. 5° da Magna Carta.

A responsabilidade civil alcança não só o real empregador, bem como todos aqueles que, de
alguma forma, possa ter contribuído para a ocorrência do acidente. Assim, no caso de terceirização
de serviços, podem responder civilmente pelos danos causados ao trabalhador o empregador e o
tomador dos serviços. Tal responsabilidade, embora subjetiva, ou seja, dependente da prova de
culpa, é solidária nos termos do art. 1518 e seu parágrafo único do C.C.

Dano Moral Coletivo([4])

A violação das normas trabalhistas de medicina e segurança no trabalho configura um dano ao meio
ambiente de trabalho, sendo certo que a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
normas de saúde, higiene e segurança constitui-se em direito social dos trabalhadores urbanos e
rurais, nos exatos termos do inciso XXII do art. 7° da Magna Carta e obrigação do empregador, ex vi
dos arts. 154 e seguintes da CLT.

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SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

A violação dessas normas colocam em risco a vida, a saúde e a integridade física dos
trabalhadores, que também fazem parte do meio ambiente de trabalho, posto que a sua força de
trabalho é um dos principais meios de produção, que se encontram à disposição e sob a direção do
empregador.

A proteção à saúde se estende também ao meio ambiente de trabalho, conforme se verifica do


disposto no art. 200, inciso VIII da Magna Carta:

"Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:

VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho."

Ademais, o descuido do meio ambiente de trabalho, mediante a violação das normas supracitadas,
pode ainda caracterizar-se como infração penal, nos termos dos arts. 14 e 15 da Lei 6.938/81 e arts.
14 a 17 da Lei 7.802/89.

Convém enfatizar que, para a caracterização do dano moral coletivo nesta hipótese, não é
imprescindível que haja o efetivo dano à vida, à saúde ou à integridade física dos trabalhadores,
basta que se verifique o desrespeito às normas trabalhistas de medicina e segurança do trabalho e
o descuido das condições e serviços de higiene, saúde e segurança que integram o meio ambiente
de trabalho, para sua configuração. Não se trata de reparação de dano hipotético, mas sim de se
atribuir à reparação um caráter preventivo, pedagógico e punitivo, pela ação omissiva ou comissiva
do empregador, que represente séria violação a esses valores coletivos (direita à vida, à saúde, à
segurança no trabalho) e que possa advir em dano futuro, não experimentado ou potencializado, em
razão do acentuado e grave risco de sua efetiva concretização, diante da concreta violação das
supracitadas normas trabalhistas.

Responsabilidade Penal

A inobservância das normas de segurança, higiene medicina do trabalho, a par de se constituir em


contravenção penal, nos termos do §2° do art. 19 da Lei 8.213/91, pode configurar o crime do art.
132 do C.P. ("Expor a vida ou saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena - detenção de três
meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave"). Recentemente, este dispositivo foi
acrescentado de parágrafo único pela Lei 9.777, de 29.12.98, com a seguinte redação:

"Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde


de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em
estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais."

Os acidentes de trabalho podem ainda ter repercussões no direito penal, mediante a tipificação dos
crimes de homicídio, lesão corporal ou os crimes de perigo comum, previstos nos arts. 250 a 259 do
Código Penal, por conduta dolosa ou culposa do empregador ou dos responsáveis.

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