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Projeto em Engenharia de Segurança do Trabalho

1. PCMSO
PCMSO
 
1.     Contextualização
Diversos “programas” foram desenvolvidos ao longo dos anos na área de Higiene e Segurança do Trabalho. Sempre que aplicados de
forma prática e eficaz, eles permitem que os objetivos desse amplo campo de trabalho sejam alcançados e que a integridade física do
trabalhador seja garantida. Dentre eles há aqueles que estão formalizados através das NRs (Normas Regulamentadoras), os que foram
desenvolvidos para dar suporte a essas Normas e, por fim, os utilizados para contribuir com a gestão da Higiene e Segurança do
Trabalhador. Nós veremos, nessa disciplina, os que são obrigatórios ou mais conhecidos.
    
2.     Programa de Segurança
O Programa de Segurança consiste em uma carta de intenções, na qual a empresa declara o que pretende praticar para atender as
NRs as quais está sujeita. Esse Programa representa o mínimo, em termos de gestão, a ser adotado quanto à saúde e segurança no
trabalho.
A fim de elaborá-lo, a empresa deve interpretar sua realidade específica e adequá-la, através de alguns elementos considerados
básicos, para implementação. Quando bem sucedido, os trabalhadores passam a atuar na prevenção da saúde e segurança no
trabalho em seu cotidiano.
Dentre os elementos básicos a serem considerados, podemos destacar: a função da área de SST; suas responsabilidades; as técnicas
adotadas; as inspeções de segurança (objetivos, propostas, meios de controle e atuação...); os registros de acidente (prevenção,
investigação e custos); e a investigação dos acidentes (critérios, requisitos, levantamentos, análises, soluções e relatórios).
          
3.     PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
O PCMSO é obrigatório para todas as pessoas físicas ou jurídicas, empresas e instituições, que tenham trabalhadores contratados no
regime da CLT (Consolidação das Leis Trabalho), conforme definido e regulamentado na NR 7, ainda que o empregador possua um
único empregado. Ele tem por objetivo promover e preservar a saúde do conjunto de trabalhadores, além de prever, rastrear e
diagnosticar precocemente as doenças associadas às funções realizadas e ao ambiente de trabalho.
Sendo assim, cabe à Segurança do Trabalho identificar os riscos, avaliar os possíveis efeitos dos riscos identificados e propor medidas
técnicas que minimizem a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais nos ambientes de trabalho, tendo em mente que um
acidente de trabalho deve ser pensado de forma holística, pois não tem origem única e exclusiva. Isso significa que o acidente ocorre
devido à interação simultânea de diversos fatores, na qual um desencadeia o outro e assim sucessivamente, até que o acidente
ocorra. Logo, pode-se afirmar que todo acidente de trabalho é fruto de várias causas, levando a Segurança do Trabalho a focar em
duas abordagens complementares: a reducionista e a sistêmica. Enquanto a abordagem reducionista considera em detalhes fatores
de ordem física, biológica, psicológica, social e cultural, a abordagem sistêmica explora a interação desses fatores no processo que
ocasionou o acidente.
Mas, qual a diferença entre doença e acidente de trabalho? Vamos ver alguns conceitos importantes:
 Doença profissional: é aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho, que é peculiar a uma atividade
específica e consta na relação de doenças elaborada pelo antigo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Nela o trabalho é
causa necessária, ou seja, há uma relação direta de causa e efeito entre o trabalho e a doença. Ex.: Silicose (doença pulmonar
que afeta os trabalhadores da mineração).
 Doença do trabalho: doença adquirida ou desencadeada devido a condições especiais de realização do trabalho, relacionada
diretamente ao trabalho e que consta na relação de doenças elaborada pelo antigo MTE. Nesse caso, o trabalho é um fator
de risco para que o trabalhador adoeça, mas não é determinante. Ocorre com doenças comuns, que podem afetar qualquer
indivíduo, mas as condições específicas do trabalho provocam. Ex.: Doenças osteomusculares.
 Acidente de trabalho: segundo a Lei Nº 8.213, de 24/07/1991, acidente de trabalho “é o que ocorre pelo exercício do
trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso
VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perpetuação funcional que cause a morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. Mas, numa abordagem de gestão, o acidente de trabalho é tido
como uma ocorrência não programada ou indesejada, desde que interrompa ou interfira no processo produtivo planejado,
causando lesão corporal ao trabalhador, dano ao patrimônio, à imagem da empresa, e/ou ao meio ambiente.
    
O PCMSO, portanto, dispõe de normas que especificam procedimentos e condutas a serem adotados pelas empresas para proteção
da saúde ocupacional do trabalhador. Ele deve ser planejado e implantado com base nos riscos aos quais os empregados estão
expostos no ambiente de trabalho, a fim de prevenir, detectar precocemente, monitorar e controlar todas as possibilidades de danos
à saúde dos mesmos.
Na NR 7 são estabelecidos os parâmetros mínimos e diretrizes gerais a serem observados na execução do Programa, os quais podem
ser ampliados mediante negociação coletiva de trabalho. Como parte integrante de um conjunto mais amplo de iniciativas voltadas
para a saúde do trabalhador, o PCMSO precisa estar articulado com o disposto nas demais NRs.
No caso de contratação de uma empresa prestadora de serviços de mão-de-obra, a empresa contratante deve informar à contratada
os riscos existentes nas atividades a serem executadas e auxiliar a contratada na elaboração e implementação do PCMSO nos locais de
trabalho em que os serviços estejam sendo prestados.
E quais são as consequências da não implantação ou elaboração e/ou execução indevidas do PCMSO? A primeira consequência é
expor a saúde dos trabalhadores ao risco. Adicionalmente, o empregador também está exposto a procedimentos criminais,
indenização civil e/ou multa imputada pela fiscalização do trabalho.
Além disso, o PCMSO deve, ainda: considerar as questões incidentes sobre o indivíduo e a coletividade de trabalhadores, privilegiando
o instrumental clínico-epidemiológico na abordagem da relação entre sua saúde e o trabalho; ter caráter de prevenção, rastreamento
e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclínica, além da constatação da
existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores.
 
3.1.          As responsabilidades em relação ao PCMSO
Compete ao empregador: garantir a elaboração e efetiva implementação do PCMSO, bem como zelar pela sua eficácia; custear sem
ônus para o empregado todos os procedimentos relacionados ao Programa; indicar, dentre os médicos dos Serviços Especializados
em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), da empresa, um coordenador responsável pela execução do PCMSO;
no caso de a empresa estar desobrigada de manter médico do trabalho (NR 4), indicar médico do trabalho, empregado ou não da
empresa, para coordenar o PCMSO; inexistindo médico do trabalho na localidade, contratar médico de outra especialidade para
coordenar o PCMSO. Essas responsabilidades variam em função do grau de risco e do número de trabalhadores da empresa.
Compete ao médico coordenador: realizar os exames médicos previstos na NR 7 ou encarregar os mesmos a profissional médico
familiarizado com os princípios da patologia ocupacional e suas causas, bem como com o ambiente, as condições de trabalho e os
riscos a que está ou será exposto cada trabalhador da empresa a ser examinado; encarregar dos exames complementares previstos
nos itens, quadros e anexos da NR 7 profissionais e/ou entidades devidamente capacitados, equipados e qualificados.
 
3.2.        O Desenvolvimento do PCMSO  
O PCMSO é formado por alguns procedimentos médicos, como: exames clínicos, ou avaliações médicas: realizados pelo médico no
consultório. Abrangem anamnese ocupacional (avaliação clínica) e exame físico e mental; exames complementares: realizados em
laboratório, ou por outros profissionais, a fim de prevenir a ocorrência de doenças ocupacionais.
O Programa deve incluir, entre outros, a realização obrigatória dos seguintes exames médicos: admissional; periódico; de retorno ao
trabalho; de mudança de função; demissional.

2. PPRA
PPRA
 
1. Contextualização
Assim como o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), o PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
também é obrigatório para todas as pessoas físicas ou jurídicas, empresas e instituições, que tenham trabalhadores contratados no
regime da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), conforme definido e regulamentado na NR 9, ainda que o empregador possua um
único empregado.
A NR 9 estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação do PPRA visando à preservação da saúde e da integridade dos
trabalhadores através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais
existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos
naturais. 
Indo um pouco além, como o PPRA cria mecanismos de controle para redução ou eliminação dos agentes prejudiciais à saúde do
ambiente de trabalho, ele estabelece uma metodologia de ação para a preservação da saúde e integridade dos trabalhadores perante
esses riscos. Cabe destacar que os riscos não eliminados com o PPRA são controlados pelo PCMSO e, por isso, não existe PCMSO sem
PPRA. Sendo assim, a empresa só pode implementar o PCMSO após ter o PPRA. Em contrapartida, os diagnósticos dos exames
médicos feitos no PCMSO retroalimentam o PPRA para que novas medidas de proteção do trabalhador possam ser criadas. Logo,
ambos devem trabalhar em consonância. 
Na NR 9 são estabelecidos os parâmetros mínimos e diretrizes gerais a serem observados na execução do Programa, os quais podem
ser ampliados mediante negociação coletiva de trabalho. Também como parte integrante de um conjunto mais amplo de iniciativas
voltadas para a saúde do trabalhador, o PPRA precisa estar articulado com o disposto nas demais NRs, destacando, como já foi dito, a
NR 7 que trata do PCMSO. 
Para efeito desse Programa, são considerados riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de
trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde
do trabalhador. São eles:
 Agentes físicos: diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações,
pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infra-som e o ultra-
som.
 Agentes químicos: substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas
de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato
ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.
 Agentes biológicos: bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros. 
2. A Estrutura, as Responsabilidades e o Acesso à Informação do PPRA
2.1. A Estrutura do PPRA
Quanto a sua estrutura, o PPRA deve contemplar, pelo menos, um planejamento anual, com metas, prioridades e cronograma, uma
estratégia e metodologia de ação bem definidas, a forma de registro, manutenção e divulgação dos dados, e a periodicidade e forma
de avaliação do desenvolvimento do Programa.
Quando a empresa tiver CIPA, é importante que o PPRA seja apresentado a ela e discutido com ela, para que possa ser mais efetivo.  
2.2. As Responsabilidades do PPRA
Quando se trata do empregador, suas responsabilidades são estabelecer, implementar e assegurar o cumprimento do PPRA como
atividade permanente da empresa ou instituição.
Por outro lado, as responsabilidades dos trabalhadores são:
 Colaborar e participar na implantação e execução do PPRA.
 Seguir as orientações recebidas nos treinamentos oferecidos dentro do PPRA.
 Informar ao seu superior hierárquico direto ocorrências que, a seu julgamento, possam implicar riscos à saúde dos
trabalhadores.
Por fim, sempre que vários empregadores realizarem simultaneamente atividades no mesmo local de trabalho, eles têm o dever de
executar ações integradas para aplicar as medidas previstas no PPRA visando a proteção de todos os trabalhadores expostos aos riscos
ambientais gerados.
2.3. O Acesso à Informação do PPRA
Os trabalhadores interessados têm o direito de apresentar propostas e receber informações e orientações, a fim de assegurar a
proteção aos riscos ambientais identificados na execução do PPRA.
Os empregadores devem informar os trabalhadores de maneira apropriada e suficiente sobre os riscos ambientais que possam
originar-se nos locais de trabalho e sobre os meios disponíveis para prevenir ou limitar tais riscos e para proteger-se dos mesmos.
O conhecimento e a percepção que os trabalhadores têm do processo de trabalho e dos riscos ambientais presentes, incluindo os
dados consignados no Mapa de Riscos, previsto na NR 5, que trata da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), devem ser
considerados para fins de planejamento e execução do PPRA em todas as suas fases.
3. O desenvolvimento do PPRA: parte 1
O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deve possuir ao menos as seguintes etapas: Antecipação e reconhecimentos dos
riscos; estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle; avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;
implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia; monitoramento da exposição aos riscos; registro e divulgação dos
dados.
A elaboração, implementação, acompanhamento e avaliação do PPRA poderão ser feitas pelo SESMT (Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) ou por pessoa ou equipe de pessoas que, a critério do empregador, sejam
capazes de desenvolver o disposto na NR 9.
3.1. Antecipação
A antecipação deve envolver a análise de projetos de novas instalações, métodos ou processos de trabalho, ou de modificação dos já
existentes, visando identificar os riscos potenciais e introduzir medidas de proteção para sua redução ou eliminação.
3.2. Reconhecimento
O reconhecimento dos riscos ambientais é um dos itens mais importantes do PPRA. Ele deve conter, sempre que seja aplicável: a
identificação do risco; a determinação e localização das possíveis fontes geradoras; a identificação das possíveis trajetórias e dos meios
de propagação dos agentes no ambiente de trabalho; a identificação das funções e determinação do número de trabalhadores
expostos; a caracterização das atividades e do tipo da exposição; a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível
comprometi;mento da saúde decorrente do trabalho; os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados, disponíveis na
literatura técnica; a descrição das medidas de controle já existentes.
3.3. Avaliação
A avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores pode ser qualitativa e/ou quantitativa. A avaliação quantitativa, deve ser
realizada sempre que necessária para comprovar o controle da exposição ou a inexistência dos riscos identificados na etapa de
reconhecimento, dimensionar a exposição dos trabalhadores, e subsidiar o equacionamento das medidas de controle.
4. O desenvolvimento do PPRA: parte 2
4.1. Controle
As medidas necessárias de controle devem ser adotadas de forma suficiente para eliminação, minimização ou controle dos riscos
ambientais sempre que forem verificadas uma ou mais das seguintes situações: identificação, na fase de antecipação, de risco
potencial à saúde; constatação, na fase de reconhecimento de risco evidente à saúde; quando os resultados das avaliações
quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem os valores dos limites previstos na NR-15 ou, na ausência destes os valores
limites de exposição ocupacional adotados pela ACGIH - American Conference of Governmental Industrial Higyenists, ou aqueles que
venham a ser estabelecidos em negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios técnico-legais
estabelecidos; quando, através do controle médico da saúde, ficar caracterizado o nexo causal entre danos observados na saúde dos
trabalhadores e a situação de trabalho a que eles ficam expostos.
O estudo, desenvolvimento e implantação das medidas de proteção coletiva devem obedecer a uma hierarquia, segundo a qual
primeiro são implementadas medidas que eliminem ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais à saúde, seguidas
de medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente de trabalho, e, por último, a implementação de
medidas que reduzem os níveis ou a concentração desses agentes no ambiente de trabalho. A implantação dessas medidas de caráter
coletivo deve ser acompanhada de treinamento dos trabalhadores quanto aos procedimentos que asseguram sua eficiência e de
informação sobre as eventuais limitações de proteção que ofereçam.
Quando comprovado pelo empregador ou instituição a inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando
estas não forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em caráter complementar
ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, ainda segundo uma ordem hierárquica: medidas de caráter administrativo ou
de organização do trabalho e, em último caso, utilização de EPI (Equipamento de Proteção Individual).
O PPRA deve estabelecer critérios e mecanismos de avaliação da eficácia das medidas de proteção implantadas considerando os
dados obtidos nas avaliações realizadas e no controle médico da saúde previsto na NR 7, que trata do PCMSO.
4.2. Monitoramento
O nível de ação é o valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as
exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites estabelecidos.
Assim sendo, essas ações devem incluir o monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e o controle
médico. Para o monitoramento da exposição dos trabalhadores e das medidas de controle, deve ser realizada uma avaliação
sistemática e repetitiva da exposição a um dado risco, visando à introdução ou modificação das medidas de controle, sempre que
necessário.
4.3. Registro
Quanto ao registro dos dados, os mesmos devem ser mantidos pelo empregador ou instituição, por um período mínimo de 20 anos, e
estruturados de forma a constituir um histórico técnico e administrativo do desenvolvimento do PPRA. O registro de dados deve estar
sempre disponível aos trabalhadores interessados ou seus representantes e para as autoridades competentes.

3. PCMAT
CMAT
1.Contextualização
O PCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção é obrigatório para os estabelecimentos
com 20 trabalhadores ou mais, conforme definido e regulamentado na NR 18, que define as diretrizes de ordem administrativa, de
planejamento e organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos
processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho da Indústria da Construção.
Como atividades da Indústria da Construção entende-se aquelas constantes do Quadro I, Código da Atividade Específica, da NR 4 -
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho e as atividades e serviços de demolição, reparo,
pintura, limpeza e manutenção de edifícios em geral, de qualquer número de pavimentos ou tipo de construção, inclusive
manutenção de obras de urbanização e paisagismo.
O PCMAT busca garantir a saúde e segurança de todos aqueles que trabalham, de forma direta ou indireta, em uma obra ou serviço
da construção civil. É, portanto, vedado o ingresso ou a permanência de trabalhadores no canteiro de obras, sem que estejam
assegurados pelas medidas previstas na NR 18 e compatíveis com a fase da obra.
Adicionalmente, a observância do estabelecido na NR 18 não desobriga os empregadores do cumprimento das disposições relativas
às condições e meio ambiente de trabalho, determinadas na legislação federal, estadual e/ou municipal, e em outras estabelecidas
em negociações coletivas de trabalho.
O PCMAT deve contemplar as exigências contidas na NR 9 - Programa de Prevenção e Riscos Ambientais (PPRA). Sua elaboração
contempla a antecipação dos riscos existentes na atividade da construção civil, de modo semelhante à elaboração do PPRA. O PCMAT,
assim como o PPRA, deve ser trabalhado em consonância com o PCMSO.
2. Desenvolvimento do PCMAT e Áreas de Vivência
2.1. Desenvolvimento do PCMAT
O PCMAT deve ser elaborado com base em métodos e técnicas que viabilizem o reconhecimento, avaliação e controle dos riscos
existentes na atividade de construção. Após levantamento dos riscos, deve-se adotar ações de engenharia, administrativas ou
individuais (uso de EPIs), que os eliminem, minimizem ou controlem.
Sua elaboração deve ser feita, obrigatoriamente, em, pelo menos, 5 etapas: (1) Análise: consiste na verificação dos projetos de
construção. (2) Vistoria: visita ao local da construção e avaliação do mesmo junto com o projeto de construção. (3) Reconhecimento e
avaliação: diagnóstico das condições de trabalho no local da construção. (4) Documentação: elaboração da documentação base do
PCMAT, com a definição do Programa, análise dos riscos e definição dos meios de controle. (5) Implantação: aplicação prática do
Programa com o cumprimento dos planos de ação.
O PCMAT deve ser mantido no estabelecimento à disposição do órgão regional do Ministério da Economia e deve ser elaborado por
profissional legalmente habilitado na área de segurança do trabalho. Sua implementação é de responsabilidade do empregador ou
condomínio.
Integram o PCMAT: memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e operações, levando-se em consideração
riscos de acidentes e de doenças do trabalho e suas respectivas medidas preventivas; projeto de execução das proteções coletivas em
conformidade com as etapas de execução da obra; especificação técnica das proteções coletivas e individuais a serem utilizadas;
cronograma de implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT em conformidade com as etapas de execução da obra;
layout inicial e atualizado do canteiro de obras e/ou frente de trabalho, contemplando, inclusive, previsão de dimensionamento das
áreas de vivência; programa educativo contemplando a temática de prevenção de acidentes e doenças do trabalho, com sua carga
horária. 
2.2. Áreas de Vivência
Os canteiros de obra devem dispor de: instalações sanitárias, vestiário, alojamento, local de refeições, cozinha, quando houver
preparo de refeições, lavanderia, área de lazer e ambulatório, quando se tratar de frentes de trabalho com 50 ou mais trabalhadores.
A existência de alojamento, lavanderia e área de lazer é obrigatória nos casos em que houver trabalhadores alojados. As áreas de
vivência devem ser mantidas em perfeito estado de conservação, higiene e limpeza.
Instalações móveis, inclusive contêineres, são aceitas em áreas de vivência de canteiro de obras e frentes de trabalho, desde que, cada
módulo: possua área de ventilação natural, efetiva, de no mínimo 15% da área do piso, composta por, no mínimo, duas aberturas
adequadamente dispostas para permitir eficaz ventilação interna; garanta condições de conforto térmico; possua pé direito mínimo
de 2,40m; garanta os demais requisitos mínimos de conforto e higiene estabelecidos na NR 18; possua proteção contra riscos de
choque elétrico por contatos indiretos, além do aterramento elétrico.   
A NR 18 detalha outras premissas para cada área de vivência, as quais devem ser observadas pelos profissionais de Saúde e Segurança
do Trabalho.
3.  Demolição
Quanto à demolição, a Norma estabelece que, antes de ser iniciada, as linhas de fornecimento de energia elétrica, água, inflamáveis
líquidos e gasosos liquefeitos, substâncias tóxicas, canalizações de esgoto e de escoamento de água devem ser desligadas, retiradas,
protegidas ou isoladas, respeitando-se as normas e determinações em vigor.
As construções vizinhas à obra de demolição devem ser examinadas, prévia e periodicamente, no sentido de ser preservada sua
estabilidade e a integridade física de terceiros.
Toda demolição deve ser programada e dirigida por profissional legalmente habilitado. Antes de se iniciar a demolição, devem ser
removidos os vidros, ripados, estuques e outros elementos frágeis. Antes de se iniciar a demolição de um pavimento, devem ser
fechadas todas as aberturas existentes no piso, salvo as que forem utilizadas para escoamento de materiais, ficando proibida a
permanência de pessoas nos pavimentos que possam ter sua estabilidade comprometida no processo de demolição.                 
As escadas devem ser mantidas desimpedidas e livres para a circulação de emergência e somente serão demolidas à medida em que
forem sendo retirados os materiais dos pavimentos superiores.   
Os objetos pesados ou volumosos devem ser removidos mediante o emprego de dispositivos mecânicos, ficando proibido o
lançamento em queda livre de qualquer material. A remoção dos entulhos, por gravidade, deve ser feita em calhas fechadas de
material resistente, com inclinação máxima de 45º (quarenta e cinco graus), fixadas à edificação em todos os pavimentos. No ponto de
descarga da calha, deve existir dispositivo de fechamento.                
Durante a execução de serviços de demolição, devem ser instaladas, no máximo, a 2 pavimentos abaixo do que será demolido,
plataformas de retenção de entulhos, com dimensão mínima de 2,50m e inclinação de 45º, em todo o perímetro da obra.
Os elementos da construção em demolição não devem ser abandonados em posição que torne possível o seu desabamento.
Os materiais das edificações, durante a demolição e remoção, devem ser previamente umedecidos e as paredes somente podem ser
demolidas antes da estrutura, quando esta for metálica ou de concreto armado.
4. Outros pontos abordados
A NR 18 é bastante extensa e abrangente. Além dos pontos abordados, ela trata dos seguintes pontos: escavações, fundações e
desmonte de rochas; carpintaria; armações de aço; estruturas de concreto; estruturas metálicas; operações de soldagem e corte a
quente; escadas, rampas e passarelas; medidas de proteção contra quedas de altura; movimentação e transporte de materiais e
pessoas; andaimes e plataformas de trabalho; cabos de aço e cabos de fibra sintética; alvenaria, revestimentos e acabamentos;
telhados e coberturas; serviços em flutuantes; locais confinados; instalações elétricas; máquinas equipamentos e ferragens diversas;
equipamentos de proteção individual; armazenagem e estocagem de materiais; transporte de trabalhadores em veículos
automotores; proteção contra incêndio; sinalização de segurança; treinamento; ordem e limpeza; tapumes e galerias; acidente fatal;
CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) nas empresas da indústria de Construção; comitês permanentes sobre condições
e meio ambiente do trabalho na indústria da construção; e RTP (Recomendações Técnicas de Procedimentos).
 

4. LTCAT
1. Contextualização
Entende-se por LTCAT - Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho o parecer técnico circunstanciado e conclusivo das
condições de exposição do trabalhador durante sua atividade no ambiente de trabalho na empresa. O Laudo tem por objetivo avaliar
as atividades nas quais os trabalhadores estão expostos aos agentes agressivos previstos na legislação previdenciária que dão direito à
aposentadoria especial. Ele, portanto, deve refletir a realidade encontrada no momento da realização da vistoria. Assim sendo, o
LTCAT pode dispensar a vistora do INSS, caso esteja completo.
O eSocial é um banco de dados do governo Brasileiro no qual são cadastradas todas as informações previdenciárias, trabalhistas e
tributárias, de forma padronizada, das empresas que atuam no Brasil que tenham funcionários sob o regime da CLT. O LTCAT é um
dos laudos que deve ser registrado nesse banco de dados, a fim de que sejam fornecidas as informações sobre aposentadoria especial
dos trabalhadores. Se a Previdência Social determinar que certo trabalhador tem direito à aposentadoria especial, a empresa deve
recolher todas as alíquotas de contribuição destinadas ao financiamento do benefício.
Esse Laudo não possui uma data de validade, porém deve ser atualizado sempre que houver mudanças no ambiente de trabalho.
Caso a empresa não mantenha o LTCAT atualizado de forma que identifique os agentes nocivos presentes nos ambientes de trabalho,
ou tenha algum outro documento em desacordo com o LTCAT, que comprove que há exposição, estará sujeita às penalidades
previstas em lei.
Conforme a Lei Nº 8.213 (1991), o LTCAT é obrigatório e pode ser assinado pelo médico do trabalho ou engenheiro de segurança do
trabalho.
 
2. Obrigatoriedade do LTCAT
É comum haver confusão com relação à obrigatoriedade do LTCAT. Isso ocorre por dois motivos. Primeiro, o artigo 258, inciso IV da
Instrução Normativa INSS/PRES Nº 77/2015 (2015), dispõe que o documento que comprova o período de atividade especial para
períodos trabalhados a partir de 1º de janeiro de 2004 é o PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário). Segundo, porque o artigo 261,
inciso V dessa mesma Instrução Normativa prevê que o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), PGR (Plano de
Gerenciamento de Risco), PCMAT (Programa de Conservação e Meio Ambiente na Indústria da Construção) e PCMSO (Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional) podem ser aceitos em substituição ao LTCAT. Entretanto, cabe relembrar que uma Instrução
Normativa não pode eliminar o que prevê uma Lei. Logo, outros programas não substituem a obrigatoriedade de emissão do LTCAT,
mas podem substituí-lo desde que todos os elementos do LTCAT sejam contemplados neles, em especial a conclusão e assinatura do
médico ou engenheiro do trabalho.
Ainda com relação à substituição do LTCAT, deve-se observar que o PPRA e demais programas são elaborados segundo a legislação
trabalhista e o LTCAT segue a legislação previdenciária. Por seguirem legislações distintas, a relação de riscos a serem avaliados não é
igual, assim como os critérios e metodologias de avaliação, em alguns casos, também diferem. Nesse contexto, quando a empresa
opta por possuir um documento único, podem ocorrer erros na elaboração do PPP e, consequentemente, recolhimento de tributo
diferenciado para aposentadoria especial.
 
3. Elaboração do LTCAT
Dentre os dados que devem constar no LTCAT, podemos citar:
 As informações da empresa e do setor de trabalho.
 A descrição detalhada dos locais e dos serviços realizados em cada setor.
 A informação das condições do ambiente de trabalho.
 O registro dos agentes nocivos, incluindo a concentração, intensidade e tempo de exposição a eles, além da metodologia de
uso dos mesmos.
 O nome da substância ativa, em caso de uso de agentes químicos.
 O tempo de duração do trabalho no qual o trabalhador ficou exposto aos agentes nocivos.
 A informação sobre a existência e aplicação efetiva de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) ou EPCs (Equipamentos de
Proteção Coletiva) que eliminem ou minizem o efeito dos agentes nocivos considerando os limites de tolerância definidos
por Lei.
 Uma descrição dos métodos, técnicas, aparelhagens e equipamentos utilizados na atividade laboral.
 Uma conclusão do médico ou engenheiro de Segurança do Trabalho responsável pelo laudo.
 Uma informação clara e precisa a respeito do risco potencial dos agentes nocivos causarem algum dano à saúde ou
integridade física e/ou psíquica do trabalhador.
 Uma declaração, clara e objetiva, de que o responsável pelo Laudo (signatário) é ou já foi contratado pela empresa, no
período em que o laudo foi elaborado.
 Se existe documentação formal que comprove a contratação do responsável pelo Laudo (signatário) como profissional
autônomo para a subscrição desse laudo emitido por ele.
 O local e data da inspeção técnica realizada para emissão do laudo técnico.
 
4. Instrumentos para Avaliação dos Riscos
Dentre os principais instrumentos adotados para avaliação dos critérios quantitativos dos riscos utilizados para emissão do LTCAT,
podemos citar:
 Decibelímetro: instrumento para avaliação da exposição ocupacional ao ruído de forma precisa e pontual. Ele pode não
representar, em muitos casos, a totalidade da exposição do trabalhador ao ruído durante sua jornada de trabalho, mas o
ruído geral do ambiente.
 Audiodosímetro ou dosímetro: avaliação da exposição ocupacional do trabalhador ao ruído, considerando a dose de
exposição, ou seja, o somatório dos níveis de pressão sonora sobre o período avaliado. Como resultado, ele apresenta um
nível médio ponderado, em decibéis, no tempo que representa energia acústica equivalente a do ruído flutuante, no mesmo
período de tempo.
 Luxímetro: medição da iluminância (quantidade de luminosidade) dos ambientes de trabalho. Através de uma fotocélula
corrigida para a sensibilidade do olho humano, ele fornece a luminosidade do ambiente em lux. 
 Termômetro de globo digital – IBUTG: mensura a exposição ocupacional ao calor através de três termômetros (de bulbo
seco, de bulbo úmido e de globo) que, quando combinados corretamente, fornecem a sobrecarga térmica a qual os
trabalhadores estão expostos durante o trabalho.
 
5. PGR
PGR
 
1. Contextualização
O PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos tem por objetivo a preservação da saúde e da integridade física dos trabalhadores.
Nele são avaliados os riscos potenciais, aos quais os trabalhadores estão expostos no exercício de suas atividades, e previstas medidas
de controle para eliminar ou minimizá-los.    
O processo de gestão compreende o planejamento, organização, direção e controle dos recursos humanos e materiais da empresa. O
processo de gestão de riscos busca controlar os riscos, quando não for possível eliminá-los.
Mas, para darmos continuidade, precisamos entender melhor os conceitos de perigo e risco.
 
2. Perigo x Risco
O perigo consiste em algo – como uma situação, condição, conjunto de circunstâncias ou ainda um agente químico, biológico ou físico
– que pode vir a causar ou contribuir para a ocorrência de lesão, doença ou até mesmo morte. Já o risco é a probabilidade de uma
lesão, doença ou morte ocorrer e sua severidade.
Sobre a ótica da higiene ocupacional, o perigo, ou fonte de risco, pode ser visto como um fator de risco no local de trabalho, uma
circunstância que põe em risco a saúde e segurança do trabalhador, uma situação com potencial de causar dano, ou a capacidade
intrínseca de um agente, seja ele de ordem física, biológica, mecânica etc., capaz de causar um efeito particular à saúde do trabalhador
ou ao meio ambiente. Ele pode ser, portanto, material ou imaterial, mas tem o potencial intrínseco de originar riscos à saúde e
segurança do trabalhador. O perigo pode, ainda, ser um conjunto de propriedades inerentes a um processo, que em certas condições,
dependendo do grau de exposição, seja a causa de efeitos adversos à saúde ou ao meio ambiente. Sendo assim, ele pode ser tudo
aquilo que causa danos, ou seja, materiais, equipamentos, métodos e práticas de trabalho.
O perigo relacionado aos materiais corresponde às substâncias perigas/tóxicas, tais como solventes, ácidos, metais, gases etc. Com
relação aos equipamentos, consiste nas partes móveis sem dispositivo de proteção e nas condições de uso (defeituoso, má
conservação, impróprio para o serviço, uso incorreto, inseguro e inadequado). No que tange aos ambientes de trabalho, está nas
áreas muito quentes, frias, empoeiradas, sujas, ruidosas e escuras, com presença de gases, vapores, fumos etc., e nos postos de
trabalhos inadequados ergonomicamente. Do ponto de vista dos trabalhadores, consiste na falta ou insuficiência de capacitação,
inexistência de políticas de segurança, fadiga, uso de drogas e álcool, pressão no trabalho, assédio moral, carga de trabalho excessiva
etc. E, por último, temos o perigo associado ao sistema de trabalho, que está no conteúdo e organização do trabalho, gerenciamento
e cultura organizacional.
Ainda sobre a ótica da higiene ocupacional, o risco ocupacional é a probabilidade de ocorrer um dano à saúde ou meio ambiente ou a
possibilidade de alguém sofrer os danos provocados por um perigo existente.
O risco está sempre ligado à exposição a um perigo. As consequências negativas ou danos relacionados ao trabalho podem ser de
ordem física ou moral. O nível do risco é determinado pela combinação da severidade dos danos e da probabilidade ou chance dos
mesmos ocorrerem.      
Visto isso, o risco está em função do perigo e da exposição, que leva em consideração a intensidade, duração e frequência do contato
com o agente. Desta forma, sem exposição, não há risco.
Indo um pouco mais além, podemos dizer que o risco é uma fonte de perigo não controlada. Por isso, quando não for possível eliminá-
lo, devemos controlá-lo, a fim de que não ultrapasse os limites toleráveis pelo ser humano, equipamentos ou processos e gere um
incidente.
E por falar em incidente, você sabe a diferença entre ele e um acidente?
 
3. Acidente x Incidente
Enquanto o acidente de trabalho, conforme a Lei Nº 8.213 (1991), é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de uma empresa
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho, o incidente não chega a ser totalmente prejudicial, ou seja, não causa uma lesão ou dano, mas é algo que
poderia vir a causá-los.       
Logo, o acidente de trabalho é aquele acontecimento inesperado que interrompe a rotina profissional, levando a lesões corporais por
parte do empregado ou até prejuízo material para a empresa, quando visto do ponto de vista gerencial (ISO 45001, 2018). Por outro
lado, o incidente é algo mais ameno, mas que também ocorre de forma inesperada, e que, devido ao seu potencial pode ser
considerado como um quase acidente.
Para deixar mais clara a diferença entre acidente e incidente dentro do ambiente do trabalho, considere o exemplo:
 Imagine que um funcionário carrega uma caixa de um departamento até outro. No meio do caminho, ele deixa a caixa cair,
sem querer, de maneira imprevista. Se esse evento não causar nenhum dano físico ao funcionário ou de material para a
empresa, se trata de um incidente. Por outro lado, se esse acontecimento acarretar lesão física ao trabalhador – se a caixa
cair em seu pé e o machucar, por exemplo – ou prejuízo no ambiente de trabalho (inutilização de material é uma das
possibilidades), se trata de um acidente.
O PGR, então, utiliza um conjunto de técnicas para eliminação ou redução máxima dos efeitos das perdas, sejam elas pessoais,
ambientais, à propriedade ou imagem da empresa.
 
4. Gestão de Riscos
A primeira coisa a ser feita é procurar, encontrar e identificar os perigos e riscos existentes na empresa como um todo.
A procura é uma atividade multidisciplinar, que deve envolver profissionais que conheçam em profundidade as instalações, processos
e atividades realizadas na empresa, e atuem diretamente nas suas áreas de conhecimento e competência. Os profissionais envolvidos
nessa atividade devem ser treinados sobre como agir e atuar, a fim de que registrem os pontos encontrados de forma prática e
objetiva. Os registros, além de servirem como evidência da atividade, servem de entrada para a etapa de análise dos riscos.
Após procurar possíveis perigos e riscos, através da inspeção de instalações, máquinas, equipamentos etc., os agentes ambientais
responsáveis pelas doenças do trabalho encontrados devem ser mensurados em função de suas concentrações, população exposta e
tempo de exposição, por exemplo. Os agentes associados aos riscos ergonômicos, dentre outros, têm limites de tolerância bem
definidos.
Na fase de identificação, são anotadas as medidas de controle dos riscos identificados, cuja eficiência e eficácia serão avaliadas na fase
de análise.
Após a identificação e mapeamento dos perigos e riscos existentes nas instalações, máquinas e processos, identifica-se aqueles de
ordem operacional, ou seja, para cada atividade operacional são descritos, por etapa, os perigos e riscos identificados e as medidas de
controle adotadas. A Análise de Risco da Tarefa (ART) analisa, então, os trabalhos e não os trabalhadores. Ela deve ser registrada em
um documento entitulado Inventário de Riscos, feita por uma equipe formada pelos profissionais que executam a tarefa e um
profissional especializado em SST (Saúde e Segurança do Trabalho), e coordenada pela chefia imediata dos trabalhadores que
executam a tarefa, o que gera maior credibilidade e comprometimento com o trabalho realizado. É na etapa de análise dos riscos que
são identificadas as medidas de controle existentes e o nível de cada risco mapeado.
Sendo assim, é recomendado que o perigo seja classificado na análise de risco. Para que isso seja feito, pode-se utilizar os seguintes
atributos: (1) Dano, lesão ou doença: descreve a consequência potencial do perigo associado, caso resulte em um acidente ou doença.
(2) Medidas de controle: indica as ações protetivas ou preventivas efetivamente adotadas na atividade para reduzir a probabilidade de
ocorrer um acidente quando alguém interagir com o perigo. (3) Classe do perigo: indica a natureza do perigo, que pode ser física,
química, biológica, ergonômica ou mecânica.
Uma boa prática recomendada é a adoção de descrição uniforme para os perigos mapeados, o que contribui para a comparação das
atividades de empresas de diferentes ramos e viabiliza a realização de trabalhos técnicos e estatísticos, apesar de engessar a descrição.
Após analisados, os riscos devem ser avaliados. A avaliação consiste na comparação dos riscos encontrados com base nos critérios
estabelecidos para que os mesmos possam ser priorizados e tratados ou não. Vale ressaltar que há riscos considerados pequenos ou
de impacto muito baixo, cujo tratamento pode ser aceitá-los. Uma vez identificados e avaliados, eles são monitorados, para que
recebam um novo tratamento, caso se tornem maiores.
Após identificação, análise e avaliação, a implantação das medidas de controle dos riscos deve ser realizadas de forma continuada
tanto para as atividades rotineiras, quanto para aquelas esporádicas e ainda para as que envolvem todas as pessoas com acesso ao
ambiente de trabalho, como contratados e visitantes, e as que possuam infraestrutura disponível no ambiente de trabalho que sejam
fornecidas ou não pela empresa. Logo esse processo é cíclico e não acaba nunca. Ele deve ser feito de forma periódica.
Conforme vimos, o risco está associado à exposição ao perigo. Portanto, quanto maior o perigo, a exposição, ou o produto dos dois,
maior o risco. Nesse contexto, identificar os perigos e riscos é agir preventivamente, antecipando os fatores que geram acidentes e
doenças, possibilitando a adoção de medidas adequadas de eliminação, redução e controle, e protegendo a população exposta aos
perigos e riscos existentes nas atividades.
A NR 22 estabelece a obrigatoriedade das empresas ou permissionárias de lavra garimpeira de elaborar e implementar o PGR.
 
6. Programa 5S

Programa 5S
 
 1. Contextualização
O Cinco S (5S) é uma metodologia de origem japonesa criada na década de 50 para organizar, limpar, desenvolver e sustentar um
ambiente de trabalho produtivo, que consiste na aplicação de 5 práticas executadas sistematicamente para controles visuais e
produção enxuta: senso de utilização ou organização, senso de arrumação ou ordenação, senso de limpeza, senso de padronização e
senso de disciplina, ou Separe (Seiri), Organize (Seiton), Limpe (Seiso), Standardize (Seiketsu) e Sustente (Shitsuke). A palavra “senso”
aqui, tem o significado de direção, entendimento comum. Na década de 60, tornou-se em uma filosofia de gestão empresarial que
transformou o Japão, contribuindo para que se tornasse a potência que é hoje.
O programa 5S permite a redução de desperdícios e remoção de tarefas, atividades e materiais desnecessários, levando à redução dos
custos de produção, à melhoria da pontualidade de entregas e da produtividade, ao aumento da qualidade do produto e a maior
segurança no ambiente de trabalho.
 
2. O Programa 5S
O 5S é um programa de educação e conscientização, voltado para a transformação de comportamentos e hábitos pessoais, que,
apesar de simples, foi revolucionário.
Inicialmente, o 5S foi criado para recuperar as empresas japonesas e, consequentemente, o país, da situação de vulnerabilidade em
que se encontravam no pós-guerra. Mas, ao ser incorporado no modelo japonês de qualidade, passou a ser adotado por outros países
e ainda hoje é bastante utilizado. Ele serve de base para os diversos sistemas de gestão, como os da qualidade, meio ambiente e
segurança e saúde do trabalho (SST), por exemplo. Com sua evolução e melhoria contínua, tornou-se mais amplo e passou a propiciar
a implantação desses sistemas de gestão, através da construção de novos hábitos que levam a mudanças de comportamento.
A implementação do programa 5S não demanda grande investimento e não possui contra indicação. Seus objetivos são: melhoria da
qualidade, do ambiente de trabalho e das relações humanas; prevenção de acidentes e quebras; redução de custos; eliminação do
desperdício; motivação do trabalhador; base para outros programas, sistemas de gestão, etc.
    
3. Os 5 Sensos
Para entendê-lo melhor e aplicá-lo na prática, vamos estudar os conceitos que tornam cada senso uma ferramenta eficaz para os
processos organizacionais.
3.1. Separe (Seiri): Senso de Organização ou Utilização
Separar significa manter no seu local de trabalho apenas o que é necessário para realização da tarefa (ferramentas, peças, materiais e
documentos), separando o que é útil do que é inútil e pode atrapalhar a realização da atividade. Deve ser dado destino ao que se
tornou desnecessário para o ambiente, pessoa ou local. Ao eliminar tudo aquilo que não tem utilidade, inclusive pensamentos e
sentimentos negativos, a pessoa foca no que é essencial: a qualidade de vida.
Dentre os principais benefícios alcançados com esse Senso, podemos citar a eliminação do desperdício e de materiais desnecessários,
a liberação de espaço, redução de acidentes e doenças, a economia de energia das pessoas, localização rápida dos itens necessários e
diminuição dos custos.
Para alcançá-lo é necessário adequar o posto de trabalho para que tenha apenas o necessário, descartar o que não serve mais e
disponibilizar ou devolver ao almoxarifado o excedente de materiais estocados. Uma prática que ajuda é utilizar o princípio do “um”:
uma ferramenta, um dispositivo... Tudo aquilo que está desgastado, obsoleto, quebrado, em excesso, que seja sucata ou lixo, deve ser
descartado.          
3.2. Organize (Seiton): Senso de Arrumação ou Ordenação
Este senso está em manter em ordem seus objetos de trabalho, arrumar o que é útil, atribuindo um lugar para cada coisa, de modo
que seja fácil encontrar o que é necessário.
A organização deve levar em consideração a facilidade de acesso, frequência de utilização, tipo e peso do objeto, e sequência lógica
praticada. Tudo deve ser identificado e padronizado, com o uso de etiquetas, cores, rótulos, placas, desenhos, símbolos, letras e
palavras-chaves, por exemplo, para possa ser guardado e encontrado com facilidade por todos os que precisam fazê-lo.           
Seus principais benefícios, então, estão na facilidade de acesso aos objetos e informações, otimização do tempo, diminuição do
cansaço físico, redução de acidentes, facilidade de desempenho, melhor controle e comunicação e maior integração da equipe de
trabalho.           

Para aplicar esse Senso, basta colocar as coisas em ordem, definindo o lugar correto para cada item, identificá-lo e utilizar padrões.    
      
3.3. Limpe (Seiso): Senso de Limpeza
Implica em manter limpo o ambiente, local de trabalho, as máquinas, equipamentos e a si próprio a todo momento, ou seja, antes,
durante e após o trabalho, a fim de eliminar a sujeira, resíduos e objetos estranhos ou desnecessários ao ambiente. Manter limpo o
ambiente inclui limpar piso, teto, paredes, armários, banheiros etc. E mais importante que limpar, é não sujar.
Como principais benefícios desse Senso, podemos colocar a prevenção de doenças e acidentes, melhoria do ambiente de trabalho,
redução e/ou eliminação de desperdícios, mudança de comportamentos e hábitos e redução dos custos com manutenção dos
equipamentos.
Para praticá-lo, limpe sempre que sujar e só suje quando não puder evitar de fazê-lo. Limpar o ambiente e objetos de trabalho após o
uso e fazer a manutenção da limpeza daquilo que não foi usado. Orientar outros trabalhadores para que façam o mesmo e acionar os
encarregados da limpeza e manutenção, sempre que necessário.
3.4. Standardize (Seiketsu): Senso de Padronização, Saúde, Higiene ou Saúde e Bem-Estar
Este senso foca nos cuidados com a saúde física, mental e emocional do trabalhador, entendendo-o como um todo; corpo, mente e
existência. Está em estabelecer uma programação e métodos para limpeza, organização e separação, a fim de que seja mantido um
estado de prontidão.
Dentre seus principais benefícios podemos destacar a redução de acidentes, doenças e todo tipo de poluição, a redução e/ou
eliminação do perigo, local de trabalho mais agradável, limpo e seguro, melhoria dos relacionamentos e satisfação das pessoas.
Para colocar esse Senso em prática deve-se implementar e praticar rotineiramente os 3 Sensos anteriores, pensar e agir
positivamente, manter a higiene de todo o ambiente de trabalho, promover a beleza do ambiente, eliminar as fontes de risco, zelar
pela segurança e, por fim, permanecer atento às condições ambientais de trabalho (iluminação, ventilação, temperatura etc.).
Adicionalmente, é importante promover o respeito mútuo, promovendo o relacionamento interpessoal, e adotar e/ou manter os
hábitos de cuidado com a saúde e higiene pessoal.
3.5. Sustente (Shitsuke): Senso de Disciplina ou de Autodisciplina
Esse Senso está em reeducar as atitudes para que o 5S torne-se um hábito e passe a ser um modo de vida. Ele inclui a observância às
normas e procedimentos vigentes. O 5S deve ser praticado diariamente, como base de todas as ações. E como as ações são exemplos,
valem mais do que as palavras. Deve-se ainda, desenvolver a força de vontade, criatividade e senso crítico dos trabalhadores.   
Como principais benefícios desse Senso temos o desenvolvimento da autodisciplina e espírito de equipe, redução e/ou eliminação de
atos inseguros, consolidação do Programa 5S, adoção de um modo de vida mais saudável, prática de bons hábitos e ambiente de
trabalho digno e saudável.
Para praticá-lo é preciso desenvolver disciplina para executar os 4 Sensos anteriores de forma que todos compreendam, obedeçam e
pratiquem as regras quando estiverem no ambiente de trabalho de forma automática, natural. Tornar a execução das práticas do
Programa, portanto, uma rotina. Compartilhar objetivos, difundir conceitos e informações, fomentar a paciência e perseverança no
cumprimento dos deveres. Desenvolver mecanismos de avaliação e motivação. Implementar mecanismos que sustentem os ganhos
envolvendo os trabalhadores e reconhecendo seus esforços por meio de um sistema de medição de desempenho.
           
4. Os Outros Sensos
Atualmente, há diversas versões do 5S, com novas palavras incorporadas, que chegam a até 10, incluindo as 5 iniciais. Veja a seguir os
outros 5 Sensos criados.
4.1. Shikare Yaro: Senso de Determinação ou de Determinação e União
Esse Senso está em estabelecer e desenvolver objetivo comum, além de desenvolver trabalhos em equipe, com confiança e respeito
mútuo. Ele demanda a participação e comprometimento de todos os níveis hierárquicos, inclusive da Diretoria, na união dos
trabalhadores. Motivação, liderança e comunicação são a chave desse Senso.
Seus principais benefícios são o alcance mais rápido dos resultados, soma de esforços, maior nível de satisfação individual, exercício da
solidariedade, incentivo e estímulos mútuos e maior comprometimento com os resultados.
Para alcançá-lo a empresa deve focar na união para atingir os objetivos comuns, na motivação e liderança, além de fundamentar suas
decisões em fatos e dados, tornar os funcionários parte integrante da equipe e colaborar quando solicitado.
4.2. Shido: Senso de Capacitação Profissional, de Treinamento ou de Educação
O Shido implica em aperfeiçoar a formação profissional dos trabalhadores por meio da capacitação, educação e treinamento
contínuo, a fim de qualificá-los para o trabalho e fomentar sua evolução como seres humanos.
Seus benefícios transcendem a atividade profissional ao promover o crescimento do trabalhador como ser humano, o aumento da
criatividade, maior satisfação profissional, maior preparação para novos desafios profissionais, maior produtividade e melhores
resultados.
Pode ser implementado através da promoção de cursos de capacitação, palestras, seminários...
4.3. Setsuyaku: Senso de Economia e Combate ao Desperdício
O Setsuyaku combate aos desperdícios através de melhor administração dos recursos e redução das perdas. Ele resulta da
incorporação dos demais “S”, motivando a implementação de mudanças e melhorias.
Seus benefícios são bem visíveis a toda e qualquer empresa.
Esse Senso melhora a administração de recursos, como materiais, serviços, tempo e dinheiro, aumenta a produtividade, reduz as
perdas e, consequentemente, reduz os custos e preserva o meio ambiente.
4.4. Shisei Rinri: Senso de Princípios Morais e Éticos
O Shisei Rinri busca o desenvolvimento e conscientização de princípios morais e éticos, dentre os quais podemos destacar o respeito, a
confiança e a lealdade, para nortear as ações de todos os trabalhadores. Ele age diretamente nas pessoas, em seus conceitos, valores
e comportamentos.
Como benefícios desse Senso podemos destacar o maior comprometimento com os resultados, maior percepção das atitudes éticas
entre os trabalhadores e com os demais stakeholders (clientes, acionistas, fornecedores...), e melhoria do ambiente e relacionamento
interpessoal.
Para que seja praticado, é importante fornecer condições e exigir o cumprimento da ética e valores morais, a fim de que se atinjam
objetivos mais nobres. Definir os padrões de conduta e criar comprometimento que norteiem as atitudes e comportamentos. Tornar
cada trabalhador apto a distinguir o que pode ou não ser feito no exercício de sua função, para que seja leal com seus stakeholders.     
     
4.5. Sekinin Shakai: Senso de Responsabilidade Social
Ele representa um compromisso com projetos sociais da comunidade e com a melhoria da qualidade de vida das pessoas que a
integram. Incentiva e motiva a cidadania e o voluntariado, além de explorar o real significado da responsabilidade socioambiental.
Seus benefícios são imensos. Esse senso proporciona uma melhor imagem da empresa, aumento da produtividade, da participação
do desenvolvimento da comunidade, preservação do meio ambiente e participação no crescimento socioeconômico da população.
Para que seja praticado, é necessária a criação de um ambiente de motivação para a transformação de potenciais em realizações e a
disseminação da importância da prática da responsabilidade social através de ações voluntárias e beneficentes.
Com todas essas ações, espera-se que os trabalhadores incorporem definitivamente os valores que o Programa recomenda.
 
7. PPR
 
1. Contextualização
O PPR - Programa de Proteção Respiratória consiste num programa estabelecido na Instrução Normativa MTb/SSST Nº 1 (1994) como
obrigatório para todo estabelecimento de trabalho em que seja necessário o uso de Equipamento de Proteção Respiratória, como
aqueles que possuem trabalhadores desempenhando suas funções em ambiente com material em suspensão (aerodispersoides)
considerados prejudiciais à saúde. Ele é formado por um conjunto de medidas de ordem prática e administrativa para adequação dos
Equipamentos de Proteção Respiratória.
Seus principais objetivos são: proteger e proporcionar o controle de doenças ocupacionais provocadas pela inalação de poeiras,
fumos, névoas, fumaças, gases e vapores; e estabelecer as recomendações necessárias para elaboração, implantação e administração
de um programa para seleção e uso correto dos Equipamentos de Proteção das vias Respiratórias.    
O controle das doenças ocupacionais provocadas pela inalação de material em suspensão deve ser alcançado, sempre que possível,
por medidas de engenharia, como enclausuramento, ventilação ou substituição das substâncias por outras não tóxicas. Apenas
quando essas medidas não forem viáveis, ou enquanto estão sendo implementadas ou avaliadas, ou ainda em situações de
emergência, devem ser usados os respiradores apropriados.
 
2. Responsabilidades no PPR
Para que a saúde do trabalhador seja preservada, é de responsabilidade do empregador: fornecer o respirador, quando necessário;
fornecer o respirador conveniente e apropriado para o fim desejado; ser responsável pelo estabelecimento e manutenção de um
programa de uso de respiradores para proteção respiratória; permitir que o empregado que usa o respirador deixe a área de risco por
qualquer motivo relacionado com seu uso; investigar a causa do mau funcionamento do respirador e tomar providências para saná-la.
A Instrução Normativa MTb/SSST Nº 1 (1994) estabelece, ainda, um regulamento técnico a respeito do uso de EPR - Equipamento de
Proteção Respiratória, no qual determina que todo empregador deve adotar um conjunto de medidas para adequação do EPR,
sempre que necessário, para complementar as medidas de proteção eletivas implementadas, ou garantir uma completa proteção ao
trabalhador contra os riscos existentes no ambiente de trabalho.         
Por outro lado, a responsabilidade do trabalhador está em: usar o respirador fornecido de acordo com as instruções de treinamento
recebidas; guardar o respirador, quando não estiver em uso, de modo conveniente para que não sofra dano ou deformação; em caso
de observar que o respirador não está funcionando bem, deixar imediatamente a área contaminada e comunicar o defeito à pessoa
responsável indicada pelo empregador nos procedimentos operacionais escritos; comunicar à pessoa responsável qualquer alteração
do seu estado de saúde que possa influir na capacidade de uso do respirador, de modo seguro.
Há também responsabilidades que estão a cargo do profissional que administra o PPR: preparar os procedimentos operacionais
escritos; medir, estimar ou informar sobre a concentração do contaminante na área de trabalho, antes de ser feita a seleção do
respirador, e, periodicamente, durante o uso dos respiradores, a fim de garantir que o equipamento apropriado seja usado; selecionar
o tipo ou classe de respirador apropriado que forneça proteção adequada a cada contaminante presente ou em potencial; fazer a
manutenção de registros e procedimentos escritos de forma que o PPR fique documentado e que permita a avaliação de sua eficácia;
fazer a avaliação da eficácia do PPR.
 
3. Escopo do PPR: Parte 1
No texto do Programa deve haver referência explícita, pelo menos, aos seguintes tópicos: administração do PPR; existência de
procedimentos operacionais escritos; exame médico do candidato ao uso dos respiradores, considerando suas limitações fisiológicas e
psicológicas; seleção dos respiradores; treinamento e reciclagem; ensaios de vedação; manutenção, higienização e guarda dos
respiradores; uso para fuga, emergências e resgates; e avaliação periódica do Programa.      
3.1. Administração do Programa
A responsabilidade e autoridade sobre o PPR devem ser atribuídas a uma única pessoa, que, de preferência, deve ser da área de
higiene ocupacional da própria empresa, da medicina do trabalho ou da engenharia de segurança do trabalho. Nas empresas em que
não houver ao menos um desses profissionais, o administrador do programa pode ser um profissional qualificado responsável pela
supervisão da unidade de manufatura. Mas, para assumir as responsabilidades da administração do PPR, o profissional deve ter
conhecimento de proteção respiratória, bem como conhecer e estar atualizado quanto às publicações e regulamentos legais vigentes.
O PPR deve ser avaliado periodicamente para que seja verificado se: os procedimentos contidos nele atendem aos requisitos dos
regulamentos legais vigentes aplicáveis e aos padrões aceitáveis da indústria; o programa executado reflete os procedimentos
operacionais escritos.                      
A fim de possuir maior objetividade, a avaliação do PPR deve ser realizada por pessoa conhecedora do assunto, não ligada ao
programa nem ao seu administrador. Os pontos a serem verificados na avaliação do Programa devem abranger as seguintes áreas:
administração, treinamento, avaliação médica, ensaios de vedação, avaliação da exposição, seleção e distribuição do respirador,
monitoramento do uso, limpeza, manutenção e inspeção, fontes de ar respirável, guarda dos respiradores, procedimentos para
emergência e problemas especiais.           
A avaliação médica, quando realizada, pode incluir ensaios biológicos conduzidos periodicamente para verificar se o usuário do
respirador está devidamente protegido, e seus requisitos devem ser determinados pelo médico do trabalho. Caso seja detectada
alguma falha ou deficiência durante a avaliação do PPR, a mesma deve ser documentada, com seu plano e prazo de correção, e
corrigida.
 
4. Escopo do PPR: Parte 2
4.1. Procedimentos Operacionais Escritos
O administrador do programa deve estabelecer procedimentos operacionais para o uso correto dos respiradores em situações de
rotina e para situações de emergência e de salvamento, a serem revisados periodicamente, se necessário.
 4.2. Seleção, Limitações e Uso de Respiradores
Os principais fatores que influenciam na seleção de um respirador são: (1) A atividade do usuário, como, por exemplo, a intensidade
do trabalho (leve, médio ou pesado), o tempo de permanência do trabalhador na área de risco etc. (2) As condições de uso do
respirador. Principalmente o tempo de uso do equipamento para realização da tarefa. Seu uso também é específico para atividades
de rotina, não rotineiras, de emergência ou resgate. (3) A localização da área de risco em relação às áreas seguras, em que há ar
respirável. Ela viabiliza o planejamento da fuga em caso de emergência e o planejamento da entrada para realização de serviços de
manutenção, reparo ou resgate. (4) As características físicas e funcionais, além das limitações dos respiradores. (5) As características da
tarefa, condições ambientais e nível de esforço exigido do trabalhador com o respirador, que podem reduzir, drasticamente, a vida útil
do equipamento ou tempo de autonomia.                
Outros fatores que, além dos que vimos acima, afetam a seleção de um respirador são: os pelos faciais, que podem interferir no
funcionamento de válvulas ou vedação da área de contato com o rosto; a necessidade de comunicação e nível de ruído do ambiente,
pois a fala em voz alta pode levar ao deslocamento de peças faciais; a visão, no que diz respeito ao uso de lentes corretivas, óculos de
segurança, protetor facial etc.; problemas de vedação dos respiradores em função de acessórios, como bonés, gorros, óculos,
capacete etc.; e o uso de respiradores em ambientes com baixas ou altas temperaturas, nas quais o desempenho do equipamento
pode ficar prejudicado.      
4.3. Treinamento
A fim de garantir o uso adequado dos equipamentos de proteção respiratória, o supervisor, os usuários, a pessoa responsável por
distribuir o respirador e as equipes de emergência e salvamento devem receber treinamento adequado e reciclagem periódica,
ministrados por profissional qualificado. Os treinamentos devem ser registrados por escrito, com os nomes dos profissionais treinados,
o assunto, o nome do instrutor e as datas em que foram realizados.
4.4. Ensaio de Vedação
É fundamental que todo usuário de respirador com vedação facial seja submetido a ensaio de vedação qualitativo ou quantitativo,
para que seja determinado se o equipamento se ajusta perfeitamente ao rosto. Esse ensaio permite a seleção do tipo, modelo e
tamanho correto do respirador.
 
8. Outros Programas de SST

Outros Programas de SST


 
1. Programa de Conservação Auditiva
O PCA – Programa de Conservação Auditiva contempla um conjunto de atividades, medidas técnicas ou administrativas,
desenvolvidas por profissionais da área de Saúde e Segurança do Trabalho, para prevenção da ocorrência de Perdas Auditivas
Induzidas por Ruído ocupacional (PAIR), controle da evolução das perdas auditivas existentes e diagnóstico precoce das perdas
auditivas, através de um processo dinâmico e contínuo no qual são desenvolvidas atividades planejadas e coordenadas entre as
diversas áreas da empresa.    
O médico coordenador do PCMSO deve ser o responsável pelo PCA e trabalhar em equipe com um fonoaudiólogo. No PCA devem
constar os geradores de ruído, como máquinas e equipamentos. As empresas devem possuir esse Programa para prevenção da saúde
auditiva de seus trabalhadores.    
Dentre as etapas que o PCA deve conter, podemos destacar:
 A avaliação e monitoramento do ruído e dos geradores de ruído (máquinas e equipamentos).
 A avaliação e monitoramento da audição dos trabalhadores expostos ao ruído.
 As orientações sobre o uso dos protetores auriculares e outros meios de prevenção.
 Treinamentos e palestras educativas sobre prevenção auditiva.
 
2. PPRPS e PPRMIP
2.1. Programa de Prevenção de Riscos em Prensas e Similares
O PPRPS - Programa de Prevenção de Riscos em Prensas e Similares é um planejamento estratégico e sequencial das medidas de
segurança a serem implementadas em prensas e equipamento similares, a fim de garantir a proteção adequada à integridade física e
à saúde de todos os trabalhadores que trabalham nas diversas formas e etapas de uso desses equipamentos.
O PPRPS deve ser aplicado em empresas que operam com as prensas e/ou equipamentos similares para que nenhum trabalhador
execute suas atividades exposto às zonas de risco desprotegidas. Ele também define os equipamentos que fazem parte do
programa.         
As Prensas são utilizadas na conformação e corte de materiais diversos. O movimento de martelo (punção) é proveniente de um
sistema hidráulico (cilindro hidráulico) ou mecânico (movimento rotativo transformado em linear através de sistemas de bielas,
manivelas ou fusos).           
Os equipamentos similares às prensas, são aqueles com funções e riscos equivalentes ao delas, tais como: martelos de queda ou
pneumáticos, mateletes, dobradeiras, guilhotinas, tesouras, cisalhadoras, recalcadoras, máquinas de corte e vinco, máquinas de
compactação, dispositivos hidráulicos e pneumáticos. Adicionalmente, o PPRPS define os dispositivos de proteção e os meios de
controle da zona de prensagem ou trabalho.          
Esse Programa deve: ser elaborado e mantido à disposição dos trabalhadores da CIPA e das autoridades competentes; ter um
procedimento por escrito, para definição das sequências lógicas e seguras de todas as atividades relacionadas às prensas e similares;
definir os sistemas de proteção para cada prensa e equipamento similar; apresentar um plano de manutenção registrado em livro
próprio, ficha ou informatizado; e apresentar um plano de capacitação para os operadores de prensas ou equipamentos similares com
carga horária mínima de 8 horas e validade de 2 anos.              
2.2. Programa de Prevenção de Riscos em Máquinas Injetoras de Plásticos
O PPRMIP - Programa de Prevenção de Riscos em Máquinas Injetoras de Plásticos é semelhante ao PPRPS - Programa de Prevenção
de Riscos em Prensas e Similares, porém destinado às empresas que operam máquinas injetoras de plásticos. Seu objetivo é garantir a
proteção adequada à integridade física e saúde de todos os trabalhadores envolvidos nas diversas formas e etapas de uso de
máquinas injetoras de plásticos.           
Assim como o PPRPS, apresenta a definição das máquinas que compõem seu escopo e possui estrutura semelhante a dele.
                 
3. Programa de Qualidade de Vida
A qualidade de vida no trabalho está relacionada às ações que encorajam e apoiam hábitos e estilos de vida que promovam a saúde e
bem-estar dos trabalhadores e suas famílias.           
Ao Programa de Qualidade de Vida cabe gerar estratégias para promoção de um ambiente que estimule e suporte o trabalhador e a
empresa e desenvolva a consciência de que a saúde do trabalhador está diretamente relacionada à produtividade e segurança.           
Há inúmeras oportunidades para melhorar a qualidade de vida. Dentre as principais dimensões da Qualidade de Vida, podemos
destacar:
 Física: alimentação e prática de atividades físicas.
 Emocional: atitudes, sentimentos, forma equilibrada de lidar com o mundo e as pessoas com quem interagimos.
 Intelectual: desenvolver a capacidade mental e o conhecimento e habilidades humanas, através da absorção de
informações, comportamento criativo, concentração, comunicação, memória, vida intelectual e evolução do conhecimento.
 Profissional: relacionada a fatores de ordem profissional, tais quais o orgulho, satisfação, clima organizacional, desempenho,
reconhecimento, carreira, ambiente organizacional... Tornar o trabalho algo nobre, desafiador e satisfatório.
 Social: desenvolver ações que fomentam o convívio e a relação interpessoal.
 Espiritual: trabalhar o lado espiritual, os aspectos relacionados à essência humana, passando por valores pessoais e
pensamentos positivos.
 Financeiro: equacionar o orçamento pessoal e familiar, saber administrar o dinheiro, economizar, poupar e evitar os
desperdícios.
 Segurança: promover a conscientização e comprometimento de todos para a prevenção de acidentes, reconhecer e prevenir
os riscos para evitar que se transformem em acidentes.
 Ambiental: melhorar o meio ambiente e os ambientes de convivência pessoal e profissional, cuidar do ambiente em que se
vive, preocupar-se com os recursos naturais e com a vida.
 Saúde: desenvolver ações voltadas para a saúde das pessoas.        
 
4. Programa de Ginástica Laboral
A ginástica laboral é uma atividade física destinada aos trabalhadores para ser praticada no próprio posto de trabalho deles, a fim de
que façam diferentes movimentos, de acordo com a realização da atividade profissional que exercem.                
Essa atividade é bastante eficaz na prevenção das doenças ocupacionais associadas aos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao
Trabalho (DORT). Nela são realizados um conjunto de práticas para compensar as estruturas do corpo mais utilizadas durante a
atividade laboral e ativar as menos utilizadas, relaxando e as tonificando.      
O ideal é que as seções de ginástica laboral durem de 10 a 15 minutos diários, para que tenham um resultado significante na
musculatura, ou seja, promovam a flexibilidade e força.           
Além dos muitos benefícios físicos e mentais, suas técnicas contribuem para: aliviar o estresse e as tensões acumuladas devido ao
excesso de trabalho; reeducar a postura corporal, principalmente quando o trabalho demanda a realização de movimentos
repetitivos; reduzir o sedentarismo e a fadiga; elevar o ânimo, melhorar o desempenho e promover maior integração no grupo de
trabalho; prevenir lesões nas mãos, ombros, coluna, punhos, tais como as LER (Lesões por Esforços Repetitivos).
Os benefícios da ginástica laboral para a empresa estão associados, dentre outro, à redução de faltas dos trabalhadores, aumento da
produtividade, redução das quedas, maior integração da equipe e aumento da atenção, que reflete diretamente na segurança do
trabalho.
 
 
 

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