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4 - Organização de

Serviços de Segurança e
Saúde do Trabalho
4. Organização de Serviços de Segurança e Saúde do Trabalho

Os serviços e programas voltados para a aplicação de ações em


matéria de segurança do trabalho nas organizações são essenciais
para garantir condições dignas e seguras de trabalho, protegendo os
trabalhadores de riscos e perigos, finalidade maior da própria
segurança do trabalho. Cada um deles, seja constituído de
profissionais especialistas na área, como SESMT; por profissionais
eleitos para dispor sobre medidas de prevenção de acidentes do
trabalho e doenças laborais nas dependências da empresa, a CIPA;
seja um conjunto de procedimentos formais e obrigatórios que visam
monitorar o impacto da exposição dos trabalhadores aos riscos
ambientais da sua atividade laboral, o PCMSO; ou um documento
que sirva de norte para a gestão de riscos e perigos para toda a
estrutura hierárquica da organização, o PPRA; completa o “quebra-
cabeças” da gestão de segurança e saúde do trabalho.

A prevenção e a promoção da saúde são determinantes para a


garantia da qualidade de vida dos colaboradores e para evitar que
seja necessário adotar medidas corretivas, tendo em vista a
ocorrência de acidentes ou o diagnóstico de doenças associadas à
execução das tarefas laborais. De acordo com Mattos e Másculo
(2019), não apenas as organizações e os órgãos governamentais
devem se preocupar com o desenvolvimento da Política de
Segurança e Saúde no Trabalho, mas também as autoridades de
saúde, para que sejam melhorados os números de acidente e
doenças do trabalho, impactando no incremento do nível de saúde e
qualidade de vida da população.

 A seguir são detalhados os principais aspectos inerentes à cada um


desses programas.

4.1. Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em


Medicina do Trabalho

O Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina


do Trabalho (SESMT) é formado por um grupo de profissionais com
conhecimentos técnicos na área de Segurança e Saúde no Trabalho
(SST). Esse grupo tem autoridade staff dentro das organizações,
pois presta aconselhamento e assessoria à administração,
orientando a tomada de decisões, assim como aos empregados e à
CIPA em todos os assuntos relacionados à área de segurança e
saúde no trabalho (BARSANO, 2018).

A NR 4, que dispõe sobre o SESMT, determina que este seja


composto pelos profissionais com as formações descritas a seguir:

 
 Médico do Trabalho: indivíduo formado em medicina que conclui e
detém certificado de curso de especialização em Medicina do
Trabalho, em nível de pós-graduação, ou certificado de residência
médica em área de concentração em saúde do trabalhador realizada
em instituição de ensino (IE) que tenha o curso de medicina, e que
seja reconhecido pela Comissão Nacional de Residência Médica, do
Ministério da Educação (MEC) (BARSANO, 2018);

 Enfermeiro do Trabalho: indivíduo graduado em enfermagem que


concluiu e detém o certificado de curso de especialização em
Enfermagem do Trabalho, em nível de pós-graduação, numa IE que
mantenha curso de graduação em Enfermagem (BARSANO, 2018);

 Auxiliar ou técnico de Enfermagem do Trabalho: indivíduo que


concluiu curso técnico de auxiliar de enfermagem ou técnico de
enfermagem que possui o certificado de conclusão de curso de
qualificação de auxiliar de enfermagem do trabalho, realizado numa
IE reconhecida e autorizada pelo MEC (BARSANO, 2018);

 Engenheiro de Segurança do Trabalho: indivíduo graduado em


engenharia ou arquitetura que concluiu e possui certificado de curso
de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, em
nível de pós-graduação, em IE reconhecida pelo MEC (BARSANO,
2018);

 Técnico de Segurança do Trabalho: indivíduo que concluiu o curso


de técnico em segurança do trabalho e possui comprovação de
registro profissional expedido pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
 
O dimensionamento do SESMT ocorre a partir do cruzamento de
dados entre o grau de risco da atividade – encontrado no Quadro I da
NR-4 – e o número total de empregados – que é encontrado no
Quadro II da NR-4 (BRASIL, 2016).

O Esquema 1 descreve as competências do SESMT nas


organizações na aplicação de ações para promoção da segurança e
saúde do trabalho.

Esquema 1 – Competências do SESMT em questões de SST.

4.2. Comissão Interna de Prevenção de acidentes (CIPA)

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) é formado


por uma equipe de pessoas que tem como principal objetivo atuar em
prol da prevenção de acidentes e de doenças decorrentes do
trabalho. Desse modo, contribuem para a preservação da vida e a
promoção da saúde de todos os envolvidos com as atividades
laborais. A CIPA é regulamentada pelos artigos 162 a 165 da CLT e
pela Norma Regulamentadora (NR 5) e deve ser constituída e
mantida em pleno funcionamento em organizações que mantenham
funcionários, sejam elas privadas ou públicas, sociedades de
economia mista, beneficentes e até mesmo associações recreativas
e cooperativas (BARSANO, 2018).

De acordo com a NR-5, a CIPA deve ser formada a partir da seleção


de representantes do empregador e dos empregados, com base no
dimensionamento, que leva em consideração: o ramo de atividade da
empresa, o seu número de acordo com a classificação Nacional de
Atividades Econômicas (CNAE) e a quantidade de funcionários que
compõem o seu quadro. Os representantes do empregador são
indicados por ele e os representantes dos empregados são definidos
por meio de um procedimento de eleição, com apuração de votos
(BRASIL, 1999).

As atribuições da CIPA, conforme a NR-5, incluem (BRASIL, 1999):

 Elaborar e analisar o mapa de riscos, representação gráfica dos


riscos ambientais sobre a planta baixa da empresa toda ou por setor
de trabalho. A Figura 1 apresenta um exemplo;

 Elaborar o plano de trabalho, que contempla as ações preventivas e


medidas recomendadas a partir da análise do mapa de riscos, com a
finalidade de neutralizar tais riscos;

 Colaborar com a divulgação e o cumprimento das Normas


Regulamentadoras (NRs), tendo em vista sua relevância no campo
da segurança e saúde no trabalho;
 Em caso de constatação da iminência da ocorrência de um acidente,
devido à intensificação de um risco ou perigo, solicitar imediatamente
a parada da produção e de equipamentos;

 Promover a Semana Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT),


que visa a conscientização e o incentivo ao desenvolvimento de uma
cultura de segurança na organização;

 Promover campanhas de prevenção da Síndrome da


imunodeficiência adquirida (AIDS), doença que acomete o sistema
imunológico, afetando a saúde global do indivíduo.
 

Figura 1 – Modelo de mapa de riscos.

A CIPA atua de forma contínua na organização por meio da


realização de reuniões ordinárias e extraordinárias, que têm a
finalidade de acompanhar a implementação das ações de prevenção,
eliminação e redução de riscos e discutir demandas nesse sentido. O
Esquema 2 descreve os requisitos de organização dessas reuniões
definidos na NR-5 (BRASIL, 1999).

Esquema 2 – Como é definida a atuação da CIPA.


4.3. Programa de Controle Médico e de Saúde Ocupacional
(PCMSO)

O Programa de Controle Médico e de Saúde Ocupacional (PCMSO)


consiste no conjunto de iniciativas da empresa para preservação da
saúde de seus colaboradores, disposto na NR-7, em articulação com
as demais NRs. Ele contempla os procedimentos e condutas a
serem adotadas pelas empresas em função dos riscos aos quais os
empregados se expõem no ambiente de trabalho. Tem o objetivo de
prevenir, detectar precocemente, monitorar e controlar possíveis
danos à saúde do funcionário (MATTOS; MÁSCULO, 2019).

São responsabilidades do empregador, de acordo com a NR-7


(BRASIL, 2018):

 Elaborar, implantar e zelar pela eficácia do PCMSO;

 Custear para o empregado todos os procedimentos do PCMSO;


 Definir um coordenador responsável pela execução do PCMSO
(normalmente o médico do trabalho). Não havendo médico do
trabalho, o empregador poderá contratar médico de outra
especialidade para coordenar o PCMSO. No entanto, está
desobrigado a indicar um médico coordenador as empresas de grau
de risco 1 e 2, com até 25 empregados, e as de grau de risco 3 e 4
com até 10 empregados. O grau de risco da empresa é definido pelo
Quadro 1 da NR-4.

O PCMSO inclui os seguintes exames médicos


obrigatórios: admissional, que visa avaliar as condições de saúde
do trabalhador antes que ele assuma suas atividades na
empresa; periódico, que permite efetuar o acompanhamento dos
efeitos da exposição aos riscos ambientais à saúde dos
colaboradores, além do avanço da idade; retorno ao trabalho,
realizado obrigatoriamente no primeiro dia da volta ao trabalho do
empregado que tenha se ausentado por mais de 30 dias, por conta
de afastamento por doença ocupacional ou não, acidente do trabalho
ou parto; mudança de função, quando o trabalhador migrar de
posto de trabalho ou setor, de tal modo que ocorra a exposição a
riscos diferentes daqueles aos quais estava antes da
mudança; demissional, que deve ser feito até o desligamento
definitivo do trabalhador, para que seja analisada a saúde integral do
indivíduo quando da sua permanência na empresa (MATTOS;
MÁSCULO, 2019).

 
4.4. Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA),


regulamentado pela NR-9, é parte integrante das ações e iniciativas
da empresa para a preservação da saúde e da integridade dos
trabalhadores, devendo estar alinhado com o PCMSO e o que é
previsto nas demais NRs. Seu desenvolvimento começa pela
antecipação e reconhecimento dos riscos; seguida do
estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle
destes; passando pela avaliação dos riscos e verificação do grau de
exposição dos trabalhadores; avançando para a implantação de
medidas de controle dos riscos e o acompanhamento de sua
eficácia; o posterior monitoramento da exposição dos colaboradores
aos riscos; e, por fim, o registro e a divulgação dos dados coletados
ao longo do processo (MATTOS; MÁSCULO, 2019).

Segundo a NR-9, o PPRA será registrado em forma de documento,


que deve conter, no mínimo (BRASIL, 2019):

·Planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e


cronograma;

·Estratégia e metodologia de ação;

·Registro, manutenção e divulgação dos dados;

·Periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA.

Atividade extra
Assista ao vídeo do TEDx  apresentado por Amy Edmonson
intitulado “Como transformar um grupo de estranhos em uma
equipe”. O vídeo é centrado na importância do trabalho e espírito de
equipe, aspectos que são fundamentais de serem trabalhados nas
organizações para que as medidas de prevenção de acidentes de
trabalho e doenças ocupacionais sejam eficazes (Disponível  em:
<https://www.ted.com/talks/amy_edmondson_how_to_turn_a_group
_of_strangers_into_a_team/transcript?language=pt-br.>).

Referências Bibliográficas

BARSANO, Paulo Roberto; BARBOSA, Rildo Pereira. Segurança


do trabalho: guia prático e didático. 2ª ed. São Paulo: Editora Érica,
2018.

BRASIL. NR 4 - SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA


DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO. Portaria n.º
510 do Ministério do Trabalho e Previdência Social, de 29 de Abril de
2016. Disponível em:
<https://sit.trabalho.gov.br/portal/images/SST/SST_normas_regulame
ntadoras/NR-04.pdf>. Acesso em: 20 de fev. de 2021.

BRASIL. NR 5 - COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE


ACIDENTES. Portaria n.º 08 da Secretaria de Segurança e Saúde no
Trabalho (SSST), de 23 de fevereiro de 1999. Disponível em:
<https://sit.trabalho.gov.br/portal/images/SST/SST_normas_regulame
ntadoras/NR-05.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2021.
BRASIL. NR 7 - PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE
SAÚDE OCUPACIONAL. Portaria n.º 1.031 do Ministério do
Trabalho, de 06 de dezembro de 2018. Disponível em: <
https://sit.trabalho.gov.br/portal/images/SST/SST_normas_regulamen
tadoras/NR-07.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2021.

BRASIL. NR 9 - PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS


AMBIENTAIS. Portaria nº 1.359 da Secretaria Especial de
Previdência e Trabalho, de 09 de dezembro de 2019. Disponível em:
<https://sit.trabalho.gov.br/portal/images/SST/SST_normas_regulame
ntadoras/NR-09-atualizada-2019.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2021.

MATTOS, U. A. de O. M.; MÁSCULO, F. S. Higiene e segurança


do trabalho. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.

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