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SUMÁRIO

UNIDADE 2 - IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS EXISTENTES EM


PLATAFORMAS DE PETRÓLEO ............................................................................. 4

2.1 RISCOS AMBIENTAIS EXISTENTES NA ÁREA DA PLATAFORMA .......... 4

2.2 RISCOS PSICOSSOCIAIS DECORRENTES DE VÁRIOS ESTRESSORES 7

2.3 RISCOS RADIOLÓGICOS DE ORIGEM INDUSTRIAL OU DE


OCORRÊNCIA NATURAL ................................................................................ 10

2.4 MEDIDAS DE SEGURANÇA DISPONÍVEIS PARA O CONTROLE E


ELIMINAÇÃO DOS RISCOS OPERACIONAIS A BORDO............................... 14

2.5 OUTROS RISCOS INERENTES ÀS ATIVIDADES ESPECÍFICAS DOS


TRABALHADORES........................................................................................... 17
UNIDADE 2 - IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS EXISTENTES EM
PLATAFORMAS DE PETRÓLEO

Objetivo:

• Conceituar e discorrer sobre os riscos ambientais existentes na área da


plataforma;

• Abordar os riscos psicossociais decorrentes de vários estressores como


jornada prolongada, trabalho em turnos e noturno, abordando seus efeitos
nas atividades laborais e na saúde;

• Mencionar os riscos radiológicos de origem industrial ou de ocorrência


natural, quando existentes;

• Identificar as medidas de segurança disponíveis para o controle dos riscos


operacionais a bordo;

• Apresentar outros riscos inerentes às atividades específicas dos


trabalhadores e as suas medidas de controle e eliminação.

Conteúdo abordado:

• Riscos ambientais existentes na área da plataforma;

• Riscos psicossociais decorrentes de vários estressores como jornada


prolongada, trabalho em turnos e noturno, abordando seus efeitos nas
atividades laborais e na saúde;

• Riscos radiológicos de origem industrial ou de ocorrência natural, quando


existentes;

• Medidas de segurança disponíveis para o controle dos riscos operacionais a


bordo;

• Outros riscos inerentes às atividades específicas dos trabalhadores e as suas


medidas de controle e eliminação.

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UNIDADE 2 - IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS EXISTENTES EM
PLATAFORMAS DE PETRÓLEO

2.1 RISCOS AMBIENTAIS EXISTENTES NA ÁREA DA PLATAFORMA

Inicialmente, é interessante definir a diferença entre perigos e riscos em um


ambiente de trabalho. Atuar em um local de risco remete a postos de trabalho que
expõem seus colaboradores a agentes físicos, químicos e biológicos, que podem ser
nocivos à saúde.

Perigo: fonte ou situação com potencial para o dano, em termos de lesões ou


ferimentos para o corpo humano ou de danos para a saúde, para o patrimônio, para
o ambiente do local de trabalho, ou uma combinação deste.

O perigo é inerente a uma atividade, sistema, processo, equipamentos, e no


ambiente offshore, podemos considerar como perigosas as atividades que envolvem
trabalhos em altura, com químicos, movimentação de cargas, espaços confinados,
operações de serviços a quente, sistemas pressurizados, sistemas energizados, etc;

Risco: combinação de probabilidade e da(s) consequência(s) da ocorrência de um


determinado acontecimento perigoso.

O risco é variável e pode ser avaliado de forma qualitativa ou quantitativa.

Figura 1 - Diferença de perigo e risco

Em qualquer ambiente de trabalho podem existir vários agentes físicos, químicos e


biológicos. Estes agentes podem causar dano à saúde dos trabalhadores. Se estes
agentes ambientais causarem danos, eles são considerados riscos ambientais.

Estes agentes podem causar dano físico em função:

• Da sua natureza (o agente causa dano pelo simples fato de ele existir no
ambiente de trabalho);

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• Da sua concentração ou intensidade (o agente causa dano se sua
concentração ou intensidade ultrapassar determinado limite, chamado de
limite de exposição);

• Do tempo de exposição do trabalhador a este agente (o agente causa dano


porque o trabalhador ficou exposto a ele durante um período maior que o
período limite).

Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia às quais os


trabalhadores podem estar expostos, tais como: ruído, vibrações, pressões
anormais, temperaturas extremas (frio intenso, calor intenso), radiações ionizantes,
radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom.

Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que


possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos,
névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de
exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou
por ingestão.

Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas,


protozoários, vírus, entre outros.

O risco, portanto, é a consequência do perigo — se não existir perigo, não existe


risco.

É importante saber que não existe risco zero e, portanto, todo o trabalho deve ser
analisado cuidadosamente e aplicados os mecanismos de controle buscando a sua
tolerabilidade.

Em geral, antes de entrar em operação, todos os agentes existentes na plataforma


já foram previamente analisados e, consequentemente, não representam perigos
para os colaboradores, já que as medidas de segurança cabíveis estão sendo
corretamente executadas.

Entretanto, o risco no trabalho pode ocorrer em atividades em que os perigos até


então não foram identificados adequadamente (ou que foram negligenciados
intencionalmente), implicando situações nas quais o colaborador realiza o trabalho
colocando em risco sua saúde e conforto.

Sendo assim, o ideal é garantir que todos os perigos sejam previamente


identificados, para que não surjam riscos e, consequentemente, chances de ocorrer
a materialização do dano.

A tabela abaixo apresenta os principais agentes que podem se tornar riscos


ambientais numa plataforma offshore.

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Tabela 1: Principais agentes que podem se tornar riscos ambientais numa plataforma offshore.

Natureza Descrição
Agente
dos riscos
Riscos Exposição aos ruídos provenientes
ambientais dos maquinários e equipamentos da
Ruído unidade. Ex. sistema de ventilação,
geradores, compressores, bombas
Físico
de lama, etc
Calor proveniente de equipamentos e
Calor extremo dos fluidos de perfuração, p.
exemplo, sala dos tanques de lama
Presença de gás sulfídrico e metano
com possibilidade de Atmosfera
Gases Imediatamente Perigosa a Vida
(H2S e CH4) (IPVS). Ex.: Espaços confinados,
piso da sonda, sala dos tanques de
lama, etc.
Poeiras e fumos Agentes químicos decorrentes da
metálicos atividade de caldeiraria e solda.
Vapores que podem surgir devido à
Vapores atividade de perfuração, contato com
orgânicos a lama ou mesmo atividades de
Químico
pintura.
Substâncias Riscos de intoxicação ou distúrbios
Compostas dermatológicos através do contato
(produtos de com produtos de limpeza.
limpeza)
Riscos de intoxicação ou distúrbios
dermatológicos através do contato
Produtos
com produtos químicos utilizados
Químicos em
para confecção do fluido de
Geral.
perfuração. Ex. Carbonato de cálcio,
Barita, Baritina, Bentonita, etc
Riscos decorrentes do convívio entre
Vírus
trabalhadores e do sistema e
(ar contaminado)
climatização de ar interior.
Biológico
Possível contaminação proveniente
Bactérias e
de alimentos estragados, roupa de
Fungos
cama, etc.

Lembrando que a NR-37 informa nos itens 37.22.1 e 37.22.2 que:

A operadora da instalação deve elaborar, documentar, implantar e divulgar as


análises de riscos, qualitativas e quantitativas, das instalações e processos, de
acordo com o estabelecido nesta NR, devendo ser revisada ou revalidada no
máximo a cada 5 (cinco) anos.

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As análises de riscos devem ser estruturadas com base em metodologias
apropriadas, escolhidas em função dos propósitos da análise, dos riscos presentes,
das características e da complexidade da instalação, considerando inclusive
possíveis interações entre os diversos riscos e substâncias existentes a bordo.

Perigo: fonte ou situação com potencial para o


dano, em termos de lesões ou ferimentos para
o corpo humano ou de danos para a saúde,
para o patrimônio, para o ambiente do local de
trabalho, ou uma combinação deste.
Saiba Mais
Risco: combinação de probabilidade e da(s)
consequência(s) da ocorrência de um
determinado acontecimento perigoso.

2.2 RISCOS PSICOSSOCIAIS DECORRENTES DE VÁRIOS ESTRESSORES

Conforme a NR-37, os riscos psicossociais decorrem de deficiências na concepção,


organização e gestão do trabalho, bem como de um contexto social de trabalho
problemático, podendo ter efeitos negativos a nível psicológico, físico e social, como
o estresse relacionado ao trabalho, o esgotamento ou a depressão.

Exemplos de condições de trabalho que conduzem aos riscos psicossociais são:

• Cargas de trabalho excessivas;


• Trabalho em turnos;
• Trabalho noturno;
• Exigências contraditórias;
• Falta de clareza na definição das funções;
• Ausência de sua participação na tomada de decisões que afetam o
trabalhador;
• Descontrole sobre a forma como executa o trabalho;
• Gestão de mudanças organizacionais inadequadas;
• Insegurança laboral;
• Comunicação ineficaz;
• Deficiência de apoio da parte de chefias e colegas;
• Assédio psicológico ou sexual;
• Violência provenientes de terceiros, etc.

Quando um trabalhador perde o controle sobre a organização do tempo e passa a


conviver com mudanças consecutivas de turno, com jornadas excessivamente
longas e rápidas e rotações dos dias de descanso, a saúde psíquica pode estar em
risco e os níveis de aspiração no trabalho podem estar entre as causas de tensão,
produzindo ansiedade.

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A NR-17, que trata sobre análise ergonômica do trabalho, em seu Item 17.6.1, define
que a organização do trabalho deve ser adequada às características
psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. A
organização do trabalho, para efeito da NR-17, deve levar em consideração, no
mínimo (17.6.1):

a) as normas de produção;
b) o modo operatório;
c) a exigência de tempo;
d) a determinação do conteúdo de tempo;
e) o ritmo de trabalho;
f) o conteúdo das tarefas.

Em síntese, uma análise ergonômica deve colocar em evidência os fatores que


possam levar a uma sub ou sobrecarga de trabalho (física ou cognitiva) e suas
consequentes repercussões sobre a saúde, estabelecendo quais são os pontos
críticos que devem ser modificados. A análise deve levar em conta a expressão dos
trabalhadores sobre suas condições de trabalho e que para transformá-las
positivamente é preciso agir, quase sempre, sobre a organização do trabalho.

Especificamente nas plataformas offshore, a NR-37, no item 37.2.1, determina que a


operadora da instalação deve garantir que todos os trabalhadores sejam informados
sobre os riscos e as medidas de controle que devem ser adotadas, associados às
atividades realizadas a bordo, inclusive os riscos psicossociais e os demais riscos
existentes nos locais de trabalho e nas áreas de vivência.

Ainda, em seu item 37.12.2, diz que a operadora da instalação e as empresas


prestadoras de serviços devem adotar medidas que visem à promoção, à proteção,
à recuperação e à prevenção de agravos à saúde de todos os seus trabalhadores a
bordo. Tais medidas devem compreender ações em terra e a bordo e contemplar,
entre outras ações, o estabelecimento de programas de promoção e prevenção da
saúde, visando implantar medidas para mitigar os fatores de riscos psicossociais
identificados, assim como prevenir constrangimentos nos locais de trabalho
decorrentes de agressão, assédio moral, assédio sexual, dentre outros.

A seguir vamos apresentar os principais efeitos para a saúde de algumas condições


de trabalho presentes no ambiente offshore.

- Trabalho em turno

O trabalhador em turnos vive em função da sua escala de trabalho. É


frequentemente excluído, ainda que parcialmente, do convívio social e da sociedade
ao redor. A fadiga crônica e a sonolência excessiva são frequentemente percebidas
pelos trabalhadores. São decorrentes das dificuldades em não conseguir se
recuperar dos esforços físicos e mentais realizados no trabalho, não conseguir
dormir o suficiente e não ter boa qualidade de sono durante o dia, ou ainda, ter seu
sono noturno reduzido pelo início muito cedo do trabalho no turno da manhã.

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Os efeitos do trabalho em turnos se fazem notar inicialmente nas perturbações dos
ritmos biológicos, na redução da duração do sono, em manifestações de distúrbios
de sono e nas dificuldades em conciliar atividades de trabalho e vida sociofamiliar.
Outros efeitos importantes da fadiga crônica e da exposição prolongada ao trabalho
em turnos são os seguintes:

• Problemas gastrointestinais: indigestão, dor abdominal, constipação, gastrite


e úlcera péptica;
• Problemas cardiovasculares: hipertensão e doença coronariana;
• Aumento de suscetibilidade a agravos como gripe, resfriado e gastroenterites;
• Problemas reprodutivos nas mulheres;
• Agravamento de problemas de saúde existentes, tais como diabetes, asma,
epilepsia ou doenças psiquiátricas;
• Fatores sociais ou comportamentos individuais relacionados ao trabalho em
turnos podem desencadear ou agravar problemas de saúde, com destaque
para o fato que uma vida social e doméstica bem estruturada é um
fundamento importante para a saúde e o bem-estar.

- Trabalho noturno

O trabalho desempenhado no período noturno afeta diretamente a rotina do


profissional, causando distúrbios do sono (insônia). No plano mental prevalece a
sensação de instabilidade e imprevisibilidade, fatores que desencadeiam o stress,
compreendido como a ausência de descanso físico e mental, de caráter cumulativo.
Quando somatizado, o stress pode causar prejuízos muito sérios à saúde,
perturbando sensivelmente a coordenação motora e o ritmo mental.

Os sintomas supramencionados podem se agravar diante de lazer inexistente e de


vida familiar e social insatisfatórias, porque os horários alternados, muitas vezes,
são incompatíveis, ou seja, não coincidem com os dos demais membros da família,
ou dos amigos que trabalham em horários considerados normais.

- Jornada de trabalho prolongada

Quando a jornada de trabalho é superior a 10 horas, a jornada já é considerada


exaustiva, trazendo consequências negativas para a saúde do trabalhador, como por
exemplo hipertensão, problemas cardíacos e de saúde mental, especialmente os
relacionados aos transtornos de ansiedade e depressão.

Além disso, a exaustão causada pela jornada de trabalho prolongada provoca uma
redução reversível da capacidade do organismo e uma degradação qualitativa do
trabalho, podendo resultar em acidentes.

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Especificamente nas plataformas offshore, a
NR-37, no item 37.2.1, determina que a
operadora da instalação deve garantir que
todos os trabalhadores sejam informados sobre Importante
os riscos e as medidas de controle que devem
ser adotadas, associados às atividades
realizadas a bordo, inclusive os riscos
psicossociais e os demais riscos existentes nos
locais de trabalho e nas áreas de vivência.

2.3 RISCOS RADIOLÓGICOS DE ORIGEM INDUSTRIAL OU DE OCORRÊNCIA


NATURAL

Você pode não saber, mas o solo, a água e praticamente todas as rochas do planeta
contêm pequenas quantidades de materiais radioativos como Urânio (U), Tório (Th),
Rádio (Ra), radioisótopos de Potássio (K), Chumbo (Pb), Polônio (Po), dentre outros.
Tudo isso é chamado de material radioativo de ocorrência natural (NORM - Natural
Occurring Radioactive Material) e está presente em nosso dia a dia. Quando NORM
é tecnologicamente modificado, torna-se TENORM (Technologically Enhanced
Naturally Occurring Radioactive Material). O TENORM nada mais é do que o NORM
concentrado, ou seja, com maior potencial danoso.

O perigo está na radiação que esse tipo de material emite. A radiação ionizante é o
tipo de radiação que mais afeta biologicamente os seres vivos.

Radiação é a energia liberada pelos átomos que possuem o núcleo instável, que se
transformam espontaneamente. Os átomos instáveis são denominados de
radionuclídeos.

A ionização é o processo pelo qual os átomos se tornam positivamente ou


negativamente carregados pelo ganho ou pela perda de elétrons. O processo de
ionização, ao alterar os átomos, pode transmutar a estrutura das moléculas que os
contém.

A radiação – e em especial a radiação ionizante – pode provocar danos celulares,


alterando as estruturas de DNA do ser humano, animais e outros seres vivos
expostas a ela, dependendo da dose de exposição.

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Figura 2 - Símbolo informando risco de radiação ionizante

De acordo com o CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), risco radiológico é


a probabilidade de ocorrer um efeito específico na saúde de uma pessoa ou grupo
de pessoas, em resultado de sua exposição à radiação.

Figura 3 - CNEN

Exposições únicas podem ocorrer em exames radiológicos, como por exemplo, uma
tomografia. Nos tratamentos radioterápicos, ocorrem exposições fracionadas. Já as
exposições periódicas, acontecem em determinadas rotinas de trabalho com
material radioativo em instalações nucleares.

Para uma mesma quantidade, os efeitos biológicos da radiação resultantes podem


ser muito diferentes. Assim, se ao invés de fracionada, a dose aplicada num
paciente em tratamento de câncer fosse dada numa única vez, a probabilidade de
morte seria muito grande.

A exposição contínua ou periódica que o homem sofre da radiação cósmica, produz


efeitos de difícil identificação. O mesmo não aconteceria se a dose acumulada em
50 anos fosse concentrada numa única vez.

A exposição de um objeto ou corpo à radiação é chamada de irradiação. É possível


haver irradiação sem existir contaminação, pois contaminação é a presença de um
material indesejável em um determinado local.

Tomando como exemplo um FPSO, o processo de contaminação funciona da


seguinte forma:

1. Durante a fase de perfuração, o campo de exploração contém material


NORM. Conforme ocorre o processo de extração do petróleo, o NORM
que está diluído em óleo e gás “sobe” junto ao material produzido. Todo o

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NORM vai se acumulando na planta de produção, em forma de borras e
incrustações, se tornando TENORM.

2. Após algum tempo, ocorre a redução da pressão no reservatório. Então


surge a necessidade de injetar água para manter a produção. Esta água
possui características diferentes da água de formação, o que acarreta a
dissolução acelerada dos sais contendo materiais radioativos presentes na
rocha e no óleo.

Com o passar do tempo, o material NORM se acumula nas linhas, válvulas, filtros,
vasos e tanques da planta de produção. Este material tem potencial para criar
campos de radiação cujos valores de dose ultrapassam os limites seguros
estabelecidos pela CNEN para os IOEs (Indivíduos Ocupacionalmente Expostos) e,
principalmente, para o público em geral.

Figura 4 - Medição de Radiação em Junta Flexível.

Há que ter em conta que os profissionais que trabalham com as radiações são
expostos a doses que por menores que sejam, poderão vir a ser nocivas a longo
prazo. Dessa maneira, a NR-37 estabelece 37.29.1 que durante todo o ciclo de vida
da plataforma, a operadora da instalação deve adotar medidas para proteger os
trabalhadores contra os efeitos nocivos da radiação ionizante, provenientes de
operações industriais com fontes radioativas e de materiais radioativos de ocorrência
natural, gerados durante a exploração, produção, armazenamento e movimentação
de petróleo e resíduos, prescritas nesta NR e na NR-34.

A NR-37, em seu subitem 37.29.4.10 estabelece também que a operadora da


instalação deve assegurar que os IOEs, possuam capacitação. A capacitação deve
ser ministrada por Supervisor de Proteção Radiológica (SPR) e profissionais em
segurança e saúde, com qualificação e habilitação em proteção radiológica.

O IOE pode estar sob risco de desenvolver algum tipo de câncer em seu organismo
mediante contato com radiação ionizante. O quadro abaixo apresenta o tipo de
câncer que poderá ser causado mediante a exposição à radiação.

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Tabela 2: Tipo de radiação x câncer.
Tipo de
Câncer em humanos
radiação
Raio X e Raios Glândula salivar, esôfago, estômago, cólon, pulmão, ossos, mama, bexiga, rim, pele, cérebro e
Gamas sistema nervoso central (SNC), tireóide e leucemia.
Partículas Alfa Pulmão e leucemia.

Partículas Beta Tireóide, leucemia, glândula salivar, osso e sarcoma.

Enquanto os efeitos físico-químicos acontecem instantaneamente, os efeitos


biológicos podem se manifestar em períodos de tempo que vão desde alguns
minutos até muitos anos. Eles representam uma reação natural do organismo sobre
uma ameaça a seu saudável funcionamento. As eventuais doenças que podem se
desenvolver consistem na inabilidade do organismo recuperar-se em decorrência da
severidade dos efeitos biológicos advindos.

O surgimento destes efeitos não significa uma doença. Quando a quantidade de


efeitos biológicos é pequena, o organismo pode recuperar, sem que a pessoa
perceba. Por exemplo, numa exposição à radiação X ou gama, pode ocorrer uma
redução de leucócitos, hemácias e plaquetas e, após algumas semanas, tudo
retornar aos níveis anteriores de contagem destes elementos no sangue. Isto
significa que, houve a irradiação, ocorreram efeitos biológicos sob a forma de morte
celular e, posteriormente, os elementos figurados do sangue foram repostos por
efeitos biológicos reparadores, operados pelo tecido hematopoiético.

Por outro lado, quando a quantidade ou a frequência de efeitos biológicos


produzidos pela radiação começa a desequilibrar o organismo humano ou o
funcionamento de um órgão, surgem sintomas clínicos denunciadores da
incapacidade do organismo de superar ou reparar tais danos, que são as doenças.
Assim, o aparecimento de um tumor cancerígeno radio induzido, significa já quase o
final de uma história de danos, reparos e propagação, de vários anos após o período
de irradiação.

Os órgãos mais afetados pela exposição à radiação ionizante são as gônadas, olhos
e a medula óssea.

Para as gônadas (testículos e ovários) o maior risco é a esterilidade permanente. Os


olhos são afetados no cristalino, podendo gerar a Catara. Já na medula óssea o
risco é de depressão da hematopoiese, um comprometimento na produção de
células sanguíneas que pode levar à morte.

Os 3 principais riscos de exposição à radiação em plataformas offshore são:

• Fontes radioativas em instrumentos de origem estrangeira: A produção


de petróleo requer uma série de equipamentos tanto para a extração quanto
para a medição exigida em cada um dos processos envolvidos na atividade.
Devido à complexidade da extração e medição de petróleo, alguns medidores
nucleares são utilizados. A tecnologia nuclear de medição usa fontes
radioativas no seu funcionamento, o que exige um cuidado especial para tudo

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que envolver esse tipo de equipamento. Boa parte desse tipo de equipamento
é importado e segue os padrões internacionais de segurança.

• Embarque temporário de fontes: Uma das principais atividades que


embarcam temporariamente instrumentos com fonte radioativa é o serviço de
gamagrafia. Esse tipo de equipamento é pesado e de difícil manuseio. São
transportados em contêineres, por navio. O transbordo para a plataforma é
feito por guindaste e é nesse momento que pode ocorrer algum acidente que
afete a integridade da fonte radioativa no interior do instrumento.

• Material NORM/TENORM: O risco de contaminação radioativa está


relacionado aos radionuclídeos concentrados durante o processo de extração,
transporte e/ou produção de petróleo e gás. A ocorrência se dá pelo acúmulo
de lodo e resíduos de petróleo nos equipamentos de extração, as chamadas
incrustações. São nos momentos de paradas para manutenção ou quando há
o descomissionamento da embarcação que ocorrem a maior parte das
contaminações. Os profissionais estão expostos a uma grande quantidade de
fontes, pois estão fazendo a limpeza de uma material que contém elementos
radioativos.

A NR-37, em seu subitem 37.29.4.10


Dicas estabelece também que a operadora da
instalação deve assegurar que os IOEs,
possuam capacitação.

2.4 MEDIDAS DE SEGURANÇA DISPONÍVEIS PARA O CONTROLE E


ELIMINAÇÃO DOS RISCOS OPERACIONAIS A BORDO

No estudo dos perigos e danos, após a classificação dos riscos, são identificadas as
medidas de controles com o objetivo de reduzi-los a níveis aceitáveis para a saúde e
integridade física dos trabalhadores. Uma vez identificadas, os riscos devem ser
reavaliados, de forma a verificar a se a nova classificação está dentro dos padrões
de aceitabilidade do gerenciamento de riscos.

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Figura 5 – Sistema de gestão

A mitigação de riscos independente da natureza do risco (ocupacional, ambiental,


imagem e reputação, financeiro, etc) passa necessariamente pela adoção das
medidas de controle pertinentes.

No caso da Segurança e Saúde Ocupacional as medidas de controle são agrupadas


segundo uma hierarquia denominada “Hierarquia de Controles”. Esta classificação é
feita para identificar e classificar as medidas de controle de acordo com a sua
capacidade intrínseca de mitigar o risco.

A adoção de medidas de controle dos riscos ambientais é prevista, na nossa


legislação, pelo item 1.4.1, “g”, da nova NR-01. Antes da nova redação da NR-01,
essa obrigação já estava expressa no item 9.3.5.1 da NR-09.

A literatura classifica as medidas de controle segundo as seguintes classes:

Medidas de Eliminação: Eliminar a condição perigosa como por exemplo, eliminar


o manuseio manual por um manuseio mecânico. Em outras palavras, eliminar a
energia associada ao agente de risco.

Medidas de Substituição ou Minimização: Substituir uma substância perigosa por


outra menos agressiva ou reduzir a energia do processo (força, amperagem,
pressão, temperatura, etc.)

Medidas de Engenharia: Mudança estrutural no ambiente de trabalho de modo a


introduzir barreiras entre a condição perigosa e, portanto, a energia envolvida, e as
pessoas. Exemplo inclui interlock, enclausuramento, sistemas de ventilação, etc.

Medidas de Separação ou Segregação: Criar meios de circulação da energia em


caminhos alternativos de modo a evitar o contato das pessoas com essa energia.
Exemplo: Proteção Passiva Contra Incêndio (PPCI) aplicada nos ambientes para
segregação de áreas com diferentes riscos para evitar a propagação do incêndio
das áreas de maior risco para as de menor risco.

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Medidas Administrativas: Procedimentos, treinamento e competência para a
execução do trabalho. Inclui ainda sinalização horizontal e vertical, sinais de
advertência e alarme, permissão de trabalho, controle de acesso, etiquetagem,
inspeção, etc.

EPI – Equipamento de Proteção Individual: Fornecimento de equipamentos de


proteção individual que inclui a seleção, adequação, manutenção e uso.

Esse conceito está explícito na NR-09, que trata sobre o PPRA (Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais), em seus itens 9.3.5.2 e 9.3.5.4:

9.3.5.2 O estudo, desenvolvimento e implantação de medidas de proteção


coletiva deverá obedecer à seguinte hierarquia:
a) medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes
prejudiciais à saúde;
b) medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no
ambiente de trabalho;
c) medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses agentes no
ambiente de trabalho.

9.3.5.4 Quando comprovado pelo empregador ou instituição a inviabilidade


técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não
forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou
implantação, ou ainda em caráter complementar ou emergencial, deverão ser
adotadas outras medidas, obedecendo-se à seguinte hierarquia:
a) medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho;
b) utilização de equipamento de proteção individual – EPI.

Figura 6 – Pirâmide da hierarquia de controles de risco

O PPRA tem por objetivo estabelecer medidas que visem a eliminação, redução ou
controle dos riscos ambientais em prol da preservação da integridade física e mental
do trabalhador. A NR-09 determina a obrigatoriedade de elaboração e
implementação do PPRA por todos os empregadores e instituições que admitam
trabalhadores como empregados.

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2.5 OUTROS RISCOS INERENTES ÀS ATIVIDADES ESPECÍFICAS DOS
TRABALHADORES

Além dos riscos ambientais, existem também os riscos ergonômicos e de acidentes.

A exposição aos riscos ergonômicos decorre da adoção de posturas inadequadas


e forçadas no trabalho offshore.

O risco de acidente está presente em todas as plataformas de petróleo. Em sua


maioria provocam cortes, fraturas, contusões e amputações. Além de causar
sequelas físicas, muitas vezes o perigo tem o potencial de ocasionar a morte.

Um exemplo prático é uma atividade que envolve a movimentação de cargas com


um guindaste, que é considerada uma operação perigosa. Se o operador não for
qualificado ou o local não estiver devidamente isolado e sinalizado, este trabalho
pode ser considerado de alto risco.

A seguir estão listados os principais agentes que podem se tornar riscos em uma
plataforma offshore:
Tabela 3: Agentes de Riscos Ergonômicos e de Acidentes.

Agente Descrição
Podem gerar desgaste físico,
Equipamento e
emocional, fadiga, sono, dores
instrumentos utilizados na
musculares na coluna e articulações,
atividade profissional
etc.
Riscos Lesões por esforço repetitivo
Ergonômicos (LER/DORT) devido às atividades de
Posição e movimento
operação, manutenção, transporte de
cargas, etc
Distorção da acuidade visual,
Iluminação
estresse.
Risco de acidentes potenciais em
atividades de operação, manutenção,
Máquinas e equipamentos
inspeção e teste de máquinas e
equipamentos.
Riscos de incêndio e explosão,
Riscos de Hidrocarbonetos possibilidade de criação de
Acidente atmosfera explosiva.
Riscos de acidentes envolvendo
queda de objetos (ferramentas,
Trabalho em altura equipamentos, cargas) quando
existem atividades envolvendo
trabalho em altura.

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Inerente as fontes potenciais de
choque elétrico ou arco elétrico, seja
Eletricidade em equipamentos ou sistemas de
controle.
Transporte/locomoção de Risco de quedas, tropeços e
cargas e pessoas escorregões.

No caso da Segurança e Saúde Ocupacional


as medidas de controle são agrupadas
segundo uma hierarquia denominada
Saiba Mais “Hierarquia de Controles”. Esta classificação é
feita para identificar e classificar as medidas de
controle de acordo com a sua capacidade
intrínseca de mitigar o risco.

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