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Aula 10 – Detectores e Aceleradores de Partículas

Radiação

Ionizante Não Ionizante

Ioniza os átomos do Excita os átomos do meio:


meio: retira elétrons eleva o nível de energia
de átomos do material acima de um determinado
estado energético

2
Classificação das radiações
Radiação

Corpuscular Eletromagnética

Partículas Partículas Partículas


carregadas sem carga sem carga

Pesadas Leves
Nêutrons Raios X e Raios Gama

Prótons Pósitron 3
Alfa s
Interação da partículas carregadas, rápidas e
pesadas com a matéria
Toda partícula carregada com massa de repouso superior à do
elétron (0,511 MeV) e energia cinética maior que a energia de ligação
dos elétrons aos átomos do meio é considerada pesada;

Exemplos: Partículas alfa emitidas por radionuclídeos, prótons da


radiação cósmica ou de um acelerador, etc.;

A interação dessas partículas com os átomos é devido a forças


coulombianas. Assim, as partículas pesadas transferem energia
cinética para os átomos do meio através de sucessivas colisões com o
mesmos.

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Interação da partículas carregadas, rápidas e leves
com a matéria
Elétrons e pósitrons com energia cinética maior que a energia de
ligação de elétrons aos átomos do meio são partículas carregadas,
rápidas e leves;

Exemplos: Desintegração beta, feixes produzidos em aceleradores,


ou criação de pares;

Estas partículas podem interagir via força coulombiana com os


elétrons do meio, ou com os núcleos atômicos via processo
Bremsstrahlung.

5
Ionização Bremsstrahlung
Ionização do meio produzida por um elétron
Elétrons perdem energia através de uma
elétron
série de colisões que os defletem do processo
incidente
original, causando uma série de ionizações
secundárias.

absorvedor

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Interação de nêutrons com a matéria
O nêutron por ser eletricamente neutro e não ter campo
eletromagnético associado não interage com os elétrons do meio e
não recebe influência deles;

O nêutron como o fóton pode atravessar distâncias consideráveis


sem sofrer qualquer interação e sem perder energia cinética;

Nêutrons interagem através da força nuclear forte e participam de


diversas reações nucleares, sofrem espalhamentos elástico e
inelástico e podem também ser capturados por núcleos;

Colisão
Elástica
O nêutron ao interagir com núcleos cede
parte de sua energia para o núcleo,
sofrendo deflexão em sua trajetória;

A energia transferida é inversamente proporcional a massa do 7


núcleo.
Interação de nêutrons com a matéria
Colisão
Inelástica
O nêutron ao ser capturado por um núcleo gera uma mudança da
energia interna do núcleo (núcleo excitado), que pode se desexcitar
por emissão de radiação gama e de um nêutron com menor energia.

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Interação de nêutrons com a matéria
Processo de Captura
Nêutrons térmicos com energia de aproximadamente 0.025 eV são
capturados por núcleos (sob condições de equilíbrio térmico).
Exemplos:
1
H(n,γ)2H – Eγ = 2,2 MeV
14
N(n,p)14C – Ep = 0,6 MeV
Reação de Espalação
O nêutron ao interagir com o núcleo pode causar sua fragmentação,
acarretando na ejeção de várias partículas e fragmentos nucleares.
Esta interação torna-se significativa para energias acima de 20 MeV.

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Interação entre fótons e a matéria
Quando um fóton penetra matéria, três coisas podem ocorrer:

1) Absorção: O fóton transfere toda sua energia para partículas


carregadas leves (elétrons ou pósitrons) – Efeito fotoelétrico;

2) Espalhamento: elástico (espalhamento Rayleigh – coerente) e


inelástico (espalhamento Compton – incoerente);

3) Transmissão: o fóton atravessa a matéria sem sofrer nenhuma


interação.

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Interação do fóton com o núcleo atômico
Interação direta fóton-núcleo Interação com o campo eletrostático
(Fotodesintegração) nuclear (Produção de pares)

Interação do fóton com a eletrosfera


Espalhamento Rayleigh Espalhamento Compton Efeito Fotoelétrico

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Interação entre fótons e a matéria
Diversos processos de interação de fótons com a matéria em função
do fóton e do número atômico do meio material.

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Interação da radiação com a matéria

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Por que precisamos de detectores de partículas?

Nós usamos o celular


Astrônomo usa Biólogo usa o para fazer uma foto
o telescópio microscópio da realidade
Os físicos de partículas inventam, constroem e operam seus
detectores para registrar o produto da interação de partículas.
DETECTOR
Registra o estado final
Estado Inicial de um evento para se
Interação?
CONHECIDO estudar a natureza
Estado Final das interações14
CONHECIDO fundamentais
Detectores de partículas: o que medimos?
Detectar a passagem de
uma partícula

Medir a posição
Aparato partícula
instrumental Medir momento e
capaz de: energia da partícula

Identificar a natureza
da partícula

Medir o tempo de
vôo da partícula 15
Detectores de Partículas: Câmara de bolhas
É um detector que consiste de um recipiente preenchido com líquido
superaquecido. Quando uma partícula carregada interage com o
líquido produz íons ao longo de sua trajetória, que geram
minúsculas bolhas de vapor. Estas bolhas formadas ao longo da
trajetória da partícula podem ser fotografadas.

Trajetória da partícula
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carregada
Detectores de Partículas: Câmara de nuvens
É um detector de partículas utilizado para visualizar a trajetória da
radiação ionizante;

Uma câmara de nuvens consiste em um ambiente selado contendo


um vapor supersaturado de água ou álcool. Uma partícula
carregada ao interagir com o vapor produz íons que se formam ao
longo da trajetória da partícula, atuando como centros de nucleação
para a formação de gotículas de líquido.

Pósitron

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Detectores de Partículas: Emulsões Fotográficas
Quando fótons ou partículas carregadas incidem sobre uma emulsão
fotográfica, produz alterações submicroscópicas que aparecem após
o tratamento químico;

Emulsões fotográficas foram utilizados em 1930 e 1940, em altitudes


de montanha ou na estratosfera em balões.
Partícula carregada
Após
revelação
fotográfica

Imagem
microscópica
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Detectores de Partículas: Detectores de Ionização
Uma partícula ao passar por um
detector preenchido com gás ioniza o
gás ao longo de seu caminho;

A diferencia de potencial V aplicada ao


detector faz com que os elétrons migre
em direção ao ânodo e os íons positivos
para o cátodo;

A carga coletada (amplitude do pulso)


depende da diferença de tensão
aplicada;

Partículas com maior massa


produzirão mais pares de íons iniciais.
Contador Geiger-Müller 19
Detectores de Partículas: Calorímetro
O calorímetro mede a energia perdida
por uma partícula que passa nele. É
geralmente concebido para parar
completamente ou "absorver" a maior
parte da partículas provenientes de
uma colisão, forçando-as a depositar
toda a sua energia dentro do detecto;

Os calorímetros tipicamente consistem


de camadas de material de alta
densidade "passivo" ou "absorvente"
como por exemplo o chumbo. Eles estão
intercalados com as camadas de
material "ativo", como detectores
cintiladores ou gasosos.
Calorímetro utilizado no20
experimento EAS-TOP
Detectores de Partículas: Cintilador
É um material sólido ou líquido na qual a energia da radiação
incidente é transferida aos elétrons do material, sendo depois
emitida na forma de radiação eletromagnética de frequência menor,
que é detectada por um fotomultiplicador;

Existem quatro tipos de cintiladores: 1) Cristais inorgânicos (NaI,


KI, CsI, Ar, Xe, etc.); 2) Cristais orgânicos (componentes de
hidrocarbonetos); 3) Plásticos (poliestireno) e 4) Líquidos.

21
Detectores de Partículas: Tubos Fotomultiplicadores
São fototubos a vácuo sensíveis a luz nas faixas UV, Vis e NIR. Esses
detectores multiplicam a corrente produzida pela luz em até milhões
de vezes, em múltiplos estágios de dínodo.

22
Detectores de Partículas: Tubos Fotomultiplicadores

23
Detectores de Partículas: Detector Sólido
O detector sólido é um material que ao ser
atingido por radiação ionizante, esta
radiação altera algum aspecto física ou
químico do material, o qual pode ser
esquematizado e estudado
detalhadamente;

Quando uma partícula alfa atinge o


detector deixa uma região danificada, de
baixa densidade. Esta região não é visível
nem ao microscópio;

Este detector é então submetido a um


tratamento químico adequado que corrói o
detector por inteiro, mas corrói com muito
mais facilidade a região danificada pela
partícula alfa. Assim, a região danificada
fica muito maior sendo visível ao 24
microscópio.
Detectores de Partículas: Detector Sólido
Imagem microscópica de um detector do tipo CR-39 irradiado com
partículas alfa.

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Detectores de Partículas: Detector Sólido
Imagem microscópica de um detector do tipo LR-115 irradiado com
partículas alfa.

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Aplicações de Aceleradores de Partículas

Polimerização
Televisões
de plásticos
Geradores Radioterapia
de Raios X do câncer
Produção de
isótopos radiativos

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Tubo de raios catódicos é um acelerador

Produção de raios X

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Acelerador Linear
É um tipo de acelerado no qual as partículas carregadas
(elétrons, prótons ou íons) percorrem uma trajetória retilínea
no interior de um tubo a vácuo e colidem com o alvo.

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Funcionamento do Acelerador Linear
Neste exemplo assume-se que a partícula acelerada (pontos
vermelhos) possui carga positiva. O gráfico V(x) mostra o
potencial elétrico ao longo do eixo do acelerador. A polaridade
da voltagem varia conforme a partícula passa por cada
eletrodo. Assim, ao cruzar cada cavidade a partícula é
acelerada

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Stanford Linear Accelerator Center (SLAC)
SLAC é um laboratório dos Estados Unidos que abriga um
acelerador linear de partículas com 3 km de extensão e faz
parte da Universidade de Stanford;

Prêmios Nobel de Física produzidos pelo SLAC:

1975 – Descoberta do quark c (J/ψ) em 1974;


1990 – Evidência experimental de quarks em próton e nêutrons;
1995 – Descoberta do tau em 1975.

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Acelerador Circular
É um tipo de acelerado no qual as partículas carregadas
(elétrons, prótons ou íons) percorrem uma trajetória circular no
interior de um tubo a vácuo e colidem com o alvo.

Acelerador com alvo Acelerador do tipo


fixo colisor 32
Cíclotron
O cíclotron utiliza um par de eletrodos em forma de D,
separados por um pequeno espaço vazio, e o magneto que gera
um campo que mantém as partículas confinadas e se
movimentando em órbitas circulares. Uma voltagem oscilante
cria um campo elétrico através do espaço vazio para acelerar
as partículas (íons) a cada volta. Como as partículas se movem
rapidamente, os raios de seus caminhos circulares se tornam
maiores até que atinjam o alvo no círculo mais externo.

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Partícula sendo acelerada em um Cíclotron
Um íon de carga q e massa m é acelerado
por um campo elétrico E entre os “Ds”.
Como seu movimento é perpendicular
ao campo magnético uniforme, ele
descreverá uma trajetória circular
devido a força magnética sobre q.
Força magnética
Frequência do movimento circular
F m =F c →q⋅v⋅B=m⋅ac
1 v q⋅B⋅r q⋅B
2
v m⋅v 2
f= = = =
ac = portanto q⋅v⋅B= T 2 π r 2 π r⋅m 2 π⋅m
r r
Velocidade angular
Raio da órbita
m⋅v v q⋅B⋅r q⋅B
r= ω= = = 34

q⋅B r m⋅r m
Síncrotron
É um tipo de acelerador cíclico, em que o feixe de partículas
viaja ao longo de um caminho fechado. O campo magnético
que curva o feixe de partículas aumenta com o tempo durante
o processo de aceleração, sendo sincronizado com a crescente
energia cinética das partículas.

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Radiação Síncrotron
Radiação eletromagnética emitida por partículas carregadas,
aceleradas a velocidades próximas à da luz, que têm sua
trajetória desviada por campos magnéticos;

Abrange quatro faixas do espectro eletromagnético: raio


infravermelho, ultravioleta, luz visível e raios X.

Emissão Síncrotron 36
Para quer serve a radiação Síncrotron?

Análise do solo, produção de


Agricultura
fertilizantes mais econômicos

Investigação de novos materiais para a


Energia produção de células solares e novas
tecnologias para a exploração de petróleo

Investigação estrutural de moléculas


Saúde complexas (ex: proteínas), novos
medicamentos e nanopartículas para o
combate de doenças 37
Como funciona um acelerador Síncrotron?

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Laboratório Nacional de Luiz Síncrotron (LNLS)
O LNLS entrou em funcionamento em 1997 e está localizado
em Campinas. é uma instituição brasileira de pesquisa em
física, biologia estrutural e nanotecnologia desenvolvendo
projetos nas áreas de Física, Química, Engenharia, Meio
Ambiente e Ciências da Vida.

39
Projeto Sirius

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Características do Projeto Sirius
1) É a mais nova fonte de luz síncrotron a ser desenvolvida em
território brasileiro;

2) Composto por um acelerador de elétrons, capaz de acelerá-


los até 3 GeV;

3) A circunferência do anel principal possui 518,4 m;

4) A intensidade da radiação é cerca de 360 vezes do que a


produzida pelo UVX (síncrotron do LNLS);

5) Permitirá a análise de materiais densos como o aço em


profundidades de ~ 10-2 m, muito maior que as possíveis
atualmente de ~ 10-6 m.
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Large Hadron Collider (LHC)
É um acelerador de partículas circular que possui 27 km de
circunferência e está enterrado a 100 m de profundidade entre
as fronteiras da França e Suíça.

42
O túnel
O interior dos magnetos supercondutores é vácuo (10-10 atm) e
estão resfriados a uma temperatura de -271 oC.

43
44
45
46
Cadeia de detectores do LHC

47
A Large Ion Collider Experiment (ALICE)
ALICE foi construído em 1993 e possui dimensões de 26 m de
comprimento, 16 m de altura e 16 m de largura. Está enterrado
a uma profundidade de 56 m e pesa 10.000 toneladas

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A Large Ion Collider Experiment (ALICE)

49
A Large Ion Collider Experiment (ALICE)

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Compact Muon Solenoid (CMS)
CMS é um dos detectores de partículas que possui uma forma
cilíndrica, de 21 m de comprimento, 15 m de largura, 15 m de
altura e pesa ~ 12.500 toneladas.

51
Visão Esquemática do CMS

52
Poder de penetração das partículas

53
A Toroidal LHC ApparatuS (ATLAS)
ATLAS é um detector semelhante ao CMS, porém com
dimensões maiores. Possui 46 m de comprimento, 25 m de
largura, 25 m altura e pesa ~ 7.000 toneladas.

54
A Toroidal LHC ApparatuS (ATLAS)

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Large Hadron Collider beauty (LHCb)
LHCb tem por objetivo investigar o decaimento de partículas
que contenham quark e antiquark b, conhecidos como mésons
B. Possui 21 m de comprimento, 10 m de altura, 13 m de
largura e pesa ~ 5.600 toneladas.

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REFERÊNCIAS
Capítulos 6, 7, 8 e 11 – Física das Radiações – Emiko Okuno.

Capítulo 3 – O discreto charme das partículas elementares.


Maria Cristina Batoni Abdalla. Editora Unesp.

Site para simular a interação de elétrons com a matéria:

https://physics.nist.gov/PhysRefData/Star/Text/method.html

Site para simular a interação de prótons e partículas alfa com a


matéria:

https://physics.nist.gov/PhysRefData/Star/Text/programs.html

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