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Disciplina: Biofísica

Aula 9: Tecnologia radiológica

Apresentação
Nesta aula, trataremos da aplicação de um tipo muito importante de radiação ionizante, os raios
X. A principal aplicação dos raios X é na radiologia diagnóstica, em que o principal exemplo é a
radiogra a. No entanto, podemos citar outros tipos de exames, como mamogra a, uoroscopia e
a tomogra a computadorizada.

Esses exames necessitam de aparelhos especializados, e representam um avanço muito


importante no diagnóstico de doenças e acompanhamento do estado de saúde dos indivíduos. A
radiação também é utilizada como aplicação terapêutica, como acontece na radioterapia.

Objetivos
Reconhecer um dos principais tipos de radiação ionizante, os raios X;
Observar como os raios X são utilizados na radiologia diagnóstica;
Identi car a aplicação terapêutica da radiação, a radioterapia.
Raios X
A radiação ionizante tem energia su ciente para ionizar átomos através da emissão de
fótons, perdendo toda ou quase toda energia em uma única ou em várias interações com
átomos.

Ao ejetar elétrons, essa radiação promove a ionização dos átomos até parar.

Os fótons, por sua vez, também podem atravessar um meio sem interagir.

 Interação de um elétron com os átomos. (Fonte:


https://goo.gl/J61iSm <https://goo.gl/J61iSm> )


Atenção

Em princípio, não há forma ou material para blindar os fótons. Essa é a razão da


necessidade de haver uma proteção radiológica agindo sobre o nível de radiação
que as pessoas podem receber.

Características
Os raios X são um tipo de onda eletromagnética equivalente aos raios gama, com
propriedades semelhantes, diferindo apenas quanto à sua origem.
Você sabe como esses dois tipos de raios são
formados?

Raios Gama

São formados naturalmente na porção externa ao núcleo.

Raios X

Já os raios X são formados arti cialmente. Nos tubos de raios X, ocorre a produção de
elétrons por emissão termiônica, que remete ao aumento do uxo de elétrons emitidos
por causa do aumento de temperatura.

Os raios são acelerados devido à diferença de potencial elétrico a um


alvo metálico, onde os elétrons irão colidir.

Na colisão com o metal alvo, a maioria dos elétrons acelerados é absorvida ou


espalhada, produzindo aquecimento no alvo. Apenas cerca de 5% dos elétrons sofrem
reduções bruscas de velocidade, e a energia dissipada se converte em ondas
eletromagnéticas, denominadas raios X.

Tubos de raios X
Agora, que já entendemos como a produção de elétrons por emissão termiônica ocorre,
vejamos um exemplo de tubo de ensaio:
 Tubo de raio x. (Fonte: https://goo.gl/kyLcWw
<https://goo.gl/kyLcWw> )

Os tubos de raios X não são um equipamento radioativo, mas sim um gerador de


radiação, pois, quando estão desligados, deixam de irradiar os raios.

As principais aplicações dos raios X são no radiodiagnóstico e na radioterapia.

Interação da Radiação Ionizante com a


Matéria
A interação dos raios X e gama com a matéria é possível por meio da interação
com átomos ou com elétrons, mas também há a possibilidade de ausência de
interação, em que a radiação eletromagnética (REM) atravessa distâncias
consideráveis em um meio material sem modi cá-lo e sem se modi car.

Sabendo disso, você consegue dizer o que de ne a ocorrência e a ausência de


interação? Marque a opção que julgar correta e descubra a resposta!

a) As características do meio e da radiação.


b) A diferença de potencial elétrico a um alvo.
Como já foi visto em aulas anteriores, a radiação eletromagnética
ionizante é caracterizada pelos fótons, sendo estes os responsáveis pela
transferência de energia no momento da colisão com outras partículas.

A interação entre os fótons e a matéria pode ocorrer de diferentes formas:

Espelhamento coerente ou efeito Rayleigh

Corresponde, em primeiro instante, à absorção da energia e, posteriormente, à


remissão da radiação ionizante pelo átomo em direção oposta à incidente.
Somente nessa interação a radiação é tratada como onda.

Efeito fotoelétrico

Há a absorção do fóton pelo átomo e, consequentemente, a emissão de um elétron


do material ionizado. A energia cinética adquirida por esse elétron é a diferença
entre a energia do fóton e a energia de ligação do elétron ao átomo.

Espelhamento inelástico ou efeito Compton

Trata-se da diminuição de energia ou do aumento de comprimento de onda de um


fóton mediante a interação com a matéria; é de particular importância, devido à
interação com elétrons livres, com transferência de parte da energia e do momento
do fóton para o elétron, e um fóton com a energia restante é espalhado em outra
direção.
Produção de pares elétron-pósitron

Ocorre a absorção total do fóton, sendo sua energia convertida em massa de


repouso e energia cinética de um par partícula/antipartícula, denominado
elétron/pósitron. Ou seja, há a transição total da energia negativa do elétron para
energia positiva do pósitron, sendo a diferença de energia entre os dois estados a
quantidade de energia do fóton incidente, que é absorvido. O efeito da produção de
pares elétron-pósitron é o resultado da interação entre o fóton e o campo
eletromagnético, e ocorre, normalmente, nas vizinhanças do núcleo, podendo
também acontecer devido à interação do fóton com o campo de qualquer partícula
carregada, incluindo os elétrons atômicos. Nesse caso particular, um elétron
atômico também é ejetado e o efeito é chamado de produção de tripleto.

Reações fotonucleares

A fotodesintegração corresponde à principal reação nuclear, a qual se delineia com


a absorção do fóton, que apresenta energia superior à energia de ligação de
núcleons (prótons + nêutrons) e, a consequente emissão de um próton ou um
nêutron com energia cinética su ciente para abandonar o núcleo, que se
transforma em outra espécie nuclear.

Poder de freamento
O principal modelo que descreve a interação de uma partícula carregada pela matéria
propõe pequenas perdas consecutivas de energia até a perda completa, em que ocorre a
consequente descaracterização da partícula como radiação ionizante.

O parâmetro do impacto de interação das partículas carregadas à matéria é dependente,


basicamente, da distância entre a trajetória da partícula e o centro do átomo mais
próximo, sendo o choque com a eletrosfera mais frequente do que com o núcleo.
Para cada interação, ocorre perda da energia cinética da partícula, sendo, essa perda,
dependente do tipo de partícula, da sua energia cinética e do meio de interação.

Ela é denominada poder de freamento, pois representa a perda média de energia por
unidade de caminho em um determinado meio, considerando-se a média sobre um
conjunto grande de partículas idênticas e com mesma energia.

Ainda existe uma distância máxima percorrida pelas partículas carregadas que permite a
interação com a matéria, sendo que a existência de uma espessura especí ca de um
material a certa distância, denominado alcance, é su ciente para frear as partículas
carregadas que nela incidir.


Atenção

Em outras palavras, há a redução da energia cinética a valores equivalentes à


energia térmica. O alcance é dependente da energia cinética da partícula, do
comprimento médio da trajetória e da espessura mínima da matéria incidente.

Aplicações da radioatividade
Devido à propriedade dos elementos químicos emitirem partículas e energia promovendo
a ionização da matéria, tecnologias foram sendo desenvolvidas e empregadas no avanço
da Ciência e da tecnologia.
Atualmente, os efeitos positivos da radioatividade podem ser observados nas mais
diversas áreas de interesse, desde a geração de energia elétrica em usinas nucleares à
determinação da idade de fósseis.

Podemos destacar algumas aplicações da radioatividade na área da saúde:

Radioterapia

Cintilogra a
Tomogra a computadorizada

Tomogra a por Emissão de Pósitrons

Vamos entender melhor:

Radioterapia
É a terapia empregada em tratamentos dos mais diversos tipos de câncer, em que a
emissão de radionuclídeos libera partículas beta, capazes de destruir células
tumorais.
Cintilogra a
Baseia-se no uso de elementos químicos para emissão de radiações gama com
capacidade de se ligarem especi camente a um determinado fármaco, formando a
molécula radiofármaco e, visam à obtenção de imagens de processos siológicos,
órgãos e sistemas do organismo.

Tomogra a computadorizada
Realiza a emissão de feixes paralelos de raios X, em rotação de 360° sobre o
paciente, gerando radiogra as transversais da região a ser analisada, as quais são
submetidas à conversão pelo computador em imagens em três dimensões,
oferecendo, assim, melhor resolução do que as obtidas pela técnica de radiogra a
convencional.

Tomogra a por Emissão de Pósitrons


Baseia-se na emissão de partículas beta ou pósitron. A administração da radiação
beta ocorre com associação a moléculas de glicose marcadas com um elemento
químico emissor de pósitrons, que se concentra em áreas metabolicamente ativas.
Isso porque a atuação da emissão beta leva em consideração que tecidos com
maior atividade metabólica consomem mais glicose, fato que direciona a glicose
para tecidos de maior atividade, tais como células tumorais.


Saiba mais

Antes de continuar seus estudos, saiba mais sobre as aplicações da radioatividade


na área da saúde. <galeria/aula9/anexo/a09_10_01.pdf>
Notas
1

Na lógica proposicional, (em latim signi ca “a maneira que a rma


a rmando”, muitas vezes abreviado para MP ou .

Tautologia 2

Tautologia vem do latim e signi ca “dizer o mesmo”.

Referências

MOURÃO JÚNIOR, C. A.; ABRAMOV, D. M. Curso de Biofísica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2010.

HENEINE, I. F. Biofísica Básica. São Paulo: Atheneu, 2002.

OLIVEIRA, J. R. de; WÄCHTER, P. H.; AZAMBUJA, A. A. Biofísica: para ciências biomédicas. 2. ed.
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.

Próximos Passos

Os efeitos das radiações ionizantes no ser humano;


Os cuidados que devem ser adotados pelos pro ssionais que atuam na área;
A aplicação terapêutica da radiação ionizante.

Explore mais

Para saber mais sobre técnicas espectroscópica, indicamos a seguinte leitura:

ITO, José Amando. Técnicas espectroscópicas em biofísica. Caderno de Física da UEFS, v. 3, n.


01, p. 21-29, 2004.

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