Você está na página 1de 83

Imaginologia

Histórico do Raio-x e radiação

Profa Msc Lilian Ferrari


Curso de Bacharelado em Biomedicina
E-mail: lilianferrarif@gmail.com
Quem descobriu o raio-x?

● Em 1895, Roentgen
estudava fenômenos da
passagem de corrente
elétrica por gás de
pressão baixa;
● A esse experimento
desconhecido denominou
Raio-x.
Wilhelm Roentgen
Experimento do Roentgen

● Em uma sala totalmente escura, o cientista utilizava uma


válvula a qual estudava a condutividade dos gases.

● A certa distância da válvula, havia uma folha tratada com


bário usada como tela.

● O cientista viu com espanto a tela brilhar e não poderia ser


a válvula, pois estava coberta com cartolina preta.
Experimento do Roentgen
● Virou a tela sem revestimento
para o lado e percebeu que a
tela continuou brilhando;

● Colocou então diversos objetos


entre a válvula e a tela e viu que
todos estavam transparentes.

● Então sua mão escorregou em


frente a tela e ele viu os ossos
da sua mão.
Experimento do Roentgen
● O equipamento que é preenchido por
gases e que são atravessados por
corrente elétrica é o tubo de raios
catódicos descoberto por William
Crookes;

● Roentgen diminuiu a pressão do gás


no interior da ampola e aumentou a
tensão elétrica e cobriu o
equipamento com cartolina preta;
Ampola de Crookes
ÂNODO CÁTODO
● Transfere ● Recebe
os os
elétrons elétrons

● Polo ● Polo
positivo negativo
● Atrai os ● Atrai os
ânions cátions
Mas o que de fato são raios-x?
● Essa radiação invisível aos olhos humanos é constituída por ondas
eletromagnéticas com comprimentos de onda menores que os da luz
visível.
● Podem ser produzidos pela oscilação de elétrons das camadas
internas do átomo ou quando elétrons em alta velocidade, que
apresentam alta taxa energética, colidem com com cargas elétricas ou
alvo metálico.
Definição de Radiação

“ É um termo designado para tudo aquilo que é emitido


por uma fonte. No átomo, o processo de radiação é
produzido no núcleo ou camadas eletrônicas onde ocorre
ajustes ou mesmo pela interação de outras radiações
com o núcleo ou átomo.”
Histórico da radiação
● A partir da descoberta de Roentgen,
Becquerel passou a investigar
moléculas fluorescentes que emitiam
raio X. Os primeiros resultados foram
negativos;
● Utilizando urânio em experimentos
adicionais, o cientista concluiu que a
radiação era originária do próprio
elemento;
● Foi chamada de radioatividade pela
polonesa Marie S. Curie, em 1898.
Histórico da radiação

Ernest Rutherford e Pierre Curie


identificaram dois tipos distintos de Marie Curie estudou Urânio mais a
emissões oriundas de elementos fundo e descobriu o elemento
radioativos; as partículas alfa e Polônio e Rádio.
beta.
Definição de Radioatividade

● Emissão espontânea de radiação pelo núcleo do átomo


que se encontra em estado de excitação. As radiações
alfa, beta e gama são obtidas a partir de “ajustes” que
ocorrem no núcleo.
Radiação alfa

● São constituídos por 2 prótons e 2 nêutrons,


caracterizando um núcleo atômico de Hélio.
● Baixo poder de penetração e alta taxa de ionização,
portanto são inofensivas para o ser humano.

● Quando um núcleo emite uma partícula α, seu número


atômico diminui de duas unidades e seu número de massa
diminui de quatro unidades.
Radiação beta
● São elétrons ou pósitrons atirados do núcleo quando há
excesso de prótons e nêutrons;
● Quando há excesso de nêutrons e falta de prótons, um nêutron
se “transforma” em próton, emitindo um elétron e um anti-
neutrino.
● Baixo poder de penetração e consegue atravessar o tecido
humano em alguns mm, mas pode ser detida por folha de
alumínio.
● Quando um núcleo emite uma partícula beta, seu número
atômico aumenta uma unidade e seu número de massa não
se altera.
Radiação gama

● Emitida pelo núcleo atômico com excesso de energia


após transição de próton ou nêutron para nível de
energia com menor valor, gerando uma estrutura mais
estável;
● São de natureza eletromagnética;
● Alto poder de penetração, portanto pode ocasionar
danos aos humanos. Ex: radioterapia.
Definição de Radiação

Corpuscular
Radiação

Ionizante
Eletromagnética
Não
Ionizante
● São partículas subatômicas
(elétrons, prótons, nêutrons,
partículas alfa) que quando
em alta velocidade possuem
a capacidade de formar um
feixe. Ex: radiação alfa e
beta.
Tipo de Radiação Câncer em humanos
Raios X e raios gama Glândula salivar, esôfago,
estômago, cólon, pulmão,
ossos, bexiga, rim, SNC,
pele, tireóide
Partículas alfa Pulmão e leucemia
Partículas beta Tireóide, leucemia,
glândula salivar, osso

Fonte: INCA, 2022.


Fonte: INCA, 2022.
Fonte: INCA, 2022.
Conceito de excitação x ionização

● Ionização: Interação onde elétrons são removidos dos orbitais


pelas radiações, resultando elétrons livres de alta energia, íons
positivos ou radicais livres quando ocorrem quebra de ligações
químicas.

● Excitação: A excitação não consiste na remoção do elétron do átomo,


consiste, apenas, na sua elevação a um nível energético maior
(estado excitado), saindo, portanto, do nível fundamental. Ao retornar
ao nível fundamental, a energia perdida pelo elétron é emitida na
forma de luz.
Previews…
CORPUSCULAR Tratamento de tumores
cancerígenos

É constituída por
RADIAÇÃO partículas ou RADIAÇÃO
núcleos atômicos. IONIZANTE
Ex: alfa e beta.
Raios X, UV, gama
Radiação alfa
Radiação beta ELETROMAGNÉTICA
Radiação gama RADIAÇÃO
NÃO-IONIZANTE

São ondas EM; não Ondas rádio, TV,


possuem massa. celular, UV
Interação das radiações EM com a matéria

● As radiações EM ionizantes de interesse são as radiações X e


gama.
● Por seu caráter ondulatório, ausência de carga e massa de
repouso, essas radiações podem penetrar em um material,
percorrendo grandes espessuras.
● Este poder de penetração depende da probabilidade ou secção de
choque de interação para cada tipo de evento que pode absorver
ou espalhar a radiação incidente.
Interação das radiações EM com a matéria

● O que é um fóton?

Um fóton surge quando ocorre a


transição de um elétron de um átomo
entre dois estados energias
diferentes, o elétron ao passar de
uma camada mais interna para uma
mais externa ao receber energia, e se
retornar para o estado inicial, emite a
energia correspondente a essa
diferença. Não possuem massa e
transportam energia.
Interação das radiações EM com a matéria

Efeito fotoelétrico

● Consiste, basicamente, na
emissão de elétrons induzida
pela ação da luz. Para entender
de forma mais simples esse
efeito, pode-se utilizar uma
lâmina de zinco ligada ao
eletroscópio de folhas.
Interação das radiações EM com a matéria

Efeito fotoelétrico

● Inicialmente mede-se a velocidade de descarga do


eletroscópio, com a lâmina carregada positiva e
negativamente.
● A lâmina é então iluminada com a luz de uma lâmpada de
arco voltaico, que tem boa quantidade de radiação
ultravioleta. Dois efeitos podem ser observados:
Interação das radiações EM com a matéria

Efeito fotoelétrico

a) se a lâmina de zinco está carregada positivamente a


velocidade de descarga do eletroscópio não se modifica;
b) No entanto, se a lâmina estiver carregada negativamente, o
eletroscópio se descarrega (as folhas se aproximam) com
grande rapidez.
Interação das radiações EM com a matéria

Efeito fotoelétrico
● Se a lâmina está carregada
negativamente, os elétrons
são removidos e o
● Os dois resultados são eletroscópio se descarrega.
consistentes com a ● Se está carregada
interpretação de que a positivamente, os elétrons
luz provoca a emissão eventualmente emitidos sob
de elétrons quanto a ação da luz são atraídos
interage com a lâmina. e voltam à lâmina e,
consequentemente, o
tempo de descarga do
eletroscópio não varia.
Interação das radiações EM com a matéria
Interação das radiações EM com a matéria

Efeito fotoelétrico

Nas células fotoelétricas (fotocélulas), a energia luminosa se transforma em corrente elétrica.


Diversos objetos e sistemas utilizam o efeito fotoelétrico, por exemplo:

●as televisões (de LCD e plasma)


●as reconstituições de sons nas películas de um cinematógrafo
●as iluminações urbanas
●os sistemas de alarmes
●as portas automáticas
●os aparelhos de controle (contagem) dos metrôs
Interação das radiações EM com a matéria

Efeito Compton

● É a diminuição de energia de um fóton de raio-x ou de raio gama


quando ele interage com a matéria. Ou seja, parte da energia do
fóton é transferida para um elétron e o restante é "espalhado" na
forma de um outro fóton.
● No experimento de Compton, ele incidiu raios-X sobre um alvo de
grafite;
● Mediu a intensidade do raio-X espalhado em função do
comprimento de onda.
Interação das radiações EM com a matéria
Interação das radiações EM com a matéria

Produção de pares e aniquilação

● A formação de pares ocorre quando um fóton com energia mínima de


1,022 MeV colide com um núcleo, cedendo toda sua energia para o
núcleo e dando origem a um par de partículas, o par elétron-pósitron;
● O pósitron é uma partícula bastante especial que foi descoberta
décadas depois do elétron. O pósitron é de fato, uma antipartícula,
que, para o que nos interessa de imediato, pode ser considerada um
elétron com carga positiva.
Interação das radiações EM com a matéria
Interação das radiações EM com a matéria

Produção de pares e aniquilação

● Aniquilação: um elétron e um pósitron interagem e podem


sofrer o processo de aniquilação mutuamente produzindo dois
fótons em direções opostas;
● Tal descoberta veio a solucionar um problema relacionado à
absorção dos raios X e os coeficientes de atenuação dos
materiais.
Introdução à Radiobiologia

● A Radiobiologia corresponde ao estudo da ação das radiações


ionizantes nos tecidos biológicos e organismos vivos, sendo
extremamente essencial no entendimento da resposta dos
tecidos (normais e malignos) à radiação.
Introdução à Radiobiologia

● Na radioterapia, a utilização dos conceitos da radiobiologia permite


traçar um plano otimizado para os tratamentos do doente no que
diz respeito: dose total, número de frações, tempo total do
tratamento, probabilidade de controle tumoral e da probabilidade de
complicações tecido normal, traduzindo-se assim na adoção de
estratégias seguras e com uma terapêutica mais efetiva.
Introdução à Radiobiologia

❑Estrutura de uma célula


❖ As células animais apresentam uma estrutura organizada. Elas
possuem três partes básicas: a membrana plasmática, o
citoplasma e o núcleo.
❖ A célula animal é envolvida pela membrana plasmática que
delimita o seu conteúdo e controla a entrada e saída de
substâncias. Envolta da membrana plasmática existe o glicocálix,
que confere proteção às células animais.
❖ No citoplasma encontramos diversas organelas, como os
ribossomos, lisossomos, centríolos, mitocôndrias, etc.
❖ O núcleo celular contém o material genético, na forma de
cromossomos. Como a célula animal é eucarionte, o núcleo é
delimitado por membrana.
❖ As células animais têm a função de originar tecidos e órgãos
que apresentam funcionalidades complementares. Cada organela
presente na célula desempenha uma função específica.
Introdução a Radiobiologia

▪ Núcleo Celular: estrutura esférica onde se encontra o DNA.


▪ Nucléolo: estrutura presente no núcleo das células. Coordena os processos de
reprodução celular através da síntese de proteínas.
▪ Membrana Plasmática: estrutura celular fina que delimita a célula sendo
responsável pela saída e entrada de substâncias. Assim, ela tem a função de
proteger as estruturas celulares internas.
▪ Citoplasma: região mais volumosa, onde se encontram o núcleo e as organelas
celulares.
▪ Ribossomos: estrutura responsável pela produção e síntese de proteínas.
▪ Retículo Endoplasmático Liso e Rugoso: responsáveis pelo transporte de
proteínas e a síntese de moléculas orgânicas.
Introdução a Radiobiologia

▪ Complexo de Golgi: armazena, modifica e libera substâncias. Exporta proteínas


sintetizadas no retículo endoplasmático rugoso e, além disso, origina os lisossomos.

▪ Lisossomos: estruturas responsáveis pela digestão celular.

▪ Mitocôndrias: estrutura responsável pela respiração celular e a produção de


energia.

▪ Centríolos: estrutura celular que auxilia na divisão celular (mitose e meiose).

▪ Peroxissomos: estrutura arredondada responsável pelo armazenamento de


enzimas.

▪ Vacúolos: responsáveis pela reserva energética e o armazenamento de


substâncias.
Introdução à Radiobiologia

● Tipos de efeitos da radiação com o corpo:

Efeito Físico

❖ Quando uma pessoa é exposta à radiação ionizante, nos locais atingidos


aparecem muitos elétrons e íons livres, radicais produzidos na quebra das
ligações químicas e energia cinética adicional decorrentes da transferência
de energia da radiação ao material do tecido, por colisão. Para radiações, do
tipo raios X e gama, estes efeitos ocorrem de uma maneira mais distribuída
devido ao seu grande poder de penetração e modo de interação.
Introdução à Radiobiologia

Efeito Químico

❖ Nesta fase ocorre a radiólise da água e os radicais livres (H+ e OH-


produzidos), íons e os agentes oxidantes podem atacar moléculas
importantes da célula, inclusive as substâncias que compõem o
cromossomo.
Introdução à Radiobiologia

Efeito Biológico

❖ Esta fase varia de dezenas de minutos até dezenas de anos,


dependendo dos sintomas. As alterações químicas provocadas pela
radiação podem afetar uma célula de várias maneiras, resultando em:
morte prematura, impedimento ou retardo de divisão celular ou modificação
permanente que é passada para as células de gerações posteriores.
Introdução à Radiobiologia

Efeito Orgânico

❖ Quando a quantidade ou a frequência de efeitos biológicos


produzidos pela radiação começa a desequilibrar o organismo
humano ou o funcionamento de um órgão, surgem sintomas clínicos
das patologias.
Introdução à Radiobiologia
Introdução à Radiobiologia

● Tipos e formas de exposição:


Exposição única, fracionada e periódica
➢ A exposição do homem ou parte de seus tecidos à radiação, pode
ter resultados bastante diferenciados, se ela ocorreu de uma única
vez, de maneira fracionada ou se periodicamente.
▪ As exposições únicas podem ocorrer em exames radiológicos, como
por exemplo, uma tomografia;
▪ de maneira fracionada, como no tratamento radioterápico; ou
▪ periodicamente, como em certas rotinas de trabalho com material
radioativo em instalações nucleares.
Introdução à Radiobiologia

Exposição de corpo inteiro, parcial e colimada


➢ Um trabalhador que opera com material ou gerador de radiação
ionizante pode expor o corpo todo ou parte dele, durante sua rotina ou
num acidente.
➢ Um operador de gamagrafia sofre irradiação de corpo inteiro, na sua
rotina de expor, irradiar a peça, recolher e transportar a fonte.
➢ Em alguns acidentes, como a perda e posterior resgate da fonte de
irradiadores, pode expor mais as extremidades que outras partes do
corpo.
➢ Uma pessoa que manipula radionuclídeos, expõe bastante suas mãos.
Introdução à Radiobiologia

Danos celulares

❖ O processo de ionização ao alterar os átomos, pode alterar a estrutura das


moléculas que os contêm.

❖ Se as moléculas alteradas compõem uma célula, esta pode sofrer as


consequências de suas alterações, direta ou indiretamente, com a produção de
radicais livres, íons e elétrons.

❖ Os efeitos da radiação dependem da dose, taxa de dose, do fracionamento,


do tipo de radiação, do tipo de célula ou tecido e do indicador considerado. Tais
alterações nem sempre são nocivas ao organismo humano.
Introdução à Radiobiologia

❖ Se a substância alterada possui um papel crítico para o


funcionamento da célula, pode resultar na alteração ou na morte da
célula. Em muitos órgãos e tecidos o processo de perda e reposição
celular, faz parte de sua operação normal. Quando a mudança tem
caráter deletério, ela significa um dano.

❖ Dos danos celulares, os mais importantes são os relacionados à


molécula do DNA.
Introdução à Radiobiologia
Introdução à Radiobiologia

Morte celular
❖Quando a dose de radiação é elevada (vários Gy), muitas células
de tecido atingidas podem não suportar as transformações e morrem,
após tentativas de se dividir.
❖A perda de células em quantidade considerável, pode causar
prejuízos detectáveis no funcionamento do tecido ou órgão.
❖A severidade do dano caracteriza o denominado efeito
determinístico, uma vez que o limiar de dose que as células do tecido
suportam, foi ultrapassado.
Introdução à Radiobiologia

● As aberrações cromossômicas são o resultado de danos no DNA,


principalmente devido às quebras duplas, gerando os dicêntricos ou os anéis;
● As células danificadas podem morrer ao tentar se dividir, ou conseguir realizar
reparos mediados por enzimas. Se o reparo é eficiente e em tempo curto, o
DNA pode voltar à sua composição original, sem consequências posteriores;
● Num reparo propenso a erros, pode dar origem a mutações na sequência de
bases ou rearranjos mais grosseiros, podendo levar à morte reprodutiva da
célula ou a alterações no material genético das células sobreviventes, com
consequências a longo prazo.
Introdução à Radiobiologia

● Mutações

As mutações, nas células somáticas ou germinativas podem ser classificadas em


3 grupos:

a. Mutações pontuais (alterações na sequência de bases do DNA);

b. Aberrações cromossômicas estruturais (quebra nos cromossomos);

c. Aberrações cromossômicas numéricas (aumento ou diminuição no número de


cromossomos).
Radiossensibilidade das células

Ciclo celular
Radiossensibilidade das células

As modificações básicas da célula em cada fase são as seguintes:

G1 = período de biossíntese (RNA, proteínas, enzimas, etc.) no qual a célula


cresce de volume e sintetiza proteínas, ribossomas, etc., até o ponto de restrição,
que após avaliação, evolui para a fase seguinte ou caminha para a fase G0.

S = fase de síntese do DNA. Cada cromossomo é duplicado longitudinalmente,


passando a ser formado por 2 cromatídios ligados pelo centrômero.

G2 = fase que conduz à mitose e que permite formar estruturas a ela diretamente
ligadas; síntese de biomoléculas essenciais à mitose

Fase Mitótica = fase de reprodução da célula.


Radiossensibilidade das células

As células se reproduzem pelo processo de mitose ou bipartição. Neste processo


podem ser identificadas 4 fases: prófase, metáfase, anáfase e telófase.
No início da prófase, os cromossomos não aparecem duplicados, embora o DNA
seja duplicado antes do início da mitose. No meio da prófase, os cromossomos
aparecem duplicados.
Na metáfase, os cromossomos se alinham num plano e se acoplam às fibras do
fuso mitótico.
Os cromossomos se separam e se movem para os pólos da célula, durante a
anáfase.
Ao final da telófase surgem duas células- filhas, ambas contendo cópias de todo o
material genético da célula inicial.
Radiossensibilidade das células
Radiossensibilidade das células

● A sensibilidade à radiação é diferente em cada fase do ciclo celular. As fases


G2 e mitose (M) são as mais sensíveis; a maior fixação do dano deve-se à
grande compactação da cromatina, o que resulta em maior probabilidade de
interação com a radiação, dificulta o acesso de enzimas de reparo, e leva a
consequente aumento da radiossensibilidade.
● Em contrapartida, a fase de síntese (S) é a de menor sensibilidade, muito
provavelmente em função da duplicidade e descompactação do DNA, e ao
“pico” da enzima DNA-PKc envolvida no reparo de quebras duplas. As fases
G1 e G2 são os chamados checkpoints do ciclo celular, onde as células
podem reparar lesões antes da duplicação do DNA e da mitose
respectivamente.
Radiossensibilidade das células

● A radiação induz a morte clonogênica e a morte programada, sendo a


apoptose um dos principais mecanismos.
● A morte clonogênica ocorre quando a célula irradiada se divide uma ou duas
vezes, transmitindo aberrações letais para as células “filhas”, que ficam
estéreis e incapazes de realizar mitoses.
● Para tecidos com baixa atividade proliferativa, considera-se morte clonogênica
a perda de função. As células ficam com aspecto morfológico normal por um
tempo antes de serem fagocitadas. A morte clonogênica impede a
repopulação do tumor e é relevante para o controle local da doença.
Radiossensibilidade das células

● Quanto à apoptose radioinduzida, a sinalização via p53 constitui


importante mecanismo, apesar de existirem caminhos independentes
da ativação desta proteína;
● Após detecção das quebras duplas, a proteína p53 é ativada, atua
como fator de transcrição e induz proteínas iniciando, o processo
apoptótico. Sabe-se que baixas doses de radiação induzem a
apoptose; altas doses, a morte não apoptótica.
Radiossensibilidade das células

● A resposta dos tecidos à radiação pode ser precoce (aguda) ou


tardia. Tecidos de resposta rápida apresentam alterações nas
primeiras semanas após iniciada a radioterapia, possuem alto índice
de proliferação celular, alta suscetibilidade à morte clonogênica e/ou
à apoptose. São alguns exemplos desses tecidos: pele, mucosas,
tecido hematopoiético, tecido linfóide, aparelho digestivo e tumores
malignos.
Radiossensibilidade das células

● Os tecidos de resposta lenta apresentam alterações em meses a


anos após o término da irradiação. São tecidos que apresentam
baixa atividade mitótica, capacidade de reparo desde que a
tolerância seja respeitada e menor susceptibilidade à apoptose.
● A resposta lenta está mais associada à morte clonogênica, à perda
da atividade metabólica e à alteração vascular que leva à diminuição
do oxigênio. Alguns exemplos são: tecidos nervoso, muscular e
ósseo.
Radiossensibilidade das células

● O conceito de radiossensibilidade pode ser descrito como uma


característica intrínseca a qual é associada com o surgimento dos
efeitos adversos da radiação ionizante sobre o corpo humano;
● Faz parte dos 5Rs da Radiobiologia, no qual o objetivo é o
fracionamento da dose total de radiação como uma forma de dividir
em menores porções diárias a alta dose final necessária; busca-se,
assim, menor toxicidade com alta efetividade do tratamento.
Radiossensibilidade das células
Radiossensibilidade das células

1. Reparação: Refere-se ao reparo da lesão subletal que ocorre com


maior eficácia nos tecidos normais, uma vez que as células tumorais,
de modo geral, têm maior quantidade de mitoses do que as células
normais que as originaram, descontrole do ciclo celular e da ativação
dos checkpoints para reparo. Dessa forma, o fracionamento oferece
condições para otimização do tratamento, ao possibilitar o reparo dos
tecidos normais.
Radiossensibilidade das células

2. Redistribuição: ocorre no ciclo das células clonogênicas malignas


sobreviventes, que possuem potencial proliferativo e menor
capacidade de reparo em relação ao tecido normal. Com o
fracionamento da dose, há uma regressão das células em outras
fases do ciclo para G2/mitose e tem a chance de morrer com nova
fração de dose de radiação.
Radiossensibilidade das células

3. Repopulação: A repopulação refere-se à capacidade de


crescimento das células clonogênicas tumorais que “escaparam” da
morte radioinduzida. Assim, a radioterapia deve respeitar o protocolo
adotado quanto ao tempo de duração e não se estender por longo
período, para que as células clonogênicas sejam erradicadas e não
repopulem o tumor.
Radiossensibilidade das células

4. Reoxigenação: Estima-se que os tumores humanos possuem cerca


de 30% de células hipóxicas, que são mais resistentes à radiação e
têm potencial para reparo e repopulação do tumor. Dividindo-se a
dose em frações consegue-se induzir morte nas células tumorais bem
oxigenadas (sensíveis à radiação) e, assim, diminuir consumo de
oxigênio.
Radiossensibilidade das células

Lei de Bergonié e Tribondeau

● Os trabalhos de Bergonié e Tribondeau sobre os efeitos biológicos


das radiações ionizantes em tecidos representam um marco nos
estudos da radiossensibilidade. Esses autores afirmaram que a
sensibilidade é uma função do estado metabólico do tecido, além da
diferenciação e proliferação das células que estão sendo irradiadas.
Radiossensibilidade das células

Este conceito tornou-se conhecido como a “Lei de Bergonié e Tribondeau”, e


estabelece que a radiossensibilidade dos tecidos vivos pode variar da seguinte maneira:

• Quanto mais diferenciada for a célula, maior é sua resistência à radiação;

• Quanto mais jovem for o tecido ou órgão, mais radiossensível ele será;

• Quanto maior a atividade metabólica, maior a radiossensibilidade; Quando a taxa de


proliferação celular e a taxa de crescimento tecidual aumentam, a radiossensibilidade
também aumenta.
Mecanismo de ação da radiação nas células

Radiação pode ser danosa para o tecido vivo devido ao seu poder ionizante sobre
a matéria. Esta ionização pode danificar células vivas diretamente, quebrando as
ligações químicas de moléculas biologicamente importantes (DNA, RNA), ou
indiretamente, criado radicais livres a partir de moléculas de água presentes nas
células, que por sua vez podem atacar moléculas biologicamente importantes
quimicamente.
O que é radical livre?
Radicais livres são moléculas cujos átomos possuem um número ímpar de elétrons.
Esta molécula incompleta é capaz de capturar radicais livres que podem causar
doenças degenerativas de envelhecimento e morte celular.
Mecanismo de ação da radiação nas células
Mecanismo de ação da radiação nas células

● Estima-se que a maior parte dos danos causados a uma célula pela
radiação ionizante, ocorre pela ação indireta. No mecanismo de ação
indireta, as moléculas de água do meio celular são ionizadas
(radiólise), dando origem tanto a espécies moleculares como radicais
livres (H+ , H- , H0 , OH- , OH+ , OH0 ).
Mecanismo de ação da radiação nas células

● Estes radicais são bastante reativos e são responsáveis por uma


série de reações com outras moléculas do meio. De certo modo,
estas moléculas são reparadas por processos naturais, contudo, a
efetividade deste reparo depende da extensão do dano.
● Obviamente, se o reparo é bem sucedido, nenhum efeito é
observado, mas, se o reparo não é realizado ou defeituoso, a célula
pode sofrer de três causas possíveis: morte (da célula), efeitos
somáticos (câncer), ou uma alteração permanente da célula (efeito
genético).

Você também pode gostar