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DESCOBRINDO A RADIOLOGIA: DO COMPONENTE

CURRICULAR AO RAIO X

HISTÓRICO
O raio x foi descoberto no final do século XIX (1895) pelo alemão Wilhelm Conrad
Roentgen.
Nessa época eram realizadas experiências no qual se passava uma corrente elétrica por dentro
de um tubo em um ambiente escuro, e eram inseridos gases rarefeitos que produziam
luminosidades diferentes. O objetivo dessas experiências era observar a luminosidade desses
gases.
Dentro do ambiente de trabalho de Roentgen havia, em sua parede, uma placa coberta de
cristais de platinocianeto de bário. Logo, quando ele escurecia a sala para realizar o
experimento com os gases, ele percebeu que essa placa também fluorescia, levando a
entender que havia algum raio invisível saindo da ampola, que fazia os cristais fluorescerem.
Em um segundo momento ele cobriu a ampola com um papelão (material opaco) e afastou a
placa coberta de cristais de platinocianeto de bário e, posteriormente, produziu a descarga
elétrica. Com isso, a placa continuou luminescendo, levando-o a entender que o raio
conseguia atravessar o papelão e caminhar por uma distância. Dessa maneira, ele concluiu
que havia possibilidade de realizar o registro das estruturas do corpo, realizando a primeira
radiografia.
Para registrar a primeira imagem de estrutura do corpo ele utilizou o filme fotográfico
(dispositivo de registro) da época que era uma placa de vidro coberta com emulsão
sensível em um dos lados, que registrava a imagem fotográfica. Essa placa de vidro era
envolta com papel opaco por ser sensível a luz. Esse feito levou Roentgen a ganhar um
Nobel de física.
A partir disso também foi realizada a primeira radiografia odontológica por Otto Walkhoff
em 22 de novembro de 1895, utilizando também como registro uma placa de vidro coberta
com emulsão sensível em um dos lados e protegida da luz, que registrava a imagem
fotográfica.
A radiografia odontológica no Brasil começa na FOUSP através do professor Cyro Silva, que
cria a disciplina de radiologia na universidade. Logo depois, no Rio de Janeiro, temos o
professor Carlos Newman, que foi autor do primeiro livro de radiografia odontológica. Já na
FOUFBA a radiografia odontológica se inicia com o professor Alexandre Robatto.
O raio X leva esse nome pois a letra X significa uma incógnita, representando um problema
que ainda não sabemos, mas que será dado um diagnóstico posteriormente.

PROPRIEDADES DO RAIO X
→ É produzido artificialmente a partir de corrente elétrica, ou seja, é necessário acionar
o botão do equipamento para que ela seja produzida.
→ Produz fluorescência e fosforescência em determinados cristais e tem capacidade de
atravessar corpos opacos.
→ Tem capacidade de sensibilizar filme radiográfico.
→ Não pode ser visualizado, logo, só conseguiu ser descoberto através da fluorescência
da placa coberta de cristais de platinocianeto de bário
→ Não pode ser refletido e nem refratado, pois não tem massa, é apenas energia em
propagação sem carga elétrica.
→ Não podem ser desviados por campo elétrico ou magnético.
→ Fazem parte da família das radiações eletromagnéticas.
→ Se propaga em linha reta, em movimento ondulatória e na velocidade na luz,
produzindo o fóton de raio x.
→ Não possuem massa ou carga elétrica. São pura energia em movimento.
→ Sua capacidade de penetração é diretamente proporcional a quantidade de energia que
ele carrega e inversamente proporcional ao comprimento de onda. Ou seja, quanto
menor o comprimento de onda, mais energia o fóton tem e maior capacidade de
penetração.

NATUREZA
O raio x não possui massa ou carga elétrica, isso porque possuem energias particuladas
(energias nucleares que tem origem no núcleo atômico, ou seja, são um pedaço do átomo) em
linha reta, em movimento ondulatória e na velocidade na luz. Esse tipo de radiação, que é
pura energia em propagação, faz parte de uma grande família que são as radiações
eletromagnéticas.

Legenda da imagem: As radiações de maior comprimento de onda não têm capacidade


ionizante, ou seja, não tem capacidade de transformar um átomo em um íon, removendo um
elétron orbital. Já o raio x é uma radiação ionizante.

PRODUÇÃO DO RAIO X
Primeiramente, temos que entender que há um núcleo positivo rodeado por uma eletrosfera
volumosa e sem massa. Os orbitais da eletrosfera são preenchidos por elétrons, tendo como
exceção a última camada que não está totalmente preenchida, necessitando tomar emprestado
elétrons de outros átomos formando uma molécula que caracteriza a substância.
Segundamente, para que seja produzido o raio x é necessário a presença de um átomo e de
um raio catódico (elétron não orbital perdido no espaço em movimento, que não faz parte da
eletrosfera e dotado de energia cinética)

Abaixo temos a explicação do porquê o espectro x tem fótons de diferentes comprimentos de


onda:

Primeira opção de produção do raio x

Choque frontal do raio catódico com o núcleo do átomo, fazendo com que se perca toda a sua
energia cinética que será transformada em fóton de raio x (raio x). Esse tipo de fóton terá
energia máxima (menor comprimento de onda) e com maior quantidade de penetração, isso
porque toda a energia cinética do raio catódico foi perdida e convertida em raio x. As
Esse tipo de produção de raio x é uma possibilidade remota, tendo em vista que a maior
parte do átomo é um espaço vazio. As radiações que têm toda a energia cinética convertida
em raio x recebem o nome de radiação de frenagem (80% do feixe de radiação é produzido
por frenagem).

Segunda opção de produção do raio x

Não há choque frontal, mas o raio catódico passa perto do núcleo. Por conta de o núcleo ter
carga positiva ele irá atrair o raio, e com isso ele mudará de direção e perdera parte da sua
energia cinética que será convertida em radiação x. O comprimento de onda desse tipo de
fóton é maior, pois houve uma conversão parcial de energia cinética em raio x.
Terceira opção de produção de raio x

O rio catódico passa ainda mais distante do núcleo, havendo uma atração menor e
consequentemente a conversão da energia cinética em radiação x será menor, levando a um
fóton com comprimento de onda maior ainda.

Quarta opção de produção de raio x

Dentro do orbital os elétrons que têm maior energia potencial estarão nos níveis mais
externos, conseguindo vencer, de forma melhor, a força de atração pelo núcleo. Se retirarmos
todos os níveis de energia e ficarmos apenas com os dois primeiros (camada K e camada L),
o raio catódico, por ter massa similar, pode se chocar com o elétron orbital em uma
velocidade suficiente para removê-lo da orbita. Com isso, haverá uma vaga na camada K que
será suprida pelo elétron L que está acima, ocupando essa camada. Porém, sabemos que o
elétron da camada L tem mais energia potencial do que o elétron da camada K, ou seja, ele
precisará dissipar parte da sua energia potencial que será convertida em fóton de raio x.
CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO DO RAIO X
A produção de raio X ocorre por:
1. Conversão de energia cinética em radiação X - 80% dos fótons são produzidos dessa
forma
2. Conversão de energia potencial em radiação X – 20% dos fótons são produzidos dessa
forma
Para produzir raio x precisamos de:
1. Corrente elétrica
2. Fonte produtora de raio catódico; que são elétrons em movimento dotados de energia
cinética.
3. Átomo; para que haja interação entre os raios catódicos e esse átomo.

CIRCUITO DO APARELHO DE RAIO X


Acima vemos a imagem que representa o circuito que existe no cabeçote do aparelho de
radiografia. Inicialmente, há a corrente elétrica que pode ser de 110 ou 220W, conectamos o
aparelho e obtemos a fonte de energia regular.
Dentro do cabeçote a corrente elétrica entra pelos dos polos do circuito e toma duas direções,
ou seja, ela flui com 110W em dois circuitos diferentes. No primeiro circuito temos mais
espirais na corrente de entrada do que na corrente de saída, isso caracteriza um
transformador de baixa voltagem, ou seja, transforma a corrente de 110W para 10 a 15W e
isso se encaminha para uma ampola de Crookes. Do outro lado temos mais espirais na
corrente de saída do que na corrente de entrada, isso caracteriza um transformador de alta
voltagem, ou seja, transforma a corrente de 110W para 45 mil W para cima. Logo, temos
dois circuitos dentro do cabeçote do aparelho: um de alta voltagem e outro de baixa
voltagem.

A imagem acima caracteriza a ampola de Colinge e os elementos nela presentes que torna
possível a formação do feixe de raio X.
Para produzir raios catódicos é necessário elétrons em movimento, esses raios são adquiridos
através da ativação do circuito de baixa voltagem que passará pelo filamento W. Quando a
corrente de 15W passa por esse filamento, ele será aquecido gerando uma nuvem de elétrons
em torno do filamento, que é a matéria prima para produzir raios catódicos.
A nuvem de elétron precisa ser impulsionada, e isso acontece quando o circuito de alta
voltagem entra em ação. Com a ativação da alta voltagem, esses elétrons são disseminados
em todas as direções, transformando-os em raios catódicos que, posteriormente, também
serão lançados em várias direções. O raio catódico precisa interagir com o átomo para que
haja a formação do raio X, e essa interação ocorre na pastilha de Tungstênio com o átomo
de tungstênio, dentro da área focal. Ele é escolhido porque possui uma massa atómica
elevada e, portanto, um núcleo grande, aumentando a possibilidade de interações.
O processo de produção de raio x tem baixo rendimento apenas 2% geram raio x e 98%
geram calor. Por conta disso, quando acionamos a máquina estamos aumentando muito a
temperatura da pastilha de tungstênio e há possibilidade dessa pastilha fundir, porém o
tungstênio tem um ponto de fusão elevado, isso é o segundo motivo dele ser escolhido.
Entretanto, dentre os metais ele é um dos menos eficiente em dissipar calor, por isso ele
precisa estar engastado com bastão de cobre que dissipa o calor rapidamente, roubando o
calor gerado na área focal do tungstênio e ajudá-la a resfriar rapidamente.
Esse bastão de cobre também precisa resfriar, então essa ampola de Colinge é toda imersa em
um sistema de refrigeração a óleo.
Quando esses elétrons se direcionam para a área focal nós vamos ter a conversão de energia
cinética em radiação x ou conversão de energia potencial em radiação x. Porém esses raios
não são direcionais, eles se formam para todos os lados, com isso essa ampola de Collinge
precisa ser de vidro de alta densidade temperado com chumbo que não permite a saída do
raio x, a não ser por uma área fina chamada de janela da ampola, que sai o feixe chamado de
feixe útil.
Esse feixe útil será utilizado para fazer o procedimento radiográfico. Ele é circular e tem o
diâmetro de 6cm que é suficiente para pegar a área do exame e sensibilizar o sensor
radiográfico.

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