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Equipamentos I

Formação dos Raios - X


• Os raios-X têm origem no choque de elétrons acelerados
contra um obstáculo material (alvo), geralmente de metal. A
interação entre esses elétrons e os átomos do obstáculo
resultará na formação dos raios-X e calor.
• A liberação dos elétrons ocorre no catódio, em função da
energia térmica (aquecimento) fornecida ao filamento,
processo denominado emissão termiônica. O filamento
helicoidal do catódio é aquecido até aproximadamente 2000º
C, gerando assim, os elétrons (nuvem eletrônica ou carga
espacial), que são acumulados em torno do filamento em um
coletor eletrônico (capa focalizadora), evitando a dispersão. O
ajuste da intensidade do feixe de elétrons (quantidade de
raios-X) é dado pela intensidade da corrente do tubo de raios-
X (mA).
• Os elétrons são desacelerados no anódio (no ponto ou pista
focal), e sua energia é convertida em calor e raios-X. O tipo de
interação entre o elétron incidente e o alvo irá determinar o tipo
de radiação formada (radiação de Frenamento e radiação
característica).
Radiação de Frenamento
• Esse tipo de radiação ocorre com muita freqüência na
formação do feixe de raios-X e é originada na
passagem de um elétron bem próximo ao núcleo de
um átomo do material alvo (anódio).
• A atração entre o elétron carregado negativamente e
o núcleo carregado positivamente faz com que o
elétron se deflita da sua trajetória original, perdendo
parte da sua energia cinética ou toda ela, que é
emitida na forma de raios-X.
• Esse processo pode gerar raios-X com energias
diferentes, indo de valores baixos até a energia
máxima, que é igual à energia total do elétron
incidente.
Radiação Característica
• Esse tipo de radiação é menos freqüente na formação do feixe
de raios-X. Resulta da colisão de um elétron incidente e um
elétron orbital do átomo do material alvo (anódio).
• O elétron incidente transfere energia suficiente ao elétron
orbital do átomo do material alvo, de maneira que esse último é
ejetado de sua órbita, deixando um “buraco” em seu lugar.
• Isso gera uma condição instável no átomo do material alvo,
que é imediatamente corrigida com a passagem de um elétron
de uma órbita mais externa para este “vazio”, resultando de
uma redução da energia potencial do elétron, sendo o
excedente (de energia) emitido na forma de raios-X.
• Como os níveis de energia dos elétrons são únicos para cada
elemento, os raios-X originados nesse processo também são
únicos e, portanto, característicos de cada elemento.
• Quanto maior o número atômico do material do anódio maior a
energia característica.
Feixe de Radiação
• O rendimento na geração dos raios-X é muito pequena, pois aproximadamente 99%
da energia de frenagem dos elétrons é convertida em calor e apenas cerca de 1% é
convertida em raios-X.
• Do volume de raios-X produzidos, apenas aproximadamente 10% pode ser
aproveitado para a realização do exame radiográfico (radiação útil).
• Na realidade, os raios-X são produzidos em toda a extensão da área de impacto dos
elétrons no anódio (ponto ou pista focal), dispersando-se a partir daí em linha reta
para todas as direções de uma meia esfera.
• Apesar do direcionamento dos elétrons para o anódio, pode ocorrer o choque de
alguns elétrons com outras estruturas do tubo de raios-X (até na parede do tubo),
produzindo uma radiação de baixa energia denominada radiação extrafocal, que é
absorvida no próprio tubo e na cúpula (carcaça).
• Quanto maior a intensidade da corrente (maior mA), maior será o número de
elétrons disponíveis e, por conseguinte maior será a quantidade de raios-X.
• Quanto maior a tensão (kV) aplicada ao tubo, menor será o comprimento de onda
dos raios-X e maior serão a energia de aceleração dos elétrons, o poder de
penetração do feixe e, conseqüentemente, a qualidade desse feixe.
• O feixe de radiação que emerge do anódio não é monoenergético. Ele é formado por
fótons que variam com a tensão total (kV) aplicada ao tubo de raios-X, ou seja, por
fótons originados desde uma tensão mais baixa (menos energético) até os
originados na tensão de pico (mais energéticos). A energia máxima do feixe de
radiação é determinada pela tensão de pico (kVp) aplicada ao tubo. Quanto menor a
flutuação da tensão total aplicada ao tubo de raios-X (mais próxima da tensão de
pico), mais homogêneo tende a ser o feixe de radiação formado.
Camada Semi-Redutora
• A camada semi-redutora, corresponde a um
filtro de alumínio colocado diante do feixe de
raios-X que tem a função de impedir a
passagem de radiação de baixa energia (muito
menor que a tensão de pico aplicada) que não
contribui para a formação da imagem
radiográfica impedindo que esses fótons
interajam com o objeto a ser examinado,
diminuindo assim, a dose de radiação na pele
do paciente.
Produção dos Raios-X
• Para a produção dos raios-X é necessário o
aquecimento prévio do filamento do catódio até a
temperatura de emissão de elétrons. Em tubo com
anódio giratório, a produção de raios-X (disparo)
ocorre em dois estágios:
 O primeiro corresponde a preparação, ou seja, a
liberação dos elétrons e à rotação do anódio, até a
estabilização em determinado número de rotação por
minuto (rpm).
 O segundo corresponde ao deslocamento dos
elétrons em direção ao anódio, com a conseqüente
produção de raios-X e calor.
• Em tubo de anódio fixo, o filamento do catódio é
aquecido ao ligar o aparelho.
Feixe Útil de Radiação
• Os raios-X que saem pela janela da cúpula (carcaça) são
denominados feixe útil de radiação e correspondem a apenas cerca
de 10% de toda a radiação gerada no tubo de raios-X.
• O feixe útil de radiação é divergente e de formato cônico. Não é
uniforme devido a dois fatores:
 Lei do inverso do quadrado da distância (lei de Kepler): A
intensidade de radiação decresce proporcionalmente ao quadrado da
distância da fonte emissora. Devido ao formato cônico do feixe de
radiação, todos os seus pontos em um plano transversal não estão a
uma mesma distancia do foco emissor, ou seja, os raios-X periféricos
estão a uma distância maior do que o raio central.
 Efeito Anódio: Corresponde a absorção, pelo próprio anódio, de
fótons do feixe radiação, que emergem rasantes no anódio,
determinando uma atenuação da radiação do lado do mesmo. Essa
atenuação (cerca de 5%) torna-se mais evidente em angulações
muito pequenas do anódio e nas menores distâncias foco-filme
(DFoFi).
• OBS: Esses fatores, muito sutis, não são perceptíveis ao olho
humano. Na prática o feixe útil de radiação pode ser considerado
homogêneo em intensidade.
Raio Central
• O raio central (RC) corresponde ao eixo central do
feixe de radiação e é perpendicular ao maior eixo do
tubo de raios-X. O raio central (RC) pode ter as
seguintes posições relativas ao plano do anteparo
(filme radiográfico):
 Perpendicular: Quando o RC forma um ângulo de
90º com o plano do anteparo (filme radiográfico).
 Oblíquo: Quando o RC incide inclinado no plano do
anteparo, ou seja, quando o ângulo de incidência é
maior ou menor que 90º em relação ao filme
radiográfico.
Interação do feixe de radiação com
o objeto
• A trajetória do feixe de raios-X do foco emissor ao anteparo
(filme radiográfico ou tela fluoroscópica) atravessando um
objeto pode ser dividida em três etapas:
• Primeira Etapa: Corresponde a emissão do feixe de radiação
pelo foco emissor até o objeto. Nessa etapa, o feixe de raios-X
possui uma estrutura razoavelmente homogênea em qualidade
e intensidade.
• Segunda Etapa: Corresponde a interação do feixe de raios-X
com o objeto. Nessa etapa, irá ocorrer a atenuação do feixe de
raios-X, que consiste na redução da intensidade do feixe de
radiação primária.
• Terceira Etapa: Corresponde à emergência do feixe de
radiação do objeto. Nessa etapa, o feixe de radiação não é
uniforme nem em número nem em energia dos fótons. Apenas
5% dos fótons que incidem no objeto emergem sem sofrer
alterações.
Atenuação do feixe de raios-X
Fatores que afetam a atenuação do feixe de raios-X:
 Espessura: Quanto mais espesso for o objeto
irradiado, maior será a atenuação do feixe de
radiação.
 Densidade (massa por unidade de volume): Quanto
mais denso for o objeto irradiado, maior será a
atenuação do feixe de radiação.
 Número atômico (Z): Quanto maior for o número
atômico do objeto irradiado, maior será a atenuação
do feixe de radiação.
OBS: A atenuação ocorre pela combinação dos
fenômenos de absorção e difusão do feixe de
radiação.
Absorção Fotoelétrica
• A absorção fotoelétrica (interação fotoelétrica) é um efeito
local que consiste na deposição de energia no objeto
irradiado.
• Corresponde à interação de um fóton de radiação com um
elétron fortemente ligado a um átomo do objeto (elétron
em órbita próxima ao núcleo do átomo).
• O fóton incidente ao chocar-se com o elétron transfere
toda a sua energia para ele, deixando de existir a seguir.
• A energia transferida ao elétron determinará o seu
deslocamento para outra órbita, gerando um “vazio” neste
lugar. O preenchimento desse “vazio deixado pela ejeção
do elétron dará origem a um fóton de raio-X característico.
• A energia desse fóton característico é muito baixa, sendo
absorvida no local.
Difusão
• Também denominada espalhamento,
corresponde a interação de um fóton de
radiação com um elétron fracamente
ligado a um átomo do objeto (elétrons das
camadas mais externas do átomo). Ao
contrário do efeito fotoelétrico, a difusão
atua prejudicialmente na qualidade da
imagem radiográfica.
• Pode ser de dois tipos: difusão elástica e
quântica (inelástica).
Difusão Elástica
• Também denominado
efeito Thomson,
ocorre quando o fóton
incidente é desviado
de sua trajetória
inicial sem perda de
energia.
Difusão Quântica ou Inelástica
• Também denominado efeito Compton, ocorre quando o fóton
incidente, ao chocar-se com o elétron, transfere parte de sua
energia para ele, sendo em seguida defletido em direção
diferente da incidente, originando um elétron Compton e um
fóton resultante, que não contribui em nada para a formação da
imagem.
• A absorção fotoelétrica e o efeito Compton ocorrem,
simultaneamente, sendo o seu percentual de ocorrência
determinado pela energia do fóton incidente. Em baixas
energias (baixo kV), predomina o efeito fotoelétrico e, em altas
energias (alto kV), predomina o efeito Compton. O contraste
radiográfico é maior nas interações fotoelétricas do que nas
interações Compton.
• A radiação espalhada (secundária), proveniente das interações
Compton, deve ser eliminada ou reduzida ao máximo possível,
para evitar perda da qualidade da imagem. Isso pode ser
obtido mediante principalmente a limitação do campo irradiado
e a utilização de grade antidifusora.

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