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Espectroscopia de

Fotoelétrons excitados por


Raios-X
Aula 04

PO510 P - Técnicas de Caracterização dos Materiais


Profa. Dra. Alessandra Cremasco
1
Profa. Dra. Laís Pellizzer Gabriel
Bibliografia

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Espectroscopia de Fotoelétrons
excitados por Raios-X

• O XPS (Espectroscopia de fotoelétrons


excitados por raios-X) também é
conhecido como ESCA (Espectroscopia
eletrônica para análise química).

• A técnica é amplamente utilizada devido


sua simplicidade de execução e análise
de resultados. Porém, apresenta custo
alto equipamento e amostra necessita
estar no estado sólido.

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Para que serve a técnica de XPS

• Análise da composição química de superfície;


• Obter perfis de profundidade da composição química
das camadas superficiais e revelar as distribuições
espaciais dos elementos;
• Obter informações adicionais, como estados de
oxidação, ambiente químico, através da análise da
posição dos picos e deslocamentos.

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Como funciona a técnica de XPS
• O XPS funciona irradiando átomos de uma
superfície de um material com fótons de raios X,
causando a ejeção de elétrons (fotoelétrons).
XPS - Princípios básicos
Efeito Fotoelétrico

• A técnica de XPS é baseada na ideia de Einstein sobre o efeito


fotoelétrico, desenvolvido por volta de 1905.

• O conceito de fótons foi usado para descrever a ejeção de


elétrons de uma superfície. 6
XPS - Princípios básicos
Efeito Fotoelétrico

Fotoelétron ejetado
Raio-X incidente
Nível de
elétrons livre
Banda de Condução
Nível fermi

Banda de valência

2p L2,L3
2s L1

1s K

Após esse processo, o átomo liberará energia pela emissão de


um elétron Auger 7
XPS - Princípios básicos
Efeito Fotoelétrico e Elétrons Auger

Emissão de elétron Auger

Nível de
elétron livre
Banda de Condução
Nível de
Fermi
Banda de Valência

2p L2,L3
2s L1

1s K

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Interação átomo e raios-X

Elétron livre Raio-X

Elétrons de valência
prótons
neutrons

Elétrons internos elétron

vacância

Os elétrons internos tem ótima resposta a energia de raios-X.

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Interação átomo- raios-X na superfície
e- camada inferior Superfície externa
e- camada superior
sem colisão
e- camada inferior Raios-X Superfície interna
com colisão

Camada atômica
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Interação átomo-raios-X na superfície

• Os Raios-X irão penetrar nos elétrons internos dos átomos da


amostra.

• Alguns elétrons serão liberados dando à característica energia de


ligação (EL) de seus elementos.

• A energia de ligação (EL) tem valores característicos e por isso é


utilizada para identificar os elementos. A EL é determinado pela
atração dos elétrons internos ao núcleo. Se um elétron com
energia X é retirado, a atração entre o elétron e o núcleo diminui
e sua EL diminui.

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Interação átomo - raios-X na superfície
Outros elétrons virão das camadas internas e colidirão com elétrons das camadas
superiores. Estes serão em quantidade reduzida e de menor energia e contribuirão para o
sinal de ruído do espectro.

Elétron sem colisão


Elétron com colisão

• O sinal de ruído vem dos elétrons


que colidem com outros elétrons
de diferentes camadas. As colisões
causam uma diminuição na energia
do elétron e não mais contribuirão
para a energia característica do
elemento.

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Interação átomo e raios-X

EC=h -EL-

Energia cinética Energia de


ligação Função
Raios-X trabalho
Interação átomo e raios-X

EC=h -EL-

EC Energia cinética (medida espectrômetro XPS)

hv Energia de fóton da fonte de raios-X (controlada)

 função trabalho do espectrômetro e representa


energia requerida para elétron escapar do
material. Obtido por calibração.

EL variável desconhecida.

A equação calculará a energia necessária para obter a ejeção


de um elétrons da superfície do sólido. Conhecendo EC, hv e 
a EL pode ser calculado.
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Energia Cinética vs. Energia de Ligação

• Cada pico representa a quantidade


de elétrons em uma determinada
energia que é característica de
# de elétrons

algum elemento.

EL aumenta da direita para esquerda

1000 eV 0 eV

EC aumenta da esquerda para direita


Energia de ligação
(eV)

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Equipamento de XPS

16
17
Equipamento de XPS

Fonte de raios-X

Canhão de íons

Analisador de energia

Câmara de amostras

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Diagrama do sistema combinado XPS-
AES

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Sistema de Alto vácuo
• A pressão do sistema de vácuo é <10-9 Torr bomba turbomolecular

• Contaminação da superfície
• XPS é uma técnica sensível à superfície;
• Superfície apresenta hidrocarbonetos adsorvidos, vapor de água e óxidos;
• Necessário eliminar as moléculas de gases porque produzirão um sinal de XPS
e levarão a uma análise incorreta da composição da superfície.
• Reduzir as chances de elétrons de baixa energia serem espalhados por
moléculas de gás no caminho antes de chegar ao detector  diminuição sinal
e aumento do ruído.

• Removendo contaminação
• Canhão de íons a superfície da amostra é bombardeada com íons de argônio
(Ar+ = 0,5 - 5KeV).
Também utilizada para remover átomos camada por camada para obtenção do
perfil de profundidade elementar.

• Calor pode ser usados para remover hidrocarbonetos – elevar a T câmara


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para 250-350 ºC e realizar vácuo.
Fonte de Raios-X
• A superfície da amostra é irradiada com fótons de raios-X
monocromático, que atinge os elétrons centrais (e-) dos
átomos.

• A fonte de raios X produz fótons com determinadas energias:


Fóton MgK Energia de 1253,6 eV Largura de energia inferior a 1
Fóton AlK Energia de 1486,6 eV eV para melhor resolução

• Os raios-X penetram a amostra até uma profundidade na


ordem de 1 m e o sinal de e- obtido profundidade superficial
 10 a 100 Å.

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Fonte de Raios-X
• Há uma distribuição de energia
contínua (background) combinada com
pico alta intensidade da linha
características Kα.
• A saída monocromática é produzida
pela remoção dos Raios-X contínuos do
espectro.

Obter espectros XPS com


intensidade de ruído
reduzida.

Um único tubo de raios-X no


XPS tem simultaneamente
anodos de Al e Mg; útil para
distinguir picos de e- Auger 22
Analisador de Energia
• Analisador hemisférico concêntrico (CHA) – dois hemisférios concêntricos com raios
R1 e R2, com potencial negativo V1 e V2 sendo aplicado no hemisfério interno e
externo. O potencial aplicado produz equipotencial mediano na superfície ,
denominado energia de passagem do CHA, com raio R0.

• Uma fenda em uma extremidade do CHA permite que os elétrons do amostra entrem,
e uma fenda na outra extremidade permite que os elétrons passem para o detector
de elétrons.
• O CHA só permite que os elétrons com energia E = eV0, que são injetados
tangencialmente para a superfície mediana, passem pelo canal e cheguem 23 ao
detector.
Espectro de XPS
• O espectro XPS é um gráfico de intensidade versus energia de ligação.
• Os fotoelétrons são ejetados de diferentes camadas e subcamadas
eletrônicas. Cada pico de energia de ligação é marcado com o símbolo de
elemento acrescido da camadas de onde o fotoelétron foi emitido, por
exemplo Al 2p, O 1s.

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Espectro de XPS
• Os fotoelétrons emitidos das subcamadas p, d e f são comumente
marcado com um número de fração adicional;

Cu 2p1/2

• Existem:
Número quântico Subníveis
angular
e p
e d
e f

• Estas frações representam o número quântico de momento angular


total (J) dado por (l+ms ) para um elétron de uma camada.
25
Espectro de XPS
• Em um gráfico XPS, é possível também visualizar picos de elétrons
Auger. Os picos Auger são geralmente picos mais amplos em um
espectro XPS.

picos de elétrons Auger

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Elétrons Auger
O fóton incidente ejeta um elétron da camada K, um elétron da
subcamada L1 ocupa a vacância e um elétron da camada L2,3 é
ejetado como eletron Auger.

Espectroscopia de elétrons Auger (AES)


identifica elementos químicos medindo as
energias cinéticas dos elétrons Auger.27
Espectroscopia de Elétrons Auger - AES
Símbolo do elemento Camadas e subcamadas
envolvida

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Espectro de XPS
Sinais: foto-elétrons camadas internas, eletrons de valência, Auger

Análise elementar Estrutura Composição


eletrônica química

Perfil “escada” –
espalhamento
inelástico dos
fotoelétrons em
sólidos ( EL)

Ruído ( EL)

Exemplo espectro de XPS Ag: picos das camadas internas (3s, 3p, 3d), picos
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dos eletrons de valência (4d) e picos Auger (MNN)
XPS Spectrum

O 1s

Auger

Fonte Mg

C O 2s
Al
Al

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Espectro de XPS
Picos adicionais: picos extras associados aos picos de fotoelétrons principais
das camadas internas.
Satélites de excitação: Interação com elétron de valência, excitando-o para um
nível superior de energia e perda de alguns elétron volts de EC.
Importante para análise química
Exemplo: Satélite de
excitação associado ao Cu
2p no CuO e ausente no
Cu 2p do Cu2O

• Metais transição
• Terras raras (e-
desemparelhados 3d e 4f)
• Compostos orgânicos
aromáticos
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Espectro de XPS
Divisão de picos em dubletos - ocorre em compostos que possuem
elétrons desemparelhados em seu nível de valência.
Útil para analise química
pico de Ni 2p 𝟑 𝟐 do NiO

O Ni(OH)2 pode ser distinguido do


NiO porque o 2p de Ni(OH)2
não tem essa divisão.

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Espectro de XPS
A perda por plasmons: ocorre devido a perda de energia de um fotoelétron
ao excitar vibrações coletivas em elétrons de condução em um metal.
Não fornecem informação, mas complicam um espectro – picos extras.

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Probabilidade relativa de Relaxação de
Elétrons K

1.0
Emissão de
0.8 elétrons Auger
Probability

0.6

0.4

0.2 Emissão de
fotoelétrons
0
5 10 15 20 25 30 35 40 Atomic Number
B Ne P Ca Mn Zn Br Zr Elemental Symbol

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Espectro de XPS

O gráfico tem picos


característicos para
cada elemento
encontrado na
superfície da amostra.

• Existem tabelas com a EC e a EL atribuídos a cada elemento (Banco


de dados).
• Depois que o espectro é plotado, deve ser verificado o valor
designado da energia do pico e encontrado o elemento presente na
superfície. 35
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XPS e Calibração

• As posições de pico em um espectro XPS são afetadas pelas


condições do espectrômetro e a superfície da amostra.
• Deve ser realizada calibração antes da identificação elementar
da amostra de interesse.
• Amostra padrão que tenha um pico que não apresente desvios na EL
(Exemplo: Si).
• Carbono (C-H ou C-C) adsorvido na superfície de amostras expostas ao
ambiente (contaminação) C1s 285 eV do carbono .

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Espectro XPS de poli (vinil trifluoroacetato) (PVTFA)
XPS – análise
qualitativa
• Deslocamento de picos (energia de
ligação) são causadas pelo estado
químico ou de oxidação.
• Conhecimento dos estados químicos é
essencial
• Pequenos deslocamentos pode
resultar na sobreposição de picos –
requer programa especifico.

átomos de C e O em diferentes ambientes


geram picos distintos 38
XPS – análise qualitativa
de materiais isolantes
Deslocamento do pico associado a carregamento
na superfície da amostra - alterado durante a
análise  valor variável de função trabalho 

Como controlar/minimizar isso?


Neutralização de carga para obter potencial estável
e uniforme na superfície – canhão de elétrons

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XPS – análise qualitativa de materiais isolantes
Espectros de XPS de uma amostra de polímero com e sem neutralização
de carga.

Raios-X não-monocromáticos possuem efeito similar - iluminam a saída


da fonte raio-X e interior da câmara de vácuo, produzindo fluxo de elétrons
secundário que neutralizam a superfície da amostra carregada
positivamente. 40
Mapeamento elementar por XPS
• Resolução espacial depende diâmetro feixe
• (Equipamentos moderno - 10 m usando fonte especial e
monocromador).
Imagens XPS obtidas de uma área superficial de filme oxidado de TiAlN em um
substrato de aço inoxidável. O filme oxidado contém ferro que tem migrou do
substrato.

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Determinação da espessura de filme
óxido de alumínio por XPS

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Análise de pigmentos de obra de
arte por XPS
Pb3O4

PbO2

C
O

Pb Pb
N
Ca
A análise de XPS mostrou
Na que o pigmento usado no
Cl Pb revestimento da múmia era
Pb3O4 em vez de Fe2O3
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Análise de material compósito de
polímero e fibra de carbono por XPS
A análise XPS identifica os grupos funcionais
presentes na superfície do compósito. A
natureza química da interface fibra-polímero
influenciará suas propriedades.

-C-C-

N(E)/E -C-O
Compósito de
fibra de carbono
trançado -C=O

-300 -295 -290 -285 -280


Binding energy (eV)

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Análise Quantitativa
Fator de sensitividade
Intensidade do pico Depende condições instrumento
e superfície da amostra

Fração atômica do elemento

Intensidade calculada pela área do pico após subtrair o ruído


Fator de sensitividade: Utiliza dados de handbooks - equipamento X e
amostras elementos puros

Contaminação afeta uso da Equação


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Mapa - Perfil de Profundidade
Exemplo: superfície de titânio revestido com fosfato de cálcio

A profundidade do perfil não


corresponde é espessura real da
medição. É calculada a partir da
taxa de remoção atômica
causada pelo bombardeamento
com feixe de íons, que é dado
pelo #n átomos ejetados/íon.

Taxa de remoção não é


constante – depende tipo de
átomo (ataque preferencial)
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Aplicações

• Superfície de polímero
• Catálise
• Corrosão
• Semicondutores
• Materiais dielétricos
• Embalagem eletrônica
• Mídia magnética
• Revestimentos com filmes finos

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Equipamentos comerciais XPS

Thermo Fisher

Kratos by Shimadzu
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Análise – LNNano CNPEM

http://lnnano.cnpem.br/laboratories/lmn/facilities/x-ray-photoelectron-spectrometer-xps/
49
https://portal2.cnpem.br

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