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Introdução
Você já percebeu que estamos expostos diariamente à radiação?
Quando se fala em radiação, as pessoas geralmente associam esta
palavra com algo perigoso. No entanto, radiação nada mais é do que
a emissão e propagação de energia de um ponto a outro, seja no
vácuo, seja num meio material. Isto pode ocorrer por meio de fenô-
menos ondulatórios ou por partículas com energia cinética.
Neste texto, você vai estudar essencialmente sobre o tema radia-
ção, além dos conceitos sobre o assunto, vai entender de que forma
essa energia nuclear atua no meio ambiente, no nosso corpo, sua im-
portância, bem como os cuidados que devemos ter ao lidar com a
radiação devido aos seus efeitos físicos.
Criada por Max Planck em 1900, a Teoria dos Quanta assegura que a
radiação eletromagnética é emitida e se propaga descontinuamente em pe-
quenos pulsos de energia, chamados pacotes de energia, quanta ou fótons,
(Caráter Corpuscular) esta teoria está na base de toda a física moderna.
A dualidade onda-partícula constitui uma propriedade fundamental da
mecânica quântica e consiste na aptidão das partículas subatômicas de se
comportarem ou terem atributos tanto de partículas como de ondas. Foi rela-
tada pela primeira vez pelo físico francês Louis-Victor de Broglie em 1924,
que divulgou que os elétrons apresentavam características tanto corpuscu-
lares como ondulatórias, comportando-se de um ou outro modo dependendo
do experimento específico.
Tipos de radiações
Veja agora um pouco sobre os tipos de radiação alfa, beta, gama, raios X e os
tipos de radiação ultravioleta (UVA, UVB e UVC)
Espectros atômicos
Sabe-se que cada elemento químico, em determinadas condições, emite um
espectro característico. Tal espectro é exclusivo de cada elemento. Com isso
foi possível desenvolver a Espectroscopia, um método de análise baseado
nestas emissões. Quando se fornece energia a um elétron em um átomo de
um determinado elemento, tal elétron pode “saltar” para um nível superior de
energia e, ao retornar ao seu estado inicial, emite radiação eletromagnética.
Toda a radiação eletromagnética possui uma frequência e com isto pode-se
determinar seu comprimento de onda. Cada átomo é capaz de emitir ou ab-
sorver radiação eletromagnética, somente em algumas frequências especí-
ficas o que torna a emissão característica de cada material.
Para fornecermos energia aos elétrons de um determinado material, uma
das formas de fazer é aquecê-lo em sua forma gasosa. Assim, este elemento
pode emitir radiação em certas frequências do visível, o que constitui seu
espectro de emissão.
Saiba Mais
Para saber mais sobre a radiação solar e a proteção contra os raios UV, leia o texto
“Proteção à radiação ultravioleta: recursos disponíveis na atualidade em fotoproteção”
(BALOGH et al., 2011).
Radiologia diagnóstica
A radiologia diagnóstica consiste na utilização de um feixe de raios X para a
obtenção de imagens do interior do corpo. O médico, ao examinar as imagens,
pode verificar as estruturas anatômicas do paciente e descobrir a existência de
anormalidades. Essas imagens podem ser tanto estáticas quanto dinâmicas,
vistas na TV em exames, por exemplo, de cateterismo para verificar o funcio-
namento cardíaco.
Radiografias
A radiografia baseia-se no fato de que o feixe de raios catódicos emitidos por
uma ampola de raios X pode atravessar de modo diferente os diversos tecidos
orgânicos e atingirem uma película a eles anteposta, gerando imagens. Como
esses raios atravessam com mais facilidade as partes aeradas e os tecidos
moles do corpo, chegam ao filme com maior intensidade e o impressionam
mais fortemente na projeção desses órgãos, gerando registros mais escuros.
Os tecidos mais densos, como os ossos, por exemplo, os retém mais e eles
chegam ao filme com menor intensidade e geram, na projeção desses órgãos,
registros mais claros. Assim, depois de revelados, os filmes mostram imagens
dos órgãos em diferentes tons de cinza. Na verdade, as imagens projetadas
correspondem a áreas de sombra dos raios X emitidos.
Medicina nuclear
A Medicina Nuclear é uma especialidade médica que realiza diagnóstico por
imagem, tratamento radionuclídico e cirurgia radioguiada. Seus exames uti-
lizam métodos seguros, praticamente indolores e não invasivos para fornecer
informações que outros exames diagnósticos não conseguem. Normalmente,
os materiais radioativos são administrados por via venosa, oral, inalatória ou
subcutânea, e apresentam distribuição para órgãos ou tipos celulares especí-
ficos, não havendo risco de reações alérgicas.
Esta especialidade estuda a fisiologia do nosso organismo de acordo com a
distribuição de alguns elementos radioativos (radionuclídio) ou, outras vezes,
do radiofármaco (radionuclídio + fármaco), de acordo com sua afinidade por
determinados tecidos. A medicina nuclear estuda então a distribuição desses
radiofármacos no organismo, determinando, assim, seu estudo fisiológico.
Podemos afirmar, então, que a principal diferença dos outros exames diag-
nósticos radiológicos para a medicina nuclear é que enquanto a radiologia
estuda a morfologia, a medicina nuclear estuda a fisiologia.
Radioterapia
A radioterapia é um método capaz de destruir células tumorais, empregando
feixe de radiações ionizantes. Uma dose pré-calculada de radiação é aplicada,
em um determinado tempo, a um volume de tecido que engloba o tumor,
buscando erradicar todas as células tumorais, com o menor dano possível às
células normais circunvizinhas, à custa das quais se fará a regeneração da
área irradiada.
As radiações ionizantes são eletromagnéticas ou corpusculares e car-
regam energia. Ao interagirem com os tecidos, dão origem a elétrons rápidos
que ionizam o meio e criam efeitos químicos como a hidrólise da água e a
ruptura das cadeias de ADN. A morte celular pode ocorrer então por variados
mecanismos, desde a inativação de sistemas vitais para a célula até sua inca-
pacidade de reprodução.
A resposta dos tecidos às radiações depende de diversos fatores, tais como
a sensibilidade do tumor à radiação, sua localização e oxigenação, assim
como a qualidade e a quantidade da radiação e o tempo total em que ela é
administrada.
Para que o efeito biológico atinja maior número de células neoplásicas e a
tolerância dos tecidos normais seja respeitada, a dose total de radiação a ser
administrada é habitualmente fracionada em doses diárias iguais, quando se
usa a terapia externa.
Radiossensibilidade e radiocurabilidade
A velocidade da regressão tumoral representa o grau de sensibilidade que
o tumor apresenta às radiações. Depende fundamentalmente da sua origem
celular, do seu grau de diferenciação, da oxigenação e da forma clínica de
apresentação. A maioria dos tumores radiossensíveis são radiocuráveis. En-
tretanto, alguns se disseminam independentemente do controle local; outros
apresentam sensibilidade tão próxima a dos tecidos normais, que esta impede
a aplicação da dose de erradicação. A curabilidade local só é atingida quando
a dose de radiação aplicada é letal para todas as células tumorais, mas não
ultrapassa a tolerância dos tecidos normais.
Efeitos somáticos
Os efeitos somáticos classificam-se em imediatos e retardados com base num
limite, adotado por convenção, de 60 dias. O mais importante dos efeitos ime-
diatos das radiações após exposição do corpo inteiro a doses relativamente
elevadas é a Síndrome Aguda de Radiação (SAR). O efeito retardado de maior
relevância é a cancerização radioinduzida, que só aparece vários anos após a
irradiação.
O quadro clínico apresentado por um irradiado em todo o corpo depende
da dose de radiação absorvida. A unidade para expressar a dose da radiação
absorvida pela matéria é o Gray (Gy), definido como a quantidade de radiação
absorvida, correspondente a 1 Joule por quilograma de matéria.
Doses muito elevadas, da ordem de centenas de grays, provocam a morte
em poucos minutos, possivelmente em decorrência da destruição de macro-
moléculas e de estruturas celulares indispensáveis à manutenção de processos
vitais. Doses da ordem de 100 Gy produzem falência do sistema nervoso
central, que resultam em: desorientação espaço-temporal, perda de coorde-
nação motora, distúrbios respiratórios, convulsões, estado de coma e, final-
mente, morte, que ocorre algumas horas após a exposição ou, no máximo,
um ou dois dias mais tarde. Quando a dose absorvida numa exposição de
corpo inteiro é de dezenas de grays, observa-se síndrome gastrointestinal,
caracterizada por náuseas, vômito, perda de apetite, diarreia intensa e apatia.
Em seguida, surgem desidratação, perda de peso e infecções graves. A morte
ocorre poucos dias mais tarde. Doses da ordem de alguns grays acarretam
a síndrome hematopoiética, decorrente da inativação das células sanguíneas
(hemácias, leucócitos e plaquetas) e, principalmente, dos tecidos responsáveis
pela produção dessas células (medula). Para doses inferiores a 10 Gy, as pos-
sibilidades de uma assistência médica eficiente são maiores.
Saiba Mais
Saiba mais sobre os efeitos biológicos da radiação entrando no link abaixo:
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/8044/8044_4.PDF
Referência
ABCMED, 2013. Radiografia: como é feita? Para que serve? Quais são as vantagens e as
desvantagens médicas? Disponível em: <http://www.abc.med.br/p/exames-e-proce-
dimentos/ 347409/radiografia-como-e-feita-para-que-serve-quais-sao-as-vantagens-
-e-as-desvantagens-medicas.htm>. Acesso em: 2 abr. 2017.
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