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Técnico em

Radiologia
Módulo III
Professora ; Tamiles Rodrigues
Radioproteção e Dosimetria
Introdução:

Todo trabalho realizado com alta precisão é regido de normas e


regulamento, na radiologia não é diferente, principalmente porque
se trata de uma atividade em que envolve indivíduos em atividade
com equipamentos de alto risco, onde qualquer deslize pode
resultar em um dano irreversível.

A radioproteção é responsável pelas determinações e normas para


quem trabalha com radiação iônica, assim este curso é para
apresentar e informar as normas e regras de segurança necessárias
para quem vai trabalhar com radiologia.
Noções de Estrutura da Matéria

Todas as matérias existentes no universo são constituídas de


átomos ou de suas combinações. A maneira como os átomos se
combinam depende da sua natureza e das propriedades que as suas
estruturas propiciam.

O modelo utilizado para representar o átomo, passou a ser


concebido como tendo um núcleo pesado, com carga elétrica
positiva, e vários elétrons, com carga elétrica negativa, cujo número
varia com a natureza do elemento químico. O raio de um átomo é
da ordem de 10-7cm e suas propriedades químicas são definidas
pelos elétrons das camadas mais externas.
Noções de Estrutura da Matéria

Raio atômico é a distância do centro do núcleo atômico até o último


orbital ocupado por elétrons. Na prática, ele é determinado como
sendo o valor médio da distância entre núcleos de dois átomos
vizinhos ligados e no estado sólido.

Os autores (Op. cit.) afirmam que o valor do raio depende da força


de atração entre o núcleo e os elétrons e é expresso em angstron
(1Å = 10-8 cm). Assim, aumentando-se Z, o raio diminui;
aumentando-se o número de camadas eletrônicas, o raio aumenta.
Para átomos com a última camada de elétrons completa, o raio
tende a ser menor devido à alta energia de ligação das partículas.
Estrutura Eletrônica

Os elétrons são distribuídos em camadas ou orbitais, de forma tal


que dois elétrons não ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo.
Somente dois elétrons podem ocupar a mesma região no espaço,
entretanto, devem ter características magnéticas (spin) diferentes.
Esta restrição é denominada de Princípio de exclusão de Pauli.

Cada orbital pode ser representado por um elétron se movendo


segundo uma trajetória circular (ou elíptica) ou por uma nuvem
envolvendo o núcleo e distribuída em torno de um raio médio,
conforme ilustra a Figura a seguir.
Estrutura Eletrônica

Modelos atômicos: 1) geométrico, onde os orbitais são percorridos por elétrons; 2) quântico,
onde os orbitais são nuvens envolvendo o núcleo, local provável de encontrar elétron.
Estrutura Eletrônica

O orbital é um conceito proveniente da teoria quântica do


átomo, definido como uma região do espaço em torno do
núcleo onde os elétrons têm grande probabilidade de estar
localizados. Cada camada comporta um número definido de
elétrons. Quando preenchida, é denominada de camada
fechada .
Estrutura Eletrônica

Cada elétron está vinculado ao átomo pela atração entre as suas


cargas negativa e positiva do núcleo e pelo seu momento magnético
(spin) com elétrons da mesma camada. A força atrativa sofre uma
pequena atenuação devido à repulsão elétrica dos demais elétrons.
Através da energia de ligação, os elétrons permanecem unidos. Os
elementos com número atômico elevado, possuem uma energia de
ligação, próxima ao núcleo, bastante elevada atingindo a faixa de
100 keV, enquanto que a dos elétrons mais externos é da ordem de
alguns eV.
Estrutura Eletrônica

Os nuclídeos podem ser estáveis ou instáveis, conforme descrito


a seguir:
• Estáveis são aqueles que preservam sua identidade de
elemento químico indefinidamente.
• Instáveis são aqueles que podem sofrer um processo
espontâneo de transformação (desintegração) e se
converter em outro nuclídeo. Neste processo, pode haver
a emissão de radiação.
Efeitos da Radiação no Corpo Humano
- Radioproteção na Prática
Tem radiação no corpo humano?

• Mesmo para doses inferiores a 8 Gy, as pessoas apresentam


sintomas de doença causada por radiação, também conhecida
como síndrome aguda da radiação, que podem incluir náusea,
vômitos, diarréia, cólicas intestinais, salivação, desidratação,
fadiga, apatia, letargia, sudorese, febre, dor de cabeça e
pressão baixa.
Estrutura Eletrônica

O estado de energia mais baixa é denominado estado fundamental


e corresponde ao nível de energia zero. O primeiro nível acima
deste é o 1º estado excitado, e assim sucessivamente. Se, por
qualquer motivo, for fornecida uma quantidade de energia
suficiente ao núcleo, ele passará a um de seus estados excitados.

Após um período de tempo, em geral muito curto, ele retorna ao


estado fundamental. Durante esse processo, o núcleo pode passar
por vários de seus estados de excitação, emitindo raios ɣ (gama) de
diferentes energias por um único núcleo.
Estrutura Eletrônica

A Tabela de Nuclídeos registra em um gráfico todos os elementos


químicos conhecidos, estáveis e instáveis, tendo como eixo das
ordenadas o número atômico Z e o das abscissas o número de
nêutrons N
Estrutura Eletrônica

Para os elementos de número de massa pequeno, segundo Tauhata


(2014), o número de prótons é igual ou próximo do número de
nêutrons. Uma vez que o número de massa A vai aumentando, o
número de nêutrons aumenta relativamente, chegando a um
excesso de quase 40% ao final da tabela.

Quando o átomo se encontra em equilíbrio, os seus elétrons e


nucleons se encontram em orbitais estacionários. Se partículas ou
ondas eletromagnéticas forem lançadas contra ele, sob certas
condições físicas, elas poderão colidir com alguns de seus elétrons
ou com o seu núcleo (TAUHATA, 2014).
Qual e a definição de elétrons?
• O elétron é uma partícula presente na
estrutura do átomo e que possui carga elétrica
negativa. Mais especificamente, os elétrons
estão presentes na região da eletrosfera do
átomo, uma região periférica ao redor do
núcleo atômico.
• O elétron ou eletrão é uma partícula
subatômica, de símbolo e− ou β− , com carga
elétrica negativa.
Estrutura Eletrônica

Se houver a colisão observada acima, ocorre a transferência


parcialmente ou totalmente de energia que, se for superior à
energia de ligação, provocará uma ionização ou uma reação nuclear,
no átomo ou no núcleo, respectivamente. Quando a energia
absorvida for inferior à energia de ligação, ocorrerá um
deslocamento da partícula alvo, para estados disponíveis ou de
transição nas estruturas eletrônica ou nuclear, gerando os
denominados estados excitados eletrônicos ou nucleares, orienta
Tauhata (2014) em seus estudos.
Transição eletrônica:

É possível classificar as transições eletrônicas em dois tipos. O


primeiro tipo envolve as transições de baixa energia (luz) que
ocorrem entre os níveis ou subníveis de energia próximos do
contínuo. O segundo, envolve os níveis ou subníveis mais internos,
originando os raios X característicos, de alta energia.
Transição nuclear:

A transição nucler se dá quando nucleons são deslocados para


estados disponíveis, formando os estados excitados, no
restabelecimento do equilíbrio eles emitem a energia absorvida sob
a forma de radiação gama.
Radiação

As radiações são produzidas por processos de ajustes que ocorrem


no núcleo ou nas camadas eletrônicas, ou pela interação de outras
radiações ou partículas com o núcleo ou com o átomo. Tauhata
(2014) afirma que as radiações beta e gama ocorrem no ajuste no
núcleo, os raios X característico no ajuste da estrutura eletrônica, os
raios X de freamento na interação de partículas carregadas com o
núcleo e raios delta na interação de partículas ou radiação com
elétrons das camadas eletrônicas com alta transferência de energia.
Radiação

O fóton é um pequeno pacote de onda eletromagnética (energia)


indivisível, também chamado quantum, que se move através do espaço
com a velocidade da luz. Embora não possuam massa, os fótons se movem
continuamente sob a forma de ondas senoidais.

A radiação eletromagnética é constituída por vibração simultânea


de campos magnético e elétrico, perpendiculares entre si,
originados durante a transição, pela movimentação da carga e
momento magnético da partícula, quando modifica seu estado de
energia e tem o produto da frequência pelo comprimento de onda
constante e igual à velocidade da luz.
Radiação

A energia de um fóton é calculada pela relação E = h ʋ, onde h é a


constante de Planck e ʋ é a frequência de oscilação da onda
eletromagnética.
Raios X é a denominação dada à radiação eletromagnética de alta
energia que tem origem na eletrosfera ou no freamento de
partículas carregadas no campo eletromagnético do núcleo atômico
ou dos elétrons. Os raios X característicos é o ajuste na estrutura
eletrônica e os raios X de freamento é a interação de partículas
carregadas com o núcleo.
A radiação eletromagnética é uma oscilação em fase dos campos elétricos
e magnéticos, que, autossustentando-se, encontram-se desacoplados das
cargas elétricas que lhe deram origem.
Radioatividade

Os raios-X foram descobertos por William Röentgen, em 1895.


Depois disto, físico francês Henri Becquerel, associando a existência
desses raios, até então desconhecidos, aos materiais fosforescentes
e fluorescentes, testou uma série de substâncias com essas
características. Em 1896, verificou que sais de urânio emitiam
radiações capazes de velar chapas fotográficas, mesmo quando
envoltas em papel preto. Posteriormente, o casal Pierre e Marie
Curie aprofundou estas pesquisas, chegando, em 1898, à
descoberta de dois novos elementos radioativos, o polônio e o
rádio, tendo empregado o termo radioatividade para descrever a
energia por eles emitida
Polónio (Po)
• O polónio (Po) é um elemento químico metálico, radioativo, de cor
branco-prateada, que se localiza no grupo 16 e período 6 da Tabela
Periódica.
• Porque o polônio é radioativo ;

• A radioatividade do polônio está associada a emissão de partículas


alfas com energia na ordem de 5,3 MeV, emitindo também fótons
gama com energia de 803 keV. Porém, esta emissão possui curto
alcance e para que haja a contaminação é necessário ingestão,
inalação ou contato com ferida aberta no corpo.
O que o polônio faz no corpo
humano?
• O polônio só apresenta perigo extremo ao entra no
corpo, pois as partículas radioativas causam danos
massivos às células. Seu efeito é especialmente perigoso
para as células-tronco, que se multiplicam com rapidez,
permitindo a recuperação do organismo. A radiação alfa
pode, no entanto, impedir sua divisão celular.
Qual a toxicidade do polônio?
• Basta 1 micrograma de polônio 210 para matar uma pessoa
de 80 kg. Com 1 grama desse elemento um terrorista poderia
contaminar cerca 20 milhões de pessoas e matar pelo menos
metade delas.
• Tem polônio no cigarro;
• Além de todas essas substâncias químicas tóxicas, o cigarro
também contém substâncias altamente radioativas, como o
polônio-210 e o chumbo-210.
Porque o polônio tem esse nome?

Nome dado em homenagem à Polônia, país de Marie


Curie que, com seu marido Pierre Curie, foram seus
descobridores.
Rádio
Elemento químico

• O rádio é um elemento químico de símbolo Ra, número


atômico 88 com massa atómica [226] u, pertencente a família
dos metais alcalino-terrosos, grupo 2 ou IIA da classificação
periódica dos elementos. À temperatura ambiente, o rádio
encontra-se no estado sólido.
• Atualmente, o rádio é utilizado na medicina para o tratamento
de alguns tipos de câncer e também na obtenção da liga
metálica berílio-rádio.
Rádio
Elemento
• Símbolo: Ra
• D Série química: Metal, Metal
• alcalinoterroso, Elemento do 7º periodo
escobridores: Marie Curie, Pierre Curie
• Descobrimento: 21 de dezembro de 1898
• Número atômico: 88
• Massa atômica: 226 u
• Ponto de ebulição: 1.737 °C
Por que o rádio brilha?

• A fluorescência ocorre porque, sob o efeito


da radiação invisível, elétrons da substância
absorvem energia e passam do chamado estado
fundamental para o estado excitado. Ao voltar ao
estado fundamental, eles liberam o excesso de
energia na forma de radiação.
Radioatividade

A radiação β foi, posteriormente, identificada como sendo


constituída por elétrons. Tanto as partículas a como as partículas b
eram emitidas com altas velocidades.

A natureza das radiações emitidas é característica das propriedades


nucleares do nuclídeo que está se desintegrando, denominado
nuclídeo pai, que, ao se desintegrar, dá origem ao nuclídeo filho.

Em alguns casos, o nuclídeo filho também é radiativo, formando,


assim, uma cadeia radioativa. Um nuclídeo radioativo é
denominado radionuclídeo.
Radioatividade

Os átomos instáveis, radionuclídeos, não realizam transformações


para se estabilizarem, ao mesmo tempo. Isto ocorre de modo
aleatório. Não se pode prever o momento em que um determinado
núcleo irá se transformar por decaimento.

Entretanto, para uma grande quantidade de átomos, o número de


transformações por segundo é proporcional ao de átomos que
estão por se transformar naquele instante, o que significa que a
probabilidade de decaimento por átomo por segundo deve ser
constante, independente de quanto tempo ele tem de existência.
Esta probabilidade de decaimento de átomo por segundo é
denominada de Constante de Decaimento λ e é característica de
cada radionuclídeo .
Radioatividade

A radioatividade é um fenômeno em que substâncias ou elementos


químicos emitem radiação. Esse processo, que pode ocorrer de forma
natural ou artificial, tem a capacidade de atravessar corpos opacos a luz,
de produzir fluorescência.

Série radioativa;

Os elementos presentes nas séries naturais são os isótopos


de: urânio, tório, rádio, e polônio entre outros.
Radioatividade

A Figura abaixo mostra a função de decaimento e os parâmetros


principais envolvidos no processo.

Em que: n =número de átomos radioativos no instante (t); n0 = número de átomos


radioativos no instante (t=0); 𝛌 = constante de decaimento; T1/2 = meia-vida e =
vida média.
Radioatividade

A atividade de uma fonte é medida em unidades de transformações


por segundo, denominada becquerel (Bq) = s-1 no Sistema
Internacional. A unidade antiga, ainda em uso em equipamentos
antigos ou produzidos em alguns países (como os EUA) é o curie (Ci).

Por sua definição inicial, equivale ao número de transformações por


segundo em um grama de Radio- Ra-226, que é de 3,7x1010
transformações por segundo. Portanto, 1 Ci é equivalente a
3,7x1010.Bq
Radioatividade

Meia-vida é o tempo de permanência da partícula no estado


excitado depende das características que definem os estados inicial
e final que irão participar da transição, definido probabilisticamente.
Alguns núcleos possuem estados excitados com meia-vida bastante
longa e podem, em alguns deles, funcionar como estados
isoméricos.

A meia-vida do estado excitado não apresenta ligação direta com a


meia-vida do núcleo. É o intervalo de tempo, contado a partir de um
certo instante, necessário para que metade dos átomos radioativos
decaiam.
Radioatividade

A vida média corresponde ao inverso da constante de


decaimento, em unidade de tempo, e quando multiplicada
pela atividade inicial da amostra, expressa o número total de
desintegrações de uma fonte radioativa.
Tipos de Desintegração (Decaimento)
Radioativa
Tipos de Desintegração (Decaimento) Radioativa
A desintegração radioativa, também chamada de decaimento, é
elencada por tipos, os quais serão descritos a seguir.

Desintegração alfa (α):


A partícula alfa é núcleo de hélio, constituídos por dois prótons e
dois nêutrons, tendo duas cargas positivas. São emitidas como
energias discretas e características do núcleo pai. A desintegração
alfa é característica de núcleos pesados (Z > 82), salvo exceções,
sendo que a maioria dos nuclídeos emissores alfa são naturais
(TAUHATA et al., 2014).
Tipos de Desintegração (Decaimento)
Radioativa
A emissão α representa transições com energias bem definidas e,
portanto, com valores discretos (não contínuo). O decaimento da
partícula alfa é ilustrado pela Figura a seguir.
Tipos de Desintegração (Decaimento)
Radioativa
Desintegração beta (β)
A desintegração beta tanto pode ser negativa (emissão de elétrons),
quando o núcleo está com excesso de nêutrons, como positiva
(emissão de pósitrons), ou seja, partículas com massa igual à do
elétron, mas com carga positiva, quando o núcleo está com excesso
de prótons. Quando o núcleo possui um nêutron em excesso, este é
convertido em um próton e uma partícula beta negativa.
Tipos de Desintegração (Decaimento)
Radioativa
Desintegração βˉ (beta negativa)
A partícula βˉ (beta negativa) possui as mesmas características dos
elétrons atômicos, porém tem origem no núcleo. A energia máxima
está na faixa de 0,05 - 3,5 MeV, para os nuclídeos mais comuns
(TAUHATA et al., 2014).

A emissão de uma partícula com espectro contínuo de energia é


explicada pela emissão de uma segunda partícula, neste caso o
antineutrino, que transporta a diferença de energia existente entre
a energia da partícula beta negativa e a energia disponível, dada
pela diferença de massa entre o núcleo pai e os produtos da
desintegração (Q).
Tipos de Desintegração (Decaimento)
Radioativa
Desintegração β+ (beta positiva)
Quando o núcleo possui um próton em excesso, este é convertido
em um nêutron e uma partícula beta positiva β+ (pósitron). O
pósitron possui a mesma massa do elétron e sua carga tem valor
absoluto igual à do elétron, porém com sinal positivo.

De maneira análoga às partículas beta negativas, as partículas betas


positivas são emitidas em um espectro contínuo de energia. Neste
caso, a energia máxima está na faixa de 0,3 - 1,4 MeV, para os
nuclídeos mais comuns (TAUHATA et al., 2014).
Tipos de Desintegração (Decaimento)
Radioativa
Desintegração por captura eletrônica
O processo de captura eletrônica compete com o de desintegração
beta positiva, isto é, também ocorre quando o núcleo possui um
excesso de prótons. Em certos casos, a probabilidade de o mesmo
núcleo se desintegrar por qualquer um desses dois processos é
comparável.

Assim, o núcleo, ao invés de emitir um pósitron, captura um elétron


de seu próprio átomo, convertendo um de seus prótons em nêutron
e liberando um neutrino monoenergético, o qual transporta a
energia disponível no processo (TAUHATA et al., 2014).
Tipos de Desintegração (Decaimento)
Radioativa
Desintegração por captura eletrônica
O elétron da camada K é o que tem maior probabilidade de ser
capturado, em razão da sua maior proximidade do núcleo, mas este
processo pode ocorrer também com elétrons de camadas mais
externas.

Após ser capturado, o elétron deixará uma vaga no seu nível orbital,
que será preenchida por outro elétron de camadas mais externas,
dando origem à emissão de raios-X (chamados de característicos)
(TAUHATA et al., 2014).
Tipos de Desintegração (Decaimento)
Radioativa
Desintegração por captura eletrônica
A denominação “característico” se deve ao fato de os fótons
emitidos, por transição, a serem monoenergéticos e revelarem
detalhes da estrutura eletrônica do elemento químico e, assim, sua
energia e intensidade relativa permitem a identificação do
elemento de origem.

Os raios X característicos são dependentes dos níveis de energia da


eletrosfera e seu espectro de distribuição em energia é discreto.
Tipos de Desintegração (Decaimento)
Radioativa
A Figura abaixo apresenta o processo de desintegração por captura
eletrônica.
Tipos de Desintegração (Decaimento)
Radioativa
Desintegração com emissão gama (γ)
Após ocorrer um dos tipos de desintegração descritos
anteriormente, o processo radioativo se completa. Em outros, o
núcleo filho é formado em um de seus estados excitados, contendo,
ainda, um excesso temporário de energia. Quando isto ocorre, o
núcleo filho emite essa energia armazenada sob a forma de raios
gama (ɣ)
Tipos de Desintegração (Decaimento)
Radioativa
Desintegração com emissão gama (γ)
Os raios ɣ são emitidos dos núcleos radioativos com energias bem
definidas, correspondentes à diferença entre os níveis de energia de
transição do núcleo que se desexcita. A transição pode ocorrer
entre dois níveis excitados ou entre um nível excitado e o nível
fundamental.
Tipos de Desintegração (Decaimento)
Radioativa
• Deste modo, pode haver a emissão de um ou
mais raios ɣ em cada desintegração.
• A diferença essencial entre a radiação ɣ e a
radiação X está na sua origem. Enquanto os
raios ɣ resultam de mudanças no núcleo, os
raios-X são emitidos quando os elétrons
atômicos sofrem uma mudança de orbital
Radiação Produzida pela Interação da
Radiação com a Matéria
Ao interagir com a matéria, a radiação incidente pode
transformar sua energia, total ou parcial, em outro tipo de
radiação, como veremos a seguir.
Radiação Produzida pela Interação da
Radiação com a Matéria
Radiação de freamento ou (bremsstrahlung):
Tauhata et al. (2014) afirmam que quando partículas carregadas,
principalmente elétrons, interagem com o campo elétrico de
núcleos de número atômico elevado ou com a eletrosfera, elas
reduzem a energia cinética, mudam de direção e emitem a
diferença de energia sob a forma de ondas eletromagnéticas,
denominadas de raios X de freamento ou bremsstrahlung.

A energia dos raios-X de freamento depende diretamente da


energia da partícula incidente. Os raios-X gerados para uso médico e
industrial não passam dos 500 keV, embora possam ser obtidos em
laboratório de raios X até com centenas de MeV.
O que e MEV física?

• A técnica de Microscopia Eletrônica de


Varredura (SEM ou MEV) é outra técnica de
microscopia com elétrons que usa um feixe de
alta energia para buscar características sobre
o relevo da superfície, sua composição e
condutividade.
Como a imagem e gerada pelo MEV?

• As imagens no MEV são construídas ponto a


ponto, de modo similar à formação de uma
imagem de televisão. Quando os elétrons
atingem e penetram na superfície, eles
interagem com os átomos da amostra,
resultando na emissão de elétrons ou de
fótons.
Radiação Produzida pela Interação da
Radiação com a Matéria
Produção de pares
Quando fótons de energia superior a 1,022 MeV passam perto de
núcleos de elevado número atômico, ao interagir com o forte campo
elétrico nuclear, a radiação desaparece e dá origem a um par de
elétron-pósitron (2mec2 = 1,022 MeV), por meio da reação
observada na equação abaixo.

A energia cinética do elétron e do próton criados é igual àquela do


fóton incidente menos 1,022 MeV necessários para a criação das
partículas. A distribuição dessa energia entre as duas partículas não
tem predominância, variando de 20 a 80% da energia disponível
(TAUHATA et al., 2014).
Radiação Produzida pela Interação da
Radiação com a Matéria
Radiação de aniquilação:
Quando um pósitron, após perder sua energia cinética, interage
com um elétron, a matéria é toda transformada em energia,
sendo emitidos dois fótons, em sentidos opostos, com energia
de 0,511 MeV (2 x 0,511 MeV.

Essa radiação é também denominada de radiação gama, embora


não seja de origem nuclear.
Interação da Radiação com a Matéria

Radiação de aniquilação:
No processo de interação da radiação com um meio material,
ocorre a transferência de energia para os átomos e moléculas
que estejam em sua trajetória, esta interação pode provocar
ionização, excitação, ativação do núcleo e radiação de
fretamento, conforme descrito a seguir.
Interação da Radiação com a Matéria

Ionização:
Denomina-se ionização o processo pelo qual os átomos perdem ou
ganham elétrons e se tornam, então, eletricamente carregados,
conhecidos como íons.

Excitação:
Diz respeito à adição de energia a um átomo, elevando-o do estado
fundamental de energia ao estado de excitação. Os elétrons são
deslocados de seus orbitais de equilíbrio e, ao retornarem, emitem
a energia excedente sob a forma de radiação (luz ou raios-X
característicos).
Interação da Radiação com a Matéria

Ativação do núcleo:
A ativação do núcleo é a interação de radiações com energia
superior àquela de ligação dos núcleons, e que provoca reações
nucleares, resultando num núcleo residual e na emissão de
radiação.

Radiação de Frenamento (bremsstrahlung):


Como já mencionado, é a radiação, em particular raios-X, emitida
em decorrência da perda de energia cinética de elétrons que
interagem com o campo elétrico de núcleos de átomos-alvo,
átomos estes com elevado número atômico, ou mesmo que
interagem com a eletrosfera.
Interação da Radiação Eletromagnética
com a Matéria
Devido ao seu caráter ondulatório, ausência de carga e massa de
repouso, os raios X e ɣ podem penetrar em um material,
percorrendo grandes espessuras antes de sofrer a primeira
interação.

Este poder de penetração depende da probabilidade ou seção de


choque de interação para cada tipo de evento que pode
absorver ou espalhar a radiação incidente.
Interação da Radiação Eletromagnética
com a Matéria
Efeitos da interação da radiação com a matéria:
O efeitos da interação da radiação com a matéria são o
fotoelétrico, o Compton e a formação de pares, os quais serão
descritos a seguir, de acordo com estudos de Tauhata et al.
(2014) e Xavier (2014).
Interação da Radiação
Eletromagnética
com a Matéria
Efeito fotoelétrico:
Efeito fotoelétrico, caracterizado pela
transferência total de energia de um fóton
(radiação X ou gama), que desaparece, a um
único elétron orbital, o qual é expelido com uma
energia cinética bem definida, tempo e
velocidade :
Qual é a função do kV?

• A função do kV é de acelerar os elétrons que saem do


filamento e vão em direção ao alvo, ou seja impacta
diretamente na energia dos Raios X produzidos e como
consequência produzirá Raios X com maior poder de
penetração,
• Quando aumentar o kV?
• Aumentando a tensão (ou kV) entre o catodo e o
anodo, cresce a energia dos elétrons. Esses elétrons
acelerados têm mais energia e, portanto, podem gerar
raios X também de maior energia e,
conseqüentemente, mais penetrantes
Kv
• Kilovoltagem (kV): controla a quantidade de raios-x
produzidos e ): controla a energia do feixe de radiação.
• O kV (quilovoltagem) é o que mais afeta a qualidade e
em menor grau, na quantidade de radiação. Na
imagem, é responsável pela escala de contraste (a
diferença entre tons de cinza). Quanto maior a kV,
maior a energia e mais uniforme é a penetração do
feixe de raios X nas várias densidades de massa de
todos os tecidos. Assim, maior kV produz menor
variação na atenuação (absorção diferencial),
resultando em menor contraste.
Qual a importância da
Miliamperagem na qualidade de
imagem de uma radiografia?
• Se aumentarmos a
miliamperagem, aumentamos a intensidade
do feixe de raios X, ou seja, aumentamos o nº
de fótons no mesmo e vice-versa. Dessa forma
conforme a miliamperagem e a intensidade
dos raios X todos os padrões de intensidade
que atravessam o corpo, também aumentam.
O que é o mA na radiologia?

• O mA (miliamperagem), é responsável pela


corrente do tubo, ou seja, pela quantidade de
radiação. O tempo (s) confere detalhe à
imagem e quando combinado com o mA,
forma o mAs (miliampère por segundo), que é
um parâmetro que define a densidade
radiográfica.
MA
• Miliamperagem (mA): controla a energia do
feixe de radiação. Tempo de exposição
O mA (miliamperagem), é responsável pela
corrente do tubo, ou seja, pela quantidade de
radiação.
• (miliamperagem por segundo (ms): controla a
duração da exposição de radiação ao paciente
individuo.
Interação da Radiação
Eletromagnética
com a Matéria
Efeito fotoelétrico:
Efeito fotoelétrico, caracterizado pela
transferência total de energia de um fóton
(radiação X ou gama), que desaparece, a um
único elétron orbital, o qual é expelido com uma
energia cinética bem definida:
Interação da Radiação Eletromagnética
com a Matéria
Efeito Compton:
Neste tipo de efeito, o fóton interage com um elétron periférico do
átomo, mas cede apenas parte de sua energia, resultando na
emissão de um fóton com energia menor e que continua sua
trajetória dentro do material e em outra direção.

Como a transferência de energia depende da direção do elétron


emergente e sendo esta aleatória, de um fóton de energia fixa
podem resultar elétrons com energia variando de zero até um valor
máximo
Interação da Radiação Eletromagnética
com a Matéria
Efeito Compton
Assim, a informação associada ao elétron emergente é
desinteressante, sob ponto de vista da detecção da energia do
fóton incidente. Quando a energia de ligação dos elétrons
orbitais se torna desprezível face à energia do fóton incidente, a
probabilidade de ocorrência de espalhamento Compton
aumenta consideravelmente. O efeito Compton é predominante
para energias intermediárias (100keV - 1MeV).
Interação da Radiação Eletromagnética
com a Matéria
Formação de Pares
As interações fotoelétricas predominam para todos os materiais
com fótons de energias baixas, mas, à medida que a energia
cresce, o efeito fotoelétrico diminui mais rapidamente que o
efeito compton e este acaba se tornando o efeito predominante.

Uma vez que continua a aumentar a energia do fóton, ainda que


o efeito Compton decresça em termos absolutos, continua
aumentando em relação ao efeito fotoelétrico. Acima da energia
de alguns MeV para o fóton, a produção de pares passa a ser a
principal contribuição para as interações de fótons.
Tipos de Fontes
Fonte Natural
A abundância relativa dos elementos químicos no sistema solar e na
crosta terrestre constitui constante tema de pesquisa nas áreas da
astrofísica e da geoquímica. Para a crosta terrestre, as estimativas
foram baseadas na concentração dos elementos nos meteoritos e
em sequências teóricas de condensação de gases nebulosos. Estas
estimativas contêm muitas incertezas em seus valores devido ao
uso de métodos de medição indireta.
Tipos de Fontes
Fonte Natural
Os valores das concentrações dos elementos mais abundantes na
crosta terrestre são de fácil compreensão, porque as composições
químicas do homem, dos animais e vegetais apresentam uma
correlação direta entre o homem e a crosta terrestre. Tais
organismos necessitam captar os elementos químicos necessários
para sua composição nas imediações de seu sítio de vida e sua
respectiva cadeia alimentar.
Tipos de Fontes
Fonte Natural
A composição química do corpo humano se deve fato de as
interações das radiações ionizantes com tecidos e órgãos
ocorrerem, de fato, com os seus átomos componentes. Por isso, é
necessário escolher um “homem referência” para evitar escolhas
arbitrárias de sua composição. Em termos de massa e percentual de
cada elemento químico, observa-se a predominância dos elementos
mais abundantes na crosta terrestre e que possuem número
atômico (Z) pequeno.
Tipos de Fontes
Fonte Natural
A Tabela abaixo apresenta alguns elementos que compõem o homem
referência possuindo uma massa total de 70kg e densidade de
1,025g.cm-3, os demais elementos se apresentam com menos 0,003%.
Tipos de Fontes
A radiação cósmica
Raios cósmicos são partículas altamente energéticas,
principalmente prótons, elétrons, nêutrons, mésons, neutrinos,
núcleos leves e radiação gama, provenientes do espaço sideral.

Alguns raios cósmicos se originam de distúrbios solares e são mais


abundantes nos anos de alta atividade solar, o que acontece a cada
11 anos.

A energia destas radiações é muito alta, da ordem de centenas de


MeV a GeV. Os raios detectados na superfície são, na maioria,
partículas secundárias, criadas nas colisões com os núcleos da
camada atmosférica.
Fontes Artificiais

As fontes artificiais de radiação mais importantes são as utilizadas


em aplicações medicas, indústrias, ensino e pesquisa científica que
abrangem diferentes tipos de fontes de radiação ionizante, como
aparelhos de raios X, aceleradores de partículas, as substâncias, os
reatores nucleares, os aparelhos de controle, medidores e
radiografia usados na indústria e comércio, as instalações do ciclo
do combustível nuclear e as máquinas utilizadas na pesquisa
científica (XAVIER, 2003).
Fontes Artificiais

As fontes radioativas podem apresentar-se sob duas formas, seladas


ou abertas. Fonte selada é um material radioativo, solidamente
incorporado em matéria sólida inativa ou ainda, contido em cápsula
inativa hermeticamente fechada, de tal forma que não se disperse
em condições normais de uso ou quando submetida a ensaios
específicos (impacto, percussão, flexão, térmico). Uma fonte selada
só pode ser aberta por meio de sua destruição.

A fonte aberta é aquela em que o material radioativo está sob


forma sólida (pó), líquida, ou raramente, gasosa, em recipientes
abertos ou que permitem que o conteúdo seja fracionado sob as
condições normais de uso.
Fontes Artificiais

Tubos de raios-X
O feixe de elétrons é gerado por emissão termoiônica num
filamento aquecido. O campo elétrico é obtido ao aplicar uma alta
voltagem entre os terminais do tubo de raios X. A emissão de raios
X só ocorre, quando estiver ligada a alta tensão. Quanto maior a
tensão aplicada ao tubo, maior será a energia dos raios X gerados e
maior também o seu poder de penetração.
Fontes Artificiais

Acelerador Van de Graaf


O princípio de operação é a aceleração de partículas carregadas por
campos eletrostáticos de alta voltagem. Basicamente, é constituído
de 3 partes principais: um tanque pressurizado, o gerador (rotor,
fontes de alimentação, correia móvel, eletrodo de alta tensão, etc.)
e o acelerador propriamente dito.

Os cíclotrons ganharam grande importância nos últimos anos pela


sua capacidade de produção de radionuclídeos de meia-vida curta,
de uso crescente na medicina nuclear diagnóstica, principalmente
nos dispositivos de tomografia por emissão de pósitrons (PET).
Fontes Artificiais

Fontes de nêutrons
As fontes de nêutrons utilizam o bombardeio do berílio com
partículas alfa provenientes de um radionuclídeo com ele
misturado, gerando, então, feixe de nêutrons de alto fluxo, a partir
das reações nucleares nele produzidas. As fontes mais utilizadas são
de: Am-Be, Po-Be, Ra-Be, Pu-Be, capazes de gerar fluxos de mais de
um milhão de nêutrons por cm2, por segundo.

Os dispositivos mais utilizados na medicina são as bombas de


cobalto-60 para teleterapia, as fontes de radiação gama para
braquiterapia e os aplicadores oftalmológicos e dermatológicos com
emissores beta.
Irradiação e Contaminação

O risco associado às fontes seladas é o de irradiação; as fontes


abertas podem irradiar e “acarretar” contaminações. O termo
irradiação é empregado para indicar a exposição externa de
organismos, parte de organismos ou, mesmo, materiais, à radiação
ionizante. O termo contaminação refere-se à presença indesejável
de material radioativo em (dentro de) um organismo ou material ou
em suas superfícies externas (XAVIER, 2003).

A contaminação, no entanto, implica no contato com o material


radioativo de uma fonte não selada, ou que tenha perdido a
selagem, e sua subsequente incorporação por pessoas (ingestão,
inalação) ou deposição em superfícies (pele, bancadas, pisos,
vidraria, etc.).
Irradiação e Contaminação

Pessoas e objetos contaminados estão sujeitos à irradiação causada


pela emissão de radiação do material radioativo incorporado, ou
depositado na superfície, e podem provocar, a distância, irradiação
externa de pessoas ou objetos ou, ainda, podem transferir, por
contato, parte de sua contaminação superficial, de acordo com
Xavier (2003).

A exposição interna, devido à inalação ou ingestão de material


radioativo pode causar danos ao organismo, cuja gravidade varia em
função do tipo de emissor (α ou β) e da associada Transferência
Linear de Energia (TLE), da taxa de absorção de materiais
radioativos pelos órgãos, da solubilidade dos radionuclídeos e de
sua taxa de transferência para os fluidos do corpo, bem como da
meia-vida biológica.
Irradiação e Contaminação

A meia vida biológica, t1/2 biológica, é definida como sendo o tempo


necessário para que a quantidade de material radioativo presente
no organismo seja fisiologicamente reduzida à metade. Assim, o
efeito combinado do decaimento radioativo (meia-vida física), t1/2,
com o de excreção fisiológica pelo organismo, t1/2 efetivo, é
expresso pela relação:
Irradiação e Contaminação

Efeitos Biológicos da Radiação


Os efeitos biológicos produzidos pela ação das radiações ionizantes
no organismo humano são resultantes da interação dessas
radiações com os átomos e as moléculas do corpo. Nessa interação,
o primeiro fenômeno que ocorre é físico e consiste na ionização e
na excitação dos átomos, resultante da troca de energia entre a
radiação e a matéria.
Irradiação e Contaminação

Efeitos Biológicos da Radiação


Em seguida, aparecem os fenômenos bioquímicos e fisiológicos.
Após um intervalo de tempo, aparecem as lesões observáveis, que
podem ser no nível celular ou no nível do organismo como um todo.
Na maioria das vezes, devido à recuperação do organismo, os
efeitos não chegam a se tornar visíveis ou detectáveis.

Um dos processos mais importantes de interação da radiação no


organismo humano é com as moléculas de água, cuja importância é
consequência da quantidade de água presente no organismo
humano (aproximadamente 70 % do corpo humano).
Tipos de Exposição e seus Efeitos

Exposição externa
Diz-se exposição externa aquela em que a fonte de radiação,
aparelhos de raios-X ou fontes radioativas, estão fora do corpo da
pessoa irradiada. Este modo de exposição ocorre sempre em que
são manipuladas as fontes de radiação, sejam seladas ou abertas.

A exposição externa é significativa para a radiação eletromagnética,


raios-X e gama, mas é pouco relevante para as fontes de radiação
beta e praticamente insignificante para as fontes de radiação alfa. A
dose de radiação devido à exposição externa depende de fatores
como atividade da fonte, energia da radiação, tempo de exposição,
distância fonte-indivíduo e a utilização de blindagens.
Tipos de Exposição e seus Efeitos

Exposição interna
A exposição interna é aquela em que a fonte de radiação está
dentro do corpo da pessoa irradiada. Isto ocorre quando o material
radioativo entra no corpo do indivíduo por inalação, ingestão ou
através da pele intacta ou ferida, quando do manuseio de uma fonte
aberta de radiação.

Neste caso, a fonte de radiação deve ser necessariamente um


radioisótopo depositado em um órgão ou tecido do corpo. As doses
resultantes dependem dos seguintes fatores: radioisótopo
depositado, atividade do radioisótopo, via de contaminação, forma
físico-química e faixa etária do indivíduo.
Tipos de Exposição e seus Efeitos

Exposição interna
O tempo de manifestação dos efeitos causados por estas exposições
pode ser tardio, manifestando-se após 60 dias, ou imediatos, que
ocorrem num período de poucas horas até 60 dias. Quanto ao nível
de dano, os efeitos podem ser: somáticos, que acontecem na
própria pessoa irradiada ou hereditários, os quais se manifestam na
prole do indivíduo como resultado de danos causados nas células
dos órgãos reprodutores. Os efeitos biológicos das radiações
ionizantes podem ser estocásticos ou determinísticos.
Tipos de Exposição e seus Efeitos

Efeitos estocásticos
São aqueles que causam alterações aleatórias no DNA de uma única
célula que, no entanto, continua a se reproduzir. Levam à
transformação celular, são efeitos hereditários e não apresentam
limiar de dose. O dano pode ser causado por uma dose mínima de
radiação. O aumento da dose somente aumenta a probabilidade e
não a severidade do dano. São cumulativos, quanto maior a dose,
maior a probabilidade de ocorrência de dano; quando o dano
ocorre em célula germinativa, efeitos hereditários podem ocorrer.
Tipos de Exposição e seus Efeitos

Efeitos determinísticos
São aqueles que levam à morte celular. Existe uma relação previsível
entre a dose e a dimensão do dano esperado, sendo que estes só
aparecem a partir de uma determinada dose. A probabilidade de
ocorrência e a severidade do dano estão diretamente relacionadas
com o aumento da dose. As alterações são somáticas, a dose
estando acima do limiar, a destruição celular não pode ser
regenerada e os efeitos clínicos podem aparecer.
Classificação das Exposições dos Seres
Humanos à Radiação
As exposições dos seres humanos à radiação são classificadas
enquanto médica, ocupacional e do público.

Exposição médica
A exposição médica é observada na pessoa, como parte de um
tratamento ou diagnóstico, ajudando a conter ou amparar um
paciente ou em voluntários participantes de pesquisa científica. Não
há limite de dose, uma vez que esta é determinada pela
necessidade médica. No entanto, recomenda-se o uso de níveis de
referência.
Classificação das Exposições dos Seres
Humanos à Radiação
Exposição ocupacional
Este tipo de exposição é aquele observado no ambiente de trabalho.
Denomina-se exposição pública aos demais tipos de exposição.
Enquanto frequência e intensidade, a exposição pode ser:

a) Exposição única: radiografia convencional;


b) Exposição fracionada: radioterapia (a exposição total necessária
para a destruição da neoplasia é fracionada em 10 ou mais sessões);
c) Exposição periódica: originada da rotina de trabalho com materiais
radioativos;
Classificação das Exposições dos Seres
Humanos à Radiação
Exposição ocupacional
d) Exposição de corpo inteiro: irradiadores de alimentos, acidentes
nucleares;
e) Exposição parcial: acidentes, pessoa que manipula radionuclídeos
(exposição das mãos);
f) Exposição colimada: radioterapia (o feixe é colimado à região do
tumor);
g) Feixe Intenso: esterilização e conservação de alimentos -
radioterapia (30 Gy; aproximadamente 2Gy/aplicação);
h) Feixe médio: radiodiagnóstico (alguns mGy/incidência);
i) Feixe fraco: radioatividade natural (1 mGy/ano).
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
As grandezas dosimétricas estão associadas à quantidade de radiação
a que um material foi submetido. Para avaliar quantitativa e
qualitativamente os possíveis efeitos, necessita-se definir as
grandezas radiológicas, suas unidades, os instrumentos de medição e
detalhar os diversos procedimentos do uso das radiações ionizantes.

Algum efeito ou subproduto são utilizados, como a carga elétrica dos


elétrons ou íons produzidos pela ionização, a energia da radiação
transferida ou absorvida pelo material, a luminescência, a alteração
da condutividade elétrica, o calor produzido e alteração química,
relacionando com a massa ou volume, pode-se definir grandezas
radiológicas como: Exposição, Kerma e Dose Absorvida.
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Existem instituições internacionais somente para cuidar da definição
das grandezas, as relações entre elas e suas respectivas unidades. A
International Commission on Radiological Protection (ICRP), fundada
em 1928, promove o desenvolvimento da proteção radiológica e faz
recomendações voltadas para as grandezas limitantes.

A International Commission on Radiation Units and Measurements


(ICRU), fundada em 1925, cuida especialmente das grandezas básicas
e das operacionais. As publicações da ICRP Nº 26, de 1977, e Nº 60 de
1990 foram duas importantes referências no estabelecimento de
grandezas radiológicas, suas relações e métodos de medição, dentro
de uma concepção mais coerente possível.
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Na ICRP 60 surgiram novas grandezas, algumas em substituição a
grandezas definidas na ICRP 26, que tinham o inconveniente de ter
nomes muito parecidos.

Alguns problemas relacionados à determinação de grandezas


surgiram da introdução da ICRP 26, que serviu de base à Norma CNEN
NE-3.01 - Diretrizes Básicas de Radioproteção, de 1988. A grandeza
Dose Equivalent da ICRP 26 foi traduzida na norma brasileira para
Dose Equivalente, ao invés de Equivalente de Dose, que deveria ser a
tradução correta.
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Por outro lado, a ICRP 60 introduziu o conceito de grandeza
denominada Equivalent Dose, ainda não adotado em norma
brasileira, mas cuja tradução deve ser Dose Equivalente, o que
obrigará a CNEN a alterar a denominação da grandeza anterior ou
criar uma tradução diferente para esse novo conceito.

No processo de transferência de energia de uma radiação incidente


para a matéria, as radiações que têm carga, como elétrons, partículas
α e fragmentos de fissão, atuam principalmente por meio de seu
campo elétrico e transferem sua energia para muitos átomos ao
mesmo tempo e são denominadas radiações diretamente ionizantes.
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
As radiações que não possuem carga, como as radiações
eletromagnéticas e os nêutrons, são chamadas de radiações
indiretamente ionizantes, pois interagem individualmente
transferindo sua energia para elétrons, que irão provocar novas
ionizações (XAVIER, 2014).

A energia transportada pelas radiações é geralmente medida em


múltiplos do elétron volt (eV), embora a unidade do sistema
internacional (SI) seja o joule (J). 1 eV= 1,6 x 10- 19 J.
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Exposição (X)
Ato ou efeito de expor um material ou indivíduo à radiação. Os
modos de exposição podem ser classificados em exposição interna ou
externa ao corpo do indivíduo irradiado, conforme já mencionado.

De acordo com a Portaria 453 da Secretaria de Vigilância Sanitária, os


exames de radiodiagnóstico devem ser realizados de modo a
considerar os níveis de referência recomendados pela mesma.
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Exposição (X)
Estes níveis devem ser utilizados de modo a permitir a revisão e
adequação dos procedimentos e técnicas quando as doses
excederem os valores especificados (como parte do programa de
otimização) (XAVIER, 2014).

A presença de acompanhantes durante os procedimentos


radiológicos somente é permitida quando sua participação for
imprescindível para conter, confortar ou ajudar pacientes, mesmo
assim, quando ocorrer, é obrigatório o uso de vestimenta de proteção
individual compatível com o tipo de procedimento radiológico e que
o mesmo possua pelo menos 0,25 mm de chumbo. Entretanto, é
proibido a um indivíduo desenvolver regularmente esta atividade.
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Irradiação interna
A via pela qual um radionuclídeo vai do ambiente até o homem é
denominada de “caminho crítico”. Esses emissores, uma vez fixados
em determinados locais, podem produzir danos localizados. O tempo
de permanência do material radioativo no corpo é determinado pelas
constantes de decaimento físico e biológico.

Xavier (2014) observou em seus estudos que é importante salientar


que uma transformação por segundo não significa a emissão de uma
radiação por segundo, pois em uma transformação nuclear podem
ser emitidas várias radiações de vários tipos e várias energias.
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Irradiação interna
Muitas vezes, uma transformação nuclear é confundida com uma
desintegração nuclear, devido ao antigo conceito de radioatividade
que imaginava que, quando o núcleo emitia radiações, ele estava se
desintegrando. Sabe-se que o núcleo só emite radiações para se auto-
organizar, otimizar sua estrutura e dinâmica.

Na prática, devido a convenções estabelecidas, uma


desintegração/segundo é equivalente a uma transformação/segundo
e ao becquerel. A razão básica é que, o tempo de ocorrência da
transformação nuclear é tão curto, de 10- 9 a 10- 13 segundos, que não
existe ainda detector capaz de discriminar radiações emitidas neste
intervalo de tempo, de modo que tudo resulta numa "contagem" ou
em um pulso.
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Irradiação interna
Por outro lado, mesmo que as radiações sejam emitidas em todas as
direções e sentidos, é possível conhecer a atividade da fonte
comparando-a com uma fonte de referência, de mesma geometria e
matriz físico-química (TAUHATA et al., 2014)

A carga elétrica, de mesmo sinal, gerada pela ionização, pode ser


contabilizada e relacionada, por exemplo, com a massa do volume de
material onde ela se distribuiu. Esta relação é a base da definição da
grandeza Exposição X, ou seja:
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Fluência (Φ)
A fluência Φ de partículas é o quociente dN/da, na qual dN é o
número de partículas incidentes sobre uma esfera de seção de área
da, medida em unidades de m-2, como mostra a equação a seguir:

O número de partículas N pode corresponder a partículas emitidas,


transferidas ou recebidas. Esta grandeza é muito utilizada na
medição de nêutrons. A fluência, por exemplo, de uma fonte de
nêutrons, é medida de modo absoluto utilizando-se um sistema
conhecido como banho de sulfato de manganês.
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Dose Absorvida (D)
A dose absorvida expressa a quantidade de energia (de) cedida à
matéria pelas radiações ionizantes no elemento de massa dm,
sendo definida pela equação:

A unidade de dose absorvida no SI é o Joule por quilograma (J/kg) e


recebe o nome de Gray (Gy), sendo definida como:
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Dose Absorvida (D)
O Gray foi criado para substituir a unidade antiga, o rad (radiation
absorbed dose). A relação entre estas duas unidades é:

A dose absorvida no ar devida a uma exposição de 1R é igual a 0,87


rad (0,87 cGy) (TAUHATA et al., 2014).
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Dose Equivalente – (H - ICRP 26):
A dose absorvida média em um órgão ou tecido é um indicador da
probabilidade de efeitos subsequentes. Entretanto, esta
probabilidade depende da qualidade da radiação. Diferentes tipos
de radiação podem produzir diferentes efeitos biológicos (para uma
mesma dose absorvida).

Portanto, se tornou necessária a introdução de uma nova grandeza


que pudesse ponderar esta dependência com a qualidade da
radiação, a dose equivalente, que é obtida multiplicando-se a dose
absorvida D pelo Fator de qualidade Q (Quality factor) (XAVIER,
2014).
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Dose Equivalente – (H - ICRP 26):
No Brasil, a Dose Equivalente é uma tradução equivocada de Dose
Equivalent das recomendações da ICRP 26. Esta grandeza, assim
denominada, ficou estabelecida nas normas da CNEN-NE-
3.01(1988), e no vocabulário dos usuários. A tradução correta seria
Equivalente de dose, pois o conceito definido foi de equivalência
entre doses de diferentes radiações para produzir o mesmo efeito
biológico, como já observado neste capítulo.

A unidade antiga da dose equivalente denominava-se rem


(roentgen equivalente men), sendo que 1 Sv = 100 rem.
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Dose Equivalente – (H - ICRP 26):
O fator de qualidade Q é adimensional e constitui um fator de peso
proveniente da simplificação dos valores da Efetividade (ou Eficácia)
Biológica Relativa (Relative Biological Effectiveness) - RBE - dos
diferentes tipos de radiação, na indução de determinado tipo de
efeito biológico. Dose equivalente num tecido ou órgão (Dose
equivalent in a tissue or organ), Dose HT (ICRP 26) e CNEN- NE-3.01
(1988).
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Dose Equivalente – (H - ICRP 26):
A Dose Equivalente num órgão ou tecido é a dose absorvida D
média em um tecido específico T, multiplicada pelo fator de
qualidade Q da radiação R, expressa por:

Em que Q é o fator de qualidade da radiação e DT é a dose


absorvida no tecido T.
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Dose Efetiva (HE)
A relação entre a probabilidade de efeitos estocásticos e dose
equivalente depende também do órgão ou tecido irradiado, sendo
necessário definir uma outra grandeza, derivada da dose
equivalente, para indicar a combinação de doses diferentes para
diversos tecidos, de tal maneira que esteja bem relacionada com os
efeitos estocásticos devido a todos os órgãos.
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Dose equivalente efetiva (Effective dose equivalent),
HE (ICRP 26)
A Dose Equivalente Efetiva HE, também denominada de Dose
Equivalente de Corpo Inteiro (Whole body dose equivalent) HWB, é
obtida pela relação:

Em que wT é o fator de peso do tecido ou órgão (Tissue weighting


fator) T relevante e HT é a dose equivalente no órgão ou tecido T. Os
valores de wT estão associados à radiossensibilidade do órgão à
radiação.
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Kerma (K)
O kerma (kinectic energy released per unit of mass) é definido pela
relação:

Em que dETR é a soma de todas as energias cinéticas iniciais de


todas as partículas carregadas liberadas por partículas neutras ou
fótons, incidentes em um material de massa dm.
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Kerma (K)
Como o kerma inclui a energia recebida pelas partículas carregadas,
normalmente elétrons de ionização, estes podem dissipá-la nas
colisões sucessivas com outros elétrons, ou na produção de
radiação de freamento (bremsstrahlung). Assim, se tem:

Em que Kc é o kerma de colisão, quando a energia é dissipada


localmente, por ionizações e/ou excitações, Kr é o kerma de
radiação, quando a energia é dissipada longe do local, por meio dos
raios X.
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Relação entre taxa de exposição (Ẋ) e atividade da fonte (A):
A taxa de exposição pode ser associada à atividade gama de uma
fonte pela expressão:

Em que:
Conceitos e Grandezas de Proteção
Radiológica
Relação entre taxa de exposição (Ẋ) e atividade da fonte (A):
Esta relação vale para as seguintes condições:

a) Fonte puntiforme, de modo que a fluência varia com o inverso do


quadrado da distância;
b) A atenuação na camada de ar intermediaria entre a fonte e o ponto
de medição é desprezível ou corrigida pelo fator de atenuação;
c) Somente fótons provenientes da fonte contribuem para o ponto de
medição, ou seja, que não haja espalhamento nos materiais
circunvizinhos (TAUHATA et al., 2014).
Conceitos de Proteção Radiológica

A Proteção Radiológica, ou Radioproteção, pode ser definida como


um conjunto de medidas que visam proteger o homem e o
ecossistema de possíveis efeitos indesejáveis causados pelas
radiações ionizantes.

Para isso, ela analisa os diversos tipos de fontes de radiação, as


diferentes radiações e modos de interação com a matéria viva ou
inerte, as possíveis consequências e sequelas a saúde e riscos
associados, conforme observou Xavier (2003) em seus estudos.
Conceitos de Proteção Radiológica

O estabelecimento de normas regulatórias, os limites permissíveis e


um plano de Proteção Radiológica para as instalações que executam
práticas com radiação ionizante, tem por objetivo garantir o seu uso
correto e seguro. Procedimentos para situações de emergência
também devem ser definidos para o caso do desvio da normalidade
de funcionamento de uma instalação ou prática radiológica.

Os conceitos, procedimentos, grandezas e filosofia de trabalho em


proteção radiológica são continuamente detalhadas e atualizadas
nas publicações da International Commission on Radiological
Protection, ICRP.
Conceitos de Proteção Radiológica

Existe também a International Commission on Radiation Units and


Measurements (ICRU), que cuida das grandezas e unidades, seu
processo de aperfeiçoamento e atualização (XAVIER, 2003).

Os conceitos contidos nas publicações da ICRP e ICRU constituem


recomendações internacionais. Cada país, pode ou não adotá-los
parcial ou totalmente, quando do estabelecimento de suas Normas
de Proteção Radiológica. Tudo depende do estágio de
desenvolvimento do país, da capacidade ou viabilidade de
execução, em cada área de aplicação.
Fatores de Proteção Radiológica

Com o decorrer dos anos, de acordo com estudos de Xavier (2003),


se percebeu que a radiação não é apenas fonte de energia e cura,
mas que também pode provocar efeitos deletérios ao organismo, se
não for utilizada de forma adequada. Como resultado, foram
formulados procedimentos que envolvem o emprego dos raios X,
visando não só a proteção contra efeitos nocivos, como também
dos riscos do trabalho com equipamentos de alta voltagem.

Nesse sentido, foi criado em 1928, o Comitê Internacional de Raios


X e Proteção Radiológica, que em 1950, se transformou na atual
Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP).
Fatores de Proteção Radiológica

A mesma instituição, cujas recomendações antes se aplicavam


somente à prática médica, teve seu campo de atuação ampliado, se
estendendo para todas as situações que envolvam exposição de
pessoas às radiações.

A ICRP, por meio de várias publicações, elaborou o sistema de


limitação de dose, que se baseia em três princípios: o princípio da
justificação da prática, da otimização e da limitação de dose e risco,
conforme descrito a seguir.
Fatores de Proteção Radiológica

Justificação:
Justificação da prática significa balancear o benefício da exposição
do indivíduo ou da sociedade às radiações, tendo em conta a
totalidade dos benefícios potenciais que dela decorram em
comparação com o detrimento (dano) que possa ser causado pela
radiação ao indivíduo (relação risco x benefício) [Portaria 453 –
1998].
Fatores de Proteção Radiológica

Otimização:
O princípio da otimização estabelece que as instalações e as práticas
devem ser planejadas, implantadas e executadas, de modo que a
magnitude das doses individuais, o número de pessoas expostas e a
probabilidade de exposições acidentais sejam “tão baixos quanto
razoavelmente possível, considerando fatores econômicos e sociais”
(ALARA: As Low as Reasonably Achievable) [Portaria 453 – 1998].
Fatores de Proteção Radiológica

Limitação de dose e risco individual:


O princípio da limitação de dose e risco individual fixa valores
limites de dose, os quais, se ultrapassados, poderão resultar em
riscos adicionais, considerados inaceitáveis para a determinada
prática em circunstâncias normais

Para os trabalhadores que lidam com radiações ionizantes (sejam as


corpusculares ou eletromagnéticas), a dose efetiva média anual não
deve exceder 20 mSv em qualquer período de 5 anos consecutivos,
não podendo exceder 50 mSv em nenhum ano.
Fatores de Proteção Radiológica

Limitação de dose e risco individual:


Para funcionárias grávidas devem, ser observados os seguintes
requisitos adicionais, de modo a proteger o embrião ou feto:
a) a gravidez deve ser notificada ao responsável pelo serviço, tão logo
seja constatada;
b) as condições de trabalho devem ser revistas para garantir que a dose
na superfície do abdômen não exceda 2 mSv durante todo o período
restante da gravidez, tornando pouco provável que a dose adicional no
embrião ou feto não exceda cerca de 1 mSv neste período;
Fatores de Proteção Radiológica

Limitação de dose e risco individual:


c) menores de 18 anos não podem trabalhar com raios X (não só os de
diagnósticos como de qualquer espécie), exceto em treinamentos.
d) para estudantes com idade entre 16 e 18 anos, em estágio de
treinamento profissional, as exposições devem ser controladas de
modo que os seguintes valores não sejam excedidos:
I- dose efetiva anual de 6 mSv;
II- dose equivalente anual de 150 mSv para extremidades e 50 mSv
para o cristalino.

As exposições normais de indivíduos do público não devem exceder a 1


mSv por ano [Portaria 453 – 1998].
Controle de Exposição

O controle da exposição à radiação, necessário para garantir o


atendimento aos requisitos estabelecidos em normas de
radioproteção se fundamenta em três fatores principais: tempo,
distância e blindagem, os quais são descritos a seguir.

Tempo de exposição:
A redução, tanto quanto possível, do tempo de permanência em
áreas onde estão presentes fontes de radiação ionizante é uma
maneira simples de evitar exposições desnecessárias, uma vez que a
dose acumulada é diretamente proporcional ao tempo de exposição
a essa radiação (Dose = Taxa de Dose x Tempo).
Controle de Exposição

Distância da fonte:
O aumento da distância entre uma fonte de radiação ionizante e um
indivíduo é, também, uma solução simples para minimizar a
exposição e, consequentemente, o acúmulo de dose. No caso de
fontes puntiformes, é válida a Lei do Inverso do Quadrado da
Distância, qual seja:

Em que D1 e D2 são taxas de dose nas distâncias d1 e d2 da fonte,


respectivamente. Por exemplo, quando a distância de um indivíduo
à fonte dobra, a dose é reduzida a um quarto do seu valor inicial
(XAVIER, 2003).
Controle de Exposição

Blindagem:
As pessoas que trabalham com fontes ou geradores de radiação
ionizante devem dispor de procedimentos técnicos bem elaborados de
modo que o objetivo da tarefa seja concretizado e sua segurança esteja
garantida contra exposições desnecessárias ou acidentais.

Entretanto, em certas situações, principalmente quando se opera com


fontes intensas ou níveis elevados de radiação, além de colimadores,
aventais, labirintos e outros artefatos, é necessário introduzir outro
fator de segurança: a blindagem.

A escolha do material de blindagem depende do tipo de radiação,


atividade da fonte e da taxa de dose que é aceitável fora do material de
blindagem.
Controle de Exposição

Blindagem para partículas alfa:


O reduzido alcance das partículas alfa no ar e sua pouca penetração
no tecido, não chegando a atravessar a camada morta da pele,
torna desnecessário qualquer tipo de medida de proteção contra a
radiação alfa externa.
Controle de Exposição

Blindagem para partículas beta


A proteção, no caso de irradiação externa por partículas beta, tem
por objetivo evitar a irradiação da pele, cristalino e gônadas. Devido
ao pequeno alcance das partículas beta, a taxa de dose pode ser
reduzida a zero quando se interpõe um material de espessura maior
ou igual que o alcance das partículas beta mais energéticas neste
material. Há de se lembrar da formação da radiação secundária
quando o material da blindagem possui elevado número atômico,
neste caso opta- se por materiais mais leves como o acrílico.
Controle de Exposição

Blindagem para radiação gama ou X


Quando um feixe de raios gama monoenergéticos colimados
passam através de um material absorvedor de espessura variável,
observa-se uma atenuação exponencial desses raios. Cada um dos
processos de interação com a matéria remove fótons do feixe, ou
por absorção ou por espalhamento, e pode ser caracterizado por
uma probabilidade fixa de ocorrência por unidade de comprimento
(espessura) do material absorvedor.
Controle de Exposição

Blindagem para radiação gama ou X


A soma das probabilidades de ocorrência desses processos é
simplesmente a probabilidade, por unidade de comprimento, de
que o fóton seja removido do feixe e é chamada coeficiente linear
de atenuação total, m. O número de fótons transmitidos (I) é, então,
dado em termos do número de fótons sem a presença do
absorvedor, I0. (XAVIER, 2003).

Em que μ é a probabilidade do feixe sofrer atenuação.


Controle de Exposição

Blindagem para radiação gama ou X


Devido a eventos de espalhamento Compton, absorção fotoelétrica
ou formação de pares, sendo denominado de Coeficiente de
atenuação linear total, este coeficiente pode ser escrito como:

Em que,
σ = é o coeficiente de atenuação linear Compton total
(espalhamento e absorção);
k= é o coeficiente de atenuação devido ao efeito fotoelétrico;
τ= é o coeficiente de atenuação linear devido a formação de par.
Controle de Exposição

Blindagem para radiação gama ou X


O coeficiente de atenuação de um material para um determinado tipo
de interação varia com a energia da radiação, mas depende, para um
mesmo material, de seu estado físico ou fase. Assim, a água pode
possuir valores diferentes de seus coeficientes de atenuação conforme
esteja no estado sólido (gelo), líquido ou gasoso.

Da mesma forma, o carbono depende de suas formas alotrópicas de


apresentação: grafite, diamante ou pó sintetizado. Em seus estudos,
Xavier (2003) afirmou que para evitar esta dificuldade, costuma-se
tabelar os valores dos coeficientes de atenuação divididos pela
densidade do material, tornando-os independentes de sua fase.
Controle de Exposição

Blindagem para radiação gama ou X


O coeficiente de atenuação, assim tabelado, tem a denominação de
Coeficiente Mássico de Atenuação ou Coeficiente de Atenuação em
Massa (μ/ρ). Um outro conceito bastante importante no cálculo
simplificado de blindagem é o de camada semirredutora (CSR), que
corresponde à espessura necessária para reduzir a intensidade do
feixe à metade do valor inicial. Quando I = I0 /2, pode ser facilmente
demonstrado que:
Controle de Exposição

Blindagem para radiação gama ou X


O emprego do coeficiente linear de atenuação, μ, apresenta a
desvantagem deste variar com a densidade do meio absorvedor.
Assim, o coeficiente de atenuação mássico, μ/ρ, onde ρ representa
a densidade do meio, é mais amplamente empregado para
expressar a lei da atenuação exponencial (XAVIER, 2003).
Classificação das Áreas com Instalação
Radioativa
Toda instalação radioativa está sujeita a regras especiais de
proteção radiológica e é obrigada a delimitar suas áreas e estão
classificadas como:

a) Área livre é toda aquela isenta de regras especiais de segurança,


os níveis de radiação são necessariamente menores que 1
mSv/mês.
b) Área restrita toda aquela que deva ter seus acessos controlados,
por apresentar níveis de radiação maiores que 1 mSv/mês.

As áreas restritas são subdivididas em área supervisionada e


controlada, conforme descrito a seguir.
Classificação das Áreas com Instalação
Radioativa
Supervisionada:
Quando os níveis de radiação estão entre 1 mSv/mês e 3 mSv/mês.
Para tal, as condições de exposição ocupacional são mantidas sob
supervisão, mesmo que medidas de proteção e segurança
especificas não sejam normalmente necessárias.
Classificação das Áreas com Instalação
Radioativa
Controlada:
Se os níveis de radiação forem maiores que 3 mSv/mês. São áreas
sujeitas a regras especiais de proteção e segurança com a finalidade
de controlar as exposições normais, prevenir a disseminação de
contaminação radioativa e prevenir ou limitar a amplitude das
exposições potenciais. Para avaliar as doses de radiação num
determinado ambiente são utilizados monitores de área. Estes
ficam em locais de fácil acesso e visualização e são acionados
sempre que os níveis de radiação ultrapassam os limites de
segurança (Norma NN 3.01, 2014).
Monitoração de Área

De acordo com Mazzilli et al. (2002), a monitoração do local de


trabalho pode ser feita de acordo com o esquema sugerido pela
Agência Internacional de Energia Atômica.

Procedimento de Monitoração
A proteção radiológica dispõe de vários recursos para evitar que os
indivíduos recebam doses excessivas ou desnecessárias e avaliar se
esses recursos foram eficientes por meio da monitoração.
Monitoração de Área

Para que as monitorações atinjam suas finalidades, devem ser


racionalmente planejadas e realizadas dentro de um programa de
monitoração que inclui:
a) Obtenção de medidas,
b) Interpretação das medidas obtidas,
c) Registro dos dados e
d) Providências, quando necessário, para melhorar os dispositivos
de proteção
Monitoração de Área

Um programa de monitoração pode requerer um ou mais métodos,


dependendo da natureza da radiação e das circunstâncias em que a
radiação pode afetar um indivíduo. As avaliações podem ser feitas
por meio das medidas tomadas no próprio indivíduo (monitoração
individual) e no local onde ele trabalha (monitoração de área).

Monitoração individual é aplicável a trabalhadores que estejam


sujeitos a doses anuais de radiação próximas ou superiores a 5 mSv
(500 mrem) pode ser interna ou externa, conforme descrito a
seguir.
Monitoração de Área

Monitoração individual externa


Objetiva a obtenção de dados para avaliar as doses equivalentes
recebidas pelo corpo inteiro, pela pele ou pelas extremidades,
quando o indivíduo é irradiado externamente. Dosímetros
individuais são colocados em determinadas regiões do corpo e são
utilizados continuamente pelo indivíduo, durante o seu trabalho.

Os dosímetros mais utilizados com esta finalidade são: os filmes


dosimétricos, os dosímetros termoluminescentes, as câmaras de
ionização de bolso e os dosímetros eletrônicos de alerta.
Monitoração de Área

Monitoração individual externa


Os filmes dosimétricos e os dosímetros termoluminescentes são de
leitura indireta e necessitam ser recolhidos periodicamente
(geralmente dentro de um mês) para a avaliação das doses. As
câmaras de ionização de bolso e os dosímetros eletrônicos de alerta
são providos de escalas visíveis, permitindo a avaliação imediata das
doses recebidas pelo usuário.

Os dosímetros eletrônicos de alerta (visuais ou sonoros), além de


marcar a dose, emitem sinais sonoros ou luminosos, alertando
imediatamente o usuário quando um valor de dose pré-
estabelecido for atingido.
Monitoração de Área

Monitoração individual interna


É utilizada para determinar a quantidade de radionuclídeos
incorporados pelo indivíduo e avaliar a respectiva dose equivalente.
Pode ser feita pela análise de excretas (técnica “in vitro”) ou pela
contagem direta (técnica “in vivo”).

Pela técnica “in vitro”, a quantidade de material radioativo


incorporado pelo indivíduo pode ser estimada pela análise de urina,
fezes, secreções nasais, escarro, etc. Esta técnica pode ser aplicada
para qualquer radionuclídeo, desde que se conheça a relação entre
a quantidade eliminada pelo corpo e a quantidade existente dentro
do corpo.
Monitoração de Área

Monitoração de área
É utilizada para indicar os níveis de radiação existentes em locais de
trabalho. Por este método, pode-se estimar com antecedência a
dose esperada nas pessoas que permanecerem nesta área em
determinado tempo, podendo adverti-las quando os níveis de
radiação forem inadequados.

Os instrumentos utilizados na monitoração do nível de radiação são:


câmaras de ionização, detectores Geiger-Muller, cintiladores etc.
Estes monitores, utilizados nas áreas de trabalho, são geralmente
calibrados para medir as taxas de dose (mSv/h ou mGy/h) ou as
taxas de exposição (mC / (kg.h)), podendo ser portáteis ou fixos.
Monitoração de Área

Monitoração de área
O aparelho portátil comumente utilizado é o detector Geiger-
Muller,“detector beta gama”. Monitores do tipo fixo podem ser
instalados em locais estratégicos. Medem o nível de radiação
constantemente e quando um nível pré-determinado for atingido,
um sinal de alerta luminoso e/ou sonoro chama atenção do
operador, não permitindo que ele receba uma dose excessiva de
radiação, de acordo com estudos observados por Xavier (2003).
Monitoração de Área

Monitoração da contaminação de superfície


Tem como objetivo avaliar a quantidade de material radioativo
depositado em objetos ou superfícies. Pode ser realizado por
método direto ou indireto, como afirma Xavier (2003). No método
direto, o detector é colocado sobre a superfície com suspeita de
estar contaminada.

A medida da contaminação pode ser lida diretamente no aparelho.


O método indireto é empregado quando for impossível realizar
medidas diretas ou para complementá-las. Consiste em obter
amostras da superfície contaminada. As medidas da contaminação
de superfície são obtidas em termos de atividade por unidade de
área (Bq/cm2).
Monitoração de Área

Monitoração da contaminação de superfície


Os equipamentos, os recipientes, as áreas ou os recintos, que
possuam riscos potenciais de radiações ionizantes, devem ser
marcados com sinais de advertência de radiação. O sinal consiste de
um trifólio que representa a radiação, juntamente com dizeres
apropriados (Figura 8 (7)). Os dizeres mais comuns são: PERIGO:
Área radioativa; material radioativo; risco de radiação.
Monitoração de Área

Monitoração da contaminação de superfície

O desenho representa o símbolo


internacional da radiação chamado
Trifólio. Segundo o físico
americano Paul Frame, da
Universidade de Michigan, que
estudou sua origem, foi rabiscado
pela primeira vez em 1946, por um
pequeno grupo de pessoas, no
laboratório de radiação da
Universidade da Califórnia, em
Berkeley-USA (MAZZILLI, 2002).
Monitoração de Área

Monitoração da contaminação de superfície

A Cor do trevo é uma indicação da


intensidade de radiação. Essa cor
pode ser, de baixa a alta
intensidade, cinza azulado, verde,
amarelo, laranja ou vermelho. No
primeiro caso, indica que não há
radiação, último caso, indicou que
é provável que excede o limite
legal para os trabalhadores (20
mSv por ano) em um período
muito curto de tempo, o acesso é
proibido.
Plano de Radioproteção

Toda instalação que opera com material radioativo deve preparar um


documento descrevendo as diretrizes de proteção radiológica que
serão adotadas pela instituição, que deve conter (MAZZILLI, 2002):
• Identificação da instalação e de sua direção;
• A função, classificação e descrição das áreas da instalação;
• A descrição da equipe, das instalações e equipamentos do Serviço
de Radioproteção;
• A descrição das fontes de radiação, dos sistemas de controle e de
segurança e de sua aplicação;
• A função e a qualificação dos trabalhadores;
• A descrição do sistema de gerência de rejeitos radioativos, estando
a sua eliminação sujeita a limites estabelecidos em Norma
específica;
Plano de Radioproteção

• A estimativa de taxa de dose para condições de rotina;


• A descrição do serviço e controle médico dos trabalhadores,
incluindo planejamento médico em caso de acidentes;
• O programa de treinamento dos trabalhadores;
• Os níveis de referência, limites operacionais e limites derivados,
sempre que convenientes;
• A descrição dos tipos de acidentes admissíveis, do sistema de
detecção correspondente e do acidente mais provável ou de maior
porte, com detalhamento da árvore de falhas;
• O planejamento de interferência em situações de emergência até o
restabelecimento da normalidade.
Plano de Radioproteção

Responsabilidade do supervisor de radioproteção


Ao supervisor de radioproteção cabe:
• a) Implementar e orientar o Serviço de Radioproteção;
• b) Assessorar e informar à direção da instalação sobre assuntos
relativos à radioproteção;
• c) Fazer cumprir as normas e recomendações da CNEN bem
como o plano de radioproteção;
• d) Treinar, reciclar, orientar e avaliar a equipe do serviço de
Radioproteção e demais trabalhadores envolvidos com fontes
de radiação;
• e) Designar um substituto capacitado em seus impedimentos.
Plano de Radioproteção

Responsabilidade dos trabalhadores da instalação


No que diz respeito aos trabalhadores da instalação, cabe:
a) Executar as atividades de rotina em conformidade com
regulamentos de radioproteção e segurança estabelecidos pela
Direção da Instalação;
b) Informar ao Serviço de radioproteção e aos seus superiores,
qualquer evento anormal que possa acarretar níveis de exposição
ou risco de ocorrência de acidentes.
Plano de Radioproteção

Atividade do serviço de radioproteção


O Serviço de Radioproteção de uma instalação deve efetuar o
controle dos trabalhadores, das áreas, das fontes de radiação, bem
como dos equipamentos e manter atualizados os registros.

Mazzilli et al. (2002) afirma em seus estudos que o controle dos


trabalhadores é efetuado por meio da monitoração individual dos
trabalhadores, e a consequente avaliação das doses recebidas pelos
trabalhadores, durante seu período de trabalho. Além disso, o Serviço
de Radioproteção deve acompanhar a supervisão médica dos
trabalhadores da instalação.
Plano de Radioproteção

Atividade do serviço de radioproteção


O controle das áreas é feito pela avaliação e classificação periódica
das áreas da instalação, o controle de acesso e sinalização dessas
áreas e a execução de um programa de monitoração das mesmas. O
controle das fontes de radiação da instalação deve ser feito por meio
de um programa de controle físico, com a consequente verificação da
integridade das fontes quanto a possíveis vazamentos.
Plano de Radioproteção

Atividade do serviço de radioproteção


Os equipamentos geradores de radiação devem passar por programas
de inspeção periódica enquanto que os instrumentos utilizados para a
radioproteção devem ser calibrados com a periodicidade estipulada
em norma específica. Os registros de usos, das ocorrências e das
doses individuais dos trabalhadores da instalação devem permanecer
atualizados no Serviço de radioproteção (MAZZILLI, 2002).
Plano de Radioproteção

Segurança das fontes de radiação


As fontes emissoras de radiação ionizante devem ser mantidas em
local seguro, a fim de evitar que sejam roubadas ou danificadas,
prevenindo o seu uso não autorizado e diminuindo a probabilidade
de ocorrência de acidentes. Para tanto:

a) O controle sobre a fonte de radiação não deve ser abandonado


sem que sejam atendidos os requisitos especificados pela autoridade
competente para tal fim;
b) A fonte de radiação não deve ser transferida sem autorização
específica válida;
c) Inventários periódicos devem ser realizados, de modo a confirmar
que as fontes de radiação estejam em seus locais previamente
designados e com segurança.
Plano de Radioproteção

Proteção do operador
Os indivíduos que empregam, em seu trabalho, fontes de radiação
ionizante devem ter a sua disposição equipamentos de proteção
adequados, como vestimentas apropriadas, jalecos ou macacões,
equipamentos de proteção respiratória, biombos para atenuação das
radiações, aventais de chumbo e outras blindagens específicas para
determinados órgãos, luvas e sapatilhas, como afirma Mazzilli et al.
(2002).
Plano de Radioproteção

Rejeitos Radioativos
O gerenciamento seguro de rejeitos radioativos tem por objetivo
maior a proteção dos seres humanos e a preservação do meio
ambiente, limitando possíveis impactos radiológicos para as gerações
futuras, e abrange um conjunto de atividades administrativas e
técnicas envolvidas na coleta, segregação, manuseio, tratamento,
acondicionamento, transporte, armazenamento, controle e dispensa
ou deposição final de rejeitos radioativos.
Plano de Radioproteção

Rejeitos Radioativos
Devem ser observados os seguintes princípios:
• Princípio 1: Proteger a saúde humana;
• Princípio 2: Proteger o meio ambiente;
• Princípio 3: Proteger além das fronteiras do País;
• Princípio 4: Proteger as gerações futuras;
• Princípio 5: Não transferir ônus indevidos às gerações futuras;
• Princípio 6: Estabelecer, no País, uma estrutura legal apropriada;
• Princípio 7: Minimizar a geração de rejeitos;
• Princípio 8: Levar em consideração a interdependência entre
geração e gerenciamento de rejeitos; e
• Princípio 9: Garantir a segurança de instalações de gerenciamento
de rejeitos radioativos.
Plano de Radioproteção

Rejeitos Radioativos
A Norma Cnen-NN-3. 1 “Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica”,
introduziu o conceito de “dispensa”, qual seja, a retirada do controle
regulatório de materiais radioativos associados a uma prática
autorizada. A dispensa se aplica à eliminação de materiais radioativos
sólidos no sistema de coleta de lixo urbano ou em aterros, e de
materiais radioativos líquidos no esgoto sanitário.
Plano de Radioproteção

Rejeitos Radioativos
De acordo com a Norma Cnen-NN 8.01, observada em Azevedo
(2012), os rejeitos radioativos podem pertencer a uma das seguintes
classes:
 Classe 0 - Rejeitos Isentos (RI): rejeitos contendo radionuclídeos
com valores de atividade ou de concentração de atividade, em
massa ou volume, inferiores ou iguais aos respectivos níveis de
dispensa;
 Classe 1 - Rejeitos de Meia-Vida Muito Curta (RVMC): rejeitos com
meia-vida inferior ou da ordem de 100 dias, com níveis de
atividade ou de concentração em atividades superiores aos
respectivos níveis de dispensa;
Plano de Radioproteção

Rejeitos Radioativos
 Classe 2 - Rejeitos de Baixo e Médio Níveis de Radiação (RBMN):
rejeitos com meia-vida superior à dos rejeitos da Classe 1, com
níveis de atividade ou de concentração em atividade superior aos
níveis de dispensa estabelecidos, bem como com potência térmica
inferior a 2 kW/m3; Estes estão divididos em quatro subclasses:
• 2.1: Meia-Vida Curta: rejeitos de baixo e médio níveis de radiação
contendo emissores beta/gama, com meia-vida inferior ou da
ordem de 30 anos e com concentração de radionuclídeos emissores
alfa de meia-vida longa;
• 2.2: Rejeitos Contendo Radionuclídeos Naturais: de extração e
exploração de petróleo, contendo radionuclídeos das séries do
urânio e tório em concentrações de atividade ou atividades acima
dos níveis de dispensa estabelecidos;
Instrumentação

A presença de um campo de radiação ionizante não pode ser


percebida pelos sentidos do ser humano, o que torna, portanto,
imprescindível a existência de dispositivos capazes de detectá-lo. O
princípio utilizado para a detecção da radiação está baseado em sua
interação com determinado meio material, interação essa que pode
resultar na geração de cargas elétricas e luz ou na sensibilização de
películas fotográficas, entre outros fenômenos.

O detector de radiação é um dispositivo que, colocado em um meio


onde exista um campo de radiação, seja capaz de indicar a sua
presença.
Instrumentação

Existem diversos processos pelos quais diferentes radiações podem


interagir com o meio material utilizado para medir ou indicar
características dessas radiações.

Um detector de radiação consiste de um elemento ou material


sensível à radiação, na maioria das vezes eletrônico, que registra o
resultado da interação da radiação com o elemento ou meio
empregado. Assim, um detector pode ser considerado um
transdutor, uma vez que transforma um tipo de informação
(radiação) em outro que pode ser um sinal elétrico ou luminoso,
como afirma Xavier (2014).
Instrumentação

Para que um dispositivo seja classificado como um detector


apropriado é necessário que, além de ser adequado para medição
do mensurado, apresente nas sequências de medição algumas
características, tais como:
• Repetitividade - definida pelo grau de concordância dos
resultados obtidos sob as mesmas condições de medição;
• Reprodutibilidade - grau de concordância dos resultados obtidos
em diferentes condições de medição;
• Estabilidade - aptidão do instrumento conservar constantes suas
características de medição ao longo do tempo;
Instrumentação

• Exatidão - grau de concordância dos resultados com o “valor


verdadeiro” ou “valor de referência” a ser determinado;
• Precisão - grau de concordância dos resultados entre si,
normalmente expresso pelo desvio padrão em relação à média;
• Sensibilidade - razão entre a variação da resposta de um
instrumento e a correspondente variação do estímulo;
• Eficiência - capacidade de converter em sinais de medição os
estímulos recebidos.
Instrumentação

A eficiência de um detector está associada normalmente ao tipo e à


energia da radiação e é basicamente a capacidade do detector de
registrá-la. A eficiência de um detector pode ser definida de duas
formas: eficiência intrínseca e eficiência absoluta (XAVIER, 2014).

Eficiência intrínseca - o tipo e a energia de radiação, normalmente,


são fatores ligados às características intrínsecas do detector. A
eficiência intrínseca pode ser escrita como:
Instrumentação

Eficiência absoluta - está relacionada não só com as suas


características de construção, mas também com a fonte de radiação
que está sendo medida, com o meio e com a geometria de medição.
Pode ser escrita como:

Como as radiações interagem de forma diferente com a matéria,


dependendo de seu tipo (radiação eletromagnética, partículas
carregadas leves, partículas carregadas pesadas, nêutrons), a escolha
do detector depende do tipo de radiação que se quer medir. Um
detector que mede com grande eficiência um determinado tipo de
radiação pode ser totalmente inadequado para medir outro.
Instrumentação

Quando se estabelecem as condições de medição, estão incluídos a


manutenção do mesmo método, procedimento experimental,
instrumento, condições de operação, local, condições ambientais e a
repetição em curto período de tempo (TAUHATA et al., 2014).

Azevedo (2012) afirma, ainda, que a medição "instantânea" da


radiação registra a radiação acumulada durante um período de
tempo. Para isso são utilizados os detectores de leitura direta, ou
ativos, tais como os detectores a gás para medição da taxa de dose,
os cintilômetros, os detectores a semicondutor, isto é, o número
médio de radiações em um intervalo de tempo muito curto.
Instrumentação

Os detectores passivos, registram os eventos e podem ser


processados posteriormente, como as emulsões fotográficas, os
detectores de traço, os dosímetros termoluminescentes,
lioluminescentes e citogenéticos. A escolha do detector e do método
de medição pode variar em relação ao grau de precisão, exatidão e
resolução dos resultados desejados. Isto está ligado às diversas
incertezas envolvidas no processo de medição e nas outras
atividades relacionadas. Medições ambientais com incertezas de 20%
podem ser aceitas nos resultados.
Instrumentação

O detector utilizado em trabalho de campo tem que ter condições de


robustez, portabilidade e autonomia diferentes das necessárias aos
detectores operados em ambientes controlados de laboratório. Os
detectores necessitam obedecer a certos requisitos, para serem
padronizados para o uso em Proteção Radiológica e em Metrologia
das radiações ionizantes.
Instrumentação

Um detector construído e adaptado para radiações e finalidades


específicas deve apresentar as seguintes propriedades, regidas por
normas da IEC 731 ou ISO 4037-1:
a) Limite de detecção adequado;
b) Precisão e exatidão;
c) Reprodutibilidade e repetitividade;
d) Linearidade;
e) Estabilidade a curto e longo prazo;
f) Baixa dependência energética;
g) Baixa dependência direcional, rotacional;
h) Baixa dependência dos fatores ambientais;
i) Baixa dependência com a taxa de exposição.
Instrumentação

Existem monitores individuais, monitores de área e monitores


ambientais. Dentre os monitores individuais mais utilizados constam
o filme dosimétrico, o dosímetro termoluminescente (TLD) e o de
albedo. Alguns destes dispositivos, além de alarmes para valores de
taxa ou de dose acumulada, apresentam a facilidade de leitura
direta, possibilidade de transmissão de dados para um sistema ou
estação de monitoração.
Instrumentação

Os monitores de área podem ser fixos ou portáteis. Dentre os


monitores fixos, existem os tipos: portal, de mãos e pés, ou de
medição constante da taxa de dose em determinada área. Já os
monitores ambientais, podem ser estações de monitoração,
contendo diversos dispositivos de detecção, como filtros, detectores
de traço, TLDs, detectores ativos (AZEVEDO, 2012).
Detectores por Ionização

Em detectores por ionização, a radiação incidente cria pares de íons


no volume de medida do detector. Este volume de medida
geralmente é preenchido com um gás ou uma mistura de gases. A
quantidade de pares de íons criados é contada em um dispositivo de
medida da corrente elétrica. Como exemplo deste tipo de detector
pode-se citar a câmara de ionização e o contador Geiger Müller
Detectores à Cintilação

Os detectores à cintilação baseiam-se na propriedade de


fluorescência ou cintilação, que é o fenômeno observado em certas
substâncias que emitem luz quando bombardeadas por um feixe de
radiação ionizante. As cintilações produzidas pela radiação nos
cristais cintiladores são amplificadas em uma válvula
fotomultiplicadora (Figura 12 (7)), que gera um pulso elétrico sendo
este medido. Os detectores de iodeto de sódio (NaI) enquadram- se
nesta categoria. Existem outros tipos de cintiladores, como os
termoluminescentes, a gás, líquidos, materiais semicondutores e
outros.
Detectores à Cintilação

Para conhecer o fator de calibração (rastreamento metrológico), são


muito utilizadas as câmaras tipo dedal para fótons e elétrons, câmara
de placas paralelas para raios X de baixa energia e elétrons de alta
energia a câmara esférica de grande volume para radioproteção.
Dosímetros

A dosimetria é a avaliação quantitativa da dose de radiação recebida


pelo corpo humano. Os dosímetros são instrumentos utilizados para
esta avaliação, e indicam a exposição ou a dose absorvida total a que
uma pessoa foi submetida, mas com resultados relacionados ao
corpo inteiro, órgão ou tecido humano. São também denominados
de dosímetros integradores. As principais características que um bom
dosímetro deve apresentar são:
• A resposta deve ser independente da energia da radiação incidente;
• Deve cobrir um grande intervalo de dose;
• Medir todos os tipos de radiação ionizante; e,
• Ser pequeno, leve, de fácil manuseio, confortável para o uso e
econômico à fabricação.
Dosímetros

Além das propriedades de um monitor ele deve ter:


• Resultados em dose absorvida ou dose equivalente (ou taxa);
• Ser construído com material tecido-equivalente;
• Possuir fator de calibração bem estabelecido;
• Suas leituras e calibrações são rastreadas a um laboratório nacional
e à rede do BIPM;
• Incertezas bem estabelecidas e adequadas para sua aplicação;
• Modelo adequado para cada aplicação;
• Modelo adequado para cada tipo e intensidade de feixe.
• Os principais tipos de dosímetros são: fotográfico,
termoluminescente (TLD) e câmara de ionização de bolso (caneta
dosimétrica, há inclusive modelos eletrônicos)
Dosímetro fotográfico

O dosímetro fotográfico é um dos detectores de radiação mais


simples que existe, sendo constituído por um filme acondicionado
em um suporte para proteção, que salvaguarda a parte fotossensível
dos efeitos da luz, agentes químicos e mecânicos. Esta embalagem
contém pequenas placas metálicas que funcionam como filtros,
permitindo a estimativa da dose e uma distinção entre os vários tipos
de radiação, como ilustra a imagem a seguir:
Dosímetro fotográfico

Os filmes dosimétricos utilizam


a propriedade das radiações
ionizantes de impressionarem
chapas fotográficas. Mediante
a medida do grau de
enegrecimento da película
revelada (denominada
densidade óptica), pode ser
relacionado com a quantidade
de radiação absorvida, e desta
forma avaliar a dose recebida
pelo indivíduo.
Dosímetro fotográfico

As emulsões fotográficas utilizadas para detecção de radiação são


similares às utilizadas em filmes fotográficos comuns, sendo que nas
primeiras a concentração dos grãos de brometo de prata é várias
vezes superiores. A utilização de emulsões fotográficas para a
detecção de nêutrons rápidos ocorre por um mecanismo diferente.
A emulsão é utilizada como um detector de traços.

Os filmes dosimétricos oferecem a vantagem de assegurar uma


informação quase permanente (podem ser guardados), permitindo
desta forma que as medidas, se necessário, sejam repetidas. As
desvantagens são decorrentes das influências das condições
ambientais que podem afetar sua resposta, tais como temperatura,
umidade e o enegrecimento com o tempo.
Dosímetro termoluminescente (TLD)

Os dosímetros termoluminescentes são cristais que ao serem


irradiados, armazenam a energia da radiação incidente. Se o mesmo
for aquecido a uma determinada temperatura, após ter sido
irradiado, a energia armazenada será liberada com emissão de luz,
fenômeno denominado de termoluminescência. A quantidade de
luz emitida durante o aquecimento é proporcional à dose absorvida
pelo dosímetro.
Dosímetro termoluminescente (TLD)

O volume sensível de um material termoluminescente consiste de


uma massa pequena (de aproximadamente 1 a 100mg) de um
material cristalino dielétrico contendo ativadores convenientes.

Os dosímetros TLD têm o formato de pastilhas e geralmente, são


utilizados em um estojo que acomoda vários filtros, com a mesma
finalidade daqueles utilizados nos dosímetros fotográficos. Os TLDs
apresentam pouca dependência energética e quase nenhuma
dependência direcional, mas a informação armazenada só pode ser
avaliada uma única vez. A grande vantagem desses dosímetros é a
sua reutilização, como mostra a figura a seguir:
Dosímetro termoluminescente (TLD)

As principais substâncias
utilizadas como materiais
termoluminescentes para
dosimetria são o CaSO4:Dy
(sulfato de cálcio dopado com
disprósio), o CaSO:Mn (dopado
com manganês); o LiF (fluoreto
de lítio) e a CaF2 (fluorita). No
Brasil, o CaSO4: Dy (produzido
no IPEN/CNENSP) e o LiF, são
os mais utilizados.
Câmara de ionização de bolso (caneta
dosimétrica)
Os dosímetros de bolso, do
tamanho de uma caneta
comum chamados por isso de
canetas dosimétricas, são
utilizados como dosímetros
complementares, quando é
necessária uma medida direta
e rápida, permitindo ao
usuário verificar a dose a que
foi submetido durante um
determinado trabalho.
Diodos semicondutores

O emprego de meios sólidos para detecção de radiação, a partir do


início da década de 60, permitiu que instrumentos de medida
fossem bem mais compactos do que aqueles baseados na técnica
de ionização de gás, a densidade dos sólidos é da ordem de 1000
vezes maior do que a dos gases.

Seu princípio de funcionamento é a formação de pares elétron


buraco criados ao longo do caminho percorrido pela partícula
carregada (radiação primária ou partícula secundária) através do
detector.
Diodos semicondutores
Calibração de Detectores
Todos os instrumentos utilizados pela radioproteção não são
instrumentos absolutos, necessitando, portanto, de calibração. Essa
calibração significa determinar sua resposta a uma exposição de
radiação ou dose absorvida conhecida, envolvendo sempre o uso de
pelo menos um instrumento de referência ou padrão. A calibração
dos instrumentos deve ser efetuada em intervalos regulares ou
após conserto e ou manutenção (MAZZILLI, 2002).

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