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Radioproteção e dosimetria

Profª Flavia Marinho


Radioproteção e dosimetria

O que é radioproteção?
A radioproteção é responsável pelas determinações e normas
para quem trabalha com radiação ionizante.

• Principais assuntos que serão abordados:


o História
o Radiação;
o Efeitos da Radiação;
o Radioproteção;
o Normas e equipamentos em Radioproteção.
Radioproteção e dosimetria

Aspectos Históricos
• Os materiais radioativos e a sua decorrente
radioatividade produzida existem no espaço sideral desde
a origem do universo. Vários materiais radioativos
fizeram parte da formação do planeta Terra e estão aqui
até hoje.

• Os fenômenos radioativos começaram a ser descobertos


em 1896 pelo cientista francês Antoine Henri Becquerel
(1852-1908). No entanto, as suas descobertas só foram
possíveis graças aos estudos anteriores sobre os raios X.
Radioproteção e dosimetria
Aspectos Históricos

• Em 1895, o físico alemão Wilhelm


Konrad Röntgen (1845-
1923) descobriu de maneira
acidental “um novo tipo de raio”,
que possibilitava ‘ver’ dentro do
corpo humano.
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• Radiografia da mão da esposa de Röntgen, Anna Bertha Ludwig.

• No mesmo ano, os médicos


adotaram a novidade. Com ela
dava para ver ossos quebrados
e órgãos doentes dentro do
corpo humano.

• Três meses após a descoberta


dos raios-X iniciou-se o seu uso
na medicina.
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Aspectos Históricos

• Antonie Henri Becquerel


(1852- 1908) 1896 -
Demonstrou a emissão da
radioatividade nuclear.

• Observou a existência de raios


emitidos pelo urânio capazes
de impregnar um filme
fotográfico;
Radioproteção e dosimetria
Aspectos Históricos
• Entrou então em cena o
casal Pierre Curie (1859-1906) e
Marie Curie (1867-
1934). Juntamente a eles,
Becquerel descobriu que a
propriedade que ele viu era
pertencente ao urânio, pois todos
os minérios de urânio emitiam os
raios que impressionavam o filme.
Marie Curie batizou essa
propriedade de o urânio emitir
raios de radioatividade.

• Explicaram o processo de
decaimento.
Radioproteção e dosimetria
Aspectos Históricos MARIE CURIE É ELEITA A MULHER MAIS
INFLUENTE DA HISTÓRIA
• Química, Física e duas vezes vencedora do
prêmio Nobel: esta é Marie Curie. A
polonesa responsável pela descoberta da
radioatividade.

• Curie é a única cientista da História a


receber duas vezes o Nobel por duas áreas
diferentes: física e química.

• Foi a primeira mulher a obter o título de


Doutora na Europa, em 1903.

• Durante a Primeira Guerra Mundial, Curie e


sua filha, Irene, equiparam carros de
ambulância com aparelhos portáteis de raio
X, para o tratamento dos soldados.
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Aspectos Históricos
• Logo após a descoberta dos raios X e da radioatividade, teve
início o uso desenfreado das radiações.

• O cientista Elihu Thomson em 1896, foi um dos primeiros a


realizar experimento nele mesmo durante vários dias o que
resultou em queimadura severa com bolhas e muita dor em
seu dedo.

• Relatório de Thomas Edison - afirma que a exposição aos


raios-X pode provocar lesão ocular.

• Relatório de Daniel - identificou alopecia e eritema três


semanas depois de ter radiografado a cabeça do assistente de
Thomas Edison.
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Aspectos Históricos
Radioproteção e dosimetria
Aspectos Históricos
• Radithor foi um medicamento bem
conhecido feito com água destilada três
vezes contendo, no mínimo, 1
microcurie (Curie é uma unidade de
medida de radioatividade) de Rádio 226
e de seu isótopo 228. Radithor foi
fabricado entre 1918 e 1928 pelo Bailey
Radium Laboratories.

• Foi anunciado como “A luz do Sol


perpétua” e dizia-se que curava câncer
de estômago, doenças mentais e
ajudava a restaurar a energia sexual e a
vitalidade.
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Aspectos Históricos

• Compressa radioativa “Cosmos Radioactive


Pad” (1928). Nos anos 1920, foram muito
comuns propagandas destas compressas e
almofadas radioativas destinadas ao
tratamento de artrite, neurite, asma,
bronquite, insônia…

• Produtos que tinham a característica de


permitir “que as propriedades curativas do
rádio estivessem ao alcance de todos” dado ao
seu baixo preço.

• Alguns fabricantes recomendavam que o


produto fosse exposto ao sol por alguns
minutos para “ativar suas propriedades
terapêuticas”.
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Aspectos Históricos

• Cosméticos – No início da década de


30, na França, a indústria cosmética
lançou a marca de cosméticos
ThoRadia. O creme composto por
uma base tório e rádio foi um grande
sucesso em Paris, prometendo
propriedades curativas e
embelezadoras. A radioatividade de
Tho-Radia era fornecida por 0,5g de
cloreto de tório e 0,25mg de brometo
de rádio para cada 100g de creme e
era anunciado como uma criação do
Dr. Alfred Curie, que nada tinha a ver
com o casal Curie e que
provavelmente nunca existiu.
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Aspectos Históricos

• Creme dental – “Doramad” foi


produzido durante a Segunda
Guerra Mundial pela,
Auergesellschaft de Berlim. Na
parte de trás do tubo lia-se:

• “A radioatividade aumenta as
defesas dos dentes e gengivas. As
células são carregadas com nova
energia vital e os efeitos destrutivos
das bactérias são impedidos. Ele
lustra cuidadosamente, o esmalte
dos seus dentes que são polidos e
tornam-se brancos e brilhantes”
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Aspectos Históricos

• Chocolate comercializado na Alemanha entre 1931 e 1936.


O “Radium” Chocolate era fabricado pela Burk & Braun e
divulgado pelos seus “poderes rejuvenescedores”
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Aspectos Históricos

• Preservativos – para revigorar sua vida sexual com


preservativos “radioativos”.
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Aspectos Históricos

• Enrico Fermi (1901-1954) foi físico


italiano. Desenvolveu o primeiro reator
nuclear. Recebeu o prêmio Nobel de Física
pela identificação de novos elementos
radioativos e pela descoberta das reações
nucleares efetuadas pelos nêutrons lentos.

• Em1938, em meio a suas pesquisa, Fermi


bombardeou o urânio com nêutrons. O
núcleo do átomo de urânio capturou o
nêutron, alterou-se então o núcleo do
átomo, o urânio não era mais urânio, mas
um novo elemento o netúnio.
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Aspectos Históricos

Somente em Hiroshima, em 1945, contam-se 145 mil mortos.


Juntando com Nagasaki, o número de mortos chega a 243 mil pessoas.
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Aspectos Históricos

Dentro dos primeiros 2-4 meses após os


ataques atômicos, os efeitos agudos das
explosões mataram entre 90 mil e 166
mil pessoas em Hiroshima e 60 mil e 80
mil seres humanos em Nagasaki; cerca
de metade das mortes em cada cidade
ocorreu no primeiro dia. Durante os
meses seguintes, vários morreram por
causa do efeito de queimaduras,
envenenamento radioativo e outras
lesões, que foram agravadas pelos
efeitos da radiação.
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Aspectos Históricos

Hoje sabe-se quais os efeitos das altas doses de raio-X para a


saúde, bem como de outros tipos de radiação.

O uso médico de máquinas produtoras de radiação e


radionuclídeos (aceleradores e reatores) também foram
desenvolvidos, e estes desempenham um papel significativo
no diagnóstico e tratamento médico.
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O que é radiação?
• É a propagação de energia no espaço.
Ondas eletromagnéticas
Radiação
Partículas

Radioatividade

É a propriedade que um átomo possui de emitir


espontaneamente energia na forma de partículas e onda
tornando-se um átomo mais estável.
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Entendendo o que é radiação - Matéria

Principal componente da matéria

As substâncias mais simples são constituídas de átomos de um mesmo tipo.


Quando essas simples estruturas se combinam formam-se moléculas. São
substâncias compostas que se combinam a outras substâncias compostas
formando, no caso dos seres vivos, células, tecidos, órgãos, ossos,
praticamente tudo de um indivíduo.
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Entendendo o que é radiação – Átomo


Os átomos têm diversas partículas em sua composição. É essencial saber como
cada uma destas pequenas partes do átomo funcionam para entender de onde
vem a radiação emitidas a partir delas.
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Entendendo o que é radiação – Átomo

Átomo é a menor parte capaz de identificar um elemento químico. É


composto de um núcleo de nêutrons não carregados e de prótons
positivamente carregados, rodeados por uma nuvem de elétrons
negativamente carregados. Em átomos sem carga, o número de prótons e
elétrons é igual, o que representa o número atômico do elemento.
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Entendendo o que é radiação – Átomo
• Os prótons possuem uma carga elétrica positiva, enquanto os nêutrons não
possuem carga.
• O número acima de cada símbolo da tabela periódica. O chamado número
atômico.
• Os elementos com o mesmo número de prótons, mas com diferente número
de nêutrons são chamados isótopos. Ex: Urânio-235 e o Urânio-238.
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Entendendo o que é radiação – Átomo

• Os átomos fundamentalmente são neutros(sem carga elétrica), mesmo


tendo em sua eletrosfera cargas negativas e em seu núcleo cargas
positivas.

• O íon positivo é denominado cátion e possui elétrons a menos em sua


composição.

• O íon negativo é denominado ânion e tem elétrons a mais no seu arranjo


atômico.
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Entendendo o que é radiação – Átomo

• Sendo assim quando partículas ou ondas eletromagnéticas


são lançadas contra um átomo, levando em consideração
determinadas condições físicas, elas poderão colidir com
alguns de seus elétrons ou com o seu núcleo.
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Entendendo o que é radiação – Átomo

• Devido à disposição geométrica, ao número, à carga e ao movimento, a


probabilidade de colisão com os elétrons é muitas vezes superior à
probabilidade de colisão com o núcleo. No choque, a radiação gerada
transfere parcial ou totalmente a sua energia que, se for superior a energia
de ligação, provocará uma ionização ou uma reação nuclear,
respectivamente no átomo ou no núcleo.

• Quando a energia absorvida for inferior à energia de ligação, ocorrerá um


deslocamento da partícula alvo, para estados disponíveis nas estruturas
eletrônica ou nuclear, gerando os denominados estados excitados
eletrônicos ou nucleares.
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Mas o que é ionizar?


É o processo por meio do qual um átomo ou uma molécula
perde ou ganha elétrons para formar íons.

Cátion Ânion
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Transição atômica
Excitação: Os elétrons são deslocados de seus orbitais de
equilíbrio e, ao retornarem, emitem a energia excedente
sob a forma de luz ou raios X característicos.

EXCITAÇÃO
e- aumenta o nível
de energia mas
NÃO é ejetado.
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Transição atômica

Ionização: Os elétrons são removidos dos orbitais


pelas radiações, resultando em elétrons livres de
alta energia.

IONIZAÇÃO
Tem energia suficiente para
EJETAR e- liberação
localizada de energia.
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Transição atômica

As radiações não ionizantes:

São as que não produzem ionizações, ou seja, não possuem energia


suficiente para arrancar elétrons dos átomos do meio por onde está se
deslocando, mas tem o poder de quebrar moléculas e ligações químicas.
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Transição atômica

Radiações ionizantes:

Possuem energia suficiente para ionizar átomos e moléculas, ou seja,


podem alterar o estado físico de um átomo e causar a perda de elétrons,
tornando-os eletricamente carregados.
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Tipos de radiação
Radioproteção e dosimetria

LEMBRANDO

A radioatividade é a capacidade
de alguns elementos de emitir
energia na forma de partículas ou
radiação eletromagnética.
• Partículas
o ALFA
o BETA

• Eletromagnética
o RAIOS – X
o GAMA
o RAIOS UV
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Tipos de radiação – ALFA (α)
• Emitida pelo núcleo do átomo
• São partículas positivas
constituídas por dois prótons e
NÚCLEO dois nêutrons e com baixo
poder penetração.
• 2 Prótons
Prótons Nêutrons
• 2 Nêutrons

Massa

Número atômico
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Tipos de radiação – BETA (β)
• Emitida pelo núcleo do átomo
Massa

Número atômico

• São partículas negativas que


não contêm massa constituídas
por um elétron (massa
desprezível), e seu poder de
penetração é superior ao dos
raios alfa, porém inferior ao dos
raios gama.
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Tipos de radiação – GAMA (Y)

• Onda Eletromagnética Perturbação do núcleo

• Não envolve partículas

• Imperceptível

0
0
ɣ
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Poder de Penetração
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Resumo
• Os átomos podem ser naturalmente estáveis ou não. Como acabamos de ver,
aqueles que têm o núcleo instável, os que se transformam espontaneamente,
liberam energia na forma de radiação.

• Os átomos instáveis são denominados de radionuclídeos. A energia liberada


pelos radionuclídeos podem interagir com outros átomos e ionizá-los.

• A ionização é o processo pelo qual os átomos se tornam positivamente ou


negativamente carregados pelo ganho ou pela perda de elétrons.

• A radiação ionizante transfere energia suficiente para expulsar os elétrons de


sua órbita, resultando na criação de íons.

• A emissão de dois prótons e de dois nêutrons refere-se ao decaimento alfa, e a


emissão de elétrons ao decaimento beta.
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Resumo

• Frequentemente, um nuclídeo instável é tão energizado que a emissão de


partículas não é suficiente para estabilizá-lo. Este, então, libera uma
explosão de energia na forma de ondas eletromagnéticas como fótons. É o
caso dos raios gama.

• FÓTONS
Os fótons são as partículas que compõem a luz e podem ser definidos
como pequenos “pacotes” que transportam a energia contida nas radiações
eletromagnéticas.

• Os raios X também são radiação eletromagnética, assim como os raios


gama, mas com energia de fótons de menor intensidade. A maior vantagem
dos raios X está na possibilidade de serem gerados artificialmente quando
for preciso, o que faz serem bastante usados em aplicações industriais e
médicas.
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Constante de Decaimento Radioativo

• Os átomos instáveis, de mesma espécie e contidos em uma mesma


amostra, não realizam transformações para se estabilizarem ao mesmo
tempo. Eles as fazem de modo aleatório.

• O decaimento radioativo (ou desintegração) é o processo natural em que


um núcleo instável emite radiação, de forma sucessiva, a fim de diminuir
sua energia e tornar-se estável.

• Não se pode prever o momento em que um determinado núcleo irá se


transformar por decaimento.
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Constante de Decaimento Radioativo

• Por exemplo, as partículas do núcleo do átomo de Urânio-238


(com 92 prótons e 146 nêutrons) são apenas capazes de se
agrupar. Eventualmente, um grupo de dois prótons e dois
nêutrons escapará, deixando o átomo na forma de uma
partícula alfa, transformando o Urânio-238 em Tório-234(com
90 prótons e 144 nêutrons). Porém, o Tório-234 também é
instável e se transforma através de um processo diferente.
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Constante de Decaimento Radioativo

• Nesse processo, elétrons de alta energia são emitidos na forma


de partículas beta, convertendo um nêutron em um próton e se
transforma em um elemento chamado Protactínio-234, com 91
prótons e 143 nêutrons. Este, por sua vez, é extremamente
instável e rapidamente se transforma em Urânio-234.
Consequentemente, o átomo vai liberando partículas até
finalmente se transformar no Chumbo-206, com 82 prótons e
124 nêutrons, que é estável.
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Meia vida

• A meia-vida de um elemento radioativo é o intervalo de tempo em que


uma amostra deste elemento se reduz à metade. Este lapso temporal
também é conhecido por período de semidesintegração.

• À medida que os elementos radioativos vão se desintegrando, no decorrer


do tempo, a sua quantidade e atividade vão reduzindo, tendo por
consequência, a quantidade de energia emitida por ele, em razão da
radioatividade, também é reduzida.
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Meia vida

30 Anos 30 Anos 30 Anos


100% ÷2
50% 25% ÷2
12,5%
÷2
÷2 30 Anos

30 Anos
... 3,125% ÷2
6,25%
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Isótopos Átomos que tem o mesmo número de prótons e
diferente número de massa.

Iso Topos
n=A

Mesmo N° de prótons
=

13
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Isótopos

• INSTÁVEIS
• RADIOTIVOS
• DECAIMENTO
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Isótopos
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Resumindo...

Radioisótopos são isótopos instáveis de um elemento que


decaem ou se desintegram, emitindo radiação.

Os isótopos de elementos radioativos são utilizados


principalmente na medicina (diagnóstico e terapia), indústria e
com finalidade de pesquisa.
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Danos causados ao ser humano pelas partículas


α, β e raios γ
Alfa
• Baixo poder de penetração

• Danos - pequenos.

• Quando incidem sobre o nosso corpo, elas são detidas pela


camada de células mortas da pele, podendo, no máximo, causar
queimaduras.
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Danos causados ao ser humano pelas partículas


α, β e raios γ
Beta

• Poder de penetração sobre o corpo humano é de apenas 2 cm;

• As partículas β podem penetrar na pele, causando


queimaduras, mas são barradas antes de atingir órgãos mais
internos do corpo.
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Danos causados ao ser humano pelas partículas


α, β e raios γ
Gama

• ondas eletromagnéticas com alto poder de penetração,


podem atravessar um corpo humano e causar danos
irreparáveis.

• Quando passa através da matéria, essa radiação interage com


as moléculas, resultando em íons e radicais livres, sendo que
esses últimos são prejudiciais às células vivas .
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Efeitos biológicos da radiação


Porque conhecer?
• A detecção de substâncias radioativas, uma vez que se baseia,
sempre, em alguns dos efeitos produzidos pela radiação na
parte sensível do equipamento de medida;

• A maior facilidade na interpretação das diversas aplicações dos


materiais radioativos;

• A adoção das medidas preventivas mais apropriadas, de modo


a proteger o corpo humano dos efeitos nocivos da radiação.
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Etapas da produção do efeito biológico pela


radiação

• Fase física: ocorre a deposição de energia pela radiação na


forma de ionização e/ou excitação de alguns átomos e
moléculas do sistema biológico. Isto geralmente leva cerca de
10-13 segundos;

• Fase química: esta fase dura cerca de 10-10 segundos, e nela,


os radicais livres, íons e os agentes oxidantes podem atacar
moléculas importantes da célula, inclusive as substancias que
compõem o cromossomo;
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Etapas da produção do efeito biológico pela


radiação
• Fase biológica: esta fase varia de minutos a anos, dependendo
dos sintomas. As alterações químicas produzidas podem afetar
uma célula de varias maneiras: morte prematura, retardo na
divisão celular ou modificação permanente. O surgimento de
efeito biológico não significa uma doença e sim a resposta do
organismo a um agente agressor;

• Fase orgânica: quando os efeitos biológicos desequilibram o


organismo humano ou o funcionamento de um órgão, surgem
sintomas clínicos da incapacidade de reparar tais danos, as
doenças.
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Efeitos biológicos da radiação

• Desde a descoberta da radiação mais de um século de pesquisa tem


fornecido grande conhecimento acerca dos mecanismos biológicos pelos
quais esta pode afetar a saúde.

• Sabe-se que a radiação pode produzir efeitos em nível celular, causando sua
morte ou modificação, devido aos danos causados nas fitas do ácido
desoxirribonucleico(DNA) em um cromossomo. Quando o número de
células afetadas ou até mesmo mortas for grande o suficiente, a radiação
poderá resultar na disfunção e morte do órgão.
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Efeitos biológicos da radiação


• Outra influência da radiação ionizante sobre o DNA são os danos que não
causam a morte celular. Esses tipos de dano são normalmente reparados
por inteiro, mas caso isso não ocorra, a modificação resultante –
conhecida como mutação celular – causará reflexo nas divisões celulares
subsequentes. O resultado das mutações pode ser o câncer. Se as células
modificadas forem aquelas que transmitem a informação hereditária aos
descendentes, desordens genéticas podem surgir.

Tardios ou imediatos
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Efeitos biológicos da radiação

• Os efeitos radioinduzidos também podem receber denominações em


função do valor da dose e forma de resposta.

Estocásticos Determinísticos
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Efeitos biológicos da radiação


Efeitos Estocásticos

Os efeitos estocásticos são aqueles em que a probabilidade de ocorrência


é proporcional à dose de radiação recebida, sem a existência de limiar.
Isto significa que doses pequenas, abaixo dos limites estabelecidos por
normas e recomendações de proteção radiológica, podem induzir tais
efeitos. Entre estes efeitos, destaca-se o câncer.

A probabilidade de ocorrência de um câncer provocado pela radiação depende


do número de clones de células modificadas no tecido ou órgão, uma vez que
depende da sobrevivência de pelo menos um deles para garantir a progressão. O
período de aparecimento(detecção) do câncer após a exposição pode chegar até
40 anos. No caso da leucemia, a frequência passa por um máximo entre 5 e 7
anos.
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Efeitos biológicos da radiação


Efeitos Determinísticos

Os efeitos determinísticos são causados por irradiação total ou


localizada de um tecido, gerando um grau de morte celular não
compensado pela reposição ou reparo, com prejuízos detectados no
funcionamento do tecido ou órgão.

Existe um limiar de dose, abaixo do qual a perda de células é insuficiente para


prejudicar o tecido ou órgão de um modo detectável. Isto significa que os
efeitos determinísticos são produzidos por doses elevadas, acima do limiar,
onde a severidade ou gravidade do dano aumenta com a dose aplicada.
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Contaminação X Irradiação

Contaminação:
Presença indesejável de um material em
determinado loca, onde deveria estar.

Irradiação:
Exposição de um objeto ou de um corpo à
irradiação, sem que haja contato direto com a
fonte de radiação

Obs: Irradiação não contamina, mas contaminação irradia.


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Unidades de radiação

Hoje sabemos que a energia da radiação pode danificar o tecido vivo. A


quantidade de energia acumulada nesse tecido vivo é expressa em termos de
uma unidade denominada DOSE.

Classificação de dose: O que deve ser levado em consideração é o quanto


alguma parte do corpo ou todo o corpo, tenha sido irradiado, se uma ou
muitas pessoas foram expostas e, também, o período de exposição.
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Limiar de dose
DOSE ABSORVIDA: Energia depositada na matéria.

• O conceito foi introduzido em 1950 para radioterapia


• Rad (Radiation absorved dose)
• 1975 – Foi substituído por Gray (Gy)
• Serve para qualquer meio ou tipo de radiação

Energia

Massa
Gray (Gy)
Louis Harold Gray
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Limiar de dose
DOSE EQUIVALENTE: é a quantidade de radiação absorvida em um órgão ou
tecido.
A dose ponderada é denominada dose equivalente, a qual é avaliada em uma
unidade chamada Sievert(Sv), em homenagem ao cientista sueco Rolf Sievert.
Um sievert equivale a 1.000 milisieverts, assim como um litro equivale a 1.000
mililitros e um metro a 1.000 milímetros.

DOSE EFETIVA: é a soma ponderada das doses equivalentes do corpo todo.


O registro da dose efetiva é um indicador da probabilidade de indução de
câncer e de efeitos genéticos advindos de baixas doses, e não como medida da
gravidade de efeitos para altas doses.
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Interação da radiação com a matéria

Efeito fotoelétrico
• Energia de RX incidente é maior
que a energia de ligação.

• Interação nas camadas mais


internas

• Fotoelétron

• Absorção total do RX incidente


Radioproteção e dosimetria

Interação da radiação com a matéria

Efeito fotoelétrico
O efeito fotoelétrico é um fenômeno físico que consiste na
emissão de elétrons por certos materiais, geralmente metálicos,
quando iluminados por ondas eletromagnéticas de frequências
específicas. Nesse fenômeno, a luz comporta-se como
uma partícula, transferindo energia para os elétrons, que
são ejetados para fora do material.
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Interação da radiação com a matéria

Efeito Compton
• Interação com os elétrons da
camadas externas do átomo.

• Espalha os raios X e reduzem sua


energia.

• Raios X espalhados não fornecem


informações úteis na radiografia.
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Interação da radiação com a matéria

Efeito Compton
Neste tipo de efeito, o fóton interage com um elétron periférico
do átomo, mas cede apenas parte de sua energia, resultando na
emissão de um fóton com energia menor e que continua sua
trajetória dentro do material e em outra direção.
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Interação da radiação com a matéria

Produção de pares

• Aniquilação

• TC por emissão de
pósitrons
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Interação da radiação com a matéria

Produção de pares

Nesta interação, a radiação desaparece e dá origem a um par


elétron-pósitron, por meio da reação:
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Exercitando

• Defina efeito estocástico:

• Defina efeito determinístico:

• O que são isótopos? Exemplifique

• Porque devemos conhecer os efeitos biológicos da


radiação?

• Defina e diferencie dose equivalente e dose efetiva.


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Mecanismos de ação das radiações

Mecanismo direto
Quando a radiação interage diretamente com as moléculas
importantes como as de DNA, podendo causar desde mutação
genética até morte celular;
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Mecanismos de ação das radiações

Mecanismo indireto
Quando a radiação quebra a molécula
da água, formando assim radicais
livres que podem atacar outras
moléculas importantes. Esse
mecanismo é importante, uma vez
que nosso corpo é composto por mais
de 70% de água.
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Princípios de proteção radiológica

• Justificação;

Onde encontrar? • Otimização;


Portaria 453/98
• Limitação de dose;

• Prevenção de acidentes.
Radioproteção e dosimetria

Portaria – 453, de 1 de junho de 1998

JUSTIFICAÇÃO:
Nenhuma prática deve ser autorizada menos que produza suficiente benefício
para o indivíduo exposto ou para a sociedade.

A exposição médica deve resultar em um benefício real para a saúde do


indivíduo e/ou para a sociedade.

Deve-se considerar a eficácia, os benefícios e riscos de técnicas alternativas


disponíveis com o mesmo objetivo, mas que envolvam menos ou nenhuma
exposição a radiações ionizantes.
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Portaria – 453, de 1 de junho de 1998
OTIMIZAÇÃO:
Todas as exposições devem ser mantidas tão baixas quanto razoavelmente
exequíveis.

O princípio da otimização implica em que as exposições devem manter o nível de


radiação o mais baixo possível.
Esse princípio se aplica a todas as atividades que demandam exposições às
radiações ionizantes. Tais atividades devem ser planejadas, analisando-se em
detalhe o que se pretende fazer e como será feito.
A proteção radiológica é otimizada quando as exposições empregam a menor
dose possível de radiação, sem que isso implique na perda de qualidade de
imagem.

ALARA: As Low As Reasonably Achievable.


Tão baixo quanto razoavelmente possíveis
Radioproteção e dosimetria

Portaria – 453, de 1 de junho de 1998

Limitação de dose individual:

O princípio da limitação de dose e risco individual fixa valores limites de dose,


os quais, se ultrapassados, poderão resultar em riscos adicionais, considerados
inaceitáveis para a determinada prática em circunstâncias normais.

Para os trabalhadores que lidam com radiações ionizantes (sejam as


corpusculares ou eletromagnéticas), a dose efetiva média anual não deve
exceder 20 mSv em qualquer período de 5 anos consecutivos, não podendo
exceder 50 mSv em nenhum ano.
Radioproteção e dosimetria

Portaria – 453, de 1 de junho de 1998

Limitação de dose individual:


Para funcionárias grávidas devem, ser observados os seguintes requisitos
adicionais, de modo a proteger o embrião ou feto:

a) a gravidez deve ser notificada ao responsável pelo serviço, tão logo seja
constatada;
b) b) as condições de trabalho devem ser revistas para garantir que a dose na
superfície do abdômen não exceda 2 mSv durante todo o período restante
da gravidez, tornando pouco provável que a dose adicional no embrião ou
feto não exceda cerca de 1 mSv neste período;
Radioproteção e dosimetria
Portaria – 453, de 1 de junho de 1998
Limitação de dose individual:
• Menores de 18 anos não podem trabalhar com raios X (não só os de
diagnósticos como de qualquer espécie), exceto em treinamentos.

• Para estudantes com idade entre 16 e 18 anos, em estágio de treinamento


profissional, as exposições devem ser controladas de modo que os seguintes
valores não sejam excedidos:

• I- dose efetiva anual de 6 mSv;


• II- dose equivalente anual de 150 mSv para extremidades e 50 mSv para o
cristalino.

As exposições normais de indivíduos do público não devem exceder a 1 mSv


por ano
Radioproteção e dosimetria
Portaria – 453, de 1 de junho de 1998
Limitação de dose individual:
Radioproteção e dosimetria
Portaria – 453, de 1 de junho de 1998
Prevenção de acidentes

• No projeto e operação de equipamentos e de instalações deve-


se minimizar a probabilidade de ocorrência de acidentes
(exposições potenciais).

• Deve-se desenvolver os meios e implementar as ações


necessárias para minimizar a contribuição de erros humanos
que levem à ocorrência de exposições acidentais.
Radioproteção e dosimetria
Controle de exposição
O controle da exposição à
radiação, necessário para
garantir o atendimento aos
requisitos estabelecidos em
normas de radioproteção se
fundamenta em três fatores
principais:

 Tempo;

 Distância;

 Blindagem.
Radioproteção e dosimetria
DISTÂNCIA
Para uma fonte por exemplo, dobrando-se a distância entre a
fonte radioativa e o alvo, a exposição cai para ¼ do valor inicial.

BLINDAGEM
Para radiações corpusculares (Possuem massa) sabemos que
existe um alcance máximo para cada tipo de meio.

Obs: Certo cuidado deve ser tomado na escolha do material de


barreira pois, partículas aceleradas podem provocar a emissão de
uma radiação de frenagem ao interagirem com elementos
pesados.
Radioproteção e dosimetria

BLINDAGEM
Radioproteção e dosimetria

TEMPO

Quanto menor for este tempo, menor será o risco do usuário a


uma exposição radioativa.

A redução, tanto quanto possível, do tempo de permanência em


áreas onde estão presentes fontes de radiação ionizante é uma
maneira simples de evitar exposições desnecessárias, uma vez
que a dose acumulada é diretamente proporcional ao tempo de
exposição a essa radiação (Dose = Taxa de Dose x Tempo).
Radioproteção e dosimetria

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