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A-AA+

 Raios X

 Aula 1 - Leis de Transições Nucleares

22 minutos

 Aula 2 - Raios X

24 minutos

 Aula 3 - Fontes de radiações ionizantes

22 minutos

 Aula 4 - Exposição à radiação ionizante

21 minutos

 Referências

3 minutos

Aula 1
LEIS DE TRANSIÇÕES NUCLEARES
É muito importante você saber como funcionam as leis de
transições nucleares, como elementos radioativos geram outros
elementos radioativos, o tempo de meia-vida, como é o processo de
decaimento nuclear, a transmutação, o que são partículas
carregadas, o que são partículas sem cargas, e como funcionam os
decaimentos.
22 minutos
INTRODUÇÃO
Caro estudante, nesta aula você aprenderá não somente conceitos novos a respeito da
física radiológica, de forma teórica, mas também vai conhecer os conceitos que serão
utilizados no seu cotidiano em um setor de imagens médicas de um hospital. Para você
que vai trabalhar com radiação ionizante, saber diferenciar fontes artificiais e naturais é
imprescindível, pois isso trará segurança para o ambiente de trabalho.
É muito importante você saber como funcionam as leis de transições nucleares, como
elementos radioativos geram outros elementos radioativos, o tempo de meia-vida, como
é o processo de decaimento nuclear, a transmutação, o que são partículas carregadas, o
que são partículas sem cargas, e como funcionam o decaimento alfa (�), o decaimento
beta (�) e o gama (�).

CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Sabemos que radiação é energia eletromagnética ou corpuscular em trânsito, assim
como calor é energia térmica em trânsito. Portanto, podemos afirmar que a radiação
eletromagnética é uma forma de energia, emitida por uma fonte (natural ou artificial)
que é transmitida pelo ar, por meios materiais e no vácuo. São consideradas radiações as
partículas subatômicas e partículas atômicas, como partículas alfas, elétrons, prótons,
nêutrons, pósitrons, denominadas radiações corpusculares. Já as ondas eletromagnéticas
são denominadas radiações ondulatórias, e como radiação exemplo temos os raios gama
e raios X. As radiações corpusculares como partículas alfa (�), beta (�+) e beta (�-)
são emitidas de forma espontânea pelos núcleos instáveis de elementos radioativos.
Além disso, feixes dessas e de outras partículas também podem ser produzidos
artificialmente em aceleradores de partículas ou em reatores nucleares. As ondas
eletromagnéticas, como no caso dos raios-X e gama (�), são constituídas por um
campo elétrico e um campo magnético perpendiculares entre si, que se propagam no
vácuo na velocidade da luz:

�=3×108�/�

(Eq. 1)
Onde c é a constante da velocidade da luz.
Essas radiações eletromagnéticas recebem denominações diferentes dependendo da sua
frequência: radiação infravermelha, luz visível e radiação ultravioleta, entre outras. Em
elementos radioativos naturais ocorre a desintegração nuclear, quando há a emissão
espontânea de partículas de um átomo instável. Cada elemento químico tem suas
propriedades e decaem de formas diferentes, emitindo partículas diferentes ou ondas
eletromagnéticas. Vamos utilizar o exemplo do plutônio-242, como mostra a equação
química a seguir:

�94242�→�92238+�24�

(Eq. 2)

Um princípio muito importante envolvido no processo de instabilidade do núcleo é a


conservação da energia. Como dizia Lavoisier “Na natureza, nada se perde, nada se cria,
tudo se transforma”, o que se aplica a esta situação. A Equação 1 descreve o processo
de decaimento ou desintegração nuclear pelo átomo de plutônio-242, que originará o
átomo de urânio-238 e um átomo de hélio, considerado partícula alfa. Nesse caso, está
ocorrendo o decaimento alfa (�). Se somarmos os números atômicos e números de
massa dos elementos originados (do lado direito da equação), temos os mesmos
números atômicos e de massa do plutônio, comprovando a conservação da energia.
As leis de transições nucleares são duas:

 1ª Lei: Quando um átomo emite uma partícula alfa (�),seu núcleo atômico
diminui em duas unidades e sua massa atômica diminui em quatro unidades.
 2ª Lei: Quando um átomo emite uma partícula beta (�), seu número atômico
aumenta em uma unidade.

Quando ocorre a emissão de raios gama (ᵞ), o átomo não altera seu número atômico ou
número de massa. Portanto, quando há a emissão de ondas gama, dizemos que o átomo
sofreu uma desintegração. A radiação gama tem como número de massa e número
atômico 0 (zero).

TRANSIÇÕES NUCLEARES
Sabendo o que é radiação, como diferenciar as radiações corpusculares das radiações
eletromagnéticas, e conhecendo os tipos de decaimento que ocorrem nos átomos
radioativos instáveis, vamos partir para os exemplos, a fim de aprofundar seu
conhecimento nessa área.
Como já foi abordado, cada elemento radioativo instável emite partículas ou energia
durante o processo de decaimento radioativo. O conceito de meia-vida é o tempo
necessário para que a atividade de um elemento radioativo seja reduzida à metade da
atividade inicial. Como exemplo, podemos usar o iodo, cujo número atômico é 131 e o
tempo de meia-vida é de 8,02 dias – ou seja, após 8,02 dias, a atividade dessa amostra
será exatamente a metade da amostra inicial. O tempo de meia-vida varia muito,
dependendo do elemento analisado, horas, dias, meses e anos. Como exemplo, temos o
tempo de meia-vida do tecnécio-99m, que é de apenas seis horas, enquanto o tempo de
meia-vida do urânio-238 é de 4,5 bilhões de anos. As meias-vidas vão acontecendo até
que a atividade da amostra fique insignificante, pois a cada meia-vida, sua atividade
diminui pela metade; é um decaimento exponencial.
Tipos de decaimentos
Decaimento alfa (�): ocorre espontaneamente dos núcleos de átomos radioativos,
principalmente dos átomos pesados – aqueles cujo número atômico Z ≥ 83. Nesse caso,
existem aproximadamente 400 radionuclídeos, naturais e artificiais, que são emissores
espontâneos de partículas alfa. Uma equação genérica de decaimento alfa você vê a
seguir:

���→�−2�−4�+24��

(Eq. 3)

Utilizamos o núcleo do átomo de hélio como a partícula alfa emitida.


Decaimento beta (�): átomos em que ocorre a emissão espontânea de um elétron ou
um pósitron do núcleo. Essas partículas foram denominadas �+ como um pósitron,
e �- como um elétron. Seguem as equações genéricas para
decaimento �+ e �- respectivamente:

���→��−1�+�+1+�00

(Eq. 4)

���→��+1�+�−1+�¯00

(Eq. 5)

X é um elemento químico radioativo qualquer; Y é um elemento originado do elemento


X; � é a partícula emitida; � e �¯ são o neutrino e o antineutrino, respectivamente.
Em ambas as equações notamos que há a conservação de energia. Nesse processo de
decaimento radioativo há as partículas carregadas e as partículas sem cargas. As
partículas também são separadas em dois grupos, as carregadas e as neutras. Partículas
carregadas são como prótons e elétrons, e as neutras são nêutrons, raios X e gama. A
diferença entre essas partículas, além do conceito principal de que umas tem cargas e
outras não, é seu poder de penetração. Partículas carregadas não conseguem ter um
alcance longo no meio, pois interagem muito, em razão de suas forças Coulombianas,
fazendo com que a partícula interaja sempre com os elétrons dos átomos do meio, ou
com os próprios núcleos. Já as partículas sem carga conseguem ter um alcance maior,
por algumas vezes conseguirem atravessar o meio sem interagir com ele – quando há
interação, perdem energia em cada interação. Assim, o poder de penetração de uma
partícula carregada é muito menor, em comparação com a partícula sem carga. A
partícula alfa, por exemplo, pode ter sua passagem blindada por uma folha de papel Para
a blindagem de uma partícula beta, é necessária uma fina lâmina de alumínio. Já a
radiação gama precisa de uma placa espessa de chumbo ou concreto para ter a passagem
bloqueada. Veja a Figura 1:

Figura 1 | Poder de penetração das radiações


Fonte: Santiago ([s. d.], [s. p.]).

UTILIZAÇÃO DA RADIAÇÃO IONIZANTE


A radiação ionizante não é utilizada apenas nas aplicações médicas, mas também nas
indústrias.
Ela pode ser utilizada na esterilização por irradiação, para destruir os microrganismos
nocivos presente no material. Isso serve tanto na área hospitalar como na industrial, em
que materiais devem ser esterilizados antes do uso. A radiação ionizante também é
utilizada para modificação de materiais por irradiação. Alguns materiais têm sua
estrutura modificada quando irradiados, mudanças essas que podem ser permanentes ou
temporárias. Como exemplo, alguns tipos de plástico ficam mais rígidos e quebradiços
quando passam pelo processo de irradiação, alguns cristais mudam de cor e são usados
na criação de joias e bijuterias, entre outras aplicações.
Na indústria alimentícia, alguns alimentos são irradiados para aumentar sua
durabilidade, pois alguns microrganismos que causam deterioração do alimento
morrem. Também a radiação é utilizada em manutenção de gasodutos, nos quais, com
auxílio da radiação, é possível saber onde há rachaduras e possíveis vazamentos. Por
fim, há a aplicação na área médica. A radiação ionizante é usada aplicar tanto para
tratamento – no caso da radioterapia e da medicina nuclear – quanto para diagnósticos,
em equipamentos de raios-X computadorizados ou digitais, para densitometria óssea,
mamografia e tomografia, além da medicina nuclear, também para diagnóstico. O que
difere as técnicas são os níveis de energia do feixe utilizado para cada finalidade, já que
diferentes estruturas necessitam de técnicas diversas de aquisição de imagem (o que
funciona também para seu uso em tratamentos).
Cabe ressaltar que quando se utiliza radiação para qualquer finalidade, de acordo com as
normas de proteção radiológica é preciso seguir três princípios básicos: justificação,
otimização e limitação de doses individuais.
Podemos enaltecer que os princípios básicos fazem parte do cotidiano de quem atua na
área das técnicas radiológicas, seja ela no âmbito hospitalar, alimentício, industrial entre
outros.
A base para prevenir acidentes e receber doses demasiadas de radiação é seguir os
princípios de proteção, sempre justificando o porquê deve-se realizar a exposição do
paciente ou objeto à radiação, reduzir ao máximo a exposição do paciente à radiação.
Desta forma é fundamental ter um bom posicionamento radiológico e inserir a técnica
para a aquisição da imagem radiográfica de forma correta. E, por fim, sempre manter a
distância segura da fonte de radiação.
Todas as normativas referentes à proteção radiológica servem para prevenção de
acidentes, pois é necessário desenvolver meios e implementar ações para minimizar a
contribuição de erros humanos que levem à ocorrência de exposições acidentais. Antes a
portaria que regia as normas de proteção radiológicas era a 453, que recentemente
substituída dela RDC 330. Todo profissional que trabalha em um ambiente hospitalar
em que há utilização de radiação ionizante deve conhecer as normas de proteção
estabelecidas nesses documentos.

VIDEOAULA
Neste vídeo abordaremos assuntos de extrema importância para sua vivência em um
ambiente hospitalar. Saiba diferenciar os tipos de radiação e conheça os tipos de
decaimentos radioativos. Veja por que o tempo de meia-vida é tão usado quando se trata
de radioatividade. Conhecendo esses conceitos, você vai cuidar da sua segurança e de
todos que trabalham em seu entorno.

Videoaula

Saiba mais
Caro estudante, para entender um pouco melhor como age o poder de penetração da
radiação em nosso organismo e seu impacto, segue a sugestão de leitura de um
artigo: Uma Visão Acerca Dos Impactos Da Radiação No Corpo Humano
Habitualmente.
Disponível em: https://propi.ifto.edu.br/ocs/index.php/jice/10jice/paper/viewFile/
9669/4354.
Aula 2
RAIOS X
Nesta aula você saberá diferenciar radiação X de radiação gama,
conhecerá a história da descoberta dos raios X e como são
produzidos os raios X.
24 minutos
INTRODUÇÃO
Caro estudante, nesta aula você aprenderá não somente conceitos novos a respeito da
física radiológica, de forma teórica, mas também vai conhecer os conceitos que serão
utilizados no seu cotidiano em um setor de imagens médicas de um hospital. Para você
que vai trabalhar com radiação ionizante, saber diferenciar fontes artificiais e naturais é
imprescindível, pois isso trará segurança para o ambiente de trabalho.
Nesta aula você saberá diferenciar radiação X de radiação gama, conhecerá a história da
descoberta dos raios X e como são produzidos os raios X.

CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE A RADIAÇÃO


Os raios X são classificados como fonte de radiação artificial, logo, não é produzido
naturalmente na natureza. Esse tipo de radiação tem frequência alta, da ordem de Hz.
Como a fórmula para calcularmos a energia de uma onda é composta pela constante de
Planck e pela frequência, logo quanto maior a frequência da onda, maior será a energia,
são grandezas diretamente proporcionais como mostra a equação abaixo:
�=ℏ×�

Onde ℏ é a constante de Planck, que é igual a 6,63×10−34�2×��/� e � é a


frequência da onda eletromagnética.
O descobridor dos raios X foi um físico alemão chamado Wilhelm Conrad Roentgen
(1845 – 1923). A descoberta ocorreu no ano de 1895, feita durante um experimento de
catodo luminescência em um tubo chamado "tubo de Crookes" em homenagem a
William Crookes. William Crookes estava encarregado de realizar experimentos através
de um tubo de vácuo movido por uma corrente elétrica. Ele descobriu que se aplicasse
um campo magnético fora da lâmpada, a trajetória do feixe de luz mudaria. Então, se o
feixe é desviado para o lado positivo do campo, é um feixe de cargas negativas devido à
força atrativa das cargas. O tubo de Crookes é como mostra a Figura 1:

Figura 1 | Tubo de Crookest

Fonte: Muniz (2014, p. 2).

Esse tubo era uma ampola de raios X muito primitiva, de vidro e a vácuo, com um
cátodo que emite os elétrons que ganharão energia cinética e colidirão com o alvo,
denominado ânodo. A luminescência surge quando os elétrons são submetidos a uma
grande diferença de potencial.
Portanto, durante um experimento com tubo de Crookes, Roentgen analisava a
condução da eletricidade por esse tubo. No decorrer do experimento, seu ajudante lhe
chamou a atenção, dizendo para o professor olhar para a tela.
Nas proximidades do tubo, havia uma tela coberta com platinocianeto de bário, na qual
se projetava uma leve luminosidade, resultando na fluorescência do material. Nesse
momento ele girou a tela e colocou sua mão entre o fluxo luminoso e a tela, e viu seus
ossos projetados. Assim, Roentgen viu, pela primeira vez, o que futuramente seria
chamado de raio X.
Essa descoberta foi um marco na história cientifica. Após um ano, já havia
aproximadamente 49 livros e panfletos e mais de mil artigos publicados sobre esse
assunto.
A ampola de raios X que era considerada uma válvula termoiônica, devido a emissão de
elétrons do catodo após atingir uma certa temperatura no filamento. Essa ampola é
encontrada no mercado tanto em vidro, quanto em metal, ambas com seu interior a
vácuo, onde ficam localizados o catodo e o ânodo, como mostra a imagem Figura 2.
Figura 2 | Ampola de raios X ou tubo de Coolidge para raio X

Fonte: Suzana (2017, [s. p.]).

Na Figura 2, podemos observar: alta tensão, ânodo, alvo de tungstênio, janela, feixe de
raios X, janela, copo focalizador, cátodo, filamento, feixe de elétrons, ampola de vidro.
Esse esquema relata como é o funcionamento do tubo para que ocorra a produção dos
raios X que serão utilizados no exame. Esse tubo é alimentado por uma fonte elétrica,
que causará um efeito Joule em um filamento chamado de cátodo. Esse filamento sofre
um processo de aquecimento e, em um certo nível de calor, ocorre o processo
termoiônico, quando ocorrerá a saída dos elétrons, os quais serão acelerados devido à
diferença de potencial (ddp), em direção ao ânodo (alvo). Como o ânodo normalmente
tem uma angulação, o feixe de raios X sairá em direção à janela do tubo.

RADIAÇÃO X E RADIAÇÃO GAMA


A geração de raios X ocorre quando elétrons ou fótons em alta velocidade são
desacelerados no material em que estão colidindo, ou seja, o alvo. A origem dos raios X
ocorre com interações na eletrosfera do átomo. A tensão em um equipamento de raios X
é dada em kV (quilovoltagem), que é a diferença de potencial entre o ânodo e o cátodo.
A corrente contínua gerada no tubo é chamada de mA (miliampere).
Na faixa do radiodiagnóstico, o efeito da interação da radiação com a matéria mais
predominante é o efeito fotoelétrico, pois se trata de equipamentos que não trabalham
com energias muito altas, e o ânodo é um material com alto número atômico (Z).
A maioria dos elétrons que colide com os átomos do alvo atinge elétrons orbitais do
átomo, transferindo sua energia. Essa produção de raios X por esse processo de colisão
gera uma grande quantidade de calor no processo, e apenas 1% de toda energia dos
elétrons que colide com o alvo é utilizada efetivamente na produção dos raios-X. Por
causa desse processo de superaquecimento, os ânodos na área da radiologia são
giratórios. É uma maneira de dissipar o calor no processo da aquisição de imagem.
Portanto, há duas maneiras de aumentar a geração de raios X:

 Aumentando a corrente no tubo, ou seja, aumentando o número de elétrons.


 Aumentando a tensão no tubo, isto é, aumentando o rendimento, que é a
porcentagem de elétrons que geram os raios X.
Nesse processo de geração dos raios X, não tem como prever qual caminho o raio vai
tomar após o processo de colisão. Portanto, o tubo é envolvido por uma blindagem,
denominada blindagem de cabeçote. A janela do tubo é a única saída do feixe de raios X
para a parte externa.
Essa blindagem é para que haja o bloqueio da radiação de fuga, que não contribuiria
com a formação da imagem, pois o feixe sai em todas as direções – logo, só aumentaria
a exposição do paciente à radiação, desnecessariamente.
Quando você estiver em campo, trabalhando na área de radiologia de um hospital, você
vai perceber que no workstation (centro de comando) do equipamento de raios X, o
botão que aciona o disparo do feixe tem dois estágios. O primeiro, para que o ânodo
comece a girar e, depois, com o segundo estágio do botão, o feixe é acionado.
A radiação gama é gerada a partir de átomos instáveis. Essa radiação eletromagnética é
gerada no núcleo dos átomos. Então, a diferença entre radiação gama e radiação X é
apenas quanto à sua origem. A radiação gama é originada no núcleo, enquanto a
radiação X é gerada na eletrosfera.
A radiação gama não tem carga nem massa, e a emissão dessa onda eletromagnética
ocorre conforme a equação a seguir:

���*→���+�

(Eq. 1)

O que conseguimos interpretar é que quando um átomo está com excesso de energia
dentro do seu núcleo e não há um excesso de prótons ou nêutrons, sendo apenas uma
energia em excesso, ele emite a radiação gama. Essa radiação não tem carga nem massa
e não há um processo de transmutação, ou seja, o elemento pai é o mesmo elemento que
o filho nessa reação. Somente há a dissipação de energia. Elemento “pai”, é o elemento
inicial da equação, aquele que vai sofrer o processo de decaimento, que fica do lado
esquerdo, antes da “seta”. Já o elemento “filho” é o originado após a reação de emissão
tanto de partículas alfa, beta ou gama.

UTILIZAÇÃO DA RADIAÇÃO IONIZANTE


A radiação X, como já foi dito, é invisível ao olho humano, inodora e não tem como
sentir sua presença. É constituída por ondas eletromagnéticas, com comprimento de
onda bem menores que o espectro de luz visível, logo, sua frequência é bastante alta.
Lembrando que quanto maior o comprimento de onda, menor a frequência e,
consequentemente, quanto menor o comprimento de onda, maior a frequência. São
grandezas inversamente proporcionais, como mostra a equação a seguir:

�=��

(Eq. 2)

Onde c é a constante de velocidade da luz, 3×108 m/s; � é o comprimento da onda; e f


é a frequência.
Em uma radiografia, por exemplo, de uma mão fraturada, os ossos aparecem de forma
mais presente na imagem em cinza claro, quase branco, enquanto as partes consideradas
moles, como músculos e tendões, aparecem como cinza mais escuro. Isso ocorre porque
os ossos possuem átomos mais pesados, como o cálcio; portanto, essa estrutura se torna
mais rádio-opaca em comparação com as outras estruturas, absorvendo, assim, mais
intensamente os raio X. Quanto mais próximo do branco uma estrutura se mostra em um
exame radiográfico, mais essa estrutura bloqueou passagem da radiação. E o contrário é
verdadeiro, se a imagem for mais escura, significa que a radiação passou pela estrutura e
não perdeu sua energia, sensibilizou a imagem completamente.
O contraste da imagem está relacionado com a ddp do tubo, ou seja, com o kVp, que é
responsável pela energia do feixe e penetração da radiação no meio.
Já o escurecimento da imagem está relacionada com o mAs, isto é, com a quantidade de
elétrons que saíram do cátodo, aumentando a produção dos raios X. O mAs é
responsável pelo melhor detalhamento da imagem.
Quando o técnico de radiologia vai irradiar uma pessoa para realizar um exame de raio-
X, cada estrutura a ser a analisada tem uma combinação de kVp e mAs. A imagem
radiográfica é uma combinação de kVp e mAs, energia e quantidade de elétrons,
respectivamente.
Inicialmente os raios X foram utilizados para analisar tecidos duros, que é a estrutura
óssea. O uso dos raios X para a visualização de tecidos moles somente ocorreu com a
invenção da tomografia computadorizada, por volta de 1972, por Godfrey Newbold
Hounsfield e Allan Macleod Cormack – por isso, quando se trata de imagens de
tomografia a unidade utilizada é a de Hounsfield, em homenagem ao criador. Em 1979
ambos foram laureados com o prêmio Nobel.
Na medicina, além do uso da radiação X em radiografias – para diagnóstico –, essa
radiação também pode ser utilizada no tratamento, como na radioterapia. Esse uso se dá
em faixas de energia diferentes: na radioterapia energias altas são usadas, pois o
objetivo é que a radiação destrua as células cancerosas.

VIDEOAULA
Neste vídeo abordaremos assuntos de extrema importância para a sua vivência em um
ambiente hospitalar. Saiba diferenciar os tipos de radiação, como ocorre a produção dos
raios X e radiação gama, onde se aplicam e como se aplicam, tanto no diagnóstico como
em tratamento. Conheça a descoberta que mudou a história da medicina moderna.

Videoaula

Saiba mais
Você que ficou entusiasmado com o conteúdo desta aula e quer aprofundar mais seus
conhecimentos na área de radiologia, segue a indicação de um artigo: Verificação das
doses de radiação absorvida durante a técnica de irradiação de corpo inteiro nos
transplantes de medula óssea, por meio de dosímetros termoluminescentes.
Link: https://www.scielo.br/j/rb/a/XZnBMxqWCQ4hdM4BnSxkj5k/?
format=pdf&lang=pt.
Aula 3
FONTES DE RADIAÇÕES IONIZANTES
Nesta aula você verá as fontes de radiações ionizantes, conceitos e
aplicações, além de conhecer as fontes de radiação interna e
externas e suas aplicações na medicina, na indústria, no ensino e
na pesquisa.
22 minutos
INTRODUÇÃO
Caro estudante, nesta aula você aprenderá não somente conceitos novos a respeito da
física radiológica, de forma teórica, mas também vai conhecer os conceitos que serão
utilizados no seu cotidiano em um setor de imagens médicas de um hospital. Para você
que vai trabalhar com radiação ionizante, saber diferenciar fontes artificiais e naturais é
imprescindível, pois isso trará segurança para o ambiente de trabalho.
Nesta aula você verá as fontes de radiações ionizantes, conceitos e aplicações. Vai
conhecer as fontes de radiação interna e externas, além das suas aplicações na medicina,
na indústria, no ensino e na pesquisa.

DIFERENÇA ENTRE FONTES RADIOATIVAS NATURAIS E ARTIFICIAIS


As fontes naturais de radiação são aquelas não produzidas pelo homem, mas pela
natureza. São elas as radiações cósmicas e os radionuclídeos encontrados na crosta
terrestre, em solos, rochas e sedimentos.
Fontes radioativas não naturais são as produzidas pelo homem, usualmente encontradas
na área da saúde nos equipamentos de raios-X, tomografia computadorizada e
radioterapia, e na geração de energia, como no caso de usinas nucleares.
O risco de câncer proveniente dessa exposição depende da dose empregada e da duração
do tempo da exposição. Fatores como idade e sensibilidade dos tecidos também
influenciam o risco de desenvolvimento de neoplasias malignas.

Tipos de fontes radioativas e modos de exposição


Fontes radioativas consiste em um material ou corpo que tem radioatividade.
Radioatividade é a capacidade de emitir energia na forma de radiação ondulatória
(eletromagnética) ou corpuscular.
A radiação ionizante é aquela que tem energia suficiente para ionizar o meio que está
atravessando. Ionização é o processo de retirada de elétrons dos átomos do material ou
meio.
Existem diferentes tipos de fontes radioativas, seladas e não seladas, ou abertas como
emissores de radiações ionizantes artificiais, como equipamentos de raios-X e
aceleradores de partículas. Cada tipo de radiação tem diferentes tipos de aplicação, seja
na medicina, indústria, ensino ou pesquisa científica.
No caso de pesquisa relacionada com biologia utiliza-se o radioisótopo como
ferramenta de trabalho quando há necessidade de marcar uma molécula de interesse,
seja em uma reação química ou biológica.
Há inúmeros programas de pesquisa ao redor do mundo relacionados com emprego de
radioisótopos. Os estudos mais utilizados são:

 Aumento de eficiência na produção da safra.


 Produção de sementes resistentes a doenças.
 Determinação da eficiência de consumo de fertilizantes e otimização da fixação
de nitrogênio.
 Controle ou erradicação de infestações de peste por insetos.
 Melhorias da produtividade e saúde de animais domésticos.
 Preservação de alimentos.
 Estudos hidrológicos.
 Pesquisas médicas e biológicas.

Fontes seladas
Fontes seladas de materiais radioativos são elementos incorporados em uma matéria
solida ou inativa, ou ainda encapsulados e hermeticamente fechados de tal forma que
em condições normais de uso não oferecem risco para a sociedade e meio ambiente.
Logo, a fonte selada só pode ser aberta se for destruída.
Esse tipo de fonte é utilizado em diversos segmentos e técnicas:

 Técnicas radiográficas: gamagrafia industrial, radiografia beta e nêutrons.


 Técnicas de medição: medidores de densidade, espessura, umidade e nível.
 Técnicas de irradiação: esterilização de produtos clínicos, preservação de
alimentos, radioterapia e braquiterapia.
 Técnicas analíticas: análises químicas, análise de traços de elementos e análise
de minérios.
 Outras técnicas: detectores de fumaça, eliminadores de estática, para-raios,
baterias nucleares.
As fontes mais utilizadas na forma selada são:

 Fontes gama: Co-60, Cs-137, Ir-192, Ra-226.


 Fontes beta: P-32, Kr-85, Sr-90, Tl-204.
 Fontes de nêutrons: Po-210, Sb-214, Ac-227, Ra-226, Pu-239, Am-241.

Fontes de ionização: normalmente envolvendo a emissão de radiação de freamento ou


bremsstrahlung, ou emissão de partículas alfa – H-3, Ra-226, Am-241.

UTILIZAÇÃO DAS FONTES


Fontes não seladas
Fontes não seladas normalmente são empregadas como traçadores, marcando compostos
ou uma parte de um sistema. Portanto, alguns detectores de radiação sensíveis
conseguem acompanhar o traçador ou item marcado através do sistema, e conduzir os
ensaios quantitativos em uma amostra retirada para um determinado estudo.
As aplicações industriais para esse tipo de fonte incluem:

 Medidas de vazão.
 Medidas de eficiência de filtração de gases.
 Medidas de velocidade de líquidos e gases.
 Determinação do tempo de residência de líquidos ou partículas sólidas em
equipamentos.
 Detecção de vazamento.
 Avaliação de desgaste de equipamentos.

As aplicações das radiações de forma não selada são feitas na área médica, como para
avaliar o funcionamento de diversos órgãos, podendo ser usadas in vivo, administrando
um radiofármaco para examinar o paciente, ou in vitro, retirando uma amostra do
paciente e usando traçadores radioativos para análise e diagnóstico. Por fim, as fontes
não seladas também são empregadas para fins terapêuticos, como na medicina nuclear,
para tratamento de câncer na tireoide.
Radionuclídeos mais frequente utilizados em pesquisa:

 H-3: Trítio.
 C-14: Carbono.
 P-32: Fósforo.
 S-35: Enxofre.
 Kr-85: Criptônio.
 Br-82: Bromo.
 Tc-99m: Tecnécio.
 I-125: Iodo.
 I-131: Iodo.

Aparelhos de raios-X e aceleradores


Os raios X tem inúmeras aplicações, como já é sabido, principalmente na área médica.
Mas também são utilizados na indústria, com técnicas de radiografia industrial.
Técnicas analíticas de fluorescência e determinação do nível de líquidos em latas, e
técnicas de irradiação, ressaltando-se a teleterapia, que por definição é terapia a
distância, ou seja, sem contato com o elemento radioativo, é um processo de irradiação,
como no caso de tratamento de diversos tipos de câncer em radioterapia.
Os aceleradores de partículas são processos artificiais que utilizam os campos elétrico e
magnético que se propagam perpendicularmente entre si, formando as ondas
eletromagnéticas capazes de gerar feixes de partículas altamente energéticos. Como
exemplo de aceleradores de elétrons temos os aceleradores lineares, que conseguem
produzir feixes de raios X com energia e em um intervalo de 4 a 40 MeV. Esses
aceleradores lineares são utilizados na área médica, para tratamento de pacientes, mas
também na indústria e em pesquisas.
Os cíclotrons são dispositivos capazes de acelerar partículas, que são prótons, dêuterons
e partículas alfa.
A energia obtida desses processos pode alcançar níveis bastante altos, de até 15MeV,
25MeV e 50MeV, respectivamente.
Os devidos cuidados que o trabalho com fontes radioativas requer deve passar pelos três
pilares da radioproteção. Com isso, aumenta a segurança dos trabalhadores, das
instalações e das pessoas que transitam no entorno.

EFEITOS BIOLÓGICOS DA RADIAÇÃO


Efeitos biológicos das radiações não ionizantes
Radiações que não são capazes de ejetar os elétrons da camada eletrônica para os
elementos considerados (C, H, O, N) são ditas não ionizantes (no contexto biológico).
Os efeitos dessas radiações nos organismos não são menos perigosos pelo fato de não
provocarem ionizações, pois elas não atuam só em nível atômico, como acontece com
radiações ionizantes, mas também em nível molecular, como acontece com a radiação
ultravioleta (UV) quando interage com a molécula de DNA (ácido desoxirribonucléico).

Radiação ultravioleta
Os raios ultravioletas, que são emitidos pelo Sol e por lâmpadas junto com o espectro
visível, são classificados pelo seu comprimento de onda. Dentre as radiações não
ionizantes, a ultravioleta tem papel preponderante. O DNA, portador da informação
genética na célula, devido à sua estrutura molecular, absorve radiações na faixa do UV.
O máximo de absorção se dá em torno de comprimentos de onda da ordem de 260 mm
(UVC), diminuindo para comprimentos de onda maiores (UVB e UVA), sem absorção
na faixa do visível. Os raios UV interagem, portanto, diretamente com o DNA, podendo
provocar sérias alterações nos seres vivos (eritemas, bronzeamento, diminuição da
resposta imunológica, indução do câncer de pele etc.).
Os raios UVC (germicidas), os mais danosos aos seres vivos, são completamente
absorvidos na estratosfera pela camada de ozônio. Os UVB e UVA, entretanto, atingem
a superfície terrestre.
A interação com o UVB e UVA tem também consequências benéficas e mesmo
essenciais à sobrevivência, tais como a síntese da provitamina D e a prevenção de
distúrbios no metabolismo do cálcio e fósforo, que podem gerar má formação óssea e
redução na defesa do organismo.
A maior parte dos danos induzidos por radiação impede a transcrição da informação
genética no RNA mensageiro e bloqueia a replicação semiconservativa. Em células
desprovidas de qualquer mecanismo de reparação das lesões um único dano no DNA
pode acarretar a inativação celular. Os principais produtos gerados pelo UVC a partir de
sua interação com o DNA são os dímeros de pirimidinas (especialmente de timina),
hidratos de bases pirimidínicas, ligações cruzadas entre bases pirimidínicas e
aminoácidos. Os produtos da interação com o UV longo (UVA e UVB) são análogos aos
causados pelas radiações ionizantes e germicidas, embora com eficiências diferentes e
através de mecanismos distintos. Assim, dímeros de pirimidinas, timina-glicóis e roturas
de cadeia polinucleotídicas são observadas em preparações de DNA expostas ao UV
longo.
As roturas no DNA são dependentes de oxigênio e mediadas por oxidações induzidas
por fótons que conduzem a formação de espécies ativadas de oxigênio (OH·, peróxido
de hidrogênio e oxigênio singleto) verdadeiras responsáveis pela quebra da cadeia.
Portanto, a energia transferida pelo UV longo na célula ocasiona formação de radicais
livres, espécies químicas altamente reativas, e excitações moleculares, que
posteriormente reagem quimicamente no meio.
Reações de fotoadição também podem ser promovidas pelo UV longo, entre elas são
importantes as que ocorrem com as furocumarinas. Estas, quando expostas a radiações
de comprimento de onda entre 320nm e 380nm interagem com ácidos nucléicos ou com
proteínas, causando eritemas, pigmentação da pele, a inibição da biossíntese de
macromoléculas, a inativação celular e a mutagênese.
Os cuidados com as radiações solares são de suma importância na prevenção de doenças
como o câncer de pele (não melanoma). Deve-se evitar os raios solares entre 10:00 h e
16:00 h ou, caso inevitável, utilizar protetor solar com fator de proteção elevada e agir
com cuidado ao manusear frutas como o limão e figo (que contém furocumarinas) sob o
Sol pois podem ocorrer queimaduras gravíssimas e até fatais.

VIDEOAULA
Neste vídeo abordaremos assuntos de extrema importância para a sua vivência em um
ambiente hospitalar. Saiba diferenciar os tipos de radiação, como são as fontes
radioativas empregadas na área do radiodiagnóstico, os conceitos e aplicações das
fontes seladas e não seladas, e compreenda os benefícios e malefícios da radiação
ionizante. Isso trará segurança para você, pacientes e profissionais do setor.

Videoaula

Saiba mais
Prezado estudante, chegou a hora de conhecer um pouco mais sobre os efeitos
biológicos causados através da radiação.
O artigo: Uma síntese sobre os efeitos biológicos da radiação ionizante e o papel da
alanina utilizada para dosagem de radiações, aborda um levantamento teórico a
respeito das propriedades da alanina utilizada para dosagem de radiação e os efeitos
biológicos causados para os complexos biológicos.
Link: https://www.redalyc.org/pdf/500/50021097016.pdf.
Aula 4
EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE
Nesta aula, você vai aprender que para trabalhar com radiação
ionizante, é importante conhecer o funcionamento da exposição a
radiações ionizantes e suas consequências, e outras informações.
21 minutos
INTRODUÇÃO
Caro estudante, nesta aula você aprenderá não somente conceitos novos a respeito da
física radiológica, de forma teórica, mas também vai conhecer os conceitos que serão
utilizados no seu cotidiano em um setor de imagens médicas de um hospital. Para você
que vai trabalhar com radiação ionizante, conhecer o funcionamento da exposição a
radiações ionizantes e suas consequências, saber diferenciar o conceito de irradiação e
contaminação (que ainda causa dúvidas até mesmo nos profissionais de radiologia) e
saber como ocorre o controle ambiental fará de você um profissional diferenciado no
mercado de trabalho. Bons estudos!

CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO


Os materiais radioativos e a radioatividade existem no espaço sideral desde a origem do
universo, e têm sido utilizados pelo homem desde o século XIX. Radiação é a
propagação de energia na forma de ondas eletromagnéticas ou partículas. Por sua vez,
as ondas eletromagnéticas são uma forma de energia composta por campos elétricos e
magnéticos, que mudam e oscilam em planos perpendiculares entre si e podem se
propagar no espaço. No vácuo, sua velocidade de propagação é de 300 mil quilômetros
por segundo.
Ao compreender o poder e as consequências da radiação ionizante, ações de proteção
radiológica podem ser realizadas em diferentes setores, a fim de garantir a saúde e o
bem-estar de cada pessoa envolvida, seja no tratamento ou no diagnóstico. Desde a
descoberta da radiação, as pesquisas forneceram dados e um vasto conhecimento a
respeito dos mecanismos biológicos da radiação e de como afetam a saúde. Isso
contribuiu para apoiar a pesquisa que trata da proteção radiológica.
A radiação ionizante tem energia suficiente para remover elétrons dos átomos e então
gerar íons, ou radicais livres. As fontes naturais de radiação ionizante são os raios
cósmicos e radionuclídeos da crosta terrestre, que existem em locais como solo, rochas,
materiais de construção, água potável e o corpo humano.
Em relação à exposição à radiação de fontes naturais, vale destacar o radônio. É um gás
natural sem cheiro, cor ou sabor, muitas vezes concentrado em ambientes fechados
como minas subterrâneas, residências ou locais de trabalho. Quando inalado, ele se
deposita no trato respiratório, e está associado ao câncer de pulmão, perdendo apenas
para o tabagismo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). A forma de evitar a
inalação desse gás é manter o ambiente ventilado, diminuindo concentração do gás no
ambiente.
Fontes que não são naturais, aquelas produzidas pelo homem, são radiações ionizantes,
normalmente encontradas na área médica e utilizadas em equipamentos de raios-X,
tomografia computadorizada e densitometria óssea, e no tratamento de câncer, como no
caso da radioterapia.
O risco de câncer decorrente da exposição à radiação ionizante depende de alguns
fatores, como a dose empregada, o tempo de exposição, a idade de exposição e a
sensibilidade do tecido aos efeitos carcinogênicos da radiação.

Tipos de exposição
 No trabalho: indivíduos (instituições médicas ou laboratórios) trabalhando em
torno da indústria nuclear ou equipamentos de radiação; trabalhadores
subterrâneos em minas hematita (por causa da exposição ao radônio).
 Meio ambiente: todos estamos expostos a diferentes intensidades de radiação,
incluindo radiação de fontes naturais ou artificiais.

Efeitos causados na saúde


 Efeitos agudos: queimaduras na pele, perda de cabelo, fraqueza, náusea.
Pacientes submetidos a tratamento de radioterapia normalmente apresentam
efeitos agudos, por causa das altas doses de exposição.
 Efeitos crônicos: alterações causadas no DNA devido à radiação.

Tipos de radiação comparados aos tipos de canceres


desenvolvidos
 Raios X e raios gama: câncer de glândula salivar, cólon, pulmão, ossos,
estômago, pele, rim, bexiga, sistema nervoso central (SNC), leucemia e tireoide.
 Partículas alfa: câncer de pulmão e leucemia.
 Partículas beta: câncer nos ossos, sarcoma, leucemia, tireoide e glândula
salivar.

Condutas de segurança
Recomenda-se planejar corretamente as atividades no ambiente de trabalho para reduzir
as doses pessoais, o número de pessoas expostas e a possibilidade de exposição
acidental. Todos os trabalhadores devem utilizar equipamentos de proteção individual e
coletiva (EPI e EPC).

CONTAMINAÇÃO VERSUS IRRADIAÇÃO


A diferença entre contaminação radioativa e irradiação radioativa ainda causa dúvida
entre as pessoas e até mesmo entre os profissionais da radiologia. A contaminação
ocorre quando um indivíduo ou objeto entra em contato direto com o elemento
radioativo. Já a irradiação ocorre quando há uma certa distância entre o indivíduo ou
objeto da fonte radioativa, portanto, não há contato direto, somente exposição à
radiação. Um indivíduo ou objeto contaminado é um caso muito mais grave que um
indivíduo irradiado, pois a contaminação coloca outras pessoas e o meio ambiente em
risco. Quando ocorre a irradiação, somente o indivíduo irradiado sofre os danos da
radiação ionizante.
Há três tipos de irradiação:

 Exposição única.
 Exposição fracionada.
 Exposição periódica.

A exposição única ocorre normalmente em exames radiológicos, por exemplo, um


paciente submetido a exame de raios X ou tomografia computadorizada.
Exposições fracionadas são frações de irradiações divididas em seções, como no caso de
tratamentos de câncer em radioterapia.
As exposições periódicas acontecem nas rotinas de trabalho, por exemplo, em
exposições em instalações nucleares ou no trabalho com materiais radioativos, como na
medicina nuclear.
A maioria das práticas de radiação ionizante envolve fótons de fontes de radiação gama
ou geradores de raios X. É o que acontece em radiodiagnóstico, radioterapia, radiografia
industrial e medição de nível e densidade.
Nas instalações nucleares – mais precisamente em seus reatores – além dos fótons
ocorrem fluxos de nêutrons produzidos na fissão de elementos combustíveis que
chegam à área de manutenção e operação da máquina. Alguns medidores de densidade e
instrumentos de exploração de petróleo usam fontes e geradores de nêutrons.
Os principais representantes dos feixes de partículas carregadas são aceleradores
lineares de elétrons, cíclotrons com feixes de prótons e radionuclídeos que emitem β e
α. Os fótons e nêutrons constituem a radiação mais penetrante, e podem causar diversos
danos biológicos dependendo da taxa de dose, energia e tipo de radiação.
A radiação alfa tem um poder de ionização bastante alto, porém pouco alcance no tecido
humano. O grande problema desse tipo de radiação é se inalado ou ingerido, quando
pode causar no sistema respiratório ou digestivo um dano biológico vinte vezes maior
que radiações gama, X ou beta.
A proteção radiológica não prevê somente otimizar protocolos que previnem o ser
humano dos possíveis riscos biológicos causados pelas radiações ionizantes. O meio
ambiente também não pode sofrer danos causados pelos elementos radioativos.
Em uma instalação nuclear é feita uma análise por meio de um programa que faz um
monitoramento, realizado em duas fases. Uma ocorre dentro do estabelecimento e outra,
no exterior. Os procedimentos abordados podem variar em determinadas instalações.
Isso ocorre pois, além das inúmeras variações determinadas de acordo com as diferentes
localizações ou ambiente de cada instalação, os monitoramentos são realizados com
intuitos diferentes, devido a diversos graus de importância do estabelecimento. Cada
estabelecimento tem um foco de aplicação, e isso diverge de inúmeras formas. São
várias as especificações dos tipos de radiações, frequências de medidas, procedimentos
de amostragem, tipos de análises laboratoriais e testes estatísticos, entre outros. A última
etapa do procedimento é avaliar e estimar a dose equivalente e a comparação com os
limites máximos aceitos e recomendados pelas normas de radioproteção.

UTILIZAÇÃO E EXPOSIÇÃO A RADIAÇÕES


A radiação ionizante é empregada em maior frequência no setor de saúde e, como
consequência disso, são locais em que ocorrem os maiores níveis de exposição em
termos de dose coletiva. Porém, são também os lugares em que são realizadas as
pesquisas visando utilizar a técnica em benefício da população. O intuito é proporcionar
o maior benefício possível.
Embora muitos órgãos do governo difundam tópicos relacionados à radioproteção, os
efeitos maléficos produzidos quando se ultrapassam os limites permitidos ainda é um
assunto de pouco conhecimento para a população em geral e até mesmo para os
profissionais da área.
De acordo com o Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), 80% dos trabalhadores
que lidam com fontes radioativas trabalham no setor de saúde (AZEVEDO, [s. d.]).
Portanto, há a necessidade de os órgãos de vigilância seguirem a otimização de
protocolos, visando à proteção e ao conhecimento do assunto para os profissionais da
área.

As consequências na saúde
Quando aplicada em pequenas doses e em longos períodos, a radiação dificilmente irá
causar danos biológicos, colocando assim em risco a saúde do indivíduo. Como se trata
de eventos probabilísticos em baixas doses, quanto menor a frequência de exposição,
menor será a probabilidade de danos futuros.
Nosso corpo tem mecanismos de defesa que substituem as células que sofreram os
danos, contudo o número de células não deve ser extremamente alto, pois dependendo
do tecido ou órgão ele poderá perder a sua funcionalidade, dependendo do nível de
mortes celulares locais.
Normalmente, quando aplicada em pequenas doses, a radiação ionizante é eficaz no
diagnóstico e tratamento de doenças.
As radiações causam mudanças nas propriedades das células como cargas elétricas nos
elementos celulares e suas consequências irão depender da dose empregada, do tempo
de exposição e a região do corpo atingida.
Quanto maior a diferenciação celular, ou seja, locais onde há maior proliferação e troca
celular (cabelo, unha, papila gustativa, medula óssea) que estão em constante
proliferação, são mais sensíveis a radiação. Sendo assim, sofrem mais severamente e
mais rapidamente os danos causados pela radiação ionizante. Já células que não se
proliferam muito, ou que não se proliferam (como no caso dos neurônios) são menos
sensíveis a radiação. Portanto, sofrerá os danos da radiação em doses mais altas, ou
longos períodos através do tempo de exposição. Devido a esse fator, foi que a
radioterapia teve um avanço tão grande no tratamento de câncer. Como as células
cancerígenas não tem mecanismos de reparo, elas se multiplicam de forma desordenada
e extremamente rápida, sendo assim, mais sensíveis a radiação ionizante. Em um
tratamento com radiação ionizante, as células cancerosas irão morrer mais rapidamente
do que as células saudáveis do organismo. Graças as radiossensibilidade dos diferentes
tecidos a radiação, foi que tivemos esse avanço tecnológico no tratamento de neoplasias
malignas.

VIDEOAULA
O vídeo aborda assuntos de extrema importância para a sua vivência em um ambiente
hospitalar. Conhecer os tipos de exposições das radiações ionizantes, saber diferenciar
irradiação de contaminação – um assunto que causa dúvidas até mesmo aos
profissionais em radiologia – e conhecer os controles ambientais, tornará você um
profissional com um nível diferenciado de conhecimento.

Videoaula

Saiba mais
Caro estudante, para enobrecer seu conhecimento, segue indicação de leitura de um
artigo: Avaliação do conhecimento de médicos não radiologistas sobre aspectos
relacionados à radiação ionizante em exames de imagem.
O objetivo deste artigo é avaliar o conhecimento dos médicos não radiologistas sobre a
utilização da radiação ionizante em exames de imagem.
Link: https://www.scielo.br/j/rb/a/Wz3CbzFdLMzPpRn33zD4V3p/?
lang=pt&format=html.
REFERÊNCIAS
3 minutos
Aula 1
BUSHONG, S. C. Ciência Radiológica para Tecnólogos: curso de física, biologia e
proteção. Houston, Texas: Professor Of Radiology Center, 2008. 1580 p.
OKUNO, E.; YOSHIMURA, E. Física das Radiações. São Paulo: Editora de Oficina e
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SANTIAGO, A. Efeitos da radiação no corpo humano. Radioproteção na prática, [s.
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Portaria SVS/MS nº 453, de 1 de junho de 1998. Vigilância Sanitária. Disponível
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TAUHATA, L.; SALATI, I.; PRINZIO, R. di; PRINZIO, A. R. di. Radioproteção e
Dosimetria: Fundamentos. 2014. Curso de Radioproteção e Dosimetria, Instituto de
Radioproteção e Dosimetria Comissão de Energia Nuclear do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2014. 372 f.
Aula 2
BUSHONG, S. C. Ciência Radiológica para Tecnólogos: curso de física, biologia e
proteção. Houston, Texas: Professor Of Radiology Center, 2008. 1580 p.
MUNIZ, S. R. Constituintes do átomo – O elétron. Estrutura da Matéria, curso de
Licenciatura em Ciências, USP, 2014. Disponível
em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/179954/mod_resource/content/0/
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OKUNO, E.; YOSHIMURA, E. Física das Radiações. São Paulo: Editora de Oficina e
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TAUHATA, L.; SALATI, I.; PRINZIO, R. di; PRINZIO, A. R. di. Radioproteção e
Dosimetria: Fundamentos. 2014. Curso de Radioproteção e Dosimetria, Instituto de
Radioproteção e Dosimetria Comissão de Energia Nuclear do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2014. 372 f.

Aula 3
BUSHONG, S. C. Ciência Radiológica para Tecnólogos: curso de física, biologia e
proteção. Houston, Texas: Professor Of Radiology Center, 2008. 1580 p.
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TAUHATA, L.; SALATI, I.; PRINZIO, R. di; PRINZIO, A. R. di. Radioproteção e
Dosimetria: Fundamentos. 2014. Curso de Radioproteção e Dosimetria, Instituto de
Radioproteção e Dosimetria Comissão de Energia Nuclear do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2014. 372 f.

Aula 4
AZEVEDO, A. C. P. Radioproteção em Serviços de Saúde, FIOCRUZ Escola
Nacional de Saúde Pública – CESTH e Programa de Radioproteção e Dosimetria.
Disponível em: http://www.fiocruz.br/biossegurancahospitalar/dados/material10.pdf .1
p.
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Textos, 2010. 296 p.
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Dosimetria: Fundamentos. 2014. Curso de Radioproteção e Dosimetria, Instituto de
Radioproteção e Dosimetria Comissão de Energia Nuclear do Rio de Janeiro, Rio de
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