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A-AA+

 Radiação e radioatividade

 Aula 1 - Introdução à radioatividade

23 minutos

 Aula 2 - Radioatividade natural e artificial

21 minutos

 Aula 3 - O que é radiação ionizante

22 minutos

 Aula 4 - Benefícios e riscos da radiação ionizante

23 minutos

 Referências

4 minutos

Aula 1
INTRODUÇÃO À RADIOATIVIDADE
Para você que vai trabalhar com radiação ionizante, conhecer o
histórico dos raios X, quem descobriu a radioatividade, e como
eram os primeiros modelos atômicos é muito importante.
23 minutos
INTRODUÇÃO
Prezado estudante, esta aula servirá para que você aprenda não somente conceitos novos
sobre física radiológica apenas de forma teórica, mas para estudar os conceitos que
ajudarão no seu cotidiano em um setor de imagens médicas de um hospital. Para você
que vai trabalhar com radiação ionizante, conhecer o histórico dos raios X, quem
descobriu a radioatividade, e como eram os primeiros modelos atômicos é muito
importante. Isso porque, além de facilitar a compreensão de muitas unidades de medidas
– que foram nomeadas devido aos seus descobridores –, fará com que você estude com
mais facilidade, pois entenderá o processo como um todo. Portanto, esta aula é essencial
para sua formação.

MODELOS ATÔMICOS
Em meados de 1896, um cientista francês chamado Henri Becquerel descobriu a
radioatividade, estudando a fosforescência natural das substâncias químicas. Nesse
experimento, utilizou amostras que continham urânio em sua composição, e observou
que as emissões radioativas ocorriam de forma espontânea. Contudo, diversos estudos
foram realizados antes e depois da descoberta de Henri Becquerel, e foram de extrema
importância para que chegássemos aos conhecimentos atuais a respeito da
radioatividade.
Estudos feitos durante o final do século XIX e início do século XX foram responsáveis
pelo avanço das descobertas das estruturas atômicas.
O modelo atômico de Rutherford-Borh foi o que melhor ilustrou o real comportamento
atômico, por meio da descoberta dos elétrons, prótons e nêutrons.
Antes do conhecimento atômico de Rutherford-Borh, tivemos inúmeros outros
cientistas que tentaram descrever a estrutura atômica.
Em 1808, o cientista John Dalton postulou que toda matéria existente era constituída por
átomos – palavra que deriva do latim: a indica negação, e tomos significa divisão; logo,
átomo é algo “sem divisão”. Portanto, para Dalton o átomo era uma bola maciça,
indivisível, impermeável e indestrutível. Também acrescentou em seu postulado que
todos os átomos de um elemento químico específico eram idênticos, tendo o mesmo
número de massa, tamanho e propriedades químicas. E que em um processo de reação
química, o que ocorre é a separação, combinação ou novo arranjo de átomos, mas nunca
poderá ocorrer a sua destruição. O modelo atômico de Dalton ficou conhecido como
“bola de bilhar”, como mostra a Figura 1:

Figura 1 | Modelo atômico de Dalton (bola de bilhar)

Fonte: Wikipedia.

Já em 1897, J. J. Thompson, por meio de experimentos com a natureza elétrica da


matéria, postulou que toda matéria era composta por cargas elétricas (positivas e
negativas) e, dessa forma, modificou o conceito do modelo atômico. O modelo atômico
de Thompson ficou conhecido como “pudim de passas”, pois, para ele, o átomo era algo
cilíndrico e fluido, com prótons e elétrons dispersos dentro desse átomo. Cabe ressaltar
que para ele o número de elétrons e prótons tinham que ser o mesmo para que o átomo
fosse eletricamente neutro. O modelo atômico de Thompson é demonstrado na Figura 2:

Figura 2 | Modelo atômico de Thompson


Fonte: Brasil Escola ([s. d.], [s. p.]).

Alguns anos depois, Rutherford fez um experimento bombardeando uma fina lâmina de
ouro com raios alfa. Durante esse experimento ele analisou que os raios não desviavam,
portanto isso significava que o átomo do material bombardeado não poderia ser maciço
e positivo; muito pelo contrário, ele deveria ser um imenso vazio. Portanto, Rutherford
pensou que como grande parte dos raios passavam direto pela lâmina de ouro, e
somente pouca parte desses raios sofriam desvios, era devido à grande massa do átomo
estar contida em uma pequena região, e não em seu todo. Foi então que ele deu o nome
de núcleo ao local em que se encontravam as partículas positivas, denominadas prótons.
Também verificou que o átomo tinha uma grande eletrosfera, na qual ficavam as
partículas negativas (elétrons), e que estas giravam em volta do núcleo, à semelhança do
sistema planetário. A Figura 3 ilustra esse modelo:

Figura 3 | Modelo atômico de Rutherford


Fonte: Wikipedia.

MODELO ATÔMICO DE RUTHERFORD-BORH E RADIOATIVIDADE


Com a descoberta de Rutherford, sabemos que o estudo avançou quanto à semelhança
que temos hoje a respeito do conceito de um átomo. Contudo, alguns anos depois,
tivemos o postulado de Rutherford-Borh, que resolveu algumas dúvidas geradas com o
postulado de Rutherford. Niels Borh foi um físico dinamarquês que realizou seus
experimentos seguindo a linha de pensamento de Ernest Rutherford. Um dos
questionamentos era: se o núcleo é constituído apenas de partículas positivas e os
elétrons circundam esse núcleo, tendo cargas negativas, como não ocorria o processo de
atração das cargas? Por que os elétrons não se chocariam com os prótons?
O postulado Rutherford-Borh respondeu que, no átomo, os elétrons ficam em estados de
energia definidos e estacionários, e cada elétron ligado à sua camada possui uma energia
fixa e determinada.
Os cientistas notaram também que quando um átomo está com seus elétrons em suas
camadas definidas e preenchidas, não emitiam luz. Contudo, quando os elétrons
passavam de um estado maior de energia para um de menor energia, ocorria a emissão
de luz.
Esse postulado determinou que os átomos tinham camadas nas quais os elétrons ficavam
fixos determinados pelas suas energias (camadas K, L, M, N, O, P, Q). Outro ponto
notado é que os elétrons não circundam o núcleo em formato de esfera, mas em formato
elíptico, como mostra a Figura 4:

Figura 4 | Modelo atômico de Rutherford-Bohr

Fonte: Pixabay.

Descoberta da radioatividade
Os raios X são ondas eletromagnéticas com frequência superior à radiação ultravioleta –
portanto, na ordem de 1018 Hz. Quem descobriu os raios X foi um físico alemão
chamado Wilheelm Conrad Röntgen (1845-1923) em 1895. Essa descoberta rendeu ao
físico o prêmio Nobel em 1901.
A descoberta ocorreu durante um experimento de luminescência através de raios
catódicos em um tubo, chamado de “tubo de Crookes”, em homenagem a William
Crookes, o responsável por realizar o experimento com um tubo a vácuo alimentado por
corrente elétrica. Ele descobriu que se aplicar um campo magnético fora dessa ampola,
os feixes sofriam uma mudança em sua trajetória. Logo, se o feixe desviava para o lado
positivo do campo, era um feixe constituído por cargas negativas, devido à atração das
cargas. O tubo de Crookes é mostrado na Figura 5:

Figura 5 | Tubo de Crookes

Fonte: Muniz (2014, p. 2).

Esse tubo era uma ampola de raios X muito primitiva, de vidro e a vácuo, com um
cátodo que emite os elétrons que ganharão energia cinética e colidirão com o alvo,
denominado ânodo. A luminescência surge quando os elétrons são submetidos a uma
grande diferença de potencial.
Portanto, durante um experimento com tubo de Crookes, Röntgen analisava a condução
da eletricidade por esse tubo. No decorrer do experimento, seu ajudante lhe chamou a
atenção, dizendo para o professor olhar para a tela.
Nas proximidades do tubo, havia uma tela coberta com platinocianeto de bário, na qual
se projetava uma leve luminosidade, resultando na fluorescência do material. Nesse
momento ele girou a tela e colocou sua mão entre o fluxo luminoso e a tela, e viu seus
ossos projetados. Assim, Röntgen viu, pela primeira vez, o que futuramente seria
chamado de raio-X.

RADIOATIVIDADE
A radiação nada mais é do que energia (eletromagnética ou corpuscular) em trânsito,
assim como calor é energia térmica em trânsito. A luz visível é uma radiação que
vemos, portanto, ela é visível. O calor é uma radiação que sentimos, portanto, é
sensível. Já a radiação X, ou gama, é uma forma de radiação que não são visíveis nem
sensíveis instantaneamente.
A ampola de raios X, também denominada tubo de Coolidge, é uma válvula
termoiônica, cuja principal função é a produção de feixes de raios X. Essa ampola pode
ser de vidro ou metal. Em seu interior a vácuo, encontramos um cátodo e um ânodo,
como mostra a Figura 6:

Figura 6 | Ampola de raios X ou tubo de Coolidge para raio X


Fonte: Tauhata; Salati; Prinzio e Prinzio (2014).

Esse esquema relata como é o funcionamento do tubo para que ocorra a produção dos
raios X que serão utilizados no exame. Esse tubo é alimentado por uma fonte elétrica,
que causará um efeito Joule em um filamento chamado de cátodo. Esse filamento sofre
um processo de aquecimento e, em um certo nível de calor, ocorre o processo
termoiônico, quando ocorrerá a saída dos elétrons, os quais serão acelerados devido à
diferença de potencial (ddp), em direção ao ânodo (alvo). Como o ânodo normalmente
tem uma angulação, o feixe de raios X sairá em direção à janela do tubo.
No ano de 1896, o químico de francês Antoine Henri Becquerel estudou a
fosforescência natural dos elementos, já com a hipótese desse fenômeno estar ligado a
raios X. Ele notou que uma determinada substância poderia emitir radiação de forma
espontânea, sem que tivesse absorvido raios solares. Nesse experimento ele utilizou sais
de urânio: colocava-os próximos de uma placa fotográfica e na ausência de luz, e
sensibilizava essa imagem fotográfica, deixando-a escura. Essas emissões foram
nomeadas raios de Becquerel, e futuramente seriam chamadas de emissões radioativas.
Em meados de 1897, a física polonesa Marie Sklodowska Curie decidiu analisar em seu
laboratório os raios de Becquerel. Em seus experimentos, houve a confirmação de que
todos os sais que ela utilizou forneceram o mesmo resultado que Becquerel tinha obtido.
Percebeu também que isso se dava por uma propriedade em comum aos sais analisados:
todos continham urânio em sua composição.
Em 1898 as investigações da Marie Curie confirmaram que todos os sais produziam o
mesmo resultado, pois se tratava de uma propriedade do elemento comum a todos eles,
o urânio. Nesse momento, Marie Curi e seu marido, Pierre Curie, iniciaram trabalhos
com tentativas de isolar o urânio do minério, o pechblenda. Durante os experimentos,
eles descobriram dois novos elementos radioativos e superiores em grau de
radioatividade do que até então era conhecido. Com a descoberta do rádio e do polônio,
Marie Curie foi laureada com dois prêmios Nobel, no ano de 1911.
No ano de 1898, Rutherford descobriu as radiações alfa e beta durante seus
experimentos com materiais radioativos e uma tela fluorescente. Ele fez um
experimento com radiação em que submetia os raios a um campo magnético, assim, as
partículas com cargas negativas desviavam para o polo positivo, e as partículas com
cargas positivas desviavam em direção ao polo negativo, e assim foi feita a descoberta
das partículas alfa e beta.

VIDEOAULA
Se a área de radiologia encanta você, este vídeo será interessante. Nesta aula
abordaremos conceitos importantes para a sua formação. Conhecer o histórico dos raios
X, quem descobriu a radioatividade, e como eram os primeiros modelos atômicos é
muito importante para a sua formação. Isso porque, além de facilitar a compreensão de
muitas unidades de medidas, que foram nomeadas devido aos seus descobridores, fará
com que você estude com mais facilidade, pois entenderá o processo como um todo.

Saiba mais
Você que ficou entusiasmado com o conteúdo dessa aula e queira aprofundar mais seus
conhecimentos na área de radiologia, tenho uma ótima notícia. Há inúmeros livros de
física, e artigos com esta abordagem, para compreender um pouco mais indico o artigo:
Marcos da história da radioatividade e tendencias atuais.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/qn/a/c4djyQQXBCLfrZNfFNWB7nC/?format=pdf&lang=pt.
Aula 2
RADIOATIVIDADE NATURAL E ARTIFICIAL
Nesta aula você conhecerá as fontes de radiações ionizantes,
conceitos e aplicações, além das fontes de radiação naturais e
artificiais e sua aplicação.
21 minutos
INTRODUÇÃO
Caro estudante, o objetivo desta aula é que você aprenda não somente conceitos novos
de física radiológica de forma teórica, mas que estude os conceitos que servirão no seu
cotidiano em um setor de imagens médicas de um hospital. Para você que vai trabalhar
com radiação ionizante, saber diferenciar tipos de radiação é imprescindível, pois isso
acarretará sua própria segurança no ambiente de trabalho. Nesta aula você conhecerá as
fontes de radiações ionizantes, conceitos e aplicações, além das fontes de radiação
naturais e artificiais e sua aplicação na medicina, na indústria, no ensino e na pesquisa.

RADIOATIVIDADE
Prezado estudante, para abordar este tema é importante ressaltar que os primórdios da
radioatividade ocorreram em meados de 1895, acidentalmente, através dos
experimentos de Roentgen. Posterior a sua descoberta, outras personalidades renomadas
da Física, deram sequência e andamento aos experimentos realizados por Roentgen,
confirmando as propriedades dos elementos naturais e artificiais, conforme já vimos.
Para uma melhor compreensão, devemos saber que ser dividida em duas formas:

 Espontânea ou natural: como o próprio nome já diz; este tipo de radiação é


proveniente da natureza, como por exemplo os minerais, radiação solar, radiação
cósmica, entre outras localizadas na tabela periódica (Figura 1) e no espectro
eletromagnético (Figura 2).
 Induzida ou artificial: são as radiações desenvolvidas pelo homem, provocadas
por transformações nucleares de forma artificial, como por exemplo os reatores
nucleares.

Figura 1 | Tabela periódica


Fonte: Wikimedia Commons.

Ao analisarmos a Figura 1, conseguimos verificar que os elementos são subdivididos


em categorias, e estes por sua vez são classificados mediante ao seu grau de
radioatividade através de seu número atômico, localizado na parte superior da letra
indicativa do elemento químico, desta forma conseguimos identificar através de cores
distintas, os elementos: não metais, gases nobres, metais alcalinos, metais alcalinos
terrosos, semimetais, halogênios, outros metais, metais de transição, lantanídeos e os
actinídeos.
Figura 2 | Espectro eletromagnético

Fonte: Wikimedia Commons.

Na Figura 2 como podemos observar, o Espectro eletromagnético, ilustra de forma


simples e clara através de seu gráfico os níveis de radiação e seu alcance, conceituando
os tipos de radiações existentes, desta forma podemos observar as radiações ionizantes e
não ionizantes, e o seu nível radioativo, classificando-os através dos raios gama, raios x,
radiação ultravioleta (UV), raios infravermelhos, as micro-ondas, e as ondas de rádio
longa. Nas próximas aulas abordaremos o espectro eletromagnético mais
detalhadamente.
A radioatividade ocorre em elementos químicos instáveis, que, por isso, emitem o
excesso dessa energia em forma de partículas ou ondas eletromagnéticas – ou seja,
emitem radiação. Esse processo de emissão de radiação pode acontecer de forma natural
ou artificial. Essa radiação emitida tem energia de penetração muito alta, portanto
atravessa corpos/objetos, produz fluorescência, causa ionização em gases e pode
sensibilizar filmes fotográficos.
A emissão de energia de núcleos instáveis ocorre em núcleos atômicos com excesso de
energia armazenada. No processo natural, as principais formas de emissão se dão por
partículas alfa, beta e gama. Muito do avanço da área médica ocorreu devido à
descoberta das radiações ionizantes, portanto, os protocolos de proteção radiológica
devem estar em constante atualização, pois a radiação causa danos biológicos. Trabalhar
com material radioativo de forma errônea pode causar acidentes e problemas de saúde.

RADIOATIVIDADE NATURAL E ARTIFICIAL


A radioatividade de acordo com a tabela periódica
Os elementos da tabela periódica são dispostos de forma sistêmica; são 118 elementos
químicos, cujos números atômicos são colocados em ordem crescente. Um elemento
químico é considerado portador de radioatividade quando seus núcleos são instáveis e
emitem partículas (alfa e beta) e ondas eletromagnéticas (raios gama). Esse processo de
decaimento radioativo ocorre de forma espontânea nesse tipo de elemento.
Os elementos químicos, em sua totalidade, apresentam isótopos – átomos com o mesmo
número atômico, diferindo apenas em número de massa; logo, ocupam o mesmo lugar
na tabela periódica. Por exemplo, o H-1 (hidrogênio), H-2 (deutério) e H-3 (trítio) são
isótopos do elemento hidrogênio. Se o número atômico desses isótopos for igual ou
superior a 84, é bem provável que todos os isótopos sejam radioativos, sendo, assim, um
elemento instável.

Diferença entre radioatividade natural e artificial


Radioatividade natural
O efeito da radioatividade de forma natural ocorre espontaneamente em alguns
elementos dispostos na natureza que emitem partículas ou ondas de seu núcleo instável
– alfa (α), beta (β) e gama (γ).
A descoberta ocorreu no ano de 1896 quando o físico Becquerel (1852-1908) e o casal
de cientistas Marie Curie (1867-1934) e Pierre Curie (1859-1906) começaram a estudar
alguns minérios que tinham em sua composição o elemento urânio e que emitiam raios
que sensibilizavam telas fotográficas. Eles perceberam essa sensibilização em todos os
minérios que estavam utilizando no laboratório, e na tentativa de buscar explicação,
viram que todas as substâncias continham o elemento urânio. Logo, chegaram à
conclusão de que esse elemento era o responsável pelos raios emitidos e que esses raios
sensibilizavam a tela radiográfica. A propriedade do urânio ao emitir raios foi
denominada radioatividade.
No ano de 1900, de forma independente, porém quase simultaneamente, Ernest
Rutherford (1871-1937) e Pierre Curie (1859-1906) conseguiram notar de maneira
experimental as partículas alfa e beta sendo emitidas pelo núcleo de elementos instáveis,
então, radioativos. No mesmo ano, o físico Paul Ulrich Villard (1860-1934) descobriu
os raios gama.
Uma das aplicações de isótopos radioativos naturais é o método de datação de fósseis,
obras de arte e esculturas por meio do carbono-14, que mostra a idade com precisão.

Radioatividade artificial
A radioatividade artificial está relacionada com o bombardeamento de átomos por
partículas aceleradas (dêuteron, pósitron, nêutron, próton, alfa, beta). Esse processo não
ocorre naturalmente; é realizado em laboratórios por meio de aceleradores como
cíclotron. O produto do bombardeamento pode ser um isótopo natural ou artificial.
A filha de Marie Curie, Irène-Curie (1897-1956) junto com seu marido Frédéric Joliot
Curie (1900-1958) descobriram o primeiro isótopo radioativo produzido de forma
artificial. Eles utilizaram como experimento o bombardeamento em uma placa de
alumínio-27 com partículas alfa. Dessa forma, tiveram como resultado o fósforo-30, que
é um isótopo radioativo artificial, como mostra a equação a seguir:

�1327�+�24→�1530+�01

(Eq. 1).

FONTES RADIOATIVAS
As fontes radioativas artificiais são empregadas em larga escala na medicina. Esse tipo
de fonte está no aparelho de raios-X, no mamógrafo, no tomógrafo e no equipamento de
densitometria óssea. Foram utilizadas antigamente para o tratamento de câncer em
radioterapia – como o cobalto-60 – mas foram substituídas pelos aceleradores lineares
(fonte artificial de radiação). Na medicina nuclear utiliza-se muito fontes radioativas
naturais e não seladas, como o iodo, o tecnécio e o irídio.
A utilização da radiação ionizante na medicina, embora tenha acarretado inúmeros
avanços no diagnóstico e tratamento, ainda gera muitas dúvidas.
As principais dúvidas se resumem aos efeitos da radiação ionizante. Na área hospitalar
os efeitos da radiação são probabilísticos, pois os níveis de energia empregados na área
do radiodiagnóstico não trabalham no limiar de dose – portanto, de acordo com a faixa
de energia, o efeito que ocorre é estocástico. Logo, quando se aplica a radiação
ionizante na área médica, é preciso se atentar aos três princípios básicos da proteção
radiológica:

 Justificação: nenhuma prática deve ser autorizada a menos que produza


benefício, tanto para o indivíduo quanto para a sociedade.
 Otimização: implica que as exposições devem manter o nível de radiação o
mais baixo possível (respeitando sempre o princípio ALARA, que traduzindo do
inglês significa que a dose deve ser tão baixa quanto razoavelmente exequível).
Quando possível, otimizar as técnicas para que a dose sempre seja mínima.
 Limitação de doses individuais: as doses empregadas de radiação não devem
ser superiores aos limites estabelecidos pelas normas de radioproteção de cada
país.

Como é um efeito probabilístico e, consequentemente, pode causar danos, a proteção


radiológica existe para criar limites e processos de otimizações de protocolos para que
mantenha a qualidade de imagem médica para diagnóstico, porém submetendo o
paciente aos menores níveis de radiação possível. Um supervisor de proteção
radiológica de um hospital visa à aplicação da técnica que seja mais benéfica do que
maléfica ao paciente. As vantagens devem superar e muito os danos sofridos no exame.
Mesmo com os possíveis danos da radiação, a medicina avançou muito no diagnóstico e
tratamento devido à descoberta da radiação ionizante. Cabe ressaltar, nesse ponto, o
câncer, que até pouco tempo atrás era uma sentença de morte. Hoje os pacientes têm
acesso a terapias, chances reais de remissão e até mesmo de cura, contando com a
radioterapia, o radiodiagnóstico e medicina nuclear.
Tendo em mente as aplicações médicas e sabendo que radiação é a energia emitida por
uma fonte que se propaga pelo espaço e tem a capacidade de penetrar materiais,
conseguimos ter um arsenal de aplicações.
Contudo, ainda há receio quando o assunto é radioatividade ou radiação ionizante, por
causa de grandes acidentes nucleares, como o de Chernobyl e a exposição ao Césio-137
em Goiânia.
Essas ocorrências envolveram a liberação de elementos radioativos sem proteção ou
medidas de controle, levando a ampla exposição, deformações e mortes.
Porém, esse medo não é devido apenas aos acidentes, mas também à falta de informação
e de conscientização desse assunto. A contribuição da radiação ionizante para a saúde é
inegável, tanto para tratamento quanto para diagnóstico. Os efeitos, benéficos ou
maléficos, dependem de diversos fatores, como tipo da radiação empregada, tempo de
exposição e intensidade da exposição.

VIDEOAULA
O vídeo aborda assuntos de extrema importância para a sua vivência em um ambiente
hospitalar. Saiba diferenciar os tipos de radiação, como são as fontes radioativas
empregadas na área do radiodiagnóstico; conheça os conceitos e aplicações das fontes
seladas e não seladas e compreenda os benefícios e malefícios da radiação ionizante.
Este conteúdo trará segurança para você, para seus pacientes e aos profissionais do
setor.

Saiba mais
Caro estudante, para aprimorar mais o seu conhecimento, sugiro a leitura do artigo:
Efeitos da Radiação Ionizante Sobre Comportamentos Mantidos por Contingências
Operantes.
Este artigo aborda a análise de estudos de casos, que utilizam a radiação ionizante como
método de analisar a dose de radiação absorvida no organismo e seus efeitos
radioativos.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/ptp/a/Qzk3gq3jt7PrGCG5K4WmtzF/?
format=pdf&lang=pt.
Aula 3
O QUE É RADIAÇÃO IONIZANTE
Nesta aula, você aprenderá não somente conceitos novos de física
radiológica de forma teórica, mas os conceitos que servirão no seu
cotidiano em um setor de imagens médicas de um hospital.
22 minutos
INTRODUÇÃO
Caro estudante, o objetivo desta aula é que você aprenda não somente conceitos novos
de física radiológica de forma teórica, mas que estude os conceitos que servirão no seu
cotidiano em um setor de imagens médicas de um hospital. Para você que vai trabalhar
com radiação ionizante, conhecer a diferença entre radiação ionizante e não ionizante, o
conceito por trás de cada tipo de radiação e suas características intrínsecas fará você
estudar com mais facilidade e facilitará a compreensão, pois você entenderá o processo
como um todo. Portanto, esta aula é muito importante para sua formação.

RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES


A radiação é formada por ondas eletromagnéticas ou partículas que se propagam a uma
certa velocidade e que contêm energia, carga elétrica e carga magnética. Podem ser
produzidas a partir de fontes naturais ou equipamentos feitos pelo homem, e têm energia
variável, de valores pequenos a valores muito altos. As radiações eletromagnéticas mais
conhecidas são luz, micro-ondas, ondas de rádio, radar, lasers, raios X e radiação gama.
As formas mais comuns de radiação de partículas, que têm massa, carga elétrica e carga
magnética, são os feixes de elétrons, feixes de prótons, radiação beta e radiação alfa.
Dependendo dos níveis de energia, a radiação é classificada como não ionizante ou
ionizante.
A radiação ionizante é uma onda eletromagnética que obtém energia suficiente para
ionizar os átomos do material que atravessa, retirando os elétrons dos orbitais atômicos.
Essa radiação pode ter característica corpuscular (radiações alfa e beta) ou natureza
eletromagnética (raios X e gama).
A energia de uma onda é calculada pela multiplicação da constante de Planck, que é
igual a 6,63×10−34, e a frequência da onda, dada pela letra grega �, como mostra a
equação a seguir:

�=ℏ×�

(Eq. 1)

Se a onda eletromagnética tiver energia suficiente para retirar elétrons de átomos e


moléculas, ela é ionizante; caso contrário, não é ionizante. No caso da radiação
corpuscular, para que ocorra a ionização as partículas devem se mover a velocidades
altíssimas, superiores a 1% da velocidade da luz.
Portanto, é considerado radiação eletromagnética ionizante a onda com energia maior
que 10 eV (elétron-volts) – por volta de 1,6×10−18� (Joules). No espectro
eletromagnético temos as radiações ionizantes e não ionizantes ,como mostra a Figura
1:

Figura 1 | Espectro eletromagnético


Fonte: Wikipedia.

O poder de ionização está relacionado com a frequência da onda. Quanto maior a


frequência, menor o comprimento de onda. As ondas ionizantes, de acordo com a Figura
1, são raios X e gama, pois radiações ionizantes são ondas com frequência superior
a 1018��.
Os equipamentos de raios-X utilizados no radiodiagnóstico utilizam ondas
eletromagnéticas ionizantes, porém em baixos níveis de energia. As radiações ionizantes
podem ser classificadas em: diretamente ionizantes, como as partículas carregadas
(próton, elétrons, alfa, beta), e indiretamente ionizantes, que não têm carga nem massa
(raios X e gama).
Os efeitos das radiações ionizantes podem ser classificados em:
Nucleares: a utilização de emissores de radiação gama, alfa e nêutrons de energia
elevada podem causar mudanças nos núcleos, tornando-os instáveis e radioativos.
Químicos: ocorrem com a quebra das ligações químicas entre moléculas e átomos, que
resulta na formação de radicais livres.
Elétricos: devido à ionização, pode acarretar mudanças em sua condutividade, com a
possibilidade de picos de correntes elétricas e prejuízo a equipamentos sensíveis.
Biológicos: causados biologicamente pela radiação ionizante. São diversos: atualmente,
por exemplo, existem terapias como a radioterapia, utilizada para tratar o câncer. Os
efeitos biológicos dessa radiação se enquadram em duas classificações: estocásticos ou
determinísticos. Os efeitos determinísticos têm um tempo de latência curto, como
queimaduras causadas pela radiação, que significa a morte do tecido. Por outro lado, os
efeitos estocásticos estão relacionados a mutações celulares por meio de modificações
genéticas que podem desencadear neoplasias malignas ou doenças genéticas.

CARACTERÍSTICAS DAS RADIAÇÕES


Radioterapia
A radioterapia é um tratamento que usa a radiação ionizante com o intuito de retardar o
crescimento das células cancerosas. Embora existam diferentes formas de tratamento
em radioterapia, todas trabalham de maneira semelhante: a ionização causa danos nas
células cancerosas e impede o avanço da doença.
A radioterapia é utilizada usada para curar, tratar ou aliviar os sintomas originados por
certos tipos de câncer. Como qualquer tratamento, trará alguns efeitos desnecessários,
como perder peso e queda de cabelo, cansaço etc. A radioterapia pode ser atribuída ao
paciente externamente ou internamente. Na radioterapia a distância, os aceleradores
lineares produzem feixes de raios X de alta energia, focalizados cautelosamente e
direcionados no centro do tumor. Os feixes são normalmente produzidos por elétrons
que desaceleram quando colidem com um alvo metálico a uma velocidade próxima à da
luz.
A radioterapia interna tem duas aplicações: braquiterapia e terapia com radioisótopos ou
aceleradores linear. A braquiterapia envolve o implante de fontes radioativas perto de
tumores cancerígenos, com o intuito de minimizar os danos causados em tecidos sadios.
Por outro lado, a terapia com radioisótopos envolve o procedimento de ingestão das
cápsulas contendo elementos radioativos (como o Iodo-131).
Acelerador linear: a radioterapia externa é feita por meio de aceleradores lineares que
geram radiação ionizante. Cada tipo de câncer tem um tipo de resposta diferente à
radiação ionizante, e em alguns momentos se faz necessário utilizar diferentes formas
de terapia utilizando a radiação para obter os melhores resultados e minimizar os efeitos
colaterais do tratamento sem perder o efeito terapêutico.
Radiação ionizante: aquela que causa a ionização do meio em que se propaga. É usada
das seguintes formas:

 Raios X.
 Radiação alfa ( �).
 Radiação beta ( � ).
 Radiação gama ( � ).

A radiação ionizante tem um poder de penetração que varia de acordo com sua energia.
Os diferentes tipos de radiação têm diferentes níveis de penetrabilidade e poder de
ionização, e são bloqueados por materiais também diferentes.
Radiação não ionizante: aquela que não tem energia suficiente para ionizar o meio.
Também não tem poder de penetração. Utilizada das seguintes maneiras:
 Radiação ultravioleta.
 Radiação infravermelho.
 Radiofrequência.
 Lasers.
 Micro-ondas.

Os efeitos da radiação ionizantes são o desenvolvimento de neoplasias malignas,


vermelhidão na pele (queimaduras), infertilidade, alterações menstruais, morte de
tecidos e órgãos e, dependendo da gravidade, até mesmo do indivíduo.
Os fatores que influenciam a potência dos efeitos são o tipo da fonte radioativa, o tempo
que o indivíduo foi exposto, a distância da irradiação entre o indivíduo e a fonte, falta de
um equipamento de blindagem e a susceptibilidade individual.
Os efeitos da radiação não ionizante são câncer de pele, envelhecimento precoce e
cansaço.
Os fatores que podem influenciar os danos são o tempo que o indivíduo foi exposto, a
ausência de um protetor solar e a susceptibilidade individual.

TIPOS DE FONTES RADIOATIVIDADE E SUAS CARACTERÍSTICAS


As fontes naturais de radiação são aquelas não produzidas pelo homem, mas pela
natureza. São elas as radiações cósmicas e os radionuclídeos encontrados na crosta
terrestre, em solos, rochas e sedimentos.
Fontes radioativas não naturais são as produzidas pelo homem, usualmente encontradas
na área da saúde nos equipamentos de raios-X, tomografia computadorizada e
radioterapia, e na geração de energia, como no caso de usinas nucleares.
O risco de câncer proveniente dessa exposição depende da dose empregada e da duração
do tempo da exposição. Fatores como idade e sensibilidade dos tecidos também
influenciam o risco de desenvolvimento de neoplasias malignas.

Tipos de fontes radioativas e modos de exposição


Fontes radioativas consistem em material ou corpo que tem radioatividade.
Radioatividade é a capacidade de emitir energia na forma de radiação ondulatória, seja
ela eletromagnética ou corpuscular, que ocorre quando há a emissão de ondas
eletromagnéticas ou partículas respectivamente.
A radiação ionizante é aquela que tem energia suficiente para ionizar o meio que está
atravessando. Ionização é o processo de retirada de elétrons dos átomos do material ou
meio.
Existem diferentes tipos de fontes radioativas, seladas e não seladas, ou abertas como
emissores de radiações ionizantes artificiais, como equipamentos de raios-X e
aceleradores de partículas. Cada tipo de radiação tem diferentes tipos de aplicação, seja
na medicina, indústria, ensino ou pesquisa científica.
No caso de pesquisa relacionada com biologia utiliza-se o radioisótopo como
ferramenta de trabalho quando há necessidade de marcar uma molécula de interesse,
seja em uma reação química ou biológica.
Há inúmeros programas de pesquisa ao redor do mundo relacionados com emprego de
radioisótopos. Os estudos mais utilizados são:

 Aumento de eficiência na produção da safra.


 Produção de sementes resistentes a doenças.
 Determinação da eficiência de consumo de fertilizantes e otimização da fixação
de nitrogênio.
 Controle ou erradicação de infestações de peste por insetos.
 Melhorias da produtividade e saúde de animais domésticos.
 Preservação de alimentos.
 Estudos hidrológicos.
 Pesquisas médicas e biológicas.

Fontes seladas
Fontes seladas de materiais radioativos são elementos incorporados em uma matéria
solida ou inativa, ou ainda encapsulados e hermeticamente fechados de tal forma que
em condições normais de uso não oferecem risco para a sociedade e meio ambiente.
Logo, a fonte selada só pode ser aberta se for destruída.
Esse tipo de fonte é utilizado em diversos segmentos e técnicas:

 Técnicas radiográficas: gamagrafia industrial, radiografia beta e nêutrons.


 Técnicas de medição: medidores de densidade, espessura, umidade e nível.
 Técnicas de irradiação: esterilização de produtos clínicos, preservação de
alimentos, radioterapia e braquiterapia.
 Técnicas analíticas: análises químicas, análise de traços de elementos e análise
de minérios.
 Outras técnicas: detectores de fumaça, eliminadores de estática, para-raios,
baterias nucleares.

As fontes mais utilizadas na forma selada são:

 Fontes gama: Co-60, Cs-137, Ir-192, Ra-226.


 Fontes beta: P-32, Kr-85, Sr-90, Tl-204.
 Fontes de nêutrons: Po-210, Sb-214, Ac-227, Ra-226, Pu-239, Am-241.
 Fontes de ionização: normalmente envolvendo a emissão de radiação de
freamento ou bremsstrahlung, ou emissão de partículas alfa – H-3, Ra-226, Am-
241.

VIDEOAULA
O vídeo aborda assuntos de extrema importância para a sua vivência em um ambiente
hospitalar. Saiba diferenciar os tipos de radiação e como são as fontes radioativas
empregadas na área do radiodiagnóstico. Conheça os conceitos e aplicações das fontes
ionizantes e não ionizantes e compreenda os benefícios e malefícios da radiação
ionizante. Isso trará segurança para você, seus pacientes e profissionais do setor.

Saiba mais
Você que ficou entusiasmado com o conteúdo desta aula e quer aprofundar mais seus
conhecimentos na área de física radiológica, então segue uma dica de leitura de um
excelente artigo: Uma prática educativa de sensibilização quanto à exposição à
radiação ionizante com profissionais de saúde.
Este artigo é de suma importância para a sensibilização dos profissionais de saúde
perante aos riscos ocasionados através da radiação ionizante.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/reben/a/w8NzWYGpSLYMYv7GbY3HCDj/?
format=pdf&lang=pt.
Aula 4
BENEFÍCIOS E RISCOS DA RADIAÇÃO IONIZANTE
Para você que irá trabalhar com radiação ionizante, saber como
funciona a interação da radiação com a matéria é imprescindível,
pois cada equipamento trabalha em um nível de energia, e
diferentes interações ocorrem no processo da produção dos raios X.
23 minutos

INTRODUÇÃO
Caro estudante, o objetivo desta aula é que você aprenda não somente conceitos novos
de física radiológica de forma teórica, mas que estude os conceitos que servirão no seu
cotidiano em um setor de imagens médicas de um hospital. Para você que irá trabalhar
com radiação ionizante, saber como funciona a interação da radiação com a matéria é
imprescindível, pois cada equipamento trabalha em um nível de energia, e diferentes
interações ocorrem no processo da produção dos raios X. Além disso, você vai conhecer
os benefícios e riscos das radiações ionizantes tanto para o homem como para o meio
ambiente. Portanto, esta aula é muito importante para sua formação.

RADIAÇÃO IONIZANTE
A radiação ionizante nada mais é do que ondas eletromagnéticas ou partículas
carregadas. As ondas eletromagnéticas são os raios X e gama, ou seja, não tem carga e
nem massa. Já as ondas em forma de partículas são aquelas que tem carga e massa, ou
somente carga, temos como exemplo as partículas alfa e beta.
As ondas eletromagnéticas mais conhecidas são aquelas que estão contidas dentro do
espectro de luz visível. Contudo o espectro se inicia em ondas de rádio, que tem
frequências baixas e consequentemente comprimento de ondas altos, até raios gama,
que são ondas que tem frequências altíssimas e comprimento de onda extremamente
baixo. Dependendo dos níveis de energia, a radiação é classificada como não ionizante
ou ionizante.
No homem, a radiação ionizante poderá ser classificada em quatro níveis de acordo com
a quantidade de dose absorvida pelo organismo:

 1º nível: Absorção de 0 a 25 rem – nada se observa em relação a alterações no


organismo.
 2º nível: Absorção de 25 a 50 rem – ocorre a redução dos glóbulos brancos.
 3º nível: Absorção de 100 a 200 rem – o indivíduo apresenta náuseas e ocorre
intensa redução dos glóbulos brancos.
 4º nível: Absorção de 500 rem – 50% de probabilidade de morte entre 30 dias.

Danos que a radiação pode provocar no homem:

 Impedimento da divisão celular.


 Danificação da divisão celular.
 Modificações na estrutura genética das células reprodutoras.
 Destruição total da célula.

Se o corpo humano receber de uma vez 700 rads (o rads é uma unidade de dose de
radiação absorvida), ocorrerá um efeito fatal. A exposição às doses de 50 rads não
provoca nos seres humanos sinais de doenças imediatos.
Os fenômenos associados à interação da radiação com a matéria são absolutamente
gerais, no que diz respeito aos elementos químicos que formam o material irradiado,
seja biológico ou não. Destas interações surgem os efeitos biológicos das radiações, que
são as consequências posteriores à exposição. Os efeitos das radiações sobre os seres
vivos são muitos e complexos. As pesquisas sobre estes efeitos visam, em geral,
correlacionar fatores tais como dose recebida, energia, tipo de radiação, tipo de tecido,
órgãos atingidos etc. Diferentes tecidos reagem de diferentes formas às radiações.
Alguns tecidos são mais sensíveis que outros, como os do sistema linfático e
hematopoiético (medula óssea) e do epitélio intestinal, que são fortemente afetados
quando irradiados, enquanto outros, como os musculares e neuronais, possuem baixa
sensibilidade às radiações.
No contexto biológico os elementos químicos relevantes que formam os tecidos e
órgãos dos seres vivos são o carbono, oxigênio, nitrogênio e hidrogênio. Com relação às
interações com estes elementos, as radiações são primeiramente classificadas como
ionizantes ou não ionizantes.
Em uma interação, a radiação cede a uma molécula certa quantidade de energia, esta
energia pode ser suficiente para arrancar um elétron orbital e conferir-lhe energia
cinética, provocando assim a ionização. Em outros casos a radiação não tem energia
suficiente para provocar ionização, mas consegue promover o elétron a um nível
energético superior, acarretando a excitação ou ativação. Existem também situações em
que a energia é muito baixa e apenas aumenta a velocidade de rotação, translação ou de
vibração da molécula.

INTERAÇÕES DAS RADIAÇÕES IONIZANTES COM A MATÉRIA


Interação da radiação com a matéria
 Efeito fotoelétrico: é um fenômeno no qual um fóton é absorvido por um átomo
e, como resultado, um de seus elétrons orbitais é ejetado. Nesse processo, toda
energia (�=ℎ×�) do fóton é primeiro absorvida pelo átomo e, em seguida,
essencialmente tudo é transferido para o elétron. A energia de ligação do elétron
deve ser igual ou inferior à energia do fóton incidente para que ocorra a
ionização. Interações desse tipo podem ocorrer nas camadas K, L, M.
 Efeito Compton: ocorre quando um fóton interage com um elétron atômico, e
esse elétron estará fracamente ligado ao átomo. Ocorre com elétrons livres ou de
camadas externas – logo, a energia de ligação do elétron ao átomo é menor que a
energia do fóton. Nessa interação o elétron recebe parte da energia do fóton,
portanto o elétron e o fóton saem do átomo com uma certa angulação. O fóton
com energia reduzida é espalhado.
 Formação de pares: se a energia do fóton for maior que 1,022 MeV, o fóton
poderá interagir com a matéria pelo mecanismo de produção de pares. O fóton
interage fortemente com o campo eletromagnético de um núcleo atômico e doa
toda sua energia no processo, criando um par que consiste em um elétron com
carga negativa e um elétron com carga positiva (pósitron). Nesse processo, o
elétron e o pósitron saem com uma angulação entre si de 180 graus, com energia
de 0,511 MeV cada.

Temos como exemplo de radiações ionizantes corpusculares ( �, �, � ) e as


radiações eletromagnéticas (raios X e gama). Elétrons e prótons de alta energia também
podem ionizar a matéria. Esse tipo de radiação pode ter origem no núcleo de átomos
instáveis, denominados radioativos ou radionuclídeos de forma natural, ou como os
raios X, produzidos artificialmente na eletrosfera dos átomos. Os raios X são produzidos
pelo choque de elétrons ou fótons quando submetidos a um campo elétrico com
diferença de potencial alta em uma ampola a vácuo.
Devido ao transporte de grande quantidade de energia, a radiação ionizante, além de
interagir com átomos de materiais, também interage com os tecidos biológicos vivos,
por meio da quebra da molécula de DNA das células ou pela radiólise, que é a interação
da radiação com a molécula de água. Por isso, a exposição à radiação ionizante depende
de alguns fatores, como tipo da radiação empregada, tempo de exposição, distância da
fonte e dose.
Esses fatores podem desencadear futuramente os chamados efeitos estocásticos, se a
dose empregada for abaixo do limiar de dose, e pode levar ao desenvolvimento de
neoplasias malignas. Caso seja uma exposição acima do limiar de dose prevista nas
normas de proteção radiológica, podem ocorrer danos biológicos de efeito
determinístico, causando a morte do indivíduo.
Embora a radiação cause danos à saúde, ela teve papel decisivo no avanço da medicina.
Permite, atualmente, o diagnóstico precoce de inúmeras doenças, e o tratamento, por
exemplo, em radioterapia, no combate a células cancerosas.

BENEFÍCIOS E RISCOS TANTO PARA O HOMEM QUANTO PARA O MEIO


AMBIENTE
Embora a radiação tenha a desvantagem de corromper a molécula de DNA, a aplicação
médica deve balancear os riscos e benefícios do exame. A primeira diretriz da proteção
radiológica, justificação, determina que os benefícios devem ser superiores aos danos
causados, o que é avaliado para cada paciente. A otimização busca protocolos novos, a
fim de manter a qualidade da imagem e minimizar a dose no paciente. De acordo com o
princípio “alara”, a dose deve ser tão baixa quanto razoavelmente exequível. E a
limitação de dose individual é atribuída a público e profissionais, pois é medida
anualmente.
As consequências do não seguimento das normas previstas na proteção radiológica
abrangem desde o custo até problemas de saúde. Um câncer causado pelos efeitos
estocásticos da radiação ionizante dará indícios de surgimento muitos anos depois da
irradiação (normalmente entre 15 a 25 anos). Dessa forma, é impraticável relacionar o
exame que causou o dano com o desenvolvimento do câncer.
Como medidas preventivas, é recomendado que as atividades aplicadas priorizem
diminuir as doses individuais, a quantidade de pessoas expostas e minimizem ao
máximo possíveis exposições acidentais. Os equipamentos de proteção individual e
coletiva (EPI e EPC) devem ser utilizados por todos os profissionais da área.
Aplicação das radiações ionizantes:

 Agricultura: irradiação de alimentos, que melhora a qualidade e aumenta a


validade dos produtos. Previne o brotamento e possíveis pragas, além de retardar
a maturação.
 Indústria: a técnica mais conhecida é a gamagrafia, uma radiografia de tubos
metálicos e concretos. Com essa técnica é possível localizar possíveis
rachaduras ou vazamento das estruturas.
 Medicina: diagnóstico e tratamento de doenças.
 Meio ambiente: a tecnologia nuclear é usada para pesquisas na área de
monitoramento e restauração ambiental. Com ela, é possível avaliar recursos
hídricos, física e química do solo, idade de superfícies, sedimentos marinhos,
árvores e sítios arqueológicos. Os traçadores radioativos podem rastrear a
trajetória de poluentes no ar, oceano, rio ou solo para detectar danos ao meio
ambiente.

A exposição da radiação com materiais radioativos abertos ao meio ambiente pode


liberar substâncias tanto no ar quanto no solo. Isso acarreta a contaminação de águas,
rios, plantas, animais e todas as pessoas que vivem ao redor. Os elementos radioativos
mais perigosos são o iodo radioativo e o césio. Ambos são criados com a fissão nuclear
do urânio.
Cabe ressaltar que a radiação não tira a fertilidade do solo, mas compromete o que
venha a crescer ali – tudo o que nascer nesse solo e que algum ser vivo consumir desse
solo estará contaminado. Como o tempo de meia vida de cada elemento radioativo varia
de horas a milhares de anos, dependendo do acidente radioativo, do tipo de material
exposto e sua atividade, o local deve ser isolado por décadas. Temos o exemplo do
acidente de Chernobyl, que ainda é uma cidade fantasma passados 36 anos do desastre
nuclear. De acordo com as restrições locais, não é permitido ficar mais do que 15
minutos nas imediações.

VIDEOAULA
O vídeo aborda assuntos relevantes para sua vivência em um ambiente hospitalar. Saiba
diferenciar os tipos de interação da radiação, como são as fontes radioativas empregadas
na área do radiodiagnóstico; conheça os conceitos e aplicações das fontes ionizantes e
não ionizantes e compreenda os benefícios e malefícios da radiação ionizante. Isso trará
segurança para você, seus pacientes e profissionais do setor.

Saiba mais
Caro estudante, as importantes aplicações das radiações ionizantes na medicina podem
salvar vidas através de radiodiagnóstico e radioterapia. As principais fontes dessas
radiações são as radiações emitidas por tubos de raios X, por aceleradores lineares e por
radionuclídeos. Entretanto, como essas radiações também produzem danos biológicos,
seu uso deve ser feito de forma criteriosa, fazendo levantamento de riscos e benefícios.
Para aprofundar mais neste assunto, segue uma sugestão para leitura de artigo: Efeitos
biológicos das radiações ionizantes. Acidente radiológico de Goiânia.
Link: https://www.scielo.br/j/ea/a/xzD9Dgv8GPFtHkxkfbQsn4f/?format=pdf&lang=pt.
REFERÊNCIAS
4 minutos
Aula 1
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Radioproteção e Dosimetria Comissão de Energia Nuclear do Rio de Janeiro, Rio de
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Aula 3
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Aula 4
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Radioproteção e Dosimetria Comissão de Energia Nuclear do Rio de Janeiro, Rio de
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