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FUNDAMENTOS DA MATÉRIA

Prof. Valéria Spolon Marangoni

Tudo é feito de átomos

Elaborado por Prof. Nelson Studart e prof. Valéria Spolon Marangoni

Richard Feynman (1918-1988), um dos grandes físicos do século XX, escreveu


em suas Lições de Física:

“Se, em algum cataclisma, todo o conhecimento científico for destruído e só uma frase
for passada para a próxima geração, qual seria a afirmação que conteria a maior
quantidade de informação na menor quantidade de palavras? Eu acredito que seria a
hipótese atômica de que todas as coisas são feitas de átomos…”

A ideia de que todas as coisas são formadas por átomos já é bem conhecida. O
conceito que moléculas consistem em uma ligação de átomos em padrões bem definidos
foi estabelecida em 1860. Pouco tempo depois, o reconhecimento de que as propriedades
de ligação dos elementos são periódicas gerou ainda mais interesse em se entender a
estrutura interna dos átomos.
Uma grande descoberta (1900) foi o fato de que os átomos são formados por
partículas eletricamente carregadas (elétrons negativos e prótons positivos). Você se
lembra do experimento de J.J. Tomsom e o modelo atômico proposto por ele? Em 1906-
1909, uma série de experimentos dirigidos por Ernest Rutherford, um físico neozelandês
trabalhando em Manchester, Inglaterra, revolucionou o que se conhecia sobre a estrutura
atômica. Em 1906, Rutherford encontrou que quando uma fina folha de metal é
bombardeada com partículas α (íons de He2+), a maior parte das partículas penetrava o
metal e sofria apenas pequenas deflexões da sua trajetória original.
Em 1909, sob orientação de Rutherford, H. Geiger e E. Marsden realizaram um
experimento para ver se alguma das partículas α eram defletidas em um grande ângulo ao
atingir uma folha de ouro. Eles descobriram que algumas partículas, na verdade, eram
defletidas em grandes ângulos e concluíram: “Se levarmos a elevada velocidade e massa
das partículas α em consideração, é surpreendente que algumas das partículas α, como
mostra o experimento, podem ser desviadas em uma folha de ouro de 6x10-5 cm de
espessura em um ângulo de 90º ou mais. Para produzir um efeito similar por um campo
magnético, um enorme campo de 109 (unidades absolutas) seria necessário.” Diante
desse experimento, qual foi a conclusão do Rutherford sobre a estrutura atômica?

Espectro de luz

Antes de falar mais sobre a estrutura atômica, precisamos entender um pouco mais
sobre a radiação eletromagnética. Todos vocês já sabem que a luz do Sol ou a luz branca
ao atravessar um prisma, produz um "arco-íris" de cores diferentes, como mostrado na
ilustração abaixo. Esse fenômeno é conhecido há séculos e foi usado por Isaac Newton,
entre outros, nos estudos sobre a Óptica.

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Algo muito diferente ocorre quando a luz emitida por um único elemento químico
passa por um prisma. Nesse caso, apenas um pequeno número de linhas discretas é
observado. Assista a demonstração de espectros atômicos no vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=oae5fa-f0S0
Observe em http://physics.bu.edu/~duffy/HTML5/emission_spectra.html a
simulação da luz emitida por átomos de elementos específicos no estado gasoso em
referência ao espectro visível da luz. Essas linhas podem ser consideradas as impressões
digitais atômicas, isto é, cada elemento químico é identificado precisamente pelo seu
espectro atômico. As linhas mostradas são as mais brilhantes, mas existem linhas
adicionais se observadas em um tubo de gás real. Na verdade, as linhas do espectro
formam uma série infinita. Na próxima aula, vamos discutir mais sobre esses espectros!

Modelo semiclássico do átomo

O modelo atômico proposto por Ernst Rutherford (1871-1937) em 1911


(https://en.wikipedia.org/wiki/Rutherford_model) foi usado com sucesso para explicar o
espalhamento de partículas alfa que atravessam a matéria, no caso, uma fina folha de
ouro. O modelo consiste em elétrons girando em órbitas em torno de um pequeno núcleo
de cargas positivas, do mesmo modo que planetas orbitam o Sol. Você saberia dizer qual
é a força entre núcleos e elétrons nesse caso?
Niels Bohr (1885-1962) introduziu em 1913 as ideias de quantização de Max
Planck (1858-1947) no modelo planetário de Rutherford. (Revise o átomo de Bohr-
Sommerfeld nesse vídeo do Pedro Loos em
https://www.youtube.com/watch?v=_GPrqg-NzCg). Seu modelo causou enorme impacto
ao explicar a série de emissão do hidrogênio, conhecida como série de Balmer.
A ideia de um elétron circulando ao redor do núcleo em orbitas muito bem
definidas foi muito fácil de entender e, por isso, a teoria de Bohr ganhou grande aceitação.
O modelo é chamado de semiclássico porque usa a dinâmica da física clássica (órbitas
definidas pelas leis de Newton) e introduz hipóteses sobre a quantização e o processo de
emissão de energia em átomos por meio de postulados. Entretanto, rapidamente se
percebeu que essa simples teoria não era válida para átomos com vários elétrons. A teoria
também falhou completamente na interpretação da tabela periódica. Assim, essa teoria
foi logo abandonada e a compreensão total da física atômica se deu somente com a
mecânica quântica. Concluindo, para entender o átomo você precisa de quântica!

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Recomendações de leitura

Uma boa leitura é o primeiro capítulo do volume I das Lições de Física (existem
vários exemplares na biblioteca). Feynman discute as peculiaridades dos átomos, os
processos atômicos e introduz o tema das reações químicas, alvo de abordagem futura
nesse curso.

• FEYNMAN, Richard P., LEIGHTON, R., SANDS, M. Lições de física de


Feynman. Vol. 1. Cap. 1. Porto Alegre: Bookman, 2008.

O livro do Harry Gray também será muito importante no curso. Ele está em inglês,
mas boa parte das informações estarão nas notas de aula e acredito que ficará tranquilo
para vocês acompanharem.

• GRAY, Harry B. Chemical Bonds: An Introduction to Atomic and Molecular


Structure. Cap. 1. University Science Books, Mill Valley, CA, 1994.

Referências

GRAY, Harry B. Chemical Bonds: An Introduction to Atomic and Molecular Structure.


Cap. 1. University Science Books, Mill Valley, CA, 1994.

FEYNMAN, Richard P., LEIGHTON, R., SANDS, M. Lições de física de Feynman.


Vol. 1. Cap. 1. Porto Alegre: Bookman, 2008.

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