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DE
INTRODUÇÃO A
FÍSICA
NUCLEAR E DE
PARTÍCULAS
ELEMENTARES
2013
CURSO DE INTRODUÇÃO A FÍSICA NUCLEAR – Professora Susana Lalic
Aula 1
Estrutura nuclear: propriedades dos núcleos
Meta
Introduzir os conceitos sobre as propriedades nucleares
Objetivos
Pré-requisitos
Pegue uma tabela periódica ou um livro de química do ensino médio e deixe-os
próximo para alguma consulta básica, se necessário
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CURSO DE INTRODUÇÃO A FÍSICA NUCLEAR – Professora Susana Lalic
No último século (XX) a física nuclear produziu efeitos arrebatadores sobre a humanidade:
benéficos e maléficos. Você seria capaz de discutir com alguém sobre esses efeitos. Teria
argumentos a favor ou contra baseados em conhecimento científico? OU simplesmente é
contra tudo o que for “NUCLEAR” por que pode matar, poluir etc.
Veja bem: A opinião ideal é aquela baseada, não em emoções, mas em dados técnicos.
Vamos começar nessa aula a mostrar a você do que se trata esse assunto para que você
possa opinar com mais segurança!
O átomo
Não é de hoje que as pessoas perguntam: "Do que o mundo é feito?"
As pessoas concluíram que a matéria que compõe o mundo é na verdade um conglomerado de
alguns blocos fundamentais de construção da natureza.
A palavra "fundamental" é a chave aqui. Entendemos por blocos fundamentais de construção
objetos que são simples e sem estrutura -- não são constituídos por nada menor.
Mesmo na Antiguidade, as pessoas procuravam organizar o mundo ao seu redor em
elementos fundamentais, como terra, ar, fogo e água.
O pensador grego Empédocles foi o primeiro a classificar
os elementos como fogo, ar, terra e água, embora nosso
diagrama seja em homenagem à classificação de
Aristóteles.
Além disso, experimentos que "olharam" o interior de um átomo usando sondas de partículas
indicaram que os átomos tinham estrutura e que não eram somente bolas permeáveis. Esses
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O átomo
No final do século XIX, o elétron já estava estabelecido como partícula fundamental,
principalmente depois de 1897, ano em que J. J. Thomson determinou a sua razão
carga/massa.
E já se sabia que elétrons eram liberados por emissão termoiônica (de um metal a alta
temperatura), no efeito fotoelétrico e no decaimento β de certos elementos radioativos.
Desse modo, os elétrons já eram considerados como constituintes básicos dos átomos.
Segundo o modelo atômico apresentado em 1904 por J. J. Thomson, o átomo deveria ser
constituído por algum tipo de fluido de forma esférica, com uma distribuição contínua de carga
positiva, e de elétrons com carga negativa distribuídos no fluido em número suficiente para que
a carga total do sistema fosse nula.
O modelo exigia dos elétrons que tivessem movimentos oscilatórios ao redor de certas
posições que definiriam configurações estáveis para o sistema.
E como, segundo a teoria eletromagnética clássica, qualquer partícula com carga elétrica
em movimento acelerado emite radiação eletromagnética, o modelo também exigia que os
modos normais das oscilações dos elétrons tivessem as mesmas frequências que aquelas
observadas associadas às raias dos espectros atômicos.
Contudo, segundo a teoria eletromagnética clássica, não pode existir qualquer configuração
estável num sistema de partículas carregadas se a única interação entre elas é de caráter
eletromagnético.
Além disso, não foi encontrada qualquer configuração para os elétrons de qualquer átomo
cujos modos normais tivessem qualquer uma das frequências esperadas.
De qualquer modo, o modelo de Thomson foi abandonado principalmente devido aos
resultados do experimento de Rutherford.
Experimento de Rutherford
Na época em que J. J. Thomson propôs seu modelo, H. Geiger e E. Marsden estudavam o
espalhamento de feixes bem colimados de partículas α, que já se sabia serem núcleos de
átomos de hélio, por finas folhas de ouro, pelo que hoje se conhece como o experimento de
Rutherford.
Uma fonte radioativa emite partículas α que são colimadas, formando um feixe paralelo e
estreito, que incide sobre uma folha metálica muito pouco espessa. Para que fosse possível
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construir tal folha, a maleabilidade do metal deveria ser grande e, por isso, era usado
normalmente o ouro.
A folha é tão fina que as partículas a atravessam completamente com apenas uma pequena
diminuição no módulo da velocidade. Ao atravessar a folha, entretanto, cada partícula α sofre
muitos desvios devido a sua interação eletrostática com as cargas positivas e negativas dos
átomos da folha.
As partículas espalhadas eram detectadas por um microscópio com uma tela de sulfeto de
zinco (ZnS).
A tela de sulfeto de zinco cintila no local onde incide uma partícula α. O microscópio
permite identificar a cintilação de cada partícula a individualmente.
Os resultados experimentais de Geiger e Marsden mostraram que o número de partículas α
que eram desviadas com ângulos maiores do que 90 graus era muito maior que o esperado
pelo modelo de Thomson.
Em 1911, E. Rutherford mostrou que os dados de Geiger e Marsden eram consistentes
com um modelo atômico em que a carga positiva do átomo se concentrava em uma pequena
região que, além disso, continha praticamente toda a massa do átomo, com os elétrons
espalhados ao redor dessa pequena região (chamada núcleo).
Experiência de Rutherford
Em 1911, Ernest
Rutherford realizou
experiências
bombardeando uma
finíssima lâmina de ouro
(10 - 4 mm de espessura)
com partículas alfa, cuja
ca rga elétrica é positiva
(2+), emitidas pelo
polônio, um material
radioativo .
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O Núcleo
O raio de um núcleo típico é cerca de dez mil vezes menor que o raio do átomo ao qual
pertence, mas contém mais de 99,9% da massa desse átomo.
Componentes
O núcleo atômico é composto de partículas chamadas núcleons. Existem duas espécies de
núcleons: os prótons, com carga elétrica positiva, e os nêutrons, sem carga elétrica. Prótons e
nêutrons têm spin ½ , ou seja, são férmions e obedecem ao princípio de exclusão de Pauli.
O núcleo do elemento da tabela periódica de número atômico Z é constituído de Z prótons e
N nêutrons. No átomo neutro correspondente, existem, ao redor desse núcleo, Z elétrons.
A = N + Z é o número de núcleons ou, como também é chamado, número de massa.
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Massa
As massas nucleares são convenientemente expressas em unidades de massa atômica (u).
Uma unidade de massa atômica é definida como sendo exatamente um doze avos da massa
de um átomo de carbono 12. Em outras palavras, a massa de um átomo de carbono 12 é, por
definição, exatamente 12 u. Em termos numéricos:
-27
1u = 1,6605 x 10 kg
-27
(O melhor valor de u aceito atualmente é 1 u = 1,66053886(28) x 10 )
Tamanho do núcleo
Os elétrons estão em constante movimento em torno do núcleo; os
prótons e os nêutrons vibram dentro do núcleo e os quarks vibram
dentro dos prótons e nêutrons.
Esta figura está bastante distorcida.
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Raio Nuclear
O raio de um núcleo com número de massa A, suposto esférico, é dado, com precisão
considerável, por:
1
[1] R = r0 A 3
Volume Nuclear
4 3 1
Como o volume de uma esfera é dado por V= πR , e R = r0 A 3
3
4
o volume do núcleo pode ser escrito por: [2] V = π r03 A
3
A expressão [2] mostra que o volume nuclear é proporcional ao número de núcleons. Assim, o
número de núcleons por unidade de volume é constante.
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Densidade Nuclear
M Au 3u
A densidade da matéria nuclear fica: [3] ρ= = =
V 4π r0 A / 3 4π r03
3
e do cobalto 59:
1/3
Rc(Co) =1,2 (59) fm 4,6 fm
1/3
Rm(Co)=1,4 (59) fm 5,4 fm
Exercício
O tipo mais comum de núcleo de ferro tem número de massa igual a 56. Calcule o raio, a
massa aproximada e a densidade aproximada desse núcleo.
Solução:
Utilizaremos duas idéias principais: o raio e a massa de um núcleo dependem do número de
massa A e a densidade é massa dividida pelo volume.
1/3 -15 1/3 -15
Usando a eq.[1] R = ro A = (1,2 x 10 m) (56) = 4,6 x 10 m = 4,6 fm
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4 3 4 -15 -43 3
O volume é V= πR = π(4,6 x 10 m)= 4,1 x 10 m
3 3
9,3 ×10−26 kg
−43 3
= 2,3 ×1017 kg / m3
4,1×10 m
3
Avaliação: a densidade do ferro sólido é cerca de 7000 kg/m . Logo verificamos que a
13
densidade do núcleo é mais que 10 vezes maior do que a densidade da matéria comum. Um
11
cubo com 1 cm de aresta com essa densidade teria a massa de 2,3 x 10 kg (230 milhões de
toneladas!). Densidades dessa ordem ocorrem no interior de uma estrela de nêutrons.
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Aula 2
Nuclídeos e isótopos; Spin Nuclear
Meta
Introduzir os conceitos sobre Spin Nuclear
Objetivos
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Introdução
Vimos na primeira aula algumas características gerais dos núcleos.
Tamanho: aproximação por uma esfera - mas o núcleo não é uma esfera com superfície bem
definida. O raio encontrado nos dá a ordem de grandeza da localização da concentração dos
núcleons na maior parte do tempo. Alguns núcleos também podem ter formas muito diferentes
de esferas.
Massa: em geral as massas apresentadas nas tabelas correspondem ao átomo neutro (com
todos os elétrons), pois é muito difícil medir a massa apenas do núcleo. Note que se você
verificar as massas atômicas são menores do que a soma das massas das suas partes (Z
prótons, N nêutrons e Z elétrons). Na próxima aula isso será explicado.
Volume: O volume do núcleo é proporcional ao número de núcleons, o que sugere que os
núcleons estão dispostos juntos à distâncias médias fixas independentemente do número de
partículas.
3
O volume por núcleon é constante para qualquer núcleo (V/A= 4/3 π ro )
Densidade: a densidade nuclear é extremamente alta, com a compactação da matéria no
núcleo, o que implica que o espaço é essencialmente vazio.
Vamos continuar nessa aula com algumas outras características do núcleo atômico.
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Número de massa
Denominamos o número total de núcleons (prótons e nêutrons) de um átomo de
número de massa, que é simbolizado por A.
É importante perceber que o número de massa A não é uma massa:
O número de massa A é um número inteiro que representa o total de partículas
(prótons e nêutrons) do núcleo de um átomo.
A = p+n ou A = Z+n
Exemplo:
Considerando-se um átomo que possua 11 prótons, 12 nêutrons e 11 elétrons,
seu número atômico Z será 11 (Z = p)
e seu número de massa A será 23
A = Z + n = 11+ 12 = 23
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Isóbaros - Isóbaros são núcleos associados a elementos diferentes da tabela periódica, mas
com iguais números de massa. Por exemplo, os núcleos berílio-10 (Z = 4, N = 6), boro-10 (Z =
5,N = 5) e carbono-10 (Z = 6, N = 4) são núcleos isóbaros. (mesmo A)
Isômeros - núcleos num estado excitado com um tempo de decaimento longo (estado
99m 99
isomérico) - núcleo não estável. Ex: radioisótopo usado na medicina Tc e seu isômero Tc.
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Nuclídeos
Um nuclídeo é um determinado núcleo com valores definidos de Z e N
A tabela periódica é pouco útil quando se trata de núcleos. Usa-se a carta de
nuclídeos, que mostra todos os núcleos estáveis e radioativos. Pode-se
facilmente visualizar os isótopos, isóbaros e isótonos.
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Momento Angular
Tal como no caso dos elétrons, também o P e N são partículas com spin e momento angular.
Isso vai gerar um momento angular no núcleo. Por razões históricas, o momento angular total
do núcleo é chamado de
spin nuclear (I), que é um número quântico.
OBS: Apesar de ser chamado de spin nuclear, I não implica que o núcleo esteja em rotação
como um sólido.
ur
O módulo do momento angular de spin S dos núcleons é:
ur ur
S = h s ( s + 1) S = h 1 ( 1 + 1) = h 3
2 2 4
Seu componente z é:
S z = ms h Sz = ± h
2
r ur
Lembrando que para 2 vetores s e L
r ur
O momento angular orbital total do núcleo (I) é uma combinação adequada dos s e L de
todos os núcleons.
r
I = h I ( I + 1)
A componente de I no eixo z
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Portanto, a teoria sobre a Força Nuclear deve contemplar esses valores experimentais de I.
Momento magnético
Basicamente, as contribuições do sistema a qualquer momento magnético pode provir de dois
tipos de fontes:
(1) movimento de cargas elétricas e
(2) o magnetismo intrínseco de partículas elementares, tais como o elétron.
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uur
A carga em movimento possui momento magnético orbital ML
uur q ur
ML = L
2m
Para prótons q = +e , então:
uur e ur
ML = L
2mp
uur ur
M L tem mesma direção de L
uur
Nêutrons não têm carga elétrica e, portanto, não têm M L
µsz ≈ µB
eV J
µB = 5, 788.10−5 = 9, 274.10−24
T T
Como m p = 1836me e, portanto, o magnéton nuclear é 1836 vezes menor que o magnéton de
Bohr, podíamos esperar que
µsz = µn ERRADO!!
próton
Isso indica que ele não é uma partícula elementar, pois não carrega carga líquida, mas ainda
sim interage com um campo magnético.
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ur ur
O P tem carga +e µ próton é paralelo e de mesmo sentido que S próton
ur ur
O N não tem carga µ nêutron é antiparalelo a S nêutron
⇒ (o N se comporta como uma carga negativa)
Exercício
Os prótons estão submetidos a um campo magnético orientado ao longo do eixo Oz com
módulo igual a 2,30 T. a) Qual é a diferença de energia entre um estado no qual o momento
magnético de spin é orientado em sentido contrário ao do campo magnético? b) Um próton
pode sofrer uma transição entre um desses estados para o outro emitindo ou absorvendo um
fóton, cuja energia é igual à diferença de energia entre esses dois estados. Calcule a
frequência e o comprimento de onda de tal fóton.
Solução:
ur ur
a) Quando os componentes z de µ e S estão orientados no mesmo sentido do campo
magnético, a energia de interação é dada por
eV
U = − µ z B = −(2, 7928)(3,152 ×10 −8 )(2,30T )
T
= −2, 025 ×10−7 eV
Quando eles possuem sentidos contrários aos do campo
magnético, a energia é:
-7
+2,025 × 10 eV
e a diferença de energia entre os dois estados é dada por
ΔE 4, 05 ×10−7 eV
f = = −15
= 9, 79 ×107 Hz = 97,9 MHz
h 4,136 ×10 eV .s
c 3, 00 ×108 m / s
λ= = = 3, 06m
f 9, 79 ×107 s −1
Essa frequência está no meio da banda FM de rádio.
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energia, e emitir fótons com a mesma energia que o fóton original -
em geral temos mais
prótons no estado de mais baixa energia, o que significa que o material absorve energia.
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Conclusão:
O sistema nuclear é um sistema físico complexo composto de núcleons, ou seja, prótons e
nêutrons. As propriedades da mecânica quântica dos núcleons incluem o spin entre outros.
Desde momento magnético do núcleo depende do spin de cada núcleon individual, podem-se
verificar estas propriedades com medições dos momentos nucleares, mais especificamente, o
momento de dipolo magnético nuclear.
A maioria dos núcleos comuns existe em seu estado fundamental, embora alguns núcleos de
isótopos tenham vida longa em estados excitados. Cada estado energético de um núcleo de
um determinado isótopo é caracterizado por um momento de dipolo magnético bem definido,
sua magnitude é um número fixo, frequentemente medido experimentalmente com grande
precisão. Este número é muito sensível às contribuições individuais dos núcleons, e uma
medida ou previsão de seu valor pode revelar informações importantes sobre a função de onda
nuclear. Existem vários modelos teóricos que predizem o valor do momento de dipolo
magnético e um número de técnicas experimentais visando à realização de medições nos
núcleos ao longo da tabela de nuclídeos.
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Objetivos
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2 -27 8 2 12 2
1uc =(1,6605 x 10 kg) x (2,9979 x 10 ) 1J = 6,2415 x 10 MeV 1u=931,4 MeV/c
Δ m=0,0304 u
Energia de liga ç ã o:
liga ç ã o:
2
E= Δ mc 2 = 28,3 MeV
MeV
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2
Considere o dêuterons (ou d), o núcleo do 1 H , formado por 1 próton e 1 nêutron.
A energia total das partículas separadas (em repouso) será dada pela energia de suas massas:
2 2 2
E = mp . c + mn . c = (mp + mn) c
Seja Ep a energia potencial nuclear. Os núcleons se movem ao redor de seu centro de massa,
portanto têm energia cinética Ek
Assim, a energia do núcleo ligado (E´) é menor do que energia das partículas separadas (E)
E´< E
Portanto, para separarmos o nêutron e o próton do núcleo de dêuteron, deve-se aplicar energia
correspondente a
(E´- E) = Eb
Dado um núcleo qualquer, a energia liberada quando da sua formação a partir dos seus
prótons e nêutrons separados de uma distância infinita, ou a energia que deve ser fornecida a
esse núcleo para separar seus prótons e nêutrons de uma distância infinita é o que se chama
de energia de ligação (Eb) de tal núcleo.
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mp = 1,0078 u mn = 1,0087 u
1
Comparando Eb (=2,2356 MeV) com a energia de ligação do átomo H (=13,6 eV),
6
(2,2356 x 10 eV/13,6 eV)
6
concluímos que a interação nuclear é ~ 10 vezes mais intensa do que a interação
eletromagnética!
Exemplo: Calcule a energia de ligação de um núcleo de lítio 6, cuja massa vale 6,0151 u:
Por exemplo:
226 222
88 Ra → 86 Rn + α
vem:
Como a energia de ligação do núcleo de rádio 226 é menor do que a soma das energias de
ligação do núcleo de radônio 222 e da partícula α, Eb (Ra) < Eb (Rn+α)
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226 222
a reação indicada 88 Ra → 86 Rn + α é realmente espontânea.
Deve-se observar que a massa do núcleo de rádio 226 é maior do que a soma das massas
do núcleo de radônio 222 e da partícula α:
226 222
m( Ra) > m ( Rn+α)
Então:
Por outro lado, em termos da energia de ligação, a diferença E(Ra) - E(Rn+α), sendo
positiva, indica que, para separar o sistema em seus constituintes básicos, a energia
necessária é maior no estado final e, portanto, este é mais estável.
107
47 Ag → 103
45 Rh + α
e sendo:
m(Ag) = 106,9041 u
m(Rh) = 102,9048 u
m(α) = 4,0026 u
A massa do núcleo de prata 107 é menor do que a soma das massas do núcleo de ródio 103 e
107 103
da partícula α. m ( Ag) < m ( Rh+α)
vem: Eb(Ag) - Eb(Rh+α) = [106,9041 – (102,9048 + 4,0026) ] 931,4815 MeV = − 3,0739 MeV
2
Levando em conta a relação E = mc , isto significa que o sistema no estado inicial tem uma
energia menor do que no estado final, ou seja, o sistema passaria de um estado a outro de
maior energia e, portanto, menos estável.
Por outro lado, em termos da energia de ligação, a diferença Eb(Ag) - Eb(Rh+α), sendo
negativa, indica que, para separar o sistema em seus constituintes básicos, a energia
necessária é menor no estado final e, portanto, este seria menos estável.
O núcleo de prata 107 não pode decair espontaneamente por emissão de partícula α.
O que foi mostrado é que a radioatividade natural por decaimento α só pode acontecer
quando a massa do núcleo pai é maior que a soma das massas do núcleo filho e da
partícula α.
O mesmo tipo de argumento pode ser feito para discutir a emissão de elétrons ou
pósitrons no decaimento β.
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O núcleo com a menor energia de ligação por núcleon é o do deutério (H-2) e o núcleo com a
maior energia de ligação por núcleon é o do ferro 56. Assim, esse gráfico tem um máximo em A
56.
Os núcleons são mantidos juntos pela interação nuclear, de caráter atrativo, apesar do
efeito contrário da interação coulombiana, de caráter repulsivo, entre os prótons.
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Como Eb/A varia muito pouco com o aumento de A para núcleos não muito pequenos
(para A>10 Eb/A varia menos de 10%), cada núcleon deve interagir atrativamente pela
interação nuclear apenas com um certo número de outros núcleons de sua vizinhança
imediata, e esse número é independente de A.
Por outro lado, para núcleos com A < 56, Eb/A diminui cada vez mais rapidamente com a
diminuição de A porque, então, diminui cada vez mais rapidamente o número de núcleons na
vizinhança imediata de qualquer núcleon, onde a interação nuclear é efetiva.
Como a repulsão coulombiana é tanto mais importante quanto maior a carga elétrica dos
núcleos em colisão, a fusão nuclear pode ser provocada com mais facilidade entre núcleos
com número pequeno de prótons.
De qualquer modo, a fusão nuclear com liberação de energia só ocorre se o número de
núcleons do núcleo resultante é menor ou da ordem de 56.
A título de exemplo, seja a fusão de dois núcleos de oxigênio 16 para formar um núcleo de
enxofre 32:
16 16 32
O+ O S
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Pela observação do gráfico Eb/A contra A tem-se aproximadamente 7,8 MeV e 8,6 MeV,
respectivamente, para a energia de ligação por núcleon para os núcleos de O-16 e de S-32.
Assim, as energias de ligação dos sistemas inicial e final são:
Eb(O+O) = 2 ( 16 )( 7,8 MeV ) = 249,9 MeV
Eb(S) = 32 ( 8,6 MeV ) = 275,2 MeV
Ao passar do estado inicial para o final, o sistema sofre uma variação de energia dada por:
ΔE = Eb(S) − Eb(O+O) = 25,6 MeV
Como ΔE > 0, a energia de ligação do núcleo resultante é maior do que a soma das
energias de ligação dos núcleos iniciais.
Em outras palavras, como uma energia de 275,2 MeV deve ser fornecida ao sistema no
estado final (núcleo de S-32) para separá-lo em núcleons infinitamente separados e uma
energia de 249,6 MeV deve ser fornecida ao sistema no estado inicial (dois núcleos de O-16)
para separá-lo em núcleons infinitamente separados, o sistema deve ter perdido (liberado) uma
energia de 25,6 MeV.
Esse resultado se deve ao fato de as energias de ligação por núcleon dos núcleos iniciais
serem menores do que a energia de ligação por núcleon do núcleo final. Ou seja, a fusão
nuclear com liberação de energia só ocorre se o número de núcleons do núcleo resultante é
menor ou da ordem de 56, já que a curva Eb/A contra A tem máximo em A 56.
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Como ΔE > 0, o sistema deve ter perdido (liberado) uma energia de 155,8 MeV.
Novamente, esse resultado se deve ao fato de a energia de ligação por núcleon do núcleo
inicial (o núcleo composto de U-236) ser menor do que a soma das energias de ligação por
núcleon dos núcleos finais e dos dois nêutrons, ou seja, a fissão nuclear com liberação de
energia só ocorre se o número de núcleons dos núcleos resultantes é maior ou da ordem de
56.
Este cálculo é aproximado e é o que se pode fazer a partir do gráfico considerado. Na
realidade, a energia total liberada na reação é maior porque os núcleos resultantes são
instáveis e decaem, posteriormente, por emissão de elétrons, neutrinos e raios γ.
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Aula 4
Propriedades da Força Nuclear e Modelo da Gota
Meta
Resumir as principais características da Força Nuclear descrevendo um
modelo semi-empírico para a mesma
Objetivos
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Se cargas elétricas de mesmo sinal se repelem, o núcleo não deveria ser instável pela repulsão
elétrica dos prótons?
Todos os núcleos, exceto aqueles dos isótopos do hidrogênio, têm mais de um próton.
Então, deve existir, entre os núcleons, uma interação atrativa mais intensa do que a interação
coulombiana repulsiva entre os prótons, para a mesma separação. Mas qual seria essa força?
Vamos supor que a força que retém o núcleo é a Força Gravitacional. O módulo dela é dado
por
m1m2G
F=
r2
m1 e m2 são as massas de uma partícula e do núcleo (o restante), respectivamente; r é a
distância entre seus centros e G é a constante gravitacional.
O trabalho para remover a partícula do núcleo de uma distância R até o infinito é dado por:
∞
∞ ∞ m1m2G ∞ dr mm G m1m2G
W = ∫ Fdr =∫ 2
dr =m1m2G ∫ 2 = − 1 2 =
R R r R r r R R
-24
Para remover um próton (m =1,67 x 10 g) da superfície de um núcleo (supondo A= 65 e raio
-13
R = 5 x 10 cm) até uma distância infinita:
Mas determinações experimentais mostram que W é muito maior. A energia de ligação é cerca
de 8 MeV por núcleon (W ≅ 8 MeV).
Portanto as forças que atuam no núcleo são muito mais intensas que a força gravitacional.
Portanto, ali está agindo outra força: a FORÇA NUCLEAR
Na verdade, as forças nucleares são cerca de 100 vezes mais intensas do que as forças
elétricas.
A natureza exata da força nuclear continua a ser um quebra-cabeça ainda está para ser
resolvido. Podemos enumerar as algumas propriedades da força nuclear com base em várias
observações e os fatos empíricos.
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OBS: Se a Força Nuclear fosse como a Força Coulombiana ou a Força Gravitacional, qualquer
nêutron ou próton seria atraído independentemente da distância que estivesse do núcleo.
Portanto no núcleo, cada núcleon interage apenas com suas vizinhanças mais próximas.
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Núcleos grandes
O número de nêutrons cresce mais rapidamente que o número de prótons para núcleos
estáveis não muito pequenos. Isto permite concluir que existe interação nuclear entre nêutrons.
Com o crescimento do número de prótons, cresce o efeito anti-estabilizante da
repulsão coulombiana. Esse crescimento só pode ser contrabalançado pelo crescimento do
efeito estabilizante da interação nuclear. Como cada núcleon interage apenas com um número
limitado de outros núcleons, o excesso de nêutrons só pode contribuir para o crescimento do
efeito estabilizante se existe interação nuclear entre nêutrons.
Núcleos pequenos
Para núcleos estáveis pequenos, o número de nêutrons cresce junto com o número de
prótons. Este fato, mais a existência de interação nuclear entre nêutrons, permite concluir que
existe interação nuclear também entre prótons e com a mesma intensidade.
Se não existisse interação nuclear entre prótons ou se a interação nuclear entre
nêutrons fosse mais intensa do que a interação nuclear entre prótons, os núcleos estáveis
pequenos deveriam conter um número maior de nêutrons do que de prótons e não um número
aproximadamente igual de nêutrons e prótons como, realmente, acontece.
A independência da carga nas interações nucleares é, também, corroborada pelo fato
de que os resultados dos experimentos de espalhamento de prótons pelo núcleo são idênticos
aos resultados dos experimentos de espalhamento de nêutrons.
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fundamental do dêuteron devemos usar uma combinação linear das funções de onda s (l = 0)
e d (l = 2).
E0 a − r a
E p (r ) = − e
r
Onde E0 e a são constantes empíricas. E0 é a intensidade da interação; a está relacionada ao
alcance da força nuclear.
−r
e a
→0 mais rápido que Ep elétrica (que cai com 1/r)
Há dúvidas se a Interação Nuclear pode ser descrita como função da Ep nuclear, como ocorre
com a força gravitacional e a eletromagnética.
A força nuclear é um efeito residual da interação forte entre os quarks que compõe os p e n.
OBS: Não podemos estudar a estrutura nuclear com a mesma amplitude que estudamos os
átomos e moléculas, pois não conhecemos a forma correta da Ep nuclear.
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Quando temos Eb, podemos também estimar a massa de qualquer átomo neutro (com os
elétrons).
A EB
Z M = ZM H + NmB −
c2
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O modelo da gota e a fórmula da massa deduzida a partir dele obtiveram grande êxito em
estimativas de massas nucleares. Porém outros processos como momento angular e estados
excitados são mais bem descritos com o modelo de camadas que veremos na próxima aula.
Decaimento β
A fórmula semi-empírica da energia de ligação nuclear permite também a discussão da
estabilidade dos núcleos isóbaros e do decaimento β.
Como primeiro exemplo, sejam os seguintes núcleos isóbaros com número de massa
A = 73 (ímpar): zinco, gálio, germânio, arsênico e selênio, cujas energias de ligação (em MeV)
aparecem na tabela a seguir. Nessa tabela aparecem, também, os correspondentes valores
absolutos (em MeV) dos vários termos da fórmula semi-empírica da energia de ligação.
73 73 73 73 73
Elemento 30 Zn 31Ga 32Ge 33 As 34 Se
av A 1022,000 1022,000 1022,000 1022,000 1022,000
-1/3
ac Z ( Z - 1 ) A 121,579 129,964 138,628 147,572 156,795
2/3
as A 228,818 228,818 228,818 228,818 228,818
2 -1
ar ( A - 2Z ) A 44,912 32,156 21,526 13,022 6,644
-1
api A 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
E 626,691 631,062 633,028 632,588 629,743
Os isóbaros com número atômico menor que o número atômico do isóbaro mais
-
estável (ramo esquerdo) decaem por emissão de um elétron (decaimento β ):
73 73 73
Zn30 Ga31 Ge32 (estável)
-
Em termos dos núcleons, o decaimento β é a transformação de um nêutron num
próton, com a emissão de um elétron e um antineutrino (ν*):
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-
n p + e + ν*
Analogamente, os isóbaros com número atômico maior que o número atômico do
+
isóbaro mais estável (ramo direito) decaem por emissão de um pósitron (decaimento β ) ou por
captura de elétron (K) ou por ambos:
73 73 73
Se34 As33 Ge32 (estável)
+
Em termos dos núcleons, o decaimento β é a transformação de um próton num
nêutron, com a emissão de um pósitron e um neutrino (ν):
+
p n+e +ν
A captura eletrônica é a captura, pelo núcleo atômico, de um elétron orbital. Se um
elétron da camada K é capturado, o processo é chamado captura K. Elétrons de outras
camadas podem ser capturados, mas com probabilidades menores.
Em termos elementares, a captura eletrônica fica:
-
p+e n+ν
Para isóbaros com número de massa A par, a discussão é um pouco diferente por
causa do termo par-ímpar da fórmula semi-empírica da energia de ligação. Esse termo é
positivo para núcleos par-par e negativo para núcleos ímpar-ímpar, de modo que existem duas
parábolas.
Como exemplo, sejam os seguintes núcleos isóbaros com A = 64 (par): cobalto,níquel,
cobre, zinco e gálio, cujas energias de ligação (em MeV) aparecem na tabela a seguir. Nessa
tabela aparecem, também, os correspondentes valores absolutos (em MeV) dos vários termos
da fórmula semi-empírica da energia de ligação.
64 64 64 64 64
Elemento
27Co 28 Ni 29Cu 30 Zn 31Ga
av A 896,000 896,000 896,000 896,000 896,000
-1/3
ac Z ( Z - 1 ) A 102,492 110,376 118,552 127,020 140,306
2/3
as A 209,600 209,600 209,600 209,600 209,600
2 -1
ar ( A - 2Z ) A 30,313 19,400 10,913 4,850 1,213
-1
api A (-) 2,109 (+) 2,109 (-) 2,109 (+) 2,109 (-) 2,109
E 551,486 558,733 554,826 556,639 542,772
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Aula 5
A força nuclear: modelo de camadas
Meta
Descrever o modelo de camadas para o núcleo e prever o spin nuclear
Objetivos
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O modelo de camadas
O modelo de camadas é muito semelhante à aproximação de campo central usada na
física atômica, ou seja, ao que descreve os elétrons nos átomos. Ele considera o núcleo
atômico como um conjunto de nêutrons e prótons (núcleons) interagindo fracamente, mantidos
num poço de energia potencial, isto é, cada núcleon se move em um potencial que representa
o efeito médio de todos os outros núcleons.
O modelo de camadas supõe as partículas “suficientemente independentes umas das
outras” de tal maneira que possam ficar em uma “órbita” sem interferência das demais. São
estabelecidas “órbitas” no núcleo com números quânticos bem definidos.
A estrutura do modelo de camadas é determinada por meio de uma série de aproximações
sucessivas. Mas o núcleo apresenta mais dificuldades que o modelo atômico:
Ø Há dois tipos de partículas (prótons e nêutrons, que obedecem separadamente o
Princípio de Exclusão de Pauli);
Ø Ausência de força central dominante.
Considera-se, que cada núcleon se move em um campo médio de forças produzido pelos
outros núcleons, que em primeira aproximação é considerado central.
V = V(r)
Entretanto, isso não é válido para o caso dos núcleons. Sabemos apenas que a força é
aproximadamente central. Então, o potencial usado na Eq. de Schrödinger é V ≅ V(r). Portanto
não temos as mesmas soluções da equação que tínhamos no caso dos elétrons e, com isso,
as regras não existem para l dependente de n. Com esse tipo de potencial os estados
Por exemplo:
Para elétrons
Para os núcleons
Números mágicos
No desenvolvimento do programa nuclear americano, muitos isótopos radiativos foram
produzidos. Depois de 1945, Maria Mayer começou a se preocupar com a sistemática das
energias de ligação (elétron-núcleo), e descobriu que aquelas energias indicavam a presença
de camadas completas nucleares.
Dados nucleares revelam que núcleos cujos números de núcleons, N ou Z,
correspondem aos números: 2, 8, 20, 28, 50, 82, 126, denominados “mágicos”, apresentam
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estabilidade pronunciada, com valores mais expressivos para sua energia de ligação quando
comparados a núcleos “não mágicos”. Os núcleos que contém ambos os prótons e nêutrons
com estes números são extraordinariamente estáveis. Por exemplo:
16 40 208
8O, 20Ca, 82Pb etc.
Os núcleos atômicos com 82 nêutrons são muito mais estáveis do que os com 81 ou 83, e
ainda mais estáveis do que aqueles com 80 ou 84, por exemplo.
O número de isótopos e isótonos com Z ou N mágicos é relativamente alto, sendo
esses nuclídeos mais estáveis, em geral. Outro fato importante é que a seção de choque de
captura de nêutrons desses núcleos com número mágico de nêutrons é extremamente baixa.
Isso indica um fraco vínculo do núcleon extra, ou seja, esse núcleo não “quer” um nêutron a
mais. Aparentemente estes números mágicos indicam algo semelhante à existência de
níveis, camadas ou sub-níveis de energia no núcleo.
É importante salientar que um comportamento similar ocorre no caso atômico, que deu
por sua vez origem ao modelo atômico de camadas. No caso dos elétrons, os gases nobres
são aqueles que têm suas camadas eletrônicas totalmente preenchidas. Corresponde
àqueles elementos com Z = 2, 10, 18, 36, 54 e 86, com o mesmo número de elétrons no
átomo neutro. Esses gases não se misturam a outros facilmente, pois não querem nem doar
nem receber elétrons.
No caso dos núcleos, estes fatos deram origem assim ao Modelo Nuclear de
Camadas. Núcleos com números mágicos exibem a energia de excitação do primeiro estado
excitado extremamente grande. Ou seja, se supusermos que existem níveis energéticos no
núcleo como existem para os elétrons no átomo, haveria um “gap” bastante largo entre o
último nível preenchido e o primeiro nível vazio. Isso explicaria bem os números mágicos.
Este modelo foi proposto em 1949, independentemente por Mayer e Jensen, que
receberam o prêmio Nobel por ele em 1963. Para explicar os números mágicos, Mayer e
Jensen postularam um termo adicional no potencial nuclear. Eles consideraram que, além da
força central média que os núcleons sentiriam dos outros núcleons, haveria uma interação
spin-órbita forte.
Vamos novamente lembrar o caso dos elétrons atômicos:
ü São carga girando em torno do núcleo, o que gera um campo magnético
ü O spin dos elétrons também gera campo magnético
ü Ambos os campos interagem (interação entre os dois momentos dipolares), o
que corresponde à interação spin-órbita de origem eletromagnética.
ur ur
ü Essa interação spin-órbita é proporcional a L⋅ S ¨
ur ur
Os núcleons também possuem spin S e momento angular orbital L bem definidos,
que, em geral, não são colineares.
ur ur
Assim, se supôs que haveria no núcleo interação spin-órbita proporcional a L⋅ S
como no caso dos elétrons. Como os nêutrons não têm carga, essa interação não seria
necessariamente de origem eletromagnética.
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ur ur
Se a interação spin-órbita no caso dos elétrons é proporcional a L ⋅ S , vamos supor que aqui
também seja. Vamos descobrir os níveis energéticos dos núcleons:
ur ur ur
J = L+S
ur 2 ur ur 2 ur 2 ur 2 ur ur
J = ( L + S ) = L + S + 2 L.S
ur ur 1 ur 2 ur 2 ur 2
⇒ L.S = ( J − L − S )
2
ur 2 ur 2 ur 2
Substituindo os valores de J , L , S
ur ur ⎛ 1 3 ⎞
L.S = ⎜ ( j ( j + 1) − l (l + 1) − ⎟ h2
⎝ 2 4 ⎠
ur ur
S pode ser paralelo ou anti-paralelo a L j = l ± 1
2
ur ur ⎧ 1 2 1
L ⋅ S = ⎨ l h quando j = l +
⎩ 2 2
ur ur ⎧ 1 1
L ⋅ S = ⎨− (l + 1)h2 quando j = l −
⎩ 2 2
1 2 ⎛ 1 ⎞ h2 ⎛ 1 ⎞ 2
l h − ⎜ − ( l + 1) h2 ⎟ = l h2 + = ⎜ l + ⎟ h
2 ⎝ 2 ⎠ 2 ⎝ 2 ⎠
⎛ 1 ⎞ 2 Que é contrário ao que ocorre com
⎜ l + ⎟ h ⇒ ×2
⎝ 2 ⎠ os elétrons
( 2l + 1) h2 ⇒ proporcional a 2l + 1
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ur
orientações de J relativamente ao eixo z (Jz) (Lembre-se que mj = -j, -j+1, ..., +j). Então, de
acordo com o Princípio de Exclusão de Pauli, o número máximo de nêutrons (ou prótons) em
r r r
Lembrando que j =l+s¨
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Além disso, o spin nuclear pode ser previsto utilizando o modelo de camadas.
Os núcleos par-par apresentam I = 0 em seu estado fundamental. No modelo de
camadas, podemos verificar o emparelhamento dos núcleons de núcleos par-par nas camadas
nucleares.
Para núcleos par-ímpar (ou ímpar-par) o spin nuclear (I) irá coincidir com o j daquele
núcleon desemparelhado.
Ao excitar o núcleon desemparelhado para um estado próximo, o spin nuclear do
estado excitado geralmente coincidirá com o novo j do núcleon excitado.
No caso de núcleons ímpar-ímpar é um pouco mais complicado prever o spin nuclear.
Lembre-se que só existem 4 nuclídeos estáveis do tipo ímpar-ímpar. Todos os valores inteiros
Resumindo:
núcleos par-par I =0
núcleos par-ímpar I = j do núcleon desemparelhado
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Apêndice
Interação Spin órbita
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Aula 6
Estabilidade Nuclear e radioatividade
Meta
Apresentar as formas mais importantes pelas quais os núcleos instáveis sofrem
decaimento radioativo.
Objetivos
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INTRODUÇÃO
Nas aulas anteriores falamos da força que mantém os núcleos unidos.
Mas nem todos eles permanecem para sempre unidos. Há vários naturalmente
instáveis, além de vários produzidos artificialmente. Hoje falaremos das
radiações que podem ser provenientes de nuclídeos instáveis.
Espectro eletromagnético
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EMISSÃO RADIOATIVA
A radioatividade é um fenômeno natural pelo qual algumas substâncias
ou elementos químicos, chamados radioativos, são capazes de emitir
radiações. Desde o descobrimento da radioatividade em 1896 por Becquerel, já
se sabe que os átomos radioativos se desintegram espontaneamente em
átomos (radioativos ou não) diferentes. Se um átomo tiver seu núcleo muito
energético, ele tenderá a estabilizar-se, emitindo o excesso de energia na
forma de partículas e ondas, as quais têm a propriedade de impressionar
placas fotográficas, ionizar materiais, atravessar corpos opacos à luz ordinária,
etc.
As radiações emitidas pelas substâncias radioativas são principalmente
partículas alfa, partículas beta e raios gama. Assim, o decaimento radioativo ou
desintegração radioativa é a transmutação que ocorre quando o elemento
instável (chamado muitas vezes de átomo pai) emite uma partícula
transformando-se em outro elemento (denominado átomo filho).
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Gráfico de Segrè
Dentro de um total de 2500 nuclídeos conhecidos, menos de 300 são
estáveis. Não sabemos exatamente o porquê de alguns serem radioativos e
outros não, pois ainda não conseguimos fazer um modelo nuclear preciso. Mas
dispomos de uma pista: se dispusermos num gráfico cuja abscissa é o número
atômico Z e na ordenada o número de nêutrons N teremos uma figura como
mostrada a seguir. Um gráfico como esse é chamado de Gráfico de Segrè.
Quase todas as linhas com A constante passam através de um ou dois
nuclídeos estáveis. Não há nuclídeos estáveis com A = 8, pois eles preferem
se dividir em dois nuclídeos duplamente “mágicos” com A = 4 e Z = 2. Esse
mesmo nuclídeo duplamente mágico não tem interesse em receber mais um
núcleon, portanto, não é formado nenhum nuclídeo estável com A = 5.
Para nuclídeos com massa pequena, a região de estabilidade se
concentra em Z=N. A razão N/Z cresce gradualmente com A até cerca de 1,6.
Isso é devido influência da repulsão coulombiana entre os prótons. Nuclídeos
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Partículas alfa
O decaimento alfa (α) acontece quando um núcleo (natural ou produzido
artificialmente), em geral pesado, emite uma partícula composta por dois
prótons e dois nêutrons, ou seja, por um núcleo de hélio.
O decaimento alfa é usualmente representado segundo o esquema:
A A− 4
Z X→ Y + 24 He 2+
Z −2
4
2 He 2+ = partícula alfa (α)
Um exemplo é o decaimento do amerício-241 em neptúnio-237:
241
95Am → 23793Np + 42He2+
Esse tipo de decaimento ocorre em geral para núcleos muito grandes para
serem estáveis. Ele só será possível se a massa do átomo neutro original for
maior que a soma das massas do átomo neutro final e da massa do átomo
neutro de hélio.
As partículas alfa são emitidas sempre com um espectro discreto, isto é,
238 235
as energias emitidas possuem sempre valores determinados. O U, U,
239
Pu e o 231Pa são exemplos de emissores alfa.
demais para que haja estabilidade, ou seja, as partículas β − são emitidas por
núcleos instáveis que possuem um excesso de nêutrons. Os nêutrons não são
partículas fundamentais. O núcleo atômico pode diminuir essa quantidade
excessiva de nêutrons convertendo um deles em um próton:
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Representação do decaimento β −
Os elétrons assim obtidos são chamados de radiação beta e são idênticos aos
elétrons da camada eletrônica, diferindo destes apenas quanto à sua origem.
Pela lei de conservação de massa, para ocorrer esse tipo de decaimento a
massa atômica do átomo neutro original deve ser maior que a massa do átomo
neutro final.
90
Sr, 99Tc e 45Ca são exemplos de fontes de radiação beta.
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A partícula emitida nesse caso é um pósitron (que tem mesma massa dos
elétrons, mas com carga positiva). O decaimento β + é usualmente
representado segundo o esquema:
A
Z X → +10 β + Z −A1Y + 00 ν
57
Ex: 27 Co→+10β + 26
57
Fe + 00ν
Pela lei de conservação de massa-energia, para ocorrer esse tipo de
decaimento a diferença entre a massa atômica do átomo neutro original e a
massa do átomo neutro final deve ser maior que duas vezes a massa de
repouso do elétron (ou seja, 1,022 MeV) para que haja a criação do pósitron, a
antipartícula do elétron.
Para cada tipo de partícula de matéria que nós encontramos, existe uma
partícula correspondente de antimatéria ou uma antipartícula. As
antipartículas se parecem com suas correspondentes partículas de matéria,
mas apresentam algum comportamento contrário, como no caso da carga
elétrica do pósitron em relação ao elétron. Por exemplo, um próton é
eletricamente positivo, ao passo que um antipróton é eletricamente negativo.
Uma partícula de matéria tem também a mesma massa de uma antipartícula.
A emissão do pósitron no decaimento β+ é sempre acompanhada por
radiação de aniquilação. A aniquilação de pares ocorre quando uma partícula
encontra a sua antipartícula e, na interação, desaparecem, produzindo
radiação eletromagnética. Na aniquilação do par elétron-pósitron, um pósitron
produzido, por exemplo, num decaimento nuclear, após perder sua energia
cinética, quando se encontra com um elétron, ambos desaparecem originando
um par de fótons (radiação gama) com uma energia de 0,511 MeV cada, que é
a energia correspondente a massa de repouso do elétron. Ou seja, são
liberados 1,022 MeV na aniquilação pósitron-elétron, que corresponde
exatamente a duas vezes a massa de repouso do elétron. Os fótons seguem a
180º um do outro para haver conservação de momento.
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Radiação gama
Geralmente, após a emissão de uma partícula α ou β o núcleo resultante
desse processo, ainda com excesso de energia, procura estabilizar-se,
emitindo esse excesso em forma de onda eletromagnética, da mesma natureza
da luz, denominada radiação gama.
Como a energia do movimento interno do núcleo é quantizada, um
núcleo típico possui um conjunto de níveis de energia, incluindo seu estado
fundamental e diversos estados excitados. Em geral, quando um núcleo emite
uma partícula α ou β, pode decair em um núcleo filho em um desses estados
excitados. O excesso de energia é liberado na forma de um fóton de raio gama
(γ). Como pode haver diversos níveis possíveis, o decaimento poderá ser feito
por variados caminhos.
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Raios X característicos
Raios X também são produzidos em decaimentos radioativos. Por
exemplo, a CE deixa um "buraco" na camada eletrônica K. O rearranjo dos
elétrons orbitais para preencher este "buraco" provoca a emissão de raios X
característicos.
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Conversão interna
Outro processo natural que produz a emissão de elétrons é a conversão
interna. Neste decaimento, energia de excitação do núcleo, que deveria ser
emitida como radiação gama, é transferida diretamente para um elétron orbital
que é ejetado do átomo com uma energia dada pela diferença entre a energia
de excitação EEx do núcleo e a energia de ligação do elétron na eletrosfera EB:
Ee = EEx – EB
137 109 207
O Cs, o Cd e o Bi são exemplos de fontes de elétrons de
conversão.
Novamente aqui serão emitidos Raios X característicos, pois esse
elétron ejetado essa deixa um "buraco" na camada eletrônica e haverá
rearranjo dos elétrons orbitais para preencher este "buraco".
Elétrons Auger
Embora esta energia liberada na trasição dos elétrons de níveis mais
energéticos para níveis menos energéticos ocorra às vezes na forma de um
fóton de raio X característico, essa energia pode também ser transferida
diretamente a um outro elétron orbital, que pode então ser ejetado do átomo,
sem haver emissão do fóton. Quando isso ocorre, os elétrons ejetados são
denominados de elétrons Auger.
ESPECTROS DE ENERGIA
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Aula 7
Aplicações da radioatividade e seus efeitos biológicos
Meta
Objetivos
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Introdução
O homem sempre conviveu com as radiações. Na superfície terrestre pode ser
detectada energia proveniente de raios cósmicos e de radionuclídeos em rochas, plantas
e até em nós mesmos, além da radiação solar ultravioleta. Por exemplo, os raios
cósmicos são partículas carregadas e íons pesados de altíssima energia produzidos por
reações nucleares em toda galáxia e no Sol. Ao interagir com a atmosfera terrestre os
raios cósmicos produzem um “chuveiro” de partículas (múons, píons, káons, anti-
prótons, elétrons etc.) que atingem a superfície da Terra a uma taxa de
aproximadamente 500 partículas por metro quadrado por segundo. Não temos como
fugir disso. Mas podemos controlar outros tipos de fontes de radiação.
A radiação pode ajudar na detecção de uma doença, como em uma radiografia,
ou até curar, como é o caso da radioterapia. Mas ela também pode provocar
queimaduras, falha dos órgãos e até a morte. Então quais são os limites de exposição a
ela?
Para dar essas respostas precisamos conhecer um pouco mais das características
dos núcleos radioativos e das radiações emitidas, além das formas de interação com os
materiais. Depois de analisar o efeito de cada uma delas no corpo humano e na natureza
em geral, e finalmente poderemos estabelecer limites para a exposição. Isso é o que
vamos ver na aula de hoje.
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½=
e- λ
T1/2
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vácuo (tubo de raios X). Quando o tubo é ligado, uma corrente elétrica em um filamento
faz com ele se aqueça e emita elétrons, que são atraídos e acelerados em direção a um
alvo, sendo desacelerados dentro dele. Parte da energia cinética (do movimento) dos
elétrons é transformada em raios X, que são também radiação eletromagnética como os
raios gama, mas em geral de energia menor. Assim, os raios X estão conectados com os
elétrons e, a radioatividade com o núcleo. Os efeitos provocados na matéria tanto pela
radiação gama (nuclear) quanto pela radiação X são comparáveis, levando-se em conta
a energia de cada uma.
Radiação alfa
A principal interação das partículas alfa ocorre devido à interação coulombiana
com as camadas eletrônicas. Por ser aproximadamente 8000 vezes mais massiva do que
um elétron, ela é capaz de passar por eles sem sofrer muito deslocamento. Por isso, o
seu trajeto na matéria tende a ser linear.
No traçado do percurso da partícula alfa, podem aparecem ramificações
denominadas raios delta, que são elétrons ejetados com grande energia cinética, e que
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antes de retornarem aos seus orbitais perdem essa energia produzindo em seu trajeto
novos pares de íons.
Como a distância percorrida por uma partícula alfa em um dado meio é pequena,
ela é de fácil blindagem. Ela percorre cerca de alguns cm no ar ou alguns µm em tecido
biológico (menos que as camadas de células mortas). Portanto, quando uma pessoa é
irradiada com esse tipo de partícula externamente, ela em geral não é prejudicial. Mas
devido ao seu alto poder de ionização, ela é muito perigosa internamente ao corpo.
Radiação beta
Como para as partículas alfa, a principal interação das partículas beta ocorre
devido à interação coulombiana com as camadas eletrônicas. Elétrons ou pósitrons são
emitidos pelo núcleo com velocidade próxima a da luz (~1/3 c). Ao se aproximarem dos
elétrons de um átomo, são desviados e perdem energia. Por ser muito pequena, a
partícula beta sofre muito a ação dos campos nucleares e dos próprios elétrons orbitais,
e assim, sua trajetória não é linear como a partícula alfa. Além disso, ao passar próximo
a um núcleo, tem sua direção alterada, sofrendo desaceleração e, consequentemente,
emite radiação de freamento, ou seja, raios X.
Seu alcance depende da sua energia cinética e do n° de elétrons com o qual
interage, que por sua vez é proporcional ao n° de elétrons por unidade de massa, i.e.,
depende da razão Z/A. Quanto maior for o número de elétrons encontrados, mais
rapidamente a partícula beta cederá sua energia. São, então, moderadamente
penetrantes. Por exemplo, penetram cerca de até alguns metros no ar ou alguns
milímetros em tecido. São bastante utilizados em radioterapia, podendo ser colocada
uma fonte emissora de radiação beta diretamente em um tumor para destruição desse
tecido.
Nêutrons
Como se trata de uma partícula neutra emitida pelo núcleo pode ser muito
penetrante. Pode sofrer colisões elásticas e inelásticas com outros núcleos ou ser
absorvida por um deles. No caso de sua absorção, pode provocar reações nucleares que
podem liberar partículas ou radiação gama, as quais geram bastante ionização do meio.
Para proteção radiológica contra nêutrons é necessária uma blindagem especial.
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Radiação eletromagnética
Em geral as radiações ionizantes eletromagnéticas (raios X e gama) são muito
penetrantes (por ex. muitos metros no ar) e, por isso, de difícil blindagem, para a qual,
em geral, é utilizado o chumbo. Elas têm, porém, menor poder de ionização que as
partículas alfa ou beta.
Na escala atômica a radiação eletromagnética transfere para o meio sua energia
por quatro processos principais, a saber: efeito fotoelétrico, efeito compton, produção de
pares e fotodesintegração.
A radiação eletromagnética é a mais utilizada em indústria, hospitais etc. Pelas
suas propriedades é muito utilizada na formação de imagens médicas, por exemplo, ou
na radioterapia. Também é usada em radiografias industriais, como no caso de detecção
de fissuras em asas de aviões. Por seu grande poder de penetração, é a mais difícil de ser
blindada, e pode ocasionar graves acidentes radiológicos.
Efeito Fotoelétrico
A radiação incidente transfere sua energia total para um único elétron orbital
ejetando-o do átomo. O processo de troca de energia é dado pela equação:
Ec = h.f - Elig ,
Onde Ec é a energia cinética, (h.f) é a energia da radiação incidente e Elig é a
energia de ligação do elétron ao seu orbital.
O fotoelétron (elétron expelido do átomo) poderá perder a energia recebida
produzindo ionização em outros átomos.
Efeito Compton
Nesse caso, parte da energia da radiação incidente (λ) é transferida para o
elétron, que sai com velocidade v. O restante da energia é cedida para o fóton espalhado
(λ´). O fóton espalhado terá uma energia menor e uma direção diferente da incidente. O
principal efeito que ocorre entre os raios X e as pessoas (ou materiais) em um
radiodiagnósticos é o efeito compton.
Produção de pares
Ocorre somente quando fótons de energia igual ou superior a 1,022 MeV passam
próximos aos núcleos atômicos. Nesse caso, a radiação desaparece, dando origem a um
par elétron-pósitron com energia cinética.
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Fotodesintegração
O fóton gama interage diretamente com o núcleo atômico e cria tamanha
instabilidade no núcleo que o faz emitir próton, nêutron ou partícula alfa.
Para produzir reações nucleares é necessário que o fóton gama tenha energia
superior a 6 MeV. Por exemplo, nos alimentos irradiados e na esterilização é utilizada
uma fonte de 60Co, cujos fótons tem aproximadamente 1,25 MeV, ou seja, esse valor é
muito abaixo daquele necessário para produzir reações nucleares.
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absorvedor, teremos a intensidade (I) do feixe após passar pelo absorvedor será dada
por:
I = I0exp(-µX)
Sendo I0 a intensidade do feixe antes de passar pelo absorvedor, µ o coeficiente de
absorção linear do material absorvedor e X a espessura do absorvedor.
Dose de radiação
Como já foi explicado, as radiações ionizantes podem ser perigosas aos seres humanos,
pois têm um potencial de causar vários tipos de efeitos biológicos. Perguntas como estas
são constantes em práticas que usam radiação ionizante:
• Há riscos associados ao uso de raios-X para fins médicos?
• A radioterapia causa “efeitos colaterais” devido ao uso de radiação ionizante?
• As usinas nucleares são perigosas?
Para garantir a segurança destas práticas, a Proteção Radiológica é fundamental.
Para isso, devemos ter parâmetros para calcular os efeitos das radiações. Vejamos
algumas grandezas associadas.
A Dose Absorvida ( ) é a medida da energia depositada pela radiação por
unidade de massa:
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seguro deste tipo de radiação nos diversos fins pacíficos: medicina, indústria,
agricultura, segurança, pesquisa etc.
Contaminação
As exposições externas são caracterizadas por irradiações por fontes de
radiação posicionadas fora do corpo de pessoa irradiada. As radiações eletromagnéticas
ionizantes (radiação X e radiação gama) são as mais relevantes nas exposições externas,
devido ao seu alto poder de penetração. As partículas beta e, sobretudo, as partículas
alfa tem poder de penetração insuficiente para causar risco em exposições externas.
As exposições internas, por outro lado, são caracterizadas por irradiações por
fontes que se encontram no interior do corpo humano. Para que haja exposição interna,
é preciso que ocorra uma contaminação. A contaminação ocorre quando existe
presença de material radioativo em um local não indicado ou não esperado. Existem
várias rotas de entrada de material radioativo no corpo humano, sendo as três principais:
i. Inalação (Ar contaminado)
ii. Ingestão (bebida, comida, ou contato com a língua)
iii. Absorção (pele ou ferimento aberto).
O acidente radioativo com a capsula radioterápica de Cs-137 em Goiânia foi um
exemplo de um acidente com contaminação. O acidente com a usina Nuclear de
Chernobyl é outro exemplo famoso.
Os riscos associados a estes dois tipos diferentes de irradiação (interna e externa)
na são os mesmos. E devido às particularidades de cada uma dessas situações, os
métodos utilizados para controle dos riscos variam.
1. Partículas Alfa: devido ao seu baixo poder de penetração, este tipo de partícula não
atravessa a camada mais externa da pele. Por isso, considera-se que as partículas
alfa não apresentam risco associado a irradiações externas. O inverso ocorre em
irradiações internas. A partícula alfa se torna a mais perigosa de todas as radiações
por depositar toda sua energia no interior do corpo humano, tendo um grande poder
de ionização.
2. Partículas Beta: são mais penetrantes do que as partículas alfa e portanto podem
apresentar riscos de irradiação externa principalmente para dois órgãos e tecidos: a
pele e o cristalino dos olhos. Em ambos os casos, trata-se de um órgão superficial.
As partículas beta não apresentam risco aos demais órgãos quando as irradiações são
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Efeitos da radiação
Os fenômenos associados à interação da radiação com a matéria são
absolutamente gerais no que diz respeito aos elementos químicos que formam o
material irradiado, seja biológico ou não. Destas interações surgem os efeitos biológicos
das radiações, que são as consequências posteriores à exposição.
Na primeira fase da interação da radiação ionizante com o tecido, ocorre a
transferência de energia. No processo de deposição da energia, a radiação incidente
provoca dois tipos de efeitos físicos: ionizações e excitações. Este fenômeno se
processa num intervalo de tempo muito curto, da ordem de 10-13 a 10-12 segundos.
Após os efeitos físicos, inicia-se uma fase de efeitos químicos, onde ocorrem
rupturas de ligações químicas nas moléculas, liberando radicais livres e produtos
moleculares. Esta fase se processa num intervalo de tempo de 10-10 a 10-9 segundos. É
nesta etapa que ocorre a radiólise da água, que é um fenômeno muito importante no
aparecimento de efeitos biológicos.
Após os efeitos químicos, podem surgir efeitos biológicos. As alterações
químicas podem provocar morte celular, impedimento ou retardo da divisão celular ou
modificações permanentes. O intervalo de tempo que esta etapa perdura é muito
variável: pode durar alguns minutos ou vários anos.
O aparecimento de efeitos biológicos não implica no aparecimento de doenças.
O organismo pode se recuperar dos efeitos biológicos, sem que haja um desequilíbrio
no organismo ou no funcionamento de um órgão. Entretanto, quando a quantidade e/ou
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a frequência dos efeitos biológicos é alta, o organismo não consegue reparar os danos e
surgem os efeitos orgânicos (ou doença). Esta etapa pode durar de horas a vários anos.
Os efeitos das radiações sobre os seres vivos são muitos e complexos. As
pesquisas sobre estes efeitos visam, em geral, correlacionar fatores tais como dose
recebida, energia, tipo de radiação, tipo de tecido, órgãos atingidos etc. Diferentes
tecidos reagem de diferentes formas às radiações. Alguns tecidos são mais sensíveis que
outros, como os do sistema linfático e hematopoiético (medula óssea) e do epitélio
intestinal, que são fortemente afetados quando irradiados, enquanto outros, como os
musculares e neuronais, possuem baixa sensibilidade às radiações.
Radiações ionizantes, no contexto biológico, são aquelas capazes de ejetar os
elétrons orbitais dos átomos de C, H, O e N. A quantidade de energia depositada por
uma radiação ionizante ao atravessar um material depende da natureza química do
material e de sua massa específica. É importante ressaltar que a absorção de radiações
ionizantes pela matéria é um fenômeno atômico e não molecular.
Em uma interação, a radiação cede a uma molécula certa quantidade de energia,
esta energia pode ser suficiente para arrancar um elétron orbital e conferir-lhe energia
cinética, provocando assim a ionização. Em outros casos a radiação não tem energia
suficiente para provocar ionização, mas consegue promover o elétron a um nível
energético superior, acarretando a excitação ou ativação. Existem também situações em
que a energia é muito baixa e apenas aumenta a velocidade de rotação, translação ou de
vibração da molécula.
A Tabela 2 mostra os primeiros potenciais de ionização para alguns elementos,
isto é, a energia necessária para que a radiação incidente possa arrancar o elétron de
valência, causando a ionização.
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Médica Outras
15,0% 0,5%
Ingestão
9,5%
Radônio
50,0%
Cósmica
12,0%
Gama
13,0%
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Apêndice
Contexto biológico
Radiações não ionizantes são aquelas que não possuem energia suficiente para
arrancar elétrons dos átomos, porém podem quebrar moléculas e ligações químicas
através da excitação atômica.
Radiação Ultravioleta
A radiação ultravioleta (R-UV) é a parte do espectro eletromagnético referente aos
comprimentos de onda entre 100 e 400nm. De acordo com a intensidade que a R-UV é
absorvida pelo oxigênio e ozônio e, também pelos efeitos fotobiológicos costuma-se
dividir a região UV em três intervalos UVA, UVB e UVC.
Pode-se dizer que o Sol emite energia em, praticamente, todos os comprimentos
de onda do espectro eletromagnético permeados pelas diversas linhas de absorção. 44%
de toda essa energia emitida se concentram entre 400 e 700 nm, denominado espectro
visível de energia. O restante é dividido entre radiação ultravioleta (< 400 nm) com 7%,
infravermelho próximo (entre 700 e 1500 nm) com 37% e infravermelho (> 1500 nm)
com 11%. Menos de 1% da radiação emitida concentra-se acima da região do
infravermelho, como microondas e ondas de rádio, e abaixo da região ultravioleta, como
raios X e raios gama.
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Intervalo
Tipo espectral Características
(nm)
UVC 100 - 280 Completamente absorvida pelo O2 e O3 estratosférico e, portanto,
não atinge a superfície terrestre. É utilizada na esterilização de água
e materiais cirúrgicos.
UVB 280 - 320 Fortemente absorvida pelo O3 estratosférico. É prejudicial à saúde
humana, podendo causar queimaduras e, a longo prazo, câncer de
pele.
UVA 320 - 400 Sofre pouca absorção pelo O3 estratosférico. É importante para
sintetizar a vitamina D no organismo. Porém o excesso de
exposição pode causar queimaduras e, a longo prazo, causa o
envelhecimento precoce.
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sobre este tipo de solo, aumentando os riscos em regiões turísticas como praias e
pistas de esqui.
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Aula 8
Reações nucleares e fissão nuclear
Meta
Introduzir os conceitos sobre as reações nucleares e a liberação de energia
numa fissão
Objetivos
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Introdução
Reações Nucleares
É possível modificar as propriedades dos núcleos bombardeando-os com
partículas energéticas. Essas transformações são chamadas de reações nucleares. Muitos
tipos de reações nucleares ocorrem em resposta à absorção de partículas, tais como
nêutrons e prótons. Outros tipos de reações podem envolver a absorção ou
espalhamento de raios gama.
Se um núcleo alvo X é bombardeado por uma partícula a e resulta em um núcleo
Y com a emissão de uma partícula b, isso pode ser escrito como:
a+X→Y+b ou X(a,b)Y
Se num evento as partículas a e b são idênticas, X e Y também serão, e o evento
é denominado espalhamento.
Pode-se caracterizar a energética da reação nuclear com a energia de reação Q,
que corresponde à energia liberada na reação. Essa energia da reação é dada por:
Q = (Ma + MX – MY – Mb)c2
Para levar em conta a contribuição dos elétrons, devemos usar as massas (M) dos
átomos neutros.
• Q > 0 se a massa total dos produtos é menor que a massa do projétil junto com a
do alvo, indicando que a energia total de ligação aumentou após a reação. Essa é
uma reação exotérmica ou exoenergética.
• Q < 0 se a massa total dos produtos é maior que a massa do projétil junto com a
do alvo, ocorreu uma reação endotérmica ou endoenergética. Nesse caso, a
reação só pode ocorrer se for fornecida ao menos uma energia igual a ⏐-Q⏐ ao
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1
H + 7Li → 4He + 4He ou 7
Li (1H,4He)4He
O número total de núcleons antes é (1+7)=8 e depois da reação também (4+4)=8. A
carga total é [(Z=1)+ (Z=3)]=4 antes e [(Z=2)+ (Z=2)]=4.
Considerado as partículas em repouso:
Q = (Ma + MX – MY – Mb).c2
ΔM = (1,007825 + 7,016004 – 4,002603 – 4,002603) = 0,018623 u
Então, Q = (0,018623 u) (931,5 MeV/u) = 17,35 MeV
Q>0, portanto a reação é exoenergética. Para conservação da energia, as duas partículas
alfa deverão ter energia cinética e o movimento deverá ser tal que conserve o momento.
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Quando uma partícula com massa m e energia cinética K colide com uma
partícula em repouso com massa M, a energia cinética total (no sistema de referência do
centro de massa) disponível para produzir a reação é
Kcm= K . M/ (M+m)
(OBS: As energias cinéticas das partículas envolvidas são muito menores do que suas
energias de repouso).
Para partículas carregadas como prótons ou alfa penetrarem no núcleo, elas devem ter
energia cinética suficiente para vencer a barreira coulombiana de repulsão.
Considerando o caso do próton bombardeando o Li-7. Vamos considerá-los
como cargas esfericamente simétricas. A distância entre seus centros quando se tocam é
de aproximadamente 3,5 × 10-15m. Calculando a energia potencial repulsiva:
U = (1/4πε0) (e . 3e)/r = (9,0 × 109 N.m2/C2) .3 . (1,6 × 10-19C)2/3,5 × 10-15 m
U = 2,0 × 10-13 J = 1,2 MeV
Portanto, mesmo sendo uma reação exoenergética, o próton deve ter energia
cinética mínima para atravessar a barreira de potencial coulombiano.
Já nêutrons não têm carga. Assim, a absorção de nêutrons é facilitada por não
haver esse potencial repulsivo.
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A absorção de nêutrons pelos núcleos constitui uma classe importante entre as reações
nucleares.
Ao se bombardear núcleos pesados com nêutrons pode haver diversas absorções (até
~25) alternadas com decaimentos beta, criando os elementos transurânicos, não
encontrados na natureza.
A técnica de ativação por nêutrons utiliza essa ferramenta analisando as emissões beta e
gama provenientes dos núcleos ativados. As emissões dependem do nuclídeo instável e
são usadas para sua identificação.
Fissão Nuclear
Fissão é uma reação nuclear é um processo de decaimento no qual o núcleo
instável se divide e que pode acontecer de forma espontânea ou provocada. Nessa
reação, um núcleo atômico, geralmente pesado, como o do urânio, por exemplo, divide-
se em duas partes de massas comparáveis (fragmentos de fissão), liberando grande
quantidade de energia.
Se um núcleo massivo como urânio-235 se rompe (fissiona), então não haverá
um rendimento líquido de energia porque a soma das massas dos fragmentos será menor
do que a massa do núcleo de urânio. Se a massa dos fragmentos é igual ou maior do que
a do ferro no pico da curva de energia de ligação, então as partículas nucleares serão
mais ligadas do que eram no núcleo de urânio, e a diminuição da massa sai na forma de
energia de acordo com a equação de Einstein (E=mc2). Ou seja, há conversão de massa
em energia nesse processo. A matéria só se converte em energia quando há um processo
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Alguns deles produzem nêutrons, chamadas nêutrons atrasados, que contribuem para a
reação de fissão em cadeia.
Enquanto o urânio-235 é o isótopo de ocorrência natural físsil, existem outros
isótopos que podem ser induzidos à fissão por bombardeamento de nêutrons. O
plutônio-239 é fissionável pelo bombardeamento com nêutrons lentos, e tanto ele como
o urânio-235 têm sido utilizados para a fabricação de bombas de fissão nuclear. O
plutônio-239 pode ser produzido a partir do urânio-238. O urânio-238, que compõe
99,3% do urânio natural, não é fissionável por nêutrons lentos. U-238 tem uma pequena
probabilidade de fissão espontânea, e também uma pequena probabilidade de fissão
quando bombardeado com nêutrons rápidos, mas não é útil como uma fonte de
combustível nuclear. O tório-232 é físsil, de modo poderia concebivelmente ser
utilizado como um combustível nuclear.
A fissão foi descoberta em 1938, por Otto Hahn e Lise Meitner, com o
bombardeamento de nêutrons em urânio. A radiação liberada não coincidia com
nenhuma outra proveniente de nuclídeos conhecidos e através da analise química dos
fragmentos de fissão, se concluiu que ocorria a fissão nuclear do urânio em dois
fragmentos menores.
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Combustível de urânio
O urânio natural é composto por 0,72% de U-235 (o isótopo físsil), 99,27% de
U-238, e uma quantidade traço 0,0055% de U-234. 0,72% de U-235 não é suficiente
para produzir uma reação em cadeia auto-sustentada. Para reatores de água leve, por
exemplo, o combustível deve ser enriquecido a 2,5-3,5% de U-235. A proporção deve
ser muito maior para haver uma explosão, como em uma bomba nuclear. Essa
proporção é maior do que 90% de U-235.
A reação controlada é usada nas usinas nucleares para a produção de energia
elétrica. A reação em cadeia descontrolada é utilizada nas bombas nucleares.
O urânio é encontrado
como óxido de urânio que,
quando purificado tem
uma cor amarela forte e é
chamado de "yellow
cake".
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Equivalência energética
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perceberam que isso tornou possível uma reação em cadeia com uma produção
energética sem precedentes.
Uma termoelétrica utiliza a energia térmica para gerar vapor d’água que gira as pás da
turbina.
Como funciona uma usina nuclear?2
A usina nuclear, nada mais é do que uma termoelétrica, mas que usa a fissão do U-235
como combustível para gerar calor e esquentar a água.
http://www.eletronuclear.gov.br/Saibamais/Espa%C3%A7odoConhecimento/Pesquisaescolar/EnergiaNuc
lear.aspx
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Defesa em Profundidade
É um conceito de projeto que envolve a criação de sucessivas barreiras físicas
que mantêm a radiação sob total controle.
1 – As pastilhas de dióxido de urânio possuem uma estrutura molecular que retém a
maior parte dos produtos gerados na fissão.
2 – As varetas que contêm as pastilhas são seladas e fabricadas com uma liga metálica
especial.
3 – O vaso do reator funciona como uma barreira estanque.
4 – A blindagem radiológica permite que os trabalhadores possam acessar áreas
próximas ao reator.
5 – O envoltório de aço especial, com 3 centímetros de espessura, é projetado para
resistir ao mais sério acidente.
6 – O envoltório de concreto, com 70 centímetros de espessura, conterá qualquer
material caso as demais barreiras falhem.
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Aula 9
Fusão nuclear
Meta
Introduzir os conceitos sobre as forma de fusão nuclear com a liberação de
energia
Objetivos
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Introdução
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Os volumes dos resíduos radioativos num reator de fusão são maiores do que
na fissão, mas menores do que para usinas térmicas a carvão de mesmo porte
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Plasma
Um plasma é um gás
ionizado. Uma mistura de
íons positivos e elétrons
negativos com a
neutralidade de carga
geral. Plasmas constituem
o quarto estado da matéria,
e são obtidos a
temperaturas de mais de
100.000 graus.
Plasmas conduzem
eletricidade e calor.
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4
Os núcleos He (partículas α) carregam cerca de 20% da energia e
permanecem no plasma. Os outros 80% são levados por neutrons e podem ser
usados para gerar vapor.
O plasma torna-se auto-sustentável ou inflamável quando há uma potência α
suficiente para equilibrar as perdas do plasma.
Nas estrelas, as partículas do plasma (incluindo α) são essencialmente
limitadas pela força da gravidade e as densidades elevadas no plasma são
alcançadas
Na Terra, plasmas quentes e densos podem ser confinados em campos
magnéticos (fusão por confinamento magnético) e plasmas superdensos
podem ser obtidos implodindo bolinhas sólidas de deutério e trítio (fusão por
confinamento inercial).
Para produzir energia a partir da reação D+T, tanto o reator de confinamento
magnético com plasma de alta temperatura (um gás que tenha sido
completamente ionizado) quanto o reator de confinamento inercial (que utiliza
tecnologias de implosão de laser) foram investigados.
Confinamento inercial
A implosão do laser de pequenas pelotas (diâmetro 3 mm) sólidas de deutério
e trítio produz as condições de fusão.
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Confinamento magnético
Campos magnéticos fazem as partículas carregadas girarem em espiral em
torno das linhas de campo. Partículas de plasma são perdidos para as paredes
dos vasos apenas por difusão relativamente lenta ao longo das linhas de
campo. O sistema toroidal (em forma de anel) evita que o plasma atinja o final
do recipiente. O dispositivo de Confinamento Magnético de maior sucesso é o
Tokamak (do russo para “câmara magnética toroidal” - toroidal'naya kamera s
magnitnymi katushkami)
Tokamak
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O produto de fusão tripla (niTiτE) e a temperatura dos íons (Ti) devem ser
suficientemente grandes (abaixo de uma determinada temperatura, a
probabilidade da reação de fusão é demasiadamente pequena)
• pressão (NiTi) ≥ 2 atm
• tempo de confinamento> 5 s
• temperatura do plasma de íons ≈ 100 - 200 milhões ° C
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muito alta. A pesquisa atual prevê que esta fonte de energia tem um elevado
grau de pureza e eficiência.
Em todas as fontes de energia de corrente, aproximadamente dois terços da
energia é perdido na forma de calor residual ou poluição térmica. Na
abordagem CBF, não há praticamente nenhum desperdício. Este projeto
favorece tamanho pequeno para a maior eficiência (100 MWe ou menos), e
levaria a plantas de potência com vários reatores ou descentralização da
produção de energia.
Caradache, França
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