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INTRODUÇÃO A RADIOLOGIA


AMPOLA DE RAIO X

] 06/2020
Anatomia de um tubo para radiologia convencional e emissão termoiônica

O tubo de raios X, consiste de uma cápsula a vácuo, que pode ser de vidro ou metal. A condição de vácuo é
utilizada para evitar colisões dos elétrons com moléculas de gás no percurso do catodo para o anodo, garantindo
assim um bom isolamento elétrico.

A cápsula de vidro ou metal é envolta por uma cúpula que exerce a função de sustentá-la, isolá-la e protegê-la do
meio externo. A cúpula é revestida inteiramente com chumbo, exceto em uma janela radiotransparente
designada para saída dos raios X, bloqueando assim os outros raios X emitidos em outras direções, pois eles são
emitidos em todas as direções após sua formação no anodo. Os fótons de raios X que passam por esta janela
constituem o chamado feixe útil. A produção deste feixe gera muito calor, necessitando de um sistema de
resfriamento dentro da cúpula. Este resfriamento pode ser feito através de ar, óleo ou água. Muitos dos tubos
resfriados por ar são equipados com tipos de ventiladores ou circuladores de ar, já o óleo (ou água) circula com o
auxílio de uma bomba, que controla sua ida para o resfriamento e volta para o tubo através de mangueiras
especiais. Quando ocorre aquecimento excessivo do óleo, há na cúpula uma parede com capacidade de expansão


Catodo

Uma vez o tubo resfriado e liberado para funcionamento, a produção de raios X se inicia. O catodo exerce a
função de fonte de elétrons do tubo de raios X. Para a produção destes elétrons há um ou dois filamentos
helicoidais de tungstênio.

(Filamentos do catodo e sua estrutura de focalização)

Filamento

O filamento é conectado a um transformador abaixador de tensão, chamado transformador do filamento, que


fornece uma diferença de potencial para produção de corrente (mA). Esta corrente produzida é de valor igual ao
selecionado no painel de controle do equipamento (aproximadamente de 20 a 500 mA, ou maior). A corrente
determina a temperatura do filamento, aquecendo-o suficientemente para ocorrer a liberação de elétrons por
emissão termoiônica.

A emissão termoiônica consiste da ejeção de elétrons por aquecimento de um material condutor. Os elétrons
num material condutor, à temperatura ambiente, se agitam e passam de um átomo para outro facilmente devido
a sua fraca ligação com o núcleo. Este movimento no interior do material induz uma carga positiva
correspondente na superfície que tende a atraí-lo.

O aquecimento deste material a aproximadamente 2200ºC proporciona aos elétrons energia mínima, chamada
função-trabalho, necessária para superar a força de atração do material devido às cargas positivas geradas,
formando uma nuvem de elétrons próxima à superfície do condutor.

Então, durante o aquecimento do filamento, esta nuvem de elétrons é formada ao seu redor, como visto na
Figura 37, e quando uma tensão é aplicada no tudo de raios X esses elétrons são acelerados em direção ao anodo,
gerando uma corrente elétrica. Porém, se a tensão for muito baixa, alguns elétrons retornam pra o filamento em
vez de seguirem em direção ao anodo, reduzindo assim a corrente no tubo. Este efeito é conhecido como efeito
espacial de carga. Assim, tensões maiores produzem correntes no tubo levemente maiores para a mesma
corrente de filamento até que todos os elétrons sejam acelerados e ocorra a saturação.

(Filamento aquecido e sua nuvem de elétrons).

Materiais que são bons emissores termoiônicos possuem uma função de trabalho baixa e um ponto de fusão alto.
O tungstênio tem ponto de fusão a 3400ºC e uma função trabalho de 4,5 eV, por isso é tão utilizado como
material do filamento do catodo.Apesar de o ponto de fusão dos materiais usados serem altos, o filamento pode
sofrer vaporização se mantido por muito tempo a essa alta temperatura. Então, a corrente do tubo é mantida em
um valor inferior, que mantém o filamento pré-aquecido em uma temperatura menor do que a necessária
durante a exposição. Por isso, os equipamentos de diagnóstico por imagem normalmente possuem botões de
duas etapas, a 1º etapa chamada preparo, quando o filamento é pré-aquecido, e a 2º chamada exposição, quando
a alta tensão entre o anodo e o catodo é acionada e a exposição é realizada. Também, encontram-se
equipamentos com dois botões, um designado para o preparo e o outro para a exposição.

Focalização

Os elétrons ejetados do filamento interagem com uma pequena área no anodo. Para manter pequena esta área
de interação no disco do anodo, o caminho entre o catodo e o anodo é orientado pela estrutura de focalização
que se encontra ao redor do filamento, pois os elétrons tendem a se repelir por possuírem mesma carga negativa.
A focalização é feita por uma tensão aplicada a esta estrutura, de mesmo valor da fornecida ao filamento ou mais
negativa. No segundo caso, o circuito que fornece a tensão para a estrutura de focalização é isolado do circuito
que fornece a tensão para o filamento, resultando em uma largura de feixe de elétrons menor.

Foco

A largura da área atingida no disco de anodo é definida pela tensão aplicada à estrutura de focalização, e o
comprimento pelo comprimento do filamento. Esta área atingida no anodo é conhecida por ponto focal e o
comprimento do filamento determina se o foco é grosso (comprimento maior) ou fino (comprimento menor).


Anodo

Na área atingida no anodo ocorrem as interações para produção de raios X.Estas interações acontecem
especificamente no disco do anodo, que pode ser estacionário ou giratório. Para rotacionar esta estrutura, o
anodo possui um arranjo elaborado de rotor e estator, já o anodo fixo consiste simplesmente de tungstênio
inserido em um bloco de cobre.


(Anodo fixo do tubo de raios X. A) anodo fixo.)

Os elétrons que colidem no anodo depositam a maior parte da sua energia na forma de calor e somente uma
parte é emitida em raios X (aproximadamente 1%), então é necessário que o anodo tenha uma alta capacidade de
dissipar este calor gerado para evitar danos na sua estrutura, e ser eficiente na produção de raios X. Estas
características são alcançadas através da escolha do material do alvo e da instalação de um sistema rotacional
acoplado a ele, que aumenta sua área de dissipação de calor. Os materiais geralmente utilizados são o tungstênio,
rênio ou uma combinação destes, devido a seus altos pontos de fusão e alto número atômico. O material mais
utilizado é o tungstênio, escolhido devido a seu alto ponto de fusão (3400ºC), suportando alto depósito de calor
sem fissuras ou corrosão. O acréscimo de outro material (ex: rênio) forma uma liga (ex: 10% rênio e 90%
tungstênio) que deixa o anodo ainda mais resistente.

(Disco do anodo giratório com fissuras devido ao excesso de calo).

A rotação do anodo é realizada pelo aprisionamento de um disco de tungstênio a um motor de indução através
de uma haste de molibdênio. Este motor é constituído por um rotor (barras de cobre arranjadas ao redor de um
núcleo de ferro cilíndrico) e um estator (conjunto de bobinas que ficam ao redor do rotor, fora da cápsula a
vácuo). Com a aplicação de uma corrente alternada entre os pares de bobinas do estator, é produzido um campo
magnético que induz uma corrente no rotor, e esta corrente induz um campo magnético oposto. O rotor sofre
ação da força magnética, como explicado anteriormente, e assim rotaciona. A produção de raios X no
equipamento só é permitida quando a velocidade máxima do anodo é alcançada, ocasionando um atraso entre o
acionamento do botão no painel de controle e a produção dos raios X. A haste de molibdênio diminui o calor
transferido do anodo para o rotor devido a este material ser um mal condutor de calor, preservando assim a
integridade do rotor.Os tubos com anodos giratório exigem uma engenharia mais elaborada para sua fabricação,
tornando-os mais caros. Por isso, apesar de a maioria dos equipamentos serem de anodo giratório, há muitos que
utilizam anodo fixo. No anodo fixo, o bloco de cobre onde é inserido o tungstênio tem a função de suporte deste
alvo e de dissipar o calor gerado. Como a interação neste anodo acontece sempre na mesma área, a corrente do
tubo é limitada pra não ocorrer danos na superfície deste alvo, ao contrário do anodo giratório que consegue
uma área de interação no anodo muito maior do que o anodo fixo, tendo melhor capacidade de dissipação de
calor.

Angulação do anodo e ponto focal

A área de interação dos elétrons no anodo influencia a qualidade da imagem produzida. Os equipamentos de
raios X tem a finalidade de produzir uma imagem adequada para um bom diagnóstico do paciente e, para obter
esta imagem os fótons devem ser emitidos de uma fonte o mais pontual possível e ter uma exposição curta para
evitar borrões na imagem causados pelos movimentos do paciente (voluntários e involuntários). Devido a área de
uma fonte pontual ser muito pequena, ao utilizar uma exposição curta é necessário ter uma quantidade de
corrente maior. Os elétrons que atingirão esta pequena área do alvo (ponto focal), produzirão grande quantidade
de calor que precisa ser dissipada ou danificará a estrutura. Com o objetivo de resolver tais problemas, adquiriu
capacidade giratória, como já visto anteriormente, e o anodo foi angulado.

Esta angulação torna a área do campo de raios X que atinge o paciente menor do que a área da produção deste
no alvo. A área no anodo que os elétrons colidem é chamada ponto focal real e a que atingi o paciente é chamada
de ponto focal efetivo e sua largura permanece a mesma da do ponto focal real, porém seu comprimento (CPFE) é
igual ao comprimento do ponto focal real (CPFR) multiplicado pelo seno do ângulo do anodo, tornando-o menor.
Este encurtamento é chamado de princípio de linha do foco.

A inclinação do anodo permite que se alcance um ponto focal efetivo menor do que o real.O comprimento do
ponto focal efetivo varia com a posição no plano da imagem e na direção anodo-catodo. Em direção ao lado do
anodo o comprimento projetado do ponto focal encurta, enquanto que alonga em direção ao lado do catodo. Na
dimensão da largura, o tamanho do ponto focal não muda com a posição na imagem no plano.

(O comprimento do ponto focal efetivo varia na direção anodo-catodo).

(Variação ângulo do anodo).

Os ângulos dos anodos variam de 7 a 20 graus e o ângulo a ser escolhido depende da estrutura que se deseja
observar na imagem. Pois, se é necessário uma alta definição de detalhes (alta resolução espacial), isto é
alcançado com um ponto focal efetivo menor, que é consequência de um ângulo menor do anodo. Porém, este
ângulo menor limita o tamanho do feixe de raios X, podendo-se perder informação se a parte do corpo for grande
demais
Efeito Anódico ou efeito heel

Outra desvantagem desta pequena angulação é que os fótons de raios X irradiados em direção ao lado do anodo
atravessam uma espessura maior deste antes, sofrendo maior atenuação do que os direcionados para o lado do
catodo. Portanto, o feixe de raios X sofre o que é chamado de efeito anódico ou efeito heel e tem intensidade
reduzida na direção do anodo, visualizado na Figura 46. Este efeito é reduzido quando a distância da fonte-
detector é grande, pois o detector recebe um ângulo menor do feixe.Para evitar que este efeito prejudique muito
a qualidade da imagem, procura-se posicionar o catodo sobre as partes mais espessas e densas do paciente,
conseguindo assim um balanceamento dos fótons ao longo do eixo anodo-catodo, produzindo assim uma imagem
mais uniforme.

Radiação extrafocal

Além do efeito anódico, a qualidade da imagem sofre também com uma pequena fração dos elétrons acelerados
em direção ao anodo que se espalham e são reacelerados para fora da área do ponto focal, como observado na
Figura 48. Estes elétrons colidem com esta área e produzem raios X de baixa energia, consequentemente o
comprimento do ponto focal efetivo aumenta, a resolução espacial diminui, prejudicando a qualidade da imagem
e ocorre um aumento desnecessário de exposição ao paciente. Para evitar isto, um pequeno colimador de
chumbo pode ser colocado perto da saída do tubo de raios X com a finalidade de interceptar esses fótons
indesejados. Tubos com cápsula de metal com mesma diferença de potencial aplicada ao anodo podem atrair os
elétrons perdidos tanto quanto o anodo e interceptá-los.

Diferenças de intensidade no feixe de raios X devido a inclinação do anodo.

Posicionamento exame de tórax


(Elétrons podem ser retroespalhados no anodo, causando a produção de raios X extrafocal).

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