Você está na página 1de 11

6 COMPONENTES BÁSICOS DE UM APARELHO DE RAIOS X

6.1 A AMPOLA

A ampola, onde é produzida a radiação, pode ser descrita como um espaço com vácuo
onde dois eletrodos são colocados para que haja a circulação de corrente elétrica. É um
componente do aparelho de Raios X raramente visto pelo tecnólogo. Ele está contido em uma
caixa de proteção e, portanto, é inacessível.
A ampola é feita geralmente de vidro temperado com vácuo, e contém dois eletrodos, o
ânodo e o cátodo. O vácuo é necessário para que os elétrons ali acelerados não percam
energia nas colisões com partículas gasosas. Assim, chegam com energia total para se
chocarem com o alvo.

Figura 31: Principais partes de uma ampola com anodo rotatório


Fonte: (BUSHONG, 2012)

A estrutura externa dos tubos de Raios X consiste em três partes: a estrutura de suporte,
o invólucro protetor (cabeçote) e a ampola de vidro ou metal. As estruturas internas do tubo de
raios X são o anodo e o catodo.

6.2 ESTRUTURA DE SUPORTE

O tubo de radiografia e o cabeçote são bastante pesados; então, eles requerem um


mecanismo de sustentação para que o tecnólogo possa posicioná-lo.
Esta sustentação pode ser de três tipos:
Suporte de teto;
Suporte teto-chão
Suporte tipo arco C

Material de estudo adaptado de outras fontes pelo Prof Paulo Roberto Prevedello - pauloprevedello@gmail.com 32
SUPORTE DE TETO
O suporte de teto é o mais frequentemente usado. Consiste em dois conjuntos
perpendiculares de trilhos de teto. Isso permite deslocamentos longitudinais e transversais do
tubo de Raios X.

Figura 32: Equipamento de Raios X com suporte do cabeçote no teto


Fonte: http://www.shimadzu.com.br/medica/produtos/radio/radspeed.shtml

SUPORTE TETO-CHÃO
O sistema de suporte teto-chão tem uma única coluna (estativa) com roldanas em cada
extremidade, uma acoplada a um trilho montado no teto e outra conectada a um trilho no chão.
O tubo de raios X desliza para cima e para baixo da coluna enquanto a coluna gira.

Figura 33: Equipamento de Raios X com suporte do cabeçote teto-chão


Fonte: http://www.ibmed.com.br/service/raio-x-digital-2/

Material de estudo adaptado de outras fontes pelo Prof Paulo Roberto Prevedello - pauloprevedello@gmail.com 33
SUPORTE TIPO ARCO C
As salas de cirurgia possuem um equipamento de Raios X com um sistema de suporte
do tipo arco C, assim chamados porque o suporte tem a forma de um C. O tubo de Raios x é
acoplado em uma extremidade e o receptor de imagem é acoplado à outra extremidade do
arco C.

Figura 34: Equipamento de Raios X tipo arco C


Fonte: https://www.fronzutolaw.com/articles/hospital

6.3 COMPONENTES INTERNOS DA AMPOLA

Internamente a ampola é dividida em dois eletrodos, um negativo chamado Catodo, ou


Anódio, e outro positivo chamado Anodo, ou Anódio.
CATODO
O cátodo é um dos dois eletrodos necessários para que seja aplicada uma diferença de
potencial entre dois pontos e seja estabelecida uma corrente elétrica. Entre os dois eletrodos,
o cátodo é o que apresenta o potencial elétrico mais baixo, ou mesmo, pode ser considerado
nulo. No linguajar comum, é conhecido como o eletrodo negativo.
Os elétrons emitidos são produto do efeito
termo iônico que se obtém com o aquecimento
de um filamento. Com o calor gerado no
filamento, os elétrons dos seus átomos têm
energia suficiente para escaparem da
eletrosfera e viajarem em direção ao ânodo.
Como o átomo perde um elétron e se
transforma em íon, o efeito recebe o nome de
termo iônico (termo = calor e iônico = íon).

Material de estudo adaptado de outras fontes pelo Prof Paulo Roberto Prevedello - pauloprevedello@gmail.com 34
O filamento é um componente fundamental para o dispositivo de geração dos raios X,
porque nele são produzidos os elétrons que serão acelerados em direção ao ânodo.

O fio enrolado de tungstênio, semelhante ao utilizado nas lâmpadas incandescentes


domésticas, tem por objetivo aumentar a concentração de calor e garantir uma uniformidade
na geometria da produção do feixe de elétrons.
A utilização do tungstênio se dá por dois motivos: é um átomo que possui grande número
de elétrons (74) e com ponto de fusão acima dos 3400 ºC.
ANODO
O ânodo é o eletrodo positivo do sistema de alta tensão que produz a radiação X. Por
ser um eletrodo, e por isso conduzir corrente elétrica, normalmente é feito de uma liga metálica,
onde está colocado o alvo a ser atingido pelos elétrons.
O alvo ou o ponto onde os elétrons se
chocam pode ser fixo ou pode ser rotatório. A
estrutura do ânodo é normalmente composta de
um material com ótima capacidade de
dissipação térmica. Por isso, geralmente
escolhe-se para o corpo do ânodo metais como
cobre, molibdênio ou rênio e, em alguns casos,
grafite ou ligas metálicas dos metais citados.

Figura 35: O Anodo


Fonte: (BUSHONG, 2012)

Material de estudo adaptado de outras fontes pelo Prof Paulo Roberto Prevedello - pauloprevedello@gmail.com 35
ANODO FIXO
O ânodo fixo foi o primeiro a ser utilizado por causa da própria evolução dos antigos
tubos de Crookes que possuíam todas as partes fixas.
A ampola de ânodo fixo é muito simples
e fácil de ser construída. Possui pequena
dimensão, justamente para facilitar a
condução e irradiação de calor. Assim, com o
pequeno tamanho, fica mais fácil do calor
chegar ao líquido refrigerante a qual a ampola
está submersa.
ANODO ROTATÓRIO
Como forma de superar os problemas gerados pelo calor em excesso foi desenvolvido
um tipo de estrutura para o ânodo que permite que este seja dissipado de forma eficiente.
A diferença básica é que a região de impacto é diluída em uma área maior. O segredo
está em girar o disco anódico para que durante a emissão dos elétrons pelo filamento, o feixe
eletrônico encontre sempre um novo ponto focal.
Desta forma, há tempo para que a região
dissipe o calor até ser atingida novamente,
após uma volta completa do disco. Os ânodos
rotatórios, apesar de serem construídos
justamente para aliviar a carga térmica
durante a execução de um exame, devem ser
preparados para suportarem condições
extremas.
Um problema muito comum é a paralisação do motor que gira o ânodo. Neste caso, o
feixe de elétrons irá colidir sempre com a mesma área, sobreaquecendo a pista anódica,
ocasionando bolhas e fissuras.
JANELA
A interação dos fótons com a matéria produz sempre muito calor, além de ionizar os
átomos. No caso da ampola, tem-se uma direção preferencial para o caminho que os fótons
devem percorrer.
A região por onde eles passam é especialmente desenhada. Esta região, conhecida por
JANELA, muitas vezes é facilmente identificada pela diferença na textura, espessura ou cor.

Material de estudo adaptado de outras fontes pelo Prof Paulo Roberto Prevedello - pauloprevedello@gmail.com 36
Figura 36: Representação da janela Fonte: (BUSHONG, 2012)

7 DISPOSITIVOS DE CONTROLE DA RADIAÇÃO ESPALHADA

7.1 GRADE ANTIDIFUSORA

Durante a realização do exame radiográfico os fótons de Raios X produzidos na ampola


ao atingir o paciente produzirão novos fótons, estes são chamados de radiação espalhada ou
radiação secundária. Esta radiação é produzida de cinco formas: espalhamento coerente,
efeito Compton, efeito fotoelétrico, produção de pares e fotodesintegração.

Figura 37: A produção da radiação espalhada ou secundária Fonte: (BUSHONG, 2012)

Esta radiação prejudica a qualidade da imagem produzida, prejudicando o diagnóstico.


Para limitar os efeitos produzidos por radiação secundária foi desenvolvido a grade
antidifusora.
A grade é um acessório colocado entre o paciente e o filme, que serve para evitar que
a radiação espalhada possa prejudicar a formação da imagem, fazendo com que esta perca a
nitidez. A grande vantagem da utilização das grades antidifusora é a nítida melhoria da
qualidade da imagem radiográfica.
Este processo de separação entre radiação direta e radiação secundária se deve ao
posicionamento das lâminas que permitem a passagem apenas dos raios que vem diretamente

Material de estudo adaptado de outras fontes pelo Prof Paulo Roberto Prevedello - pauloprevedello@gmail.com 37
da ampola (perpendiculares à grade) e absorvem aqueles que são oblíquos à grade, oriundos
do paciente.
As grades atualmente são construídas com
uma lâmina opaca de 0,05 mm de espessura e
um espaço entre lâminas. Testes feitos em
laboratório garantem que grades de alta
qualidade conseguem absorver entre 80 e 90%
da radiação secundária..
As lâminas teoricamente devem ser
extremamente finas e possuir um material de alto
poder de absorção da radiação espalhada.
Dos vários materiais possíveis, o mais usado
é o chumbo pelo seu baixo custo e
maleabilidade, além de possuir alto número
atômico e densidade.
Gustav Bucky, alemão, em 1913 anunciou o desenvolvimento de um diafragma montado
como se fosse uma colmeia de abelhas a ser utilizada sobre o dispositivo sensível a radiação.
A GRADE constituía numa rede metálica cujas células eram orientadas para que os fótons
oriundos diretamente do ponto focal pudessem atravessá-las.
Embora parecesse revolucionário, o dispositivo de
Bucky possui um defeito grave de concepção: as
lâminas metálicas, de alto número atômico para
absorver os fótons, bloqueavam os fótons que eram
emitidos em linha reta a partir da ampola causando
sombra (artefato) no filme radiográfico.

Figura 38: Gustav Buck e sua Grade Fonte: http://berliner-roentgengesellschaft.net/gustav-bucky-preis/

Material de estudo adaptado de outras fontes pelo Prof Paulo Roberto Prevedello - pauloprevedello@gmail.com 38
Bucky não desistiu, e logo propôs a movimentação da grade para que a sombra
mudasse de posição e com isso não marcasse visivelmente o filme. A mesma ideia foi testada
por Eugene Caldwell, em 1917, e constituía em mover a grade contra o feixe de radiação (para
cima e para baixo). Em 1917, o americano Hollis Potter apresenta congresso da Sociedade
Americana dos Raios Roentgen (ARRS), que ficou conhecida como a grade Potter-Bucky.

Figura 39: O funcionamento da grade Fonte: (BUSHONG, 2012)

7.2 COLIMADOR

O colimador é um limitador de feixe de radiação feito de placas de chumbo que se


posicionam de forma a que possuam um movimento horizontal, permitindo a regulagem do
tamanho e forma do campo (quadrada ou retangular), com o auxílio de um feixe luminoso é
possível visualizar a configuração do campo.
Acoplado ao sistema de colimação existe
uma fina lâmina plástica transparente em cujo
centro está desenhada uma pequena cruz, que
identifica o local de incidência do raio central.

7.3 CONES E CILINDROS

Material de estudo adaptado de outras fontes pelo Prof Paulo Roberto Prevedello - pauloprevedello@gmail.com 39
Outro tipo de limitador de feixe muito utilizado pelo tecnólogo é o cilindro de alumínio.
Às vezes, em forma de cone, o cilindro tem função de reduzir drasticamente a área irradiada
sobre o paciente. Este dispositivo diminui a dose no paciente e reduz muito a radiação
espalhada, o que resulta numa imagem radiográfica mais nítida.
Os cones também representam uma proteção adicional para o tecnólogo ou pessoa que
tenha que ficar próxima do paciente durante a realização do exame.

Figura 40: Cone de limitação do feixe Fonte: Imagem adquirida por John Lima CRTR 5520T Goiás

7.4 DIAFRAGMA

Uma abertura é o mais simples de todos os dispositivos para restringir o feixe. É,


basicamente, uma lâmina de chumbo ou diafragma metálico que está acoplado ao cabeçote
do tubo de raios X. A abertura do diafragma é geralmente projetada para cobrir uma área menor
que a área do receptor de imagem utilizado.

Figura 41: O diafragma Fonte: (BUSHONG, 2012)

Material de estudo adaptado de outras fontes pelo Prof Paulo Roberto Prevedello - pauloprevedello@gmail.com 40
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DO CONTEÚDO

1. De forma resumida e simplificada descreva a ampola de Raios X?

2. Quais são os três tipos de sustentação do cabeçote no equipamento de Raios X?

3. Como está dividida internamente a ampola de Raios X?

4. O que é o Catodo ou Catódio?

5. Quais os dois principais motivos de se usar o tungstênio (74W) na ampola de Raios X?

6. O que é o Anodo ou Anódio?

7. Como pode ser o ponto focal, alvo onde ocorre o impacto dos elétrons?

8. Como é o Anodo com alvo fixo?

9. Como é o Anodo com alvo rotatório?

10. Qual a vantagem do Anodo com alvo rotatório em relação ao com alvo fixo?

11. O que é a janela e qual a sua finalidade na ampola de Raios X?

12. Qual os três dispositivos de controle da radiação secundária ou espalhada?

13. O que é a grade antidifusora ou antirradiação espalhada?

14. O que é o colimador do feixe de radiação?

15. O que é o diafragma do cabeçote do equipamento de Raios X?

Material de estudo adaptado de outras fontes pelo Prof Paulo Roberto Prevedello - pauloprevedello@gmail.com 41
REFERÊNCIAS

ARRUDA, Walter Oleschko. Wilhelm Conrad Röntgen, 100 anos da descoberta do Raios
X. Disponível em: www.scielo.br/pdf/anp/v54n3/27.pdf Acesso em: 04 Mar 18

BIASOLI Jr, Antonio. Técnicas Radiográficas. 2ª ed. São Paulo. Rubio. 2015
BOISSON, Luiz Fernando. Técnica Radiológica Médica: Básica e Avançada. São Paulo.
Atheneu, 2007.

BONTRAGER, Kenneth L., LAMPIGNANO John P. Tratado de Posicionamento


Radiográfico e Anatomia Associada. 8ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015
BUSHONG, Stewart Carlyle. Ciência Radiológica para Tecnólogos. 9ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2012
CAVALIERE, Irene. Os Raios X na I Guerra Mundial. Fundação Oswald o Cruz. Disponível
em: http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1160&sid=7 Acesso em:
11 Mar 18
CLARK, Posicionamento Radiográfico. 12ª ed. Rio de Janeiro. Ed Guanabara Koogan. 2015
COCHARD, Larry R. et al. Netter’s introduction to imaging. St. Louis, Missouri. EUA.
ELSEVIER. 2012
DIMENSTEIN, Renato; NETTO, Thomaz Ghilardi. Bases Físicas e tecnológicas aplicadas
aos Raios X. 2º ed. São Paulo: Editora Senac, 2005.
DURÁN, José Enrique Rodas. BioFísica: Fundamentos e Aplicações. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2003
HEWITT, Paul G. Física conceitual. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.
MERRIL, Vinita. Atlas de posiciones Radiográficas Y procedimentos Radiológicos. 12ª
ed. Madri. Espanha. Ed. Elsevier. 2010.
NUSSENZVEIG, Hersh Moyses. Curso de Física Básica. 4. ed. Sao Paulo: Ed. Edgar Blucher.
2010
PARISOTO, Mara Fernanda. MORO, José Tullio. Aplicações do eletromagnetismo, Óptica,
ondas, da física moderna e Contemporânea na medicina. Porto Alegre: UFRGS, Instituto
de Física, 2010.
RAMOS, Manoel Mattos Oliveira; TAUHATA, Luiz; PRINZIO, Maria Antonieta R.R. Di.
Grandezas e Unidades para Radiações Ionizantes: Recomendações e Definições. Rio de
Janeiro: LNMRI, 2002.
SOARES, Flávio Augusto Penna. A produção de Raios X em ampolas radiológicas.
Florianópolis, SC. Universidade Federal de Santa Catarina. 2006

Material de estudo adaptado de outras fontes pelo Prof Paulo Roberto Prevedello - pauloprevedello@gmail.com 42

Você também pode gostar