Você está na página 1de 23

INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -

INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL


DO SÉCULO XIX

IFUSP – INSTITUTO DE FÍSICA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

LORENZO PHILIP RAMACCIOTTI VIEIRA - NºUSP: 11224014

INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA

PROFESSOR TIAGO FIORINI DA SILVA

AULA 04

INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL


DO SÉCULO XIX

1
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

RESUMO:

● INTERAÇÃO DE RADIAÇÃO COM A MATÉRIA


PRODUÇÃO DE RAIOS-X
PRODUÇÃO E ANIQUILAÇÃO DE PARES
● MODELO ATÔMICO
MODELO DE THOMSON
MODELO DE RUTHERFORD
ESPECTROS DE EMISSÃO ATÔMICOS

2
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

● PRODUÇÃO DE RAIOS-X:
Contexto Histórico - Científico - Qualitativo
Em 1895, no dia de 8 de novembro, o cientista físico experimental
alemão Wilhelm Conrad Röntgen estava com o objetivo de detectar a radiação
eletromagnética de alta frequência prevista e estudada por Heinrich Hertz e
Philipp Lenard e também tentou observar a existência de um fenômenos
descrito por Lenard, onde os raios catódicos que saiam para fora do tubo
iluminavam uma superfície a uma dada distância do próprio que havia recebido
uma camada de material fosforescente. Desta maneira, Röntgen ficou dentro de
uma sala escura trabalhando com um tubo de Crookes1 que estava coberto por
uma blindagem de papelão preto (negro) e adicionou uma corrente elétrica ao
tubo. Após realizar este feito, o cientista notou que um pedaço de papel
composto por platinocianeto de bário, que estava localizado na mesa em que
estava realizando o experimento com o tubo, estava com a presença de uma
linha preta peculiar, fato que chamou muito sua atenção.

Figura 1 - Tubo de Crook

1
Nome dado em homenagem ao físico William Crookes que contribuiu com estudos e teorias para tecnologia de
vácuo

3
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

Ao mesmo tempo em que percebeu a presença da linha preta, a única


explicação que o cientista pôde dar para aquele acontecimento foi o de que
havia tido passagem de luz e que nenhuma luz poderia ter origem no tubo tendo
em vista que a blindagem estava em volta do mesmo era opaca a qualquer tipo
de lu conhecida até então, até mesmo a do próprio arco elétrico causado pela
introdução de corrente elétrica. Para testar a possível origem do raio de luz,
Röntgen assumiu que o efeito devia vir do tubo, em função de seu caráter
indicar que não poderia haver outro lugar de origem. Desta maneira, ele
começou a deslocar o papel e o fio metálico que produzia a sombra e, através do
deslocamento da sombra foi possível descobrir a real direção dos raios.

Nesta etapa, Röntgen ainda estava relutante em função de achar que


estava observando algo já conhecido, sendo que tubos de descarga podiam
emitir raios catódicos, os quais são capazes de produzir fluorescência. O fato
mais surpreendente desta experiência até então era o de que este raio estudado
atravessava um papel blindado que recobria o próprio tubo e se propagava a
uma certa distância considerável. Com base nisso, o cientista considerou que ele
poderia estar diante de um novo tipo de luz invisível, ou seja, um fenômeno
ainda não registrado. Sendo assim, Röntgen decidiu investigar quais as
características que esses raios apresentavam procurando determinar as
propriedades deste novo tipo de radiação detectada.

Algumas das propriedades básicas descobertas dos novos raios por


Röntgen foram:

● A propagação dos raios ocorria em linha reta, fato que ocasionava a


produção de sombras regulares.

4
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

● Os raios apresentavam a capacidade de perfurar grandes espessuras de


diversos materiais, com enfoque no caso daqueles materiais que eram
considerados menos densos.
● A absorção destes raios ocorria de maneira mais intensa em metais, em
especial no chumbo (Pb).
● Apresentavam a capacidade de gerar fluorescência em diversas
substâncias diferentes.

Após realizar tais datações acerca das propriedades das radiações


estudadas, Röntgen decidiu por realizar algumas comparações entre as
propriedades encontradas dos raios estudados com as propriedades da
radiação ultravioleta, luz e raios catódicos com o intuito de definir se
encontrou ou não um novo tipo de radiação. Desta maneira, encontrou os
seguintes parâmetros:

● Os raios estudados eram capazes de sensibilizar chapas fotográficas,


assim como todas as radiações que estava comparando.
● Os raios não apresentavam a possibilidade de serem refratados ou
refletidos, fato que acusava uma incompatibilidade com as
características da radiação ultravioleta e da luz, porém os aproximavam
dos raios catódicos.
● Buscando diferenciá-los dos raios catódicos, o cientista estudou e
confirmou que os raios estudados eram capazes de realizar uma
penetração nos materiais sob os quais incidia muito maior do que os
raios catódicos. Outro fator que diferenciou os raios estudados dos
raios catódicos foi que os raios estudados não podiam ser desviados
por ímãs, diferentemente dos raios catódicos.

5
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

Desta forma, através do método de comparação e eliminação, o cientista


definiu que os raios estudados não poderiam ser caracterizados como se
fossem luz, não apresentavam as características de nenhuma radiação
eletromagnética invisível conhecida (ondas de rádio, raios ultravioleta,
infravermelhos) e nem poderiam ser raios catódicos. Sendo assim, Röntgen
definiu que realmente havia encontrado um novo tipo de radiação que,
inicialmente, definiu como se fossem ondas eletromagnéticas longitudinais.

Perto da data natalina, Röntgen redigiu seu primeiro artigo contendo as


principais propriedades dos raios estudados, que viriam a ser nomeados de
Raios-X. Durante o envio do artigo, ele enviou em anexo algumas
radiografias de diversos objetos, incluindo a radiografia da mão de sua
esposa.

Figura 2 - Teste de Raio-X

Os primeiros cientistas que verificaram a validade da fotografia das


radiografias mandadas pertenciam à Sociedade de Física Médica de
Würzburg. Este foi o acontecimento que deu início a criação de um novo

6
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

campo da física com estudo de novos raios físicos, onde foram realizados
estudos sobre raios catódicos, raios betas, raios alfa, raios gama e raios N.

Em 1912, após a descoberta do raio-x por Röntgen, William Lawrence


Bragg iniciou estudos utilizando raio-X e cristais compostos por ZnS (Sulfeto
de Zinco) e NaCl (Cloreto de Sódio) quando observou a difração do raio-X
por meio dos cristais e, desta forma, conseguiu elaborar a Lei de Bragg, a
qual relaciona o ângulo de reflexão da onda com o comprimento de onda do
raio-X. Em 1913, o pai de Bragg construiu o primeiro espectrômetro de
raio-X que era utilizado até então para analisar as distribuições espectrais do
raio e, tempos depois, unido esse equipamento com a Lei de Bragg ele foi
capaz de determinar a estrutura cristalina por meio da difração do raio-X.

Tempos depois, em 1952, através do método de difração de raio-X, foi


obtido uma foto de uma estrutura de DNA, a qual foi importantíssima para
concluir diversos estudos acerca da estrutura do DNA. A foto em si acusava
que a forma estrutural do DNA era a de um espiral.

Figura 3 - Difração de raio-X na estrutura do DNA

7
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

● O RAIO-X É ORIGINADO DE UM PROCESSO ELETRÔNICO:

A emissão de radiação eletromagnética é prevista no modelo da física


clássica do eletromagnetismo. Os raios X foram descobertos por Roentgen no
final do século XIX. Ao estudar a radiação proveniente de tubos de raios
catódicos, Roentgen observou a emissão de raios penetrantes de natureza
desconhecida. Mais tarde se verificou que os raios X nada mais são do que
radiação eletromagnética de comprimentos de onda de 0.1 a 100Å. Mas
como são produzidos os raios-X?

A figura abaixo mostra o esquema de uma válvula para produção de


raios X. Um filamento aquecido pela passagem de uma corrente emite
elétrons que são acelerados por uma diferença de potencial de 20 a 30 kV
entre o filamento (do cátodo) e um eletrodo de Cobre (o ânodo) em vácuo. Ao
atingir o ânodo de cobre os elétrons são freados bruscamente, emitindo
radiação e ionizando os átomos de Cobre. O espectro dos raios X produzidos
apresenta:

Uma componente contínua correspondente a radiação de freamento dos


elétrons. Uma componente discreta correspondente à desexcitação dos níveis
eletrônicos internos dos átomos de Cu.

8
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

Radiação de freamento dos elétrons:

A radiação de freamento (também chamada bremsstrahlung), emitida


pelos elétrons que colidem com um material denso (no caso o ânodo de Cu),
apresenta um espectro de energia contínuo. A cada colisão com os átomos ou
elétrons do material, o elétron incidente perde uma parte da sua energia
emitindo um fóton. Após um certo número de colisões, o elétron acaba por
perder essencialmente toda a sua energia cinética, tendo emitido fótons de
diversas frequências distribuídas aleatoriamente. O espectro de emissão
apresenta um valor máximo de energia, correspondente ao caso extremo de
colisões em que o elétron perde a totalidade de sua energia de uma só vez,
emitindo um único fóton de freqüência υ max . A energia máxima do
espectro é então: hυ max = Ec = eV , onde Ec é a energia cinética dos elétrons
incidentes, a qual por sua vez é igual a carga e do elétron multiplicada pela
tensão de aceleração V entre cátodo e ânodo (h é a constante de Planck).

Espectro discreto característico:

Nos processos de colisão, os elétrons incidentes podem arrancar


elétrons dos átomos do meio, produzindo íons ou átomos excitados. Durante o
processo de recombinação ou desexcitação, ocorre a emissão de fótons
característicos do material, correspondentes a transições entre níveis atômicos.
Quando o elétron arrancado pertence a uma camada atômica profunda, um
fóton é emitido com energia na faixa correspondente a raios X, por ocasião
da reocupação da camada. A figura 2 mostra o espectro resultante da
superposição da componente contínua de bremsstrahlung com os picos
correspondentes às transições discretas entre as camadas L e K, e M e K (Kα e
Kβ , respectivamente ­figura 3).

9
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

Admitindo assim que o raio-x é emitido em pacotes de energia, a


explicação para o corte, isto é, a radiação de freamento bremsstrahlung é
imediata se utilizarmos a energia de um fóton. Vamos pensar que o filamento
(cátodo) é aquecido pela passagem de uma corrente elétrica que emite
fótons acelerados por um diferença de potencial entre 20kV até 30kV que vão
para uma amostra de cobre (Cu) (cátodo). Ao chegar nesta amostra, os elétrons
possuem energia cinética máxima, porém são freados bruscamente para
ficarem no cobre, fato esse que origina a emissão de um fóton com máxima
energia, a qual é igual a energia cinética do elétron, Tempo depois, o elétron
fica em estado de repouso por já ter emitido o fóton e perde sua energia. Desta
forma, podemos escrever matematicamente que

FEITO

10
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

● ENERGIA SE TORNA MATÉRIA:

O fenômeno de produção de pares foi primeiro observado em


experimentos de raios cósmicos com câmera de nuvens. A formação de pares,
como a ilustrada na figura 1, ocorre quando um fóton com energia mínima de
1,022 MeV (freqüência a partir de 2,5 x 10 20 Hz) colide com um núcleo,
cedendo toda sua energia para o núcleo e dando origem a um par de
partículas, o par elétron-pósitron. O pósitron2 é uma partícula bastante
especial que foi descoberta décadas depois do elétron. O pósitron é de fato,
uma antipartícula, que, para o que nos interessa de imediato, pode ser
considerada um elétron com carga positiva.

Nessa interação fóton-núcleo com essa ordem de energia, o recuo do


núcleo é tão pequeno que acaba sendo ignorado. Vale frisar, que comparadas às
massas do dia-a-dia, mesmo um núcleo de um elemento pesado tem uma massa
minúscula. Porém, comparado à massa do elétron (que é igual a massa do
pósitron), o núcleo é bastante massivo ou melhor dizendo, tem uma grande
massa. Em resumo, podemos dizer que o fóton colide com o núcleo e como

2
∗ O pósitron é uma partícula com a mesma massa e carga, em módulo, do elétron, sendo
representado por e+.

11
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

resultado da colisão, toda a energia do fóton incidente se distribui


igualmente entre um par elétron-pósitron gerado durante a interação.

Embora o elétron e o pósitron sejam formados do núcleo com a mesma


energia, eles acabam mostrando uma pequena diferença de energia à medida
que se afastam do núcleo. Devido à interação coulombiana entre essas
partículas carregadas e o núcleo, o pósitron que é positivo acaba sendo
repelido pelo núcleo através de uma força coulombiana repulsiva e o elétron
acaba sendo freado por causa da força atrativa. Há efetivamente, uma
pequena diferença de energia entre o elétron e o pósitron quando ejetados do
núcleo então.

● PRODUÇÃO DE PARES:

Desta forma, podemos verificar o que acontece matematicamente e o que


isso pode nos dizer. Sendo assim, verificaremos a conservação de energia e a
conservação de momento quando um fóton com energia pequena (pequena
frequência) colide com um núcleo qualquer e ao transferir toda a sua energia, da
forma ao chamado par elétron-pósitron:

1º CASO: Fóton atinge um núcleo desprezível em massa

12
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

2º CASO: Fóton atinge um núcleo consideravelmente pesado

CONCLUSÃO: Colisão entre fóton e núcleo com massa desprezível


ocasiona uma não conservação da energia e momento ao mesmo tempo.
Diferentemente quando ocorre colisão entre fóton e núcleo com massa alta
ocasiona a conservação simultânea de energia e momento. Desta forma, a
única maneira do processo de produção de pares conservar energia e
momento é se o NÚCLEO ATÔMICO estiver presente e absorver parte da
energia e o momento do fóton.

13
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

● ANIQUILAÇÃO DE PARES:

Enquanto a produção de pares se trata do fenômeno de que um fóton, ao


colidir com um núcleo, dá origem a uma dupla de elementos (elétrons e
pósitrons), a aniquilação de pares se trata do processo inverso ao da produção de
pares, isto é, a aniquilação consiste na colisão entre um elétron e um pósitron
resultando na sua aniquilação e na produção de fótons.

14
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

Desta forma, podemos concluir que o processo de produção e aniquilação


de pares consiste em serem duas “faces” do mesmo processo, facilitando assim
a sua compreensão. Da figura abaixo:

O primeiro processo corresponde a aniquilação de pares = colisão entre


elétron-pósitron = produção de fótons.

O segundo processo corresponde a produção de pares = colisão entre


núcleo e fótons = produção par elétron-pósitron.

● PRODUÇÃO E ANIQUILAÇÃO DE PARES: Interpretação de Dirac

Paul Dirac, físico britânico, interpretou o fenômeno acima de produção e


aniquilação de pares, supondo a existência de um mar de elétrons com
“energia negativa”. Todos os estados da matéria com “energia negativa”
estão ocupados de diferentes formas com a própria energia relativística.
Dirac explicou tanto a produção quanto a aniquilação de pares das seguintes
formas:

Produção de Pares: Um par elétron-pósitron só ocorre em função de um


elétron passar da região com “energia negativa” para a região de “energia
positiva”, deixando assim um espaço em aberto (vacância) na região negativa.
Esta vacância assume o valor de um pósitron, dando assim a sua origem.

15
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

Aniquilação de Pares: No momento em que o elétron entra na região


com energia positiva, o mesmo colide com a região de vacância (local onde
está o pósitron) e acabam se aniquilando.

● INTERAÇÃO DE RADIAÇÃO COM MATÉRIA: Seção de Choque

Ao incidir um feixe de fótons sobre algum material, existe um cálculo


de probabilidade que alguns fótons interajam com os átomos deste material. A
seção de choque define esta probabilidade de interação entre fóton e átomos
do material através de algum processo (fotoelétrico, produção de pares,
espalhamento Thomson, espalhamento de Compton). Esta probabilidade
depende da distribuição de energia dos elétron (portanto do elemento
químico) e da energia do fóton.

16
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

● MODELOS ATÔMICOS: DEMÓCRITO E OS MODELO ATÔMICO

Demócrito (460 - 370 aC)foi a maior expoente do atomismo: tudo o


que existe é composto por elementos indivisíveis chamados de átomos. Se a
matéria não possuísse um elemento indivisível, seria possível se “criar” o
nada a partir da diluição, ou particionamento infinito de matéria. Desta
forma concluiu-se que, para explicar a existência do mundo tal como
conhecemos, a divisão da matéria não pode ser infinita, isto é, há um limite
indivisível, o átomo.

● MODELOS ATÔMICOS: O MODELO DE DALTON

Dalton propôs em 1803 que cada elemento químico fosse composto por
um átomo de tipo único e indivisível, que podem se combinar em estruturas
complexas.

17
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

● MODELOS ATÔMICOS: A DESCOBERTA DO ELÉTRON

O elétron foi descoberto em 1897 por J.J Thomson com experimentos


usando o tubo de raios catódicos. Demonstrou que o raio catódico tinha carga
negativa e calculou a razão da carga-massa.

● MODELOS ATÔMICOS: THOMSON E O PUDIM DE AMEIXAS

No final do século XIX, a ideia de átomo era a do modelo do “pudim de


ameixas” desenvolvido por J.J. Thomson. Após a descoberta do elétron,
Thomson imaginou que o átomo era uma grande massa positiva “recheada”
com pequenas esferas negativas, os elétrons.

18
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

● MODELOS ATÔMICOS: EXPERIMENTO GEIGER-MARSDEN

O experimento Geiger-Marsden foi executado a pedido de Rutherford


para resolver um problema do detector que Geiger e Rutherford desenvolviam
juntos (o detector não media bem partículas alpha). O objetivo de Rutherford
era o de saber qual era o desvio causado nas partículas alpha por folhas finas
de diversos materiais.

● MODELOS ATÔMICOS: RUTHERFORD E GEIGER-MARSDEN

Ao realizar o experimento, Geiger e Marsden observaram partículas


espalhadas inclusive na direção traseira, fato surpreendente, tendo em vista
que esperavam pequenos desvios dados pelo modelo de Thomson.

19
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

● MODELO ATÔMICO RUTHERFORD: Espalhamento de Rutherford

De acordo com Rutherford, o átomo deve ser constituído de um núcleo


positivo e muito denso (praticamente toda a massa do átomo está concentrada
no núcleo). Os elétrons devem orbitar o núcleo na chamada eletrosfera dada a
atração Coulombiana, analogamente à gravitação. Porém, existe um problema:
CARGA ACELERADA EMITE RADIAÇÃO. Desta maneira, o elétron
perderia energia até colapsar no núcleo.

● ESPECTROS DE EMISSÃO ATÔMICA

Através da decomposição da luz de emissão atômica, observou-se que o


espectro de emissão é constituído de raias bem específicas. Os elétrons na
eletrosfera não emitem radiação contínua como no caso da radiação de
Bremsstrahlung ou Síncrotron. O espectro é o conjunto de comprimentos de
onda dos fótons emitidos quando o elétron pula entre níveis de energia
discretos, "camadas" ao redor do átomo de um certo elemento químico.

● EMISSÃO E ABSORÇÃO - ESPECTROS DE LINHAS

Materiais podem emitir e absorver radiação eletromagnética. Para um


dado material em determinadas condições (estado gasoso ou condensado,
temperatura, etc), a intensidade de radiação emitida ou absorvida varia com
o comprimento de onda da radiação. Referimo-nos a esta variação como
constituindo o espectro de emissão ou absorção do material.

Um espectro é em geral constituído de várias partes que possuem origens


físicas diversas. Nesta seção dirigimos a nossa atenção para a parte discreta do
espectro, constituída de linhas de emissão ou absorção que correspondem a
valores bem definidos de λ. Estas linhas são características dos átomos do
material e o seu estudo fornece informações valiosas sobre a estrutura destes

20
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

átomos. Uma propriedade importante é que o espectro de linhas de absorção


de um dado material é idêntico ao seu espectros de linhas de emissão.

● ESPECTRO DO ÁTOMO DE HIDROGÊNIO

Os espectros de linhas dos elementos foram estudados sistematicamente


a partir das últimas décadas do século XIX. Foi verificado que as linhas tendem
a se agrupar em séries. As linhas numa dada série tendem a se aproximar cada
vez mais quando o comprimento de onda diminui, tendendo para uma
determinado valor λlim chamado limite da série.

No caso do hidrogênio - o mais leve dos elementos, portanto


presumivelmente o mais simples dos átomos - uma primeira série foi
identificada na parte visível do espectro em 1885 por Balmer.
Subsequentemente, outras séries foram identificadas, uma no ultravioleta por
Lyman e outra no infravermelho por Paschen. Estas três séries estão
representadas na figura abaixo (as linhas que estão fora da região visível de
espectro estão representadas na cor negra).

Uma fórmula empírica que descreve com precisão estas séries foi
estabelecida por Rydberg e por Ritz. Nela, uma linha é especificada por dois
números inteiros. O primeiro , que pode tomar os valores n2=1, n2=2, n2=3...
especifica a série à qual a linha pertence. O segundo n, que pode tomar os
valores n2=n1+1, n2=n1+2, n2=n1+3... especifica uma linha dentro da séries.
O comprimento de onda da linha (n1, n2) é dado por

21
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

Onde Rh é a constante de Rydberg = 1,097*10^7 m^-1

Por exemplo, a primeira linha da série de Balmer corresponde a n1=2 e


n2=3 e possui comprimento de onda igual a

O limite desta série é obtido ao fazer n2 tender para o infinito e vale

Para a série de Lyman, os valores correspondentes são

A Lei de Moseley é uma lei empírica obtida pela relação entre energia
dos raios-X característicos dos átomos e o número atômico. A própria lei
estabeleceu o número atômico como uma grandeza que pode ser medida e que
fornece o número de prótons contido no núcleo atômico.

22
INTRODUÇÃO À MECÂNICA QUÂNTICA ONDULATÓRIA - AULA 4 -
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA MODELO ATÔMICO DO FINAL
DO SÉCULO XIX

Como consequência, os elementos puderam ser corretamente organizados


na tabela periódica em ordem crescente de número atômico (como consequência
tivemos a inversão na posição do níquel e cobalto).

● RESUMO DESTA SÉRIE DE 3 AULAS (AULA 02-03-04)

Nesta série sobre evidências da mecânica quântica, vimos que no início


do século XX foram descobertos uma série de fenômenos (quase todos ligados
ao conceito de radiação e do átomo com seus constituintes).

Estes fenômenos desafiavam a física clássica baseada nas concepções


Newtonianas (da mecânica e luz).

Surgiram explicações até que romperam com as concepções vigentes


até o final do século XIX.

Ainda sem muito consenso, muito ainda teve de ser elaborado.

23

Você também pode gostar