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UNIDADE 1
Introdução: os raios desconhecidos
A história das radiações começou em 1895 com a descoberta experimental dos
raios-X por Roentgen. A previsão teórica já havia sido feita alguns anos antes por
Helmholtz, que falecera um ano antes de seu estudo ser comprovado experimentalmente.
Roentgen estudava descargas elétricas a través de um tubo de raios catódicos (feixe
de elétrons). A. figura 1 mostra um esquema simplificado do tubo de raios catódicos.
Em 1896, Becquerel retomou as pesquisas realizadas por seu pai com substâncias
fosforescentes que absorviam luz para depois a reemitirem. Ele colocou uma certa
quantidade de sal de urânio sobre uma filme, embrulhado em papel preto, expondo o
conjunto à luz solar durante vários dias. A posição do mineral ficou claramente marcada
com manchas escuras quando o filme foi revelado. Ele continuou suas pesquisas, até que
um dia o céu ficou nublado e não conseguiu repetir e experiência. Ele guardou o sal de
urânio sobre um filme fotográfico em uma gaveta, na ausência de luz. Mais tarde, ao
revelar a chapa (figura 3), ele se surpreendeu com o resultado. Esperava, no máximo, umas
manchas pouco escuras devido à luz difusa e ao pouco tempo de iluminação. No entanto, as
manchas estavam muito mais escuras do que quando o conjunto havia sido exposto ao Sol.
Ele concluiu que os efeitos inesperados só poderiam ser devidos aos raios emanados
espontaneamente pelo sal de urânio.
Por volta de 1898, Rutherford iniciou, no Canadá, os estudos sobre a natureza dos
raios de Becquerel. Um ano depois concluía que a emanação proveniente de substâncias
radioativas era complexa, sendo constituída por pelo menos dois tipos de radiação: um
deles facilmente absorvido e o outro muito mais penetrante, sendo ambas desviadas por
campo magnético em direções opostas. Estas foram chamadas de radiação α e β.
Paul Villard, um ano depois, identificou um terceiro tipo de radiação, denominou-a
de radiação γ. Esta não sofria deflexão em campos magnéticos.
Em 1934, Irene Curie e seu marido produziram artificialmente, pela primeira vez, os
elementos radioativos P30 e N13, bombardeando Al e B, respectivamente, com partículas α
emitidas por uma fonte natural de Polônio. Até então as radiações utilizadas na Medicina
eram os Raios-X, produzidos por tubos de Raios-X, e as radiações α, β e γ, provenientes de
radionuclídeos naturais. A partir desta época, os mais diferentes tipos de radionuclídeos têm
sido produzidos, bombardeando elementos não radioativos com partículas produzidas e
aceleradas por máquinas. Entre essas máquinas estão o ciclotron, desenvolvido por Ernest
Lawrence e Stanley Livingston e o reator de fissão, por Enrico Fermi, durante a guerra
mundial. Hoje em dia, esses radionuclídeos são utilizados nas mais diversas áreas como
diagnóstico e terapia de doenças, conservação de alimentos, esterilização de materiais
cirúrgicos e médicos etc...
Entretanto, além de alguns benefícios acima citados, a radiação provoca danos nos
seres humanos. No início da história da radiação, pouco se sabia sobre os danos provocados
e quase nada sobre os efeitos tardios da exposição. Cientistas precursores tiveram
queimaduras na pele e muitos morreram com leucemia e outros tipos de câncer.
Logo após a descoberta dos Raios-X, por Roentgen, a pele da mão esquerda de Emil
H. Grubbé, médico e fabricante de tubos de raios catódicos, já apresentava dermatite aguda.
A isto se seguiram escamações da pele e amputação da mão. Gilman, um médico de
Chicago, foi o primeiro a sugerir o uso dos Raiox-X com finalidade terapêutica em 1896.
Ele observou as dermatites na mão de Grubbé e se impressionou com o dano causado em
tecido sadio.
Este curso se propõe a fornecer as bases da Física para que possamos avaliar os
riscos, benefícios e efeitos da Radiação.