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Elétricos e Radioatividade
Semestre: 2022.2
Profa. Dra. Énery Melo – enery.melo@unicap.br
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Disciplina: Fen. Elétricos e Radioatividade
Semestre: 2022.2
Profa. Dra. Énery Melo – enery.melo@unicap.br
I - Introdução histórica
A física moderna é considerada a ciência desenvolvida, basicamente, nas três
primeiras décadas do século XX. Destacamos o conhecimento produzido principalmente
no que se refere à teoria da relatividade, proposta por Albert Einstein, e a teoria
quântica, iniciada com Max Planck.
Na última década do século XIX dois temas de pesquisa despertavam grande
interesse. Um era a tentativa de conciliar a mecânica Newtoniana e a termodinâmica, e o
outro tratava-se das descargas elétricas nos gases rarefeitos. Trabalhando no primeiro
tema, Planck chegou à famosa fórmula de energia E=hn, na qual surge a constante h,
hoje conhecida como constante de Planck.
Os estudos com os gases rarefeitos permitiram, entre outras coisas, a descoberta
dos raios X (Wilhelm Roentgen, 1895), da radioatividade (Henri Becquerel e Madame
Curie, 1896-1998) e do elétron (J.J. Thomson, 1897). Essas três descobertas, ao lado do
trabalho de Planck, desencadearam o processo que originou a física moderna.
Em 1905, Einstein usa as ideias de Planck para explicar o efeito fotoelétrico.
Entre 1908 e 1911, Ernst Rutherford realiza os famosos experimentos que lhe
permitiram sugerir que o átomo é constituído de um minúsculo núcleo, de carga
positiva, rodeado por elétrons, os quais ocupam um espaço várias ordens de grandeza
superior ao ocupado pelo núcleo.
Em seguida, por volta de 1913, Niels Bohr propõe o modelo atômico que leva o
seu nome, e que foi capaz de explicar as séries espectroscópicas do hidrogênio. O
problema, percebido imediatamente, é que o modelo de Bohr é satisfatório apenas para
o caso do átomo de hidrogênio.
Uma alternativa razoável só veio à baila por volta de 1926, quando Erwin
Schrödinger desenvolveu a equação que leva seu nome. A proposta de Schrödinger
surge como consequência de alguns resultados experimentais (efeito fotoelétrico e
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efeito Compton) que levaram Louis de Broglie a propor, em 1924, a dualidade onda-
partícula, isto é, dependendo das circunstâncias, um elétron, ou outra partícula, pode se
comportar como partícula ou como onda.
A descoberta dos raios X e o modelo de Bohr foram de fundamental importância
para o estabelecimento da tabela periódica como hoje a conhecemos.
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2. Descoberta do Urânio
Antoine H. Becquerel, membro de uma família de quatro gerações de físicos de
considerado prestígio, tinha grande interesse pelas áreas de fosforescência e
fluorescência, fenômeno que ocorre quando a matéria absorve luz com um determinado
comprimento de onda e emite outra de comprimento de onda diferente. Levado pelas
pesquisas com os raios X, Henri Becquerel formulou a hipótese de que todas as
substâncias fosforescentes seriam capazes de emitir os raios penetrantes. Assim, em
1896, a partir de suas experiências descobriu que o urânio, também era capaz de
produzir raios com alto poder de penetração, não importando se estava ou não em
estado fosforescente, chegou à conclusão de que a radiação penetrante era própria do
elemento e não tinha relação com o fenômeno da fosforescência. Esta radiação,
inicialmente ficou conhecida como raios de Becquerel, mas depois, foi chamada por
Marie Curie de radioatividade (XAVIER et al., 2007).
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era 225 e concluiu que segundo seu peso atômico, ele deverá ser colocado na tabela de
Mendeleev depois do bário, na coluna de metais terrosos alcalinos (XAVIER et al., 2007).
4. Descoberta do elétron
Na França, a descoberta dos raios X levantou questões que levaram à descoberta
do rádio, do polônio e, o que é mais importante, do fenômeno da radioatividade.
Enquanto isso, na Inglaterra, levados pela descoberta do raio X de Roentgen,
J.J.Thomson, pupilo de Rutherford, iniciou pesquisas sobre a constituição da matéria.
Por volta de 1897, Thomson dirigira sua atenção para o experimento chamado de tubo
de raios catódicos, no qual torrentes de luz que viajavam rapidamente do eletrodo
negativo para o positivo, dentro de um tudo termiônico e chegara à conclusão de que
eles eram feitos de partículas muito pequenas, com cargas negativas (XAVIER et al.,
2007).
Essas partículas eram menores do que os átomos de moléculas comuns e seriam
os blocos básicos da construção de toda a matéria. As partículas de Thomson vieram a
ser chamadas de elétrons. Foram as primeiras partículas subatômicas identificadas e
sua descoberta marcou o início da moderna física das partículas (QUINN, 1997).
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6. Teoria da transmutação
A explicação definitiva da origem da energia radioativa, só seria apresentada por
Albert Einstein, em 1905, através da publicação da sua teoria especial da relatividade e
da fórmula E=mc2. Mas, antes disso, estava na ordem do dia a teoria da transmutação, de
que a radioatividade era uma manifestação da desintegração dos núcleos atômicos. As
contribuições mais significativas, do ponto de vista teórico, no caminho para a teoria da
transmutação foram dadas por Thomson e Ernest Rutherford (STRATHERN, 2000).
O caminho se iniciou com a proposta da existência do elétron por Thomson, em
1897. Em 1899, Thomson avançando nas pesquisas, afirmou que os elétrons seriam a
fonte de eletricidade e que esse fenômeno envolveria a divisão do átomo; chegou ainda
a emitir, um valor aproximado da carga negativa de um único elétron. Em janeiro de
1899, Rutherford publicou um texto muito extenso, explicando a composição das
emissões radioativas. Estas seriam formadas por, no mínimo, dois tipos diferentes de
raios, chamados de raios alfa e beta. Esses raios também foram detectados, de forma
simultânea, por Pierre Curie e Becquerel (XAVIER et. al., 2007; STRATHERN, 2000).
De acordo com o texto apresentado por Rutherford, o raio alfa de carga maior e
baixo poder de penetração; e o raio beta de carga menor e alto poder de penetração em
superfícies. Quando o rádio emitia radiação, estaria enviando partículas subatômicas:
minúsculos elétrons e partículas maiores, mas, mesmo assim, extremamente pequenas,
com cargas positivas que agora sabemos serem núcleos do hélio, bem como raios gama
(raios eletromagnéticos com comprimentos de onda muito mais curtos do que a luz
visível) (QUINN, 1997).
De acordo com a teoria da transmutação, um átomo originariamente de urânio
ou rádio, altera-se continuamente, algumas vezes em curto intervalo de tempo e outras,
após milhares de anos. A esse processo, chama-se atualmente, de decadência e já se
conhece as cadeias de decadência. Por exemplo: o urânio se torna tório, o tório decai
para rádio, o rádio para o radônio, o radônio para polônio que, em última instância,
decai para chumbo. Como, na maioria dos elementos com que os Curie estavam
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trabalhando a transmutação era lenta, e como a energia disponível era enorme, os Curie
e outros tiveram dificuldade, inicialmente, para detectar uma mudança em suas fontes
radioativas. Mas, a mudança estava ocorrendo, a transmutação é que causava a radiação
(QUINN, 1997).
Ainda em 1899, Rutherford havia descoberto que era possível detectar uma
substância gasosa emitida pelo tório, mas com propriedades diferentes das dele. A esse
gás, deu o nome de emanação e tinha o estranho poder transferir a radioatividade em
todas as substâncias com as quais mantinha contato. Para esse fenômeno, os Curie
lançaram a explicação de que seria causada por uma transferência de algum tipo de
energia, proveniente das próprias substâncias, ou seria ela provocada por um produto
decomposto, filho diferente do pai, na composição e no comportamento? Caso se
descobrisse que outra substância radioativa era capaz de produzir uma emanação
diferente de si mesma, como acontecia com o tório, então talvez essas emanações
fossem um fenômeno geral de radioatividade, comum a outros tipos de substâncias.
Em maio de 1900, apenas dois meses depois dos ensaios de Rutherford sobre
emanação, Sir William Crookes encontrou por acaso evidências comprobatórias da
teoria de Rutherford. Enquanto preparava uma fatia de uraninita para algumas
experiências, verificou que era possível separar o urânio de sua radioatividade. Por
meio de uma série de tratamentos químicos, chegou a uma substância que era
quimicamente diferente do urânio e altamente radioativa, chamou-a de urânio X. Quase
ao mesmo tempo, André Debierne fez uma descoberta que ecoava a de Grookes,
preparando uma solução de actínio e bário, e precipitando o bário, este se revelou
radioativo.
Em abril de 1902, Rutherford e Frederick Soddy deram sua contribuição teórica
ao fenômeno da radioatividade, através do envio de um relatório para Londres
intitulado A causa e natureza da radioatividade. Rutherford e Soddy concluíam que a
radioatividade é, ao mesmo tempo, fenômeno produzido pelo decaimento atômico e
uma mudança química, por meio da qual novos tipos de matéria eram produzidos. Essas
conclusões levaram a queda da teoria da natureza existente, na qual o átomo
compreenderia uma unidade indivisível (STRATHERN, 2000).
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Disciplina: Laboratório de Física Moderna
Semestre: 2021.2
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Referências:
BODANIS, David. E=mc²: uma biografia da equação que mudou o mundo e o que ela
significa. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
CHASSOT, Attico. Para que(m) é útil o ensino? Canoas: Editora Ultra, 1995.
QUINN, Susan. Marie Curie: uma vida. São Paulo: Scipione, 1997.
STRATHERN, Paul. Curie e a Radioatividade em 90 minutos. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
XAVIER, Allan Moreira et al. Marcos da história da radioatividade e tendências atuais.
Revisão Química Nova, v.30, n.1, 2007.