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A natureza da luz em disputa:

partícula ou onda?
O modelo luz-partícula proposto por Isaac Newton no século XVII, leva a acreditar que
a luz era constituída por pequenas partículas que colocadas diante às leis da mecânica,
explicariam alguns fenômenos ópticos como a reflexão, a refração e a polarização. A
refração na concepção de Newton, segundo Pietrocola, o produto de uma força
atrativa entra as partículas da luz com as partículas do objeto transparente, similar à
força gravitacional. Mas, quando aplicada a refração da luz a um meio refrativo, a
velocidade da partícula aumentaria uma vez que existiria uma força resultante sobre
ela, porém sabe-se que nos dias de hoje ocorre o contrário, a velocidade da luz diminui
em meios mais refringentes, dessa forma o modelo apresentando por Newton exibia
vulnerabilidades.
Outra vulnerabilidade apresentada pelo modelo de Newton era relacionado ao
princípio da independência dos raios luminosos. Sendo a luz composta por pequenas
partículas que ao cruzar dois raios luminosos, a trajetória deveria ser alterada, já que
as partículas se chocam.
Já o modelo ondulatório da luz que foi defendido por Christian Huygens no século
XVII, físico e astrônomo holandês, com a publicação da obra “Tratado sobre a luz” que
foi apresentado a Academia Real de Ciências da França no ano de 1678. Pietrocola e
Forato apontam que na versão de Huygens a luz desempenharia um comportamento
de onda e, logo, executando reflexão e refração relativos a uma onda sonora.
Entretanto, essa comparação revoltou os newtonianos que sabiam que o som não era
propagado pelo vaco, dessa forma exigindo uma explicação dos defensores do modelo
luz-onda como a luz do Sol chega a Terra. Em resposta a isso, os defensores desse
modelo afirmavam que no princípio de Huygens consideraria a existência do éter, um
lugar onde se propagam as ondas eletromagnéticas no vaco, dessa forma através do
éter, a luz solar chegaria na Terra. Entretanto como não havia provas concretas da
existência do éter, o modelo de apresentando por Newton se tornou prevaleceu e se
tornou hegemônico durante os séculos XVII e XVIII.
No início do século XIX, Thomas Young criou sua própria teoria ondulatória da luz, na
tentativa de preencher alguns buracos que o modelo proposto por Huygens
apresentava, inclusive para explicar certas coisas decidiu deixar de lado a hipótese que
o éter deveria ficar em repouso absoluto no espaço independente do movimento dos
corpos. Young também desenvolveu trabalhos relacionados à visão, às cores e propôs
no início do século XIX, a transversalidade da luz relativa às ondas que surgem na
superfície da água. Ainda nesse século a Academia de Ciências da França ofereceu um
prêmio para aquele que explicasse a difração da luz, então o engenheiro francês
Augustin Jean Fresnel apresentou seu trabalho à Academia Francesa no qual a difração
da luz era explicada como onda, dessa maneira, fortificando o modelo luz onda quase
já esquecido. Porém, como no júri havia newtonianos dogmáticos, eles propuseram a
Fresnel que encontrasse um ponto luminoso em um disco opaco mostrando padrões
de interferência construtiva e destrutiva. Então, o engenheiro francês aceita
demonstrar para o júri e garantiu o prêmio da academia além dela ter começado a
seguir suas pesquisas com modelo luz onda.
Agora que a luz foi considerada uma onda, uma velha pergunta e já relembrada ainda
precisava de uma resposta: “Qual é o meio que vibra para permitir que a luz se
propague quando viaja do Sol a Terra?” Os físicos ilustraram um meio que
apresentasse algumas características como a de ser sutil, isto é, rarefeito como um gás
e para ondas transversais em alta velocidade, o meio necessitaria de ser rígido como
um sólido, porém não existia nenhum elemento com essas propriedades. Dessa forma
voltaram com a teoria do éter.
Após muitos tentarem provar a existência do éter, seja rígido ou elástico o físico Jean
Arago explorou o movimento de translação da Terra em relativo a duas estrelas, sendo
umas delas com o raio de luz em movimento relacionado a aproximação e outra com
raio de distanciamento e, então, devendo produzir desvios diferentes nos raios
luminosos quando percorrem um prisma transparente, entretanto o resultado achado
por Arago, repousado nas concepções newtonianas da luz, não detectou nenhuma
alteração nos desvios. Buscando mais uma explicação para o experimento do prisma
de Arago, Fresnel sugere o arrasto parcial, pela Terra, do éter. Com efeito, assumindo
esta condição era possível descartar as adições/subtrações de velocidades, sabendo
que a translação da Terra e da luz originado das estrelas, inconsistentes com a
igualdade dos valores obtidos na prática.
Mesmo em meio a tantas fragilidades da natureza mecânica, na metade do século
XIX, Fizeau comprovou a teoria do arrastamento parcial do éter de Fresnel utilizando
em experimento a água representando o meio, mas destacou que eram precisos mais
resultados que comprovassem a existência do éter. Ao decorrer do ano do século XIX,
outras provas foram confirmando a validade matemática da expressão de Fresnel para
a velocidade da luz em meios transparentes em movimento relativo, mas sustentadas
por uma teoria questionável do transporte me parte do éter. Por fim, os físicos Albert
Michelson e Edward Morley realizaram em 1887 um experimento cujo o objetivo era
semelhante ao descrito antes e realizado por Arago. A conclusão foi que a luz se
propagaria sem a produção de efeitos decorrentes do movimento em relação ao éter e
com isso ela poderia ser considerada uma onda que se propagaria no vácuo.
Após o modelo luz-onda ter sido adotado no século XIX, o seu rival, modelo luz-
partícula voltaria átona com Einstein e seu efeito fotoelétrico, um experimento onde
se consiste na ejeção de elétrons da superfície de algum material iluminado que é
exposto a uma fonte luminosa de certa frequência. Inicialmente os defensores do
modelo luz-onda não concordavam e exigiam melhores comprovações. Foi então que
Einstein tomou-se a da teoria quântica e assumiu que a luz é composta por partículas,
anos depois nomeadas de fótons, para explicar a ejeção de elétrons de uma placa
metálica quando exposta a um feixe de luz de uma determinada frequência.
Nos dias de hoje, diante das fragilidades de cada modelo, os cientistas decidiram por
manter a ideia que a luz possui um comportamento dual, ou seja, ora ela se comporta
como partícula ora se comporta como onda.

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