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Aula 18: A Teoria do Éter
Prof. Paulo Sizuo Waki – Universidade Federal de Itajubá

CONTORVÉRSIAS SOBRE A NATUREZA DA LUZ


O século XIX chegava ao fim com um arcabouço teórico muito bem fundamentado que permitia
à física explicar praticamente tudo o que se observava na natureza. Havia para muitos, assim,
o sentimento de dever cumprido, que se tinha ali as ferramentas necessárias para “construir”
toda a evolução social e econômica da humanidade baseada no desenvolvimento tecnológico.
Mas, havia um porém. Um ente físico teimava em não se aconchegar nos modelos teóricos
elaborados até então, e ainda provocava controvérsias sobre o seu comportamento.
Essa entidade, a LUZ, se já não proporcionava maiores discussões quanto à sua natureza,
posto que os trabalhos de Maxwell estabeleciam de forma irrefutável a sua natureza
ondulatória, apresentava ainda, em certas situações, comportamentos no mínimo estranhos,
que não eram completamente explicadas pela física da época.
São, basicamente, duas linhas de raciocínios, derivadas da física clássica (a física da época)
que levavam os estudos do comportamento da luz a situações não muito bem explicadas.
Em primeiro lugar, havia a questão do meio de sustentação para a propagação das ondas
eletromagnéticas (entre elas inclusa a luz). Havia a teoria do ÉTER, um meio extremamente
difícil de ser detectado e que deveria funcionar como meio material a sustentar a propagação
da energia na forma de ondas eletromagnéticas. Detectar o éter e estudar o seu
comportamento, passou a ser obsessão para a comunidade da época.
Em segundo lugar, não menos importante, o estudo do espectro de radiação das diversas
formas de geração da luz levava a resultados bastante estranhos, que não eram explicados
pela física. O desenvolvimento do espectrômetro, aparelho que permitia separar e medir a
intensidade da luz nos seus diversos comprimentos de onda, propiciou a geração das maiores
dúvidas quanto ao comportamento da luz e as explicações obtidas levaram ao surgimento de
toda uma nova forma de encarar a natureza, sepultando de vez a pretensão de que a física
chegara à formulação de um conjunto completo de teorias, capazes de explicar todos os
acontecimentos da natureza.

A TEORIA DO ÉTER.
Durante muitos anos, os cientistas se debruçaram na tentativa de obter comprovação
experimental da existência de um meio material que servisse de sustentação para a
propagação da energia eletromagnética na forma de ondas. Este meio, denominado ÉTER,
desafiou por anos a fio a comunidade científica internacional, teimando em não apresentar
nenhuma das propriedades que se tentava atribuir a ele e, mais ainda, inviabilizando a
explicação dos diversos comportamentos apresentados pela LUZ.
1) Estudo histórico.
A concepção do éter como um novo tipo de entidade física, diferente da matéria, foi essencial
para as teorias de Faraday, Thomson e Maxwell. Neste ponto, Faraday chegou a conceber a
idéia de partículas polarizadas e Maxwell falha, pois nem seu modelo e nem as suas equações
refletem a diferença entre éter e matéria, porque não conseguem conceber o modo de
interação entre eles. A teoria de átomo vortical para a matéria de Thomson é bem sucedida
para representar a diferença e um modo de interação entre éter e matéria, mas falha ao não
permitir a inclusão de fenômenos elétricos.
Larmor desenvolve a primeira representação consistente da diferença e da inter-relação entre
éter e matéria ao incorporar a carga elétrica ao complexo teórico que inclui a concepção do
átomo vortical de Thomson (inclusive a rotação magneto-óptica), a teoria óptica do éter
rotacionalmente elástico de Mac Cullagh e a teoria da radiação eletromagnética de Maxwell.

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Numa visão histórica do desenvolvimento das idéias e experimentos envolvendo éter, matéria e
suas interações, observa-se uma acentuada tendência pela aceitação que os mais variados
fenômenos ópticos (trajetória da luz, refração, dispersão, interferência, difração, rotação do
plano de polarização) não possuem relação com o sentido do movimento da Terra no espaço.
A conclusão óbvia desses fatos é que a Terra deve arrastar junto o éter através do espaço.
Passa-se a seguir, ao breve relato dos principais fenômenos, experimentos e modelos que
antecedem o surgimento da visão eletrodinâmica do éter.
a) Aberração da luz das estrelas: é um fenômeno de movimento relativo onde a luz deve
viajar com velocidade finita. As observações podem ser explicadas tanto pela teoria
corpuscular, supondo que os corpúsculos luminosos não são afetados sensivelmente
pela atração da Terra, como pela teoria ondulatória, que aceita tanto a hipótese de que
o éter não sofre distúrbios com a passagem da Terra ou ainda a hipótese do
arrastamento do éter, desde que este sofra ajustamentos especiais que produzam o
mesmo resultado final.
b) Experiência de Arago: raciocinando em termos corpusculares e partindo do fato
conhecido de que a velocidade da luz no vidro é diferente da velocidade no vácuo,
Arago procura detectar a influência do movimento da Terra na trajetória da luz no vidro.
Ele esperava encontrar uma diferença no ângulo θ da ordem de um minuto de arco
mas, experimentalmente, não consegue todo este desvio, acabando por confirmar a
teoria de Fresnel de que o movimento da Terra não afeta as leis da reflexão e da
refração da luz.
c) Boscovitch: muito tempo após Arago, baseado na diferença de velocidade da luz na
água e no ar, sugere que se faça observações das estrelas usando um telescópio com
o tubo cheio d’água. Airy realiza as experiências e obtém o valor ordinário da constante
de aberração (há uma compensação entre a diferente aberração da luz na água com a
modificação no índice de refração na passagem dos meios).
d) Cauchy: baseado na hipótese de Fresnel de que a Terra arrastaria o éter em torno,
explica a aberração como sendo devida a uma quebra cinemática que ocorre em torno
da frente de onda devido ao movimento de translação do meio (éter) no qual a onda se
propaga.
e) Stokes: introduz a idéia de fluido para explicar a aberração. Segundo Stokes, para
movimentos lentos o éter se comporta como fluido sem atrito e para pequenas
vibrações muito rápidas como um sólido elástico. A principal dificuldade deste modelo é
que se substitui a transparência absoluta do éter por uma transparência aproximada.
f) Maxwell: estuda o problema do movimento relativo Terra-Éter e faz tentativa de
determinação da velocidade do movimento através da espectroscopia. Em primeiro
lugar, através da alteração da freqüência da luz por efeito Doppler, que é bem definido
e independe da teoria ondulatória; e em segundo lugar, através da verificação da
existência (ou não) da dependência do índice de refração com a orientação do feixe de
luz relativamente ao movimento da Terra.
g) Wien: formula três objeções à hipótese de que o éter permaneceria imóvel.
• A observada ausência de efeitos magnéticos devido ao movimento de corpos
carregados eletricamente que acompanham o movimento da Terra;
• A ausência de influência do movimento da Terra na propriedade de rotação óptica
do quartzo;
• A experiência de Fizeau, onde ele encontra algumas evidências para mudanças,
devido ao movimento da Terra, do plano de polarização da luz produzidas pela
passagem por uma pilha de placas de vidro.
h) Experiência de Lodge: envolve dois discos de aço que giram e observa-se que o éter
não acompanha o movimento dos mesmos. Esta experiência evidencia a hipótese de
que o éter não sofre arrastamento (embora objeções tenham sido levantadas, devido às
pequenas massas dos discos) e acaba convencendo Larmor deste fato.
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A aberração astronômica da luz faz parte do grupo de fenômenos onde a relação entre matéria
e éter depende sensivelmente do estado de movimento da matéria. O éter possui uma
capacidade de resposta muito rápida e atinge o equilíbrio em tempo muito curto, de modo que
somente fenômenos que oscilam muito rapidamente permitem o estudo do movimento do éter.
Daí o papel cada vez mais importante desempenhado pelos fenômenos elétricos.
A velha eletrodinâmica permitia o estudo, somente, de circuitos fechados. Maxwell estabelece
que, dinamicamente, todas as descargas elétricas são efetivamente de mesma natureza e
possuem as mesmas propriedades dos sistemas de correntes em circuitos fechados, sendo
necessário introduzirmos a corrente de deslocamento (no espaço livre e no meio material),
para que uma analogia completa seja alcançada. Maxwell vê ainda a necessidade de se fazer
distinção entre a corrente de condução, a corrente devida à variação da polarização do meio e
a corrente devida ao deslocamento de cargas no espaço livre; distinção essa que se torna
especialmente capital quando temos corpos em movimento (problema de radiação). O grande
problema de Maxwell é que, em sua visão, existiam dois meios distintos, éter e matéria, cada
qual com seu movimento próprio, mas que ocupavam o mesmo espaço, com todas as trocas
de influências.
Aparentemente, o desenvolvimento da teoria eletrodinâmica tende a evidenciar um ponto de
vista atômico (particulado) para descrever os fenômenos físicos. Por exemplo, a interpretação
da lei quantitativa da eletrólise de Faraday se faz, somente se aceitarmos que a eletricidade se
distribui de modo atômico. A grande dificuldade desta formulação se relaciona com o
mecanismo de transferência dessas cargas elétricas (cargas atômicas) de uma molécula de
matéria para outra (que sempre envolve mudanças químicas).
O átomo fluido vortical de Thomson representa fielmente, em várias situações, a permanência
e a mobilidade destes sub-átomos de matéria, mas falha inteiramente ao tentar incluir uma
carga elétrica como parte de sua constituição.
No modelo hidrodinâmico, o fluido ideal não oferece resistência ao movimento de corpos
sólidos através dele (da mesma forma que o éter), mais ainda, anel de vórtice pode
permanecer indefinidamente num fluido ideal. Mas, apesar de todos esses indícios tentadores,
Larmor deixa de lado a idéia do anel de vórtice e adota como último elemento constituinte da
matéria a carga elétrica ou núcleo de tensão (ou deformação ou torção) permanente do éter.
De acordo com algumas teorias do éter, a atração eletrostática deve ser transportada por ação
elástica do éter e um campo elétrico deve ser um campo de tensão, donde cada sub-átomo
com sua carga permanente deve ser rodeado por um campo permanente ou tensão intrínseca
do éter, que implica numa qualidade elástica do éter ao invés da fluidez completa. Assim, é
essencial que se atribua alguma forma de elasticidade ao éter, para que este possa exercer as
suas funções ópticas, o que concorda perfeitamente com o modelo de Mac Cullagh de um éter
fluido para movimentos não rotacionais, mas que possui elasticidade na presença de torques e
movimentos rotacionais.

2) Experiência de Michelson-Morley.
O experimento de Michelson-Morley era composto de um feixe de luz direcional que seria
disparado contra um espelho meio transparente e meio refletor, que chamaremos de espelho
A, de forma que, ao ser atingido, refletisse metade da luz incidente e deixasse passar por ele a
outra metade da luz. Tal espelho seria colocado a 45º do eixo de emissão do feixe, portanto, o
feixe que passaria diretamente pelo espelho faria um ângulo de 90º com o feixe refletido. Dois
espelhos colocados a uma distância grande do espelho A com 100% de reflexão foram
colocados de forma a refletir os dois feixes de volta ao espelho A. Novamente, cada feixe teria
uma metade refletida e outra metade deixada passar. Assim, metade do feixe emitido do
princípio chegaria de volta ao emissor e a outra metade estaria sendo desviada para um ponto
a 90º do emissor. Neste ponto foram colocados um anteparo e um microscópio de forma a
permitir que fosse possível ver a outra metade do feixe emitido. O detalhe é que as duas
metades finais do feixe emitido, aquela que retornou ao emissor e aquela que foi projetada no
anteparo, possuíam duas outras partes, cada uma refletida por um dos espelhos com 100% de
reflexão. Desta forma, cada metade destes feixes percorreram um percurso diferente, se
houver diferença de tempo em cada percurso, isso causaria uma diferença de fase e uma
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conseqüente interferência entre as partes do feixe que atinge o anteparo. Com auxílio do
microscópio, essa interferência poderia ser observada. A distância percorrida por cada um dos
feixes poderia ser muito pequena a ponto de não ser possível a detecção da diferença de fase
das ondas causada pela diferença de tempo entre os percursos. Por isso, cada feixe foi
rebatido diversas vezes em espelhos com 100% de reflexão para que fosse aumentado o
percurso de cada feixe, conforme mostram as figuras a seguir:

Vejamos como o experimento funciona. Os dois feixes percorrem caminhos distintos e


perpendiculares entre si. Como era de se supor cada percurso estaria sujeito a uma diferente
influência do vento do Éter. Se o vento estivesse exatamente na direção de um dos feixes e
supondo que a velocidade da luz era de c m/s e a velocidade do Éter de v m/s, teríamos a
velocidade do feixe igual a :

vai = c + v
(1)

vav = c − v
(2)
Respectivamente na ida do feixe até o espelho refletor e na volta do feixe até o espelho A.
O caminho percorrido seria de 2w, considerando que a distância do espelho refletor até o
espelho A é de w metros.
Desta maneira o tempo percorrido é de :

⎛ ⎞
⎜ ⎟
w w 2 wc 2w ⎜ 1 ⎟
ta = + = =
c + v c − v c2 − v2 c ⎜ v2 ⎟ (3)
⎜1− 2 ⎟
⎝ c ⎠
Considerando que a velocidade do Éter é muito menor que a velocidade da luz, de fato pois, se
não fosse assim a interferência da velocidade do Éter já teria sido verificada, por exemplo, no
tempo dos eclipses dos satélites de Júpiter.
Desta forma podemos fazer :
1
≅ 1+ x
1− x (4)
Quando x é muito pequeno.
Assim a expressão (3) fica reduzida a :
2w ⎛ v 2 ⎞
ta = ⎜⎜ 1 + ⎟
c ⎝ c 2 ⎟⎠ ______________________________________________________________
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(5)
Vejamos, agora, o que acontece com o feixe que viaja no sentido perpendicular ao sentido do
vento do Éter.
A velocidade do feixe continua sendo c. Porém a distância percorrida do espelho A até o
espelho refletor é de :

wbi = w 2 + t bi2 v 2
(6)
Porque o tempo em que a luz leva para chegar até o espelho refletor faz com que tenha havido
deslocamento da Terra em sentido perpendicular. Vale lembrar que estamos considerando que
o Éter está em movimento relativo a Terra.
A distância total vale :

wb2 = ( w 2 + t bi2 v 2 ) + ( w 2 + t bv2 v 2 ) (7)


wb2 = 2 w 2 + (t bi2 + t bv2 )v 2
(8)
Porém, como a velocidade do Éter é perpendicular a velocidade da onda neste percurso,
podemos admitir que o tempo de ida é igual ao tempo de volta, assim :

wb2 = 2 w 2 + t b2 v 2
(9)
O tempo de viagem da onda é :

wb2 2 w 2 + t b2 v 2
t = 2 =
2
b
c c2 (10)

Isolando tb2, temos :

⎛ ⎞
⎜ 2 ⎟
2w ⎜ 1 ⎟ (11)
tb = 2
2

c ⎜ v2 ⎟
⎜1− 2 ⎟
⎝ c ⎠

Novamente usando a aproximação (4), temos :

2w 2 ⎛ v 2 ⎞
t = 2 ⎜⎜1 + 2 ⎟⎟
2
b (12)
c ⎝ c ⎠

Extraindo a raíz quadrada, vem :

2w v2
tb = 1+ 2 (13)
c c

Usando, agora, outra aproximação :


x
1+ x ≅ 1+
2 (14)
Chegamos ao resultado :
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2w ⎛ v2 ⎞
tb = ⎜⎜1 + 2 ⎟⎟ (15)
c ⎝ 2c ⎠

Finalmente, comparando as expressões (5) e (15), vemos que a diferença de tempo esperada
é de :

wv 2
Δt = (17)
c3

2.1. Resultados

A existência da interferência dos dois feixes


de laser é determinada pela diferença dos
respectivos percursos óticos. Quando os
dois feixes são observados como na figura
ao lado, a imagem formada limita uma
película de ar com faces paralelas.

A espessura da película de ar descrita acima varia pelo deslocamento do espelho oposto ao


laser paralelamente a si mesmo, através do parafuso com rosca micrométrica. Assim, a figura
formada demonstra a interferência que forma o conjunto de anéis de Newton. Nota-se a
interferência destrutiva quando aparece um círculo escuro no centro da figura projetada. Se o
espelho oposto ao microscópio for deslocado de uma distância λ/4, a diferença de percurso se
altera pelo dobro da distância, ou seja, λ/2. Os dois raios, nestas circunstâncias, terão uma
interferência construtiva, e aparecerá um círculo brilhante no centro da figura. Se este espelho
for deslocado outro quarto de onda, aparecerá novamente o círculo escuro central. Nota-se
então que se formam círculos centrais escuros e círculos centrais brilhantes.
Depois de ajustado um desses dois estados esperava-se que houvesse mudança quando se
realizasse o experimento orientado em outra direção devido a questão já abordada da
velocidade relativa do Éter. Na verdade Michelson e Morley esperavam que isso ocorresse mas
o resultado, para surpresa dos dois, foi o contrário. Depois de ajustada uma condição, imagem
construtiva ou destrutiva no centro do anteparo, não havia mudança com a rotação do
experimento, o que permitia concluir que o experimento não conseguiu medir qualquer variação
de velocidade, fazendo com que os cientistas começassem a desacreditar da teoria do Éter.
2.2. Interpretações e relação com a teoria da relatividade
Há que se realçar que a experiência MM foi concebida com a finalidade única de comprovar a
existência do Éter, o meio a vibrar e a transmitir a "luz ondulatória". A negativa obtida com esta
experiência foi muito mais um golpe sofrido pelos físicos teorizadores da época, e adeptos da
"luz ondulatória", do que propriamente algo a propor o nascimento de uma nova teoria para a
luz. Não obstante, não foram poucos os teorizadores da época a revisarem a idéia de uma "luz
emitida" por uma fonte; e o termo "emissão" foi proposto no sentido em que não precisariam de
um éter estacionário, mas sim de "alguma coisa lançada pela fonte" e a se propagar num
espaço vazio. A noção de "luz emitida", no contexto apontado, tanto poderia representar um
retorno à "luz corpuscular" de Newton, como também uma tentativa em propor que a luz seria
alguma coisa a assemelhar-se com a idéia, também de Newton, de que "algo concreto",
"imaterial" e lançado pela matéria, viajasse pelo espaço gerando, desta forma, o campo
gravitacional. Em favor desta segunda concepção para a "luz emitida", alia-se o fato de que já
se pensava na época (final do século XIX) na idéia de luz associada não ao campo
gravitacional mas ao campo eletromagnético. Ao invés de se pensar num ente imaginário,
imaterial e em repouso (o Éter), chegou-se a pensar num ente imaterial em movimento; e não
tão imaginário quanto o Éter pois contava-se já com a experiência MM a dar respaldo a essa
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idéia. Sob esse aspecto, a luz não seria nem ondulatória, nem corpuscular, porém de uma
natureza imaterial e similar àquela encontrada nos não tão hipotéticos campos de força.
Hoje em dia se tem outros pontos de vista. É curioso é notar que no trabalho original referente
à teoria da relatividade, publicado 18 anos mais tarde (1905), ela sequer é citada como algo
relevante e a corroborar a teoria. Com efeito, não é; e, ao que parece, Einstein estava ciente
desta realidade. Flandern, em 1998, chega a citar dez outras experiências afins, além da
experiência MM, também divulgadas como provas incontestáveis da veracidade da teoria da
relatividade, deixando claro que são totalmente compatíveis com outras teorias; em alguns
casos chega mesmo a afirmar que privilegiariam estas outras teorias, em detrimento da teoria
da relatividade. Fowler, em 1996, dá a entender que, até a década de 60 do século XX,
qualquer suposição de que a experiência MM confirmava a teoria da relatividade não
correspondia à realidade teórico-experimental; a partir de 1964, segundo afirma, outra
experiência, efetuada com pions, "viria a preencher sem ambigüidades" o espaço até então
locupletado durante mais de 50 anos por especulações e/ou conjecturas infundadas a
"superprotegerem" a relatividade moderna.

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Paulo Waki Página 7 27/2/2009

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