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MNPEF 2022 (POLO UNIRIO)

Disciplina: Física no Ensino Fundamental em uma perspectiva multidisciplinar


Alunos: Diogo Porto e José Dalarme

Reflexões sobre “O Caminho Milenar da Luz”

O material intitulado como “O Caminho Milenar da Luz” nos levou a interessantes reflexões.
A revisão histórica a respeito da evolução sobre o entendimento do que seria a luz ao longo do
tempo e como ocorreram suas interações com diferentes ramos da Física formam um importante
arcabouço para os alunos, ainda mais quando discutidos em conjunto com uma disciplina de
Mecânica Quântica, como foi o caso desse semestre.
O material discutiu a luz partindo dos primórdios do estudo da luz sobre o ponto de vista da
óptica, passando pelo Eletromagnetismo de Maxwell, pela Mecânica Quântica, pelas simetrias
espaço-temporais até chegar em sua influência sobre o Modelo-Padrão.
Uma das partes a respeito da evolução das teorias da luz que julgamos mais interessante
destacar e, portanto, vamos discutir ao longo desse texto ocorreu entre o final do século XIX e o
início do século XX, com a sua influência sobre o tratamento discreto da propagação da energia
que permitiu melhor explicação sobre a Teoria do Corpo Negro (Max Planck).
Maxwell realiza uma grande síntese, demonstrando que a luz a luz se comportava como uma
onda eletromagnética. Essa conclusão foi influenciada pelos trabalhos de Faraday sobre Lei da
Indução e o Efeito Faraday, estabelecendo uma relação entre luz e o magnetismo, e pelos
trabalhos de Kirchoff que percebe a ligação entre a velocidade de propagação dos sinais elétricos e
a velocidade da luz.
Em 1865, Maxwell desenvolve sua teoria que demonstra, sob o ponto de vista matemático,
como a luz tem caráter de uma onda eletromagnética. Por se tratar de um trabalho matemático
em uma época de valorização do trabalho experimental, sofreu diversas críticas, inclusive de que
sua teoria não passava de uma mera curiosidade matemática. No entanto, as experiencia
realizadas por Hertz, no final de 1887, produzindo ondas eletromagnéticas através de seus
circuitos elétricos, demonstraram que Maxwell estava certo.
Parte importante das reflexões geradas pelo tema, foi a percepção de que o
desenvolvimento científico, muitas vezes ocorre por experimentos exploratórios sem finalidades
práticas, testando teorias ainda sem fins de aplicação. Ainda que, já no final do século XIX,
Marconi gerasse a tecnologia da telegrafia sem fio, sua descoberta e entendimento não tinham
relação com essa finalidade.
A discussão sobre a questão do processo de como uma ciência básica exploratória, saindo
mera argumentação teórica e por isso combatida (em 1865), 23 anos depois, se mostra concreta
do ponto de vista dos experimentos e posteriormente se torna uma tecnologia. Aquilo que,
inicialmente, era uma apenas uma ciência experimental e sem aplicação, uma década depois, traz
importantes implicações tecnológicas, econômicas e culturais. Além de induzir diversas outras
inovações. Permitindo-nos concluir que uma atitude científica que pode parecer sem aplicação ou
inútil inicialmente, pode se tornar extremamente útil 40 anos depois. E principalmente,
destacando como a escala de tempo da ciência pode ser diferente da escala de tempo da vida
social. Vale lembrar que o processo científico às vezes exige muito tempo, levamos 130 anos entre
os estudos de Franklin com a carga elétrica e os de Coulomb, Volta e outros importantes cientistas
até que finalmente uma tecnologia prestasse seus serviços à sociedade. É muito importante
fomentar essa discussão, pois fortalece a credibilidade do processo científico.
Em 1897, com a luz nos bastidores da descoberta do elétron, nasce a física experimental de
partículas elementares. Quando Zeeman compreende, no mesmo ano, que os elétrons deveriam
ser os responsáveis pela emissão de luz por parte dos elementos, ele permitiu importantes
conexões entre os estudos da óptica, do eletromagnetismo e da termologia. Ele permitiu uma
mudança radical na compreensão da luz.
Os experimentos de Max Planck, inspirado pelo trabalho de Zeeman, que já tinha
compreendido que os elétrons são os responsáveis por emissão de luz, inaugura uma nova era
para a luz e para a radiação eletromagnética. Em 1900, Max Planck estava estudando a emissão de
luz por parte dos elementos e publicou importantes trabalhos: um sobre uma melhora na equação
de Wien para o espectro na emissão dos elementos e outro a respeito da lei da distribuição de
energia no espectro normal, também em 1900. Com isso Max Planck introduz uma nova ideia para
compreender a radiação do chamado corpo negro, experimento que estuda a radiação emitida
por um corpo devido a sua temperatura. Um objeto que emite luz e cuja estrutura microscópica
ainda era desconhecida, já que a estrutura do átomo ainda não tinha sido explicada. Se sabia da
existência do elétron, mas não conhecia exatamente como era constituído o átomo.
Max Planck estuda a emissão de luz a partir de diferentes elementos aquecidos, observando
a qualidade dessa luz, passando por um prisma (óptica – espectroscopia) espectro (conjunto) de
cores ou frequências. Estudava a qualidade da luz distribuição de cores, intensidade, espectro,
dentre outras. Planck buscava compreender a lei matemática que demonstrava a distribuição
dessas diferentes radiações emitidas por esse objeto aquecido, o Corpo Negro. Planck teve uma
ideia radical: imaginou que esse material aquecido teria estruturas que vibram e produzem a
energia que é emitida. Ele formulou uma nova ideia, a de que a energia emitida não é uma energia
qualquer, mas que ela é sempre relacionada com a frequência da luz emitida. Estabeleceu uma
relação que mostrou que a energia dessas estruturas microscópicas, que levam a emissão de luz
pelo material, são constituintes do material e vibram quando a temperatura do material aumenta.
Seus componentes ficam oscilando e essa vibração não pode ser em qualquer frequência, ela vai
existir em frequências bem definidas. Abandona a ideia de emissão contínua para uma emissão
discreta de energia. Mudando de uma frequência para a outra, mas não continuamente. A luz
então passaria a ser compreendida por “pacotinhos” constituintes de energia (pacotinhos de luz),
o quantum de luz. Eles estariam ligados por uma constante, sendo todos múltiplos dessa
constante, a Constante de Planck (h). A energia deste quantum estaria ligada à frequência através
dessa constante, chamada constante de Planck. Nesse momento a luz deixa de ser vista como uma
estrutura contínua. Ainda não seria uma noção corpuscular como a pensada por Newton, mas já
não era contínua. A luz seria uma onda, mas não uma onda contínua, seria uma onda feita daquilo
que chamavam de átomos de luz. Isso para poder explicar uma curva demonstrada pelos
experimentos.
Por fim, em relação ao trabalho de Planck, podemos afirmar que o mundo percebido na
época de Planck tinha uma lei que demonstrava como a luz se distribuía por um objeto emissor
(corpo negro) e Planck vai estudar como a energia dessa luz se distribui com a frequência.
Buscando por uma expressão matemática que representasse a curva experimental corretamente.
Planck encontra isso através do tratamento discreto. O mais importante e pouco discutido é que
foi preciso ir além do mundo percebido. Planck fez isso quando criou o conceito de quanta de luz
para dar o caráter discretizado de acordo com o mundo experimental. Enquadrando a teoria ao
novo mundo percebido.
Após assistirmos os vídeos indicados e realizarmos a leitura do livro “A Estrutura das
Revoluções Científicas”, de Thomas S. Khun, compreendemos que a atividade proposta nos
permitiu expandir nossos horizontes em relação às dificuldades enfrentadas para que ocorram os
rompimentos dos paradigmas. Percebemos que muitas vezes supervalorizamos as representações
matemáticas que retratam os fenômenos Físicos, e não nos atemos a discutir como ocorreram as
mudanças conceituais trazidas por cada nova teoria e os seus impactos.
O conteúdo proposto aguçou nossa curiosidade sobre temas como a História e a Filosofia da
Ciência. Despertou-nos como agentes multiplicadores do conhecimento científico e não apenas
explicadores de fórmulas e equações. Demonstrou a importância de apresentarmos a ciência aos
alunos como um processo contínuo e não apenas como um conjunto de descobertas isoladas.
Permitiu que nos percebêssemos como agentes da transformação da sociedade, através do
despertar do espírito crítico em cada um dos nós.

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