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Processos de

Soldagem
Allan da Silva Maia
Curso · Técnico em Eletromecânica
Ementa

• Noções sobre soldabilidade e definições gerais de soldagem;


• Visão geral da história da evolução da soldagem.
• Tipos de processos de soldagem e sua classificação.
• Simbologia e terminologias em soldagem.
• Posições de realização de soldas.
• Abordagem sobre os diversos cuidados e riscos envolvidos nos processos
de soldagem, assim como métodos para prevenir acidentes.
• Equipamentos de proteção individuais: tipos e importância.
Ementa

• Processo de soldagem a eletrodo revestido: definição, vantagens e


equipamentos utilizados.
• Noções sobre manutenção, conservação e definições sobre eletrodo
revestido.
• Técnicas de soldagem.
• Abordagem geral sobre soldagem MIG/MAG, TIG e solda oxiacetilênica:
equipamentos, cuidados necessários e técnicas de execução.
Objetivos
• Reconhecer os termos e símbolos utilizados na soldagem;
• Entender a formação de um arco elétrico de soldagem e as características
de uma fonte de soldagem.
• Conhecer a influência dos elementos químicos na soldabilidade dos
materiais;
• Conhecer os processos de soldagem mais utilizados nas linhas de
produção;
• Determinar parâmetros para a análise de custos em soldagem.
• Compreender os princípios e aplicações de vários processos de soldagem
na manutenção automobilística.
Programa
Unidade III: Soldagem a Eletrodo Revestido
1. O Arco Elétrico de Soldagem.
Unidade I: Fundamentos da Soldagem 2. Fontes de Energia para Soldagem.
1. Introdução e definições de soldagem. 3. Revestimento: tipos, características, aplicação
2. Evolução da soldagem. e conservação.
3. Terminologia e Simbologia de Soldagem. 4. Equipamentos e acessórios de soldagem.
4. Tipos de junta. Unidade IV: Noções Básicas de Processos de
5. Posições de soldagem. Soldagem
1. Soldagem e Corte a Gás.
Unidade II: Segurança em Soldagem 2. Eletrodos Revestidos.
1. Princípios de Segurança em Soldagem. 3. Soldagem TIG.
2. Riscos envolvidos na execução da 4. Soldagem e Corte a Plasma.
soldagem. 5. Soldagem MIG/MAG.
3. Cuidados especiais com equipamentos. 6. Arame Tubular.
4. EPI’S. 7. Arco Submerso.
8. Outros Processos de Soldagem.
Processos de Soldagem I – Arco elétrico (voltaico)

Um arco elétrico pode ser definido como um feixe de descargas elétricas formadas
entre dois eletrodos e mantidas pela formação de um meio condutor gasoso
chamado plasma

• Formado por curto-circuito entre a ponta do


eletrodo e a peça;
• Condutor de eletricidade;
• Produz grande quantidade de luz e calor;
• Composto a partir dos gases de proteção e
vapores metálicos do metais de adição e de
base
Processos de Soldagem I – Arco elétrico (voltaico)

Experimentos do Sir Humphrey Davy (1801-1806)


com o arco elétrico;
Processos de Soldagem I – Arco elétrico (voltaico)

Essa passagem de corrente gera alta intensidade de calor e luz

Os gases normalmente não são condutores e se ionizam quando:

▪ Altas temperaturas;
▪ Baixíssima pressão;
▪ Submetidos a um campo elétrico de alta intensidade.
Processos de Soldagem I – Arco elétrico (voltaico)

O plasma é composto por gases de proteção e vapores metálicos (do metal de


adição e de base)

Manutenção do plasma: Corrente entre 50 - 1000A e tensão de 15 – 40V;

Características específicas e que são importantes para os processos que o utilizam,


como a soldagem:

• Ele é visível;
• Geralmente assume forma de um “cordão”, que liga os polos positivos e negativos;
• Emana uma grande quantidade de energia, emitida em forma de luz e calor;
• A temperatura que atinge é suficiente para derreter e até evaporar alguns tipos de matérias.
Processos de Soldagem I – Arco elétrico
A expressão soldagem a arco elétrico se aplica a um grande número de
processos de soldagem que utilizam o arco elétrico como fonte de calor

Características: adequada concentração de energia para a fusão localizada, facilidade de


controle, baixo custo relativo do equipamento e um nível aceitável de riscos à saúde dos seus
operadores.
Processos de Soldagem I – Arco elétrico

A soldagem por fusão é realizada pela aplicação localizada de energia em uma


parte da junta

O calor produzirá mais efeito


quanto mais concentrado, menor o
tempo necessário para
transmissão da energia e maior for
a energia efetiva do processo
Processos de Soldagem I – Arco elétrico

A fonte deve ter uma potência específica entre cerca de 106 a 1013 W/m2
Processos de Soldagem I – Arco elétrico

O arco normalmente ocorre entre um eletrodo cilíndrico e uma superfície, possuindo um


formato típico de tronco de cone
Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Características do arco elétrico aplicado a soldagem

Pode ser dividido em, pelo menos, três regiões principais:

• Região Catódica;
• Coluna de Plasma;
• Região Anódica.

1e6V

A coluna de plasma corresponde a quase todo o


volume do arco
1 e 15 V
Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Isotermas de um arco elétrico típico com corrente de 200 A e tensão de 12 V.


Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Região Catódica
Possui volume desprezível mas é extremamente importante para a existência do arco,
pois ela fornece a maioria dos elétrons responsáveis pela condução da corrente no arco.

• Em soldagem CA: importantes para a reabertura do arco;


• Conduzem mais de 90% da corrente elétrica através do arco;

A emissão de elétrons:

• A emissão termiônica (TIG – Materiais refratários);


• A emissão a frio
Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Emissão termiônica

Aquecimento do material do cátodo a uma temperatura suficientemente alta para causar a


emissão (ou "vaporização") de elétrons em sua superfície por agitação térmica.

➢ Deve ser aquecido a temperaturas superiores a cerca de 3200 ºC, o que torna este
mecanismo viável apenas com eletrodos de materiais refratários.

A função-trabalho indica a energia requerida para um elétron escapar da superfície do sólido


Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Emissão a frio

Envolve a formação de campos elétricos extremamente intensos na camada de óxido pela


adsorção de íons positivos, a formação de filetes condutores de corrente elétrica no óxido
com a emissão de elétrons e a destruição da camada neste local

• A emissão de elétrons a frio é mais difícil que a termiônica, o que resulta maior tensão;

• Tende a apresentar um comportamento dinâmico e menos estável


Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Região Anódica

Embora essencial para a continuidade do arco, não é tão importante para a


manutenção do arco como a zona catódica

• Não emite íons positivos, há uma maior concentração de elétrons, o que


causa a queda de tensão nesta região;

• Queda de tensão: 1 – 4V;

• Baixa espessura: 10-3 – 10-4 cm


Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Coluna de Plasma

Compreende praticamente todo o volume do arco, sendo constituída por partículas


neutras (moléculas e átomos), íons e elétrons livres.

Formada pela ionização dos gases presentes

G → G+ + e- (ionização)

• A maior ou menor facilidade de um • Em geral, uma melhor estabilidade, maior


átomo se ionizar é indicada pelo valor de facilidade de abertura do arco e menores
seu potencial de ionização; tensões de operação são favorecidas pela
presença, no arco, de elementos de baixo
potencial de ionização
Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Coluna de Plasma
Devido às altas temperaturas da coluna, os elétrons, íons e partículas neutras apresentam
elevada cinética e se movem com velocidades elevadas

Estas temperaturas foram determinadas por métodos espectroscópicos e ficam em torno de:
• Eletrodos revestidos: 6226 ºC
• GTAW, GMAW e plasma: atingem até 9726 a 29726 na soldagem

Perdas térmicas
GTAW • Radiação;
• Convecção.
Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Efeito magnético do arco

O arco de soldagem é um condutor de corrente elétrica e sendo assim, sofre interação


da corrente elétrica por ele transportada com os campos elétricos por ela gerados;

Gerando alguns efeitos que podem favorecer ou prejudicar a soldagem.

• Jato de plasma;
• Sopro magnético;
• Transferência de metal (efeito Pinch).
Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Jato de plasma

Gases são absorvidos pelo arco junto do eletrodo e


impulsionados como um jato a alta velocidade para a peça.

Influencia:

• Soldagem fora da posição plana;


• Formato do cordão;
• Estabilidade do processo;
• Absorção de gases pela poça de fusão.

Causado pela forma cônica do arco, mais concentrado junto do eletrodo do que na peça o
que gera uma pressão de origem magnética
Processos de Soldagem I – Arco elétrico
Efeito Pinch
A pressão devido à força eletromagnética são capazes de deformar a extremidade
fundida na ponta do eletrodo, tendendo a estrangular a parte líquida e separá-la do
fio sólido.

Assim, o tempo de permanência da


gota liquida na ponta do eletrodo
depende principalmente da
competição entre a tensão superficial,
forças de Lorentz e o volume da gota,
que tende a aumentar continuamente
Processos de Soldagem I – Arco elétrico
Efeito Pinch
Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Sopro magnético

Maior concentração do campo magnético em um dos lados do arco que


tende a empurrar lateralmente o arco

Como resultado o arco passa de defletir lateralmente, tendo este efeito a


aparência similar de um leve sopro sobre a chama de uma vela

• Reduz o controle sobre o arco;


• Dificulta a soldagem e facilita o aparecimento de descontinuidade.

Causado por mudanças bruscas na direção da corrente elétrica,


magnetismo residual e distribuição assimétrica de material em torno do arco.
Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Ocorrência:

• Soldagem em juntas de borda de peças;


• Soldagem de peças com espessuras diferentes;
• Soldagem com correntes elevadas

Formas de ser minimizado:

• Inclinar o eletrodo para o lado em que se dirige o arco;


• Reduzir o comprimento do arco;
• Ligar a peça a fonte por mais de uma cabo obra;
• Reduzir a corrente de soldagem;
• Soldagem com corrente alternada.
Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Transferência de metal

A forma pela qual o metal de adição fundido se transfere para a poça de


fusão influencia uma série de característica do processo.

• Nível de respingos;
• Fumos gerados;
• Soldagem fora da posição plana;
• Formato do cordão;
• Estabilidade do processo

Sistema de classificação proposto pelo Instituto Internacional de Soldagem (IIW)


Processos de
Soldagem I
Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Transferência de metal

O modo de transferência de
uma dada condição de
soldagem depende de fatores
como os parâmetros elétricos
do arco (tipo e valor da
corrente, tensão e polaridade),
o diâmetro e composição do
metal de adição, tipo e
composição do meio de
proteção, comprimento o
eletrodo, etc.
Processos de Soldagem I – Arco elétrico
Processos de Soldagem I – Arco elétrico
Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Abertura do arco elétrico

Para que possa existir um arco elétrico, o espaço entre o eletrodo e a peça deve ser capaz
de conduzir a corrente elétrica. É conseguido pelo aumento da temperatura no início da
formação do arco elétrico, tornando o gás de proteção um condutor elétrico.

Abertura do arco elétrico mediante o contato do eletrodo com a peça

A abertura do arco é feita através do contato do eletrodo com a peça de trabalho.


Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Abertura por meio de pulsos de alta tensão ou alta frequência

Com este método a abertura do arco se dá


sem o contato do eletrodo com a peça
Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Comprimento e tensão do arco elétrico

• A voltagem do arco é determinada pelo seu comprimento, (em torno de uma vez e meia o
diâmetro do eletrodo:

• Este comprimento do arco pode variar para aplicações específicas;

• Quanto maior o comprimento do arco, maior a dissipação de calor para a atmosfera,


diminuindo a penetração. Alargando o cordão de solda e aumentando a tensão de trabalho

Arco curto Arco médio Arco longo


Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Tipos de corrente aplicada a soldagem

Corrente Pulsada
Processos de Soldagem I – Arco elétrico
Arco elétrico com corrente contínua

O eletrodo poderá ser ligado no polo positivo e ou negativo, quando for ligado ao polo negativo
recebera a maior parte do calor e quando ligado ao positivo a menor parte.

POLARIDADE DIRETA POLARIDADE INVERSA


Processos de Soldagem I – Arco elétrico
Arco elétrico com corrente contínua

O eletrodo poderá ser ligado no polo positivo e ou negativo, quando for ligado ao polo negativo
recebera a maior parte do calor e quando ligado ao positivo a menor parte.
Processos de Soldagem I – Arco elétrico

Arco elétrico com corrente alternada

Não se tem uma polaridade determinada, os eletrodos mudam sua polaridade de acordo com a
frequência da corrente (60Hz)
Processos de Soldagem I – Arco elétrico
Arco elétrico com corrente alternada

Há uma maior dificuldade na manutenção de um arco em CA, para corrigir a instabilidade


do arco é preciso:

• Trabalhar com arco mais curto;


• Usar tensões mais elevadas;
• Usar eletrodos concebidos para CA;
• Aumentar a frequência da corrente ou sobrepor com outra de alta frequência.

Na corrente alternada, o arco elétrico é extinto a cada troca de polaridade, onde a tensão é nula.

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