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Capítulo 3

Aula 1
Tensão e Deformação de Corpos
Solicitados Tangencialmente
Tensão de Cisalhamento

Até a aula anterior, estudamos a tensão normal à seção do


corpo, decorrente de um esforço axial, ou seja, na direção
do seu eixo longitudinal.

No entanto, existem situações em que tensões serão


desenvolvidas na mesma direção do esforço, ou seja, a
tensão desenvolvida não é mais normal, mas sim
tangencial.
Tensão de Cisalhamento:
Age tangencialmente à superfície do material
Figura 1- Conexão Parafusada em que o parafuso é carregado por cisalhamento
duplo
Tensão de Cisalhamento
Sob a ação de forças de tração P, a barra e a junta irão
exercer uma pressão cortante contra o parafuso, e as
tensões de contato, chamadas de tensões cortantes,
serão criadas.

A barra e a junta tendem a cisalhar o parafuso(cortá-lo).


Essa tendência é resistida por tensões de cisalhamento
no parafuso.

Suposição
1- Tensões uniformemente distribuídas
Tensão de Cisalhamento

Tensão Cortante Média

P

m.n. A

τ - Tensão cortante Média


P – Força cortante total
A –Área cortante: é a área projetada da superfície cortante .
n - número de elementos submetidos a cisalhamento [ adimensional ]
m- número de cortes na seção
Tensão de Cisalhamento
Consideremos o seguinte exemplo: Um sistema, formado
por duas chapas de espessura ‘t’, ligadas entre si por um
pino de diâmetro ‘d’, de largura ‘l’, sujeitas à uma carga de
tração ‘P’.
Cisalhamento Convencional

No caso de cisalhamento convencional, aplicado na


resistência dos materiais em chapas de pequena
espessura, como visto em ligações rebitadas, parafusadas,
coladas e cavilhas, implica que o momento fletor também é
pequeno. Neste caso, fazemos uma simplificação e
desconsideramos o momento fletor.
Cisalhamento simples ou direto
O cisalhamento é provocado pela ação direta da carga
aplicada P. Ocorre frequentemente em vários tipos de
acoplamentos simples que usam parafusos pinos,material de
solda etc.
A área de atuação da força cortante é chamada de ÁREA
RESISTENTE, sendo objeto de análise para o estudo do
cisalhamento convencional.

Figura 2- Juntas de aço e madeira (juntas sobrepostas)


Cisalhamento simples ou direto

Figura 3 –Falha de um parafuso em cisalhamento simples.


Deformação no Cisalhamento
Vamos considerar um elemento infinitesimal, plano e
retangular, cortado em um corpo submetido a apenas
tensões de cisalhamento.
Sem tensões normais, não existe deslocamento relativo
(deformação) entre as faces da seção. No entanto, o
esforço de cisalhamento provoca uma rotação nos ângulos
inicialmente retos. Essa variação no ângulo é chamada de
DISTORÇÃO (γ), e é expressa em radianos.
Lei de Hooke no Cisalhamento

A linearidade entre tensão normal e deformação


axial que estudamos pela lei de Hooke também é
verificada no cisalhamento:

  E    G

G é chamado de módulo de elasticidade


transversal (lembrando que E é o módulo de
elasticidade longitudinal).
Pressão de Contato

 Outro ponto a prestarmos atenção no esforço


transversal, no caso de juntas rebitadas, parafusadas,
pinadas, etc., é verificar a pressão de contato entre o
pino/parafuso/rebite e a parede do furo da peça.
Pressão de Contato
O esforço transversal cria um esforço de compressão entre
o elemento (parafuso, rebite, pino) e a parede do furo
(conforme a seção). A pressão de contato pode acarretar
esmagamento do elemento e da parede do furo, e é
definida através da relação entre a carga de compressão
atuante e a área da seção longitudinal do elemento
projetada na parede
A
do furo.
proj

Q Q
Projeção do plano de corte d  
Aprojetada d .t
Pressão de Contato

Perspectiva (apenas uma parte)


A proj

Projeção do plano de corte


Ou, nos casos de ligações rebitadas existem n rebites, podemos generalizar a
expressão:

σd - pressão de contato [ Pa ]
Q - carga cortante aplicada na junta [ N ]
n - número de elementos [ adimensional ]
d - diâmetro dos elementos [ m ]
t - espessura da chapa [ m ]
Ligações Soldadas
Tipos de Soldas:
Topo Cordão

Podemos perceber que a solda de topo desenvolve


apenas tensões normais, enquanto que a solda por
cordão desenvolve tensões de cisalhamento.
Ligações Soldadas
Solda por cordão
Considere as duas chapas de espessura t1 e t2, ligadas
entre si por cordões de solda:

Onde: g = transpasse entre chapas.


h = largura da chapa a ser soldada.
t1 = espessura da chapa.

Percebe-se que a força vai agir sobre todo o cordão,


então a Área Resistente depende do comprimento do
cordão e da seção da solda.
Ligações Soldadas
Solda por cordão
Assim sendo, a área resistente de uma solda por cordão,
para efeitos de cálculo da tensão de cisalhamento, é dado
pelo produto da menor dimensão transversal do cordão
pelo seu comprimento.
Na ligação de exemplo, a chapa de espessura t1 está
ligada a outra chapa por meio de um cordão de solda:

Desprezamos a parte boleada da seção pois é normal o aparecimento de


falhas no local (bolhas, trincas, etc).

d é a menor dimensão da seção e pode ser calculada a partir de t1.


Ligações Soldadas
Solda por cordão
A espessura mínima do cordão, e a área resistente é dada
por:
d  t1.sen(45)
d  0,707 t1  Aresist  0,707 t1.l cordão
Onde t1 é a espessura da chapa a ser soldada e lcordão é o
comprimento do cordão de solda.
Assim sendo, a tensão de cisalhamento é dada por:

P
 
0,707t.( 2.g  h)
Solda por cordão - Exemplo
Calcule a tensão de cisalhamento para a ligação abaixo:

P  50 kN
g  10 cm
h  5 cm
t1  3 cm
t 2  4 cm
50000
 
0,70732.10  5  45.10  4
  7,44MPa
Ligações Rebitadas
Tipos de Ligação: De topo, com cobre-junta
Superposição simples

De topo, com cobre-junta duplo

Observando os tipos de ligações rebitadas nos exemplos vistos vê que:


Superposição Cobrej. simples Cobrej. duplo
m=1 m=1 m=2
n=4 n=4 n=4
1. Em casos de projetos de ligações rebitadas sempre
interessa a pior situação do sistema, que muitas vezes é
determinada com a simples observação. Nos dois itens de
compressão nos furos e tração nas chapas enfraquecidas
podem-se tirar as seguintes conclusões:

a. Nas ligações por superposição e cobre junta simples,


sempre estará em pior situação a peça de menor
espessura, pois ambas recebem a mesma carga. Resta
apenas observar que para a tração nas chapas
enfraquecidas, a seção transversal com maior número de
rebites colocados é a em pior situação (n1 máximo).
b. Nas ligações com cobre junta duplo seria
conveniente a análise das chapas e dos cobre juntas
já que a espessura dos mesmos é diferente e a
carga ao qual eles estão submetidos também o é.
Ligações Rebitadas
Parafuso:
Exige ajuste perfeito entre parafuso e furo.
Exige alinhamento entre furos perfeito.

Rebites:
Preenche os furos, pois o rebite deforma. Assim, não é
necessário ajuste perfeito ao furo.
Ligação barata, simples e de fácil reparo.
Ligações Rebitadas
Modos de Falha
a) Rebite não-deformado.
b) Flexão das peças;
c) Cisalhamento do rebite;
d) Cisalhamento da
ligação;
e) Esmagamento da peça
ligada ou do rebite;
f) Corte da bainha;
g) Rasgão da bainha.
Ligações Rebitadas
Modos de Falha
Assim sendo, alguns fatores devem ser examinados em
ligações rebitadas para que seja considerada segura:
1.Cisalhamento nos rebites;
2.Compressão na parede dos furos;
3.Tração nas chapas enfraquecidas;
4.Espaçamento mínimo entre rebites.
Modos de Falha 1:
Cisalhamento no rebite
Considerando a tensão admissível ao cisalhamento do
material do rebite, a tensão tangencial desenvolvida não
pode ultrapassar a admitida, ou seja:

P
2
  reb
d
m.n.
4
Onde n é o número de rebites e m é o número de planos
de corte.
Modos de Falha 2:
Compressão na parede dos furos
A pressão de contato gera tensões de compressão entre
as paredes dos furos e os rebites. Esta compressão
pode esmagar as paredes e colocar em risco a ligação.
Considere o exemplo abaixo:
Modos de Falha 2:
Compressão na parede dos furos

Considerando a tensão admissível a compressão do


material da chapa ou do cobre-juntas, a tensão normal
desenvolvida não pode ultrapassar a admitida, ou seja:

P
  chapa
n.d .t

Onde n é o número de furos, d é o diâmetro do furo e t é a


espessura da chapa.
Modos de Falha 3:
Tração nas chapas enfraquecidas
Quando a chapa é perfurada para colocação de rebites,
elas são enfraquecidas em sua seção transversal.
Quanto maior o número de furos em uma mesma seção,
maior a redução na área resistente ‘a tração. Antes da
furação, a área resistente (e respectiva tensão) é dada
por:

Aresist  t.l
P
T 
t.l
Modos de Falha 3:
Tração nas chapas enfraquecidas
Supondo que sejam feitos dois furos em uma mesma
seção transversal da chapa para colocação de rebites, a
nova área resistente é dada por:
Aresist  t.(l  2.d )
A tensão normal de tração desenvolvida não pode
ultrapassar a admitida, ou seja:
P
 T
t.(l  n.d )

Onde n é o número de furos na seção transversal


Modos de Falha 4:
Espaçamento entre Furos

Para evitar o aparecimento de zonas frágeis entre


dois furos em uma chapa, e a interferência de um
rebite em seus vizinhos (pelo acúmulo de
tensões), a ABNT, por meio da norma NB-14
(Estruturas metálicas) estabeleceu o espaçamento
mínimo entre rebites e entre rebites e bordas
livres.
Modos de Falha 4:
Espaçamento entre Furos
Distância mínima entre centro de dois rebites: 3d
Distância mínima entre centro de um rebite e borda livre
(na direção perpendicular à força): 2d
Distância mínima entre centro de um rebite e borda livre
(na direção paralela à força): 1,5d
Exemplo- Aplicações
1)A peça abaixo é presa a base por meio de 3 parafusos
de aço. A tensão de cisalhamento última do aço é de 330
Mpa.
a)Considerando CS=3,5, determine o diâmetro do parafuso
a ser utilizado.
b)Considerando a espessura da chapa 20 mm, qual a
pressão de contato?

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