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Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Blumenau – Departamento de Engenharias


Engenharia de Materiais
BLU2019 - Técnicas de União e Usinagem de Materiais

Aula Remota II – Processo ER


Considerações Gerais sobre Processos de Soldagem

Prof. Wanderson Santana da Silva, Dr. Eng.

1 – Fonte de Calor;
2 - Introdução aos Processos
3 - Processos Eletrodo Revestido;
Soldagem por Fusão

ELECTRODE COATING

CORE WIRE

WELDING ATMOSPHERE
ARC STREAM
ARC POOL
SOLIDIFIED SLAG
PENETRATION
DEPTH

WELD

BASE METAL
Fontes de energia para soldagem por fusão
Fonte de energia Exemplo de processo
• Química
- Combustão Oxigas OFW, PGW, AHW
- Reação aluminotérmica TW, FOW

• Elétrica
- Arco elétrico SMAW, FCAW, SAW, GMAW, ...
- Resistência elétrica ESW
- Feixe de elétrons EBW

• Feixe de radiação eletromagnética LBW, soldagem com microondas,


soldagem com infravermelho
Arco elétrico (descargas elétricas em gases)

• Fonte mais utilizada nos processos de soldagem, pois apresenta


as seguintes vantagens:
- Concentração adequada de energia para fundir o metal base;
- Facilidade de controle;
- Baixo custo relativo do equipamento;
- Nível aceitável de riscos à saúde do operador.

«O arco elétrico consiste de uma descarga elétrica, sustentada por


meio de um gás ionizado, a alta temperatura, conhecido como
plasma, que produz energia térmica suficiente para viabilizar a
soldagem de dois elementos».
Arco elétrico – características elétricas
• A corrente elétrica circula como resultado de uma DDP entre as
extremidades do arco;
• Os gradientes térmicos e elétricos são mais elevados nas proximidades
dos eletrodos;
• O plasma é constituído de moléculas, átomos, íons e elétrons, sendo os
dois últimos responsáveis pela transporte de corrente
• > quantidade de íons e elétrons, > estabilidade do arco
• Existem dois tipos de emissão catódica de elétrons (responsáveis por
90% do transporte de corrente elétrica):

– Emissão à quente: material do catodo com elevado ponto de fusão (W, C),
emissão termiônica

– Emissão à frio: materiais com pontos de fusão inferiores (aço, Al e Cu). A


temperatura é insuficiente para gerar elétrons em quantidade suficiente. O
mecanismo envolve a emissão a partir de filmes de óxidos existentes na
superfície do material.
Arco elétrico – características elétricas
Arco elétrico – características térmicas
• A energia térmica gerada pode ser calculada com auxilio da relação:
Q=VIt
Q = energia gerada (J)
V = queda de potencial no arco (V)
I = corrente elétrica no arco (A)
t = tempo de operação (s)

• Os parâmetros de soldagem controlam as temperaturas na coluna


de plasma e o tamanho do arco

Distribuição de isotermas
no processo de soldagem
TIG (Ar).
Arco elétrico – características magnéticas
• Cargas elétricas em movimento originam campos magnéticos.

• No caso do arco, condutor gasoso, diversos fenômenos acontecem:

– Jato de plasma: geração de forças de compressão reduzidas e que,


apesar disso, podem afetar sensivelmente o arco ou o metal fundido na
ponta do eletrodo. O balanço das tensões de compressão influencia no
direcionamento dos gases em direção à peça.
Arco elétrico – características magnéticas
– Sopro magnético: é o desvio do arco de sua posição normal de
operação. Ele é resultado de uma distribuição assimétrica do
campo magnético em torno do arco. Compromete a qualidade
da solda. Duas causas importantes:
• Variações bruscas na direção da corrente de soldagem;
• Arranjo assimétrico do material ferromagnético em torno do arco
Arco elétrico – características magnéticas

– Transferência de metal de adição: a forma pela qual o metal


fundido se transfere para a poça de fusão influencia o nível de
respingos e fumos gerados, a capacidade de se soldar fora da
posição plana, o formato do cordão e a estabilidade do processo.
Arco elétrico – transferência de metal de adição
Modos de transferência de acordo com o
Instituto Internacional de Soldagem
Arco elétrico – transferência de metal de adição
Para os processos MIG/MAG, são consideradas três formas principais:

1. Curto-circuito (exige contato do eletrodo com a poça de fusão)


2. Globular (grandes gotas transferidas por gravidade)
3. Spray (dominada pela ação das forças magnéticas)
Os campos operacionais são mostrados no esquema:
Eletrodo revestido (SMAW)
TAXA DE DEPOSIÇÃO
Comparativo entre processos de soldagem
Fluxo de calor em soldagem:
- Nos processos de soldagem para que
possa ocorrer a fusão trabalha-se com
fontes de elevada temperatura (2000 a
20000°C). Essas fontes são capazes de
concentrar o calor com intensidades
elevadas, da ordem de 8x108 W/m2

- Gradientes térmicos muito elevados


(da ordem de 103°C/mm) proporcionam
intensas alterações da microestrutura e,
por conseqüência, das propriedades
referentes às regiões afetadas.
Entre os aços normalmente
adota-se T1 = 800°C e T2 = 500°C
- A retirada desse fluxo de calor também
é importante, e o mesmo dissipa-se por
condução na peça. Essa evolução é
denominada “ciclo térmico de soldagem”
Fluxo de calor em soldagem:

Ciclos térmicos: dependem


das propriedades do metal
base, da geometria da junta,
da espessura da junta, da
energia de soldagem e da
temperatura inicial.
Fluxo de calor em soldagem:
- Metal base: materiais com menor condutividade térmica  baixas
velocidades no resfriamento. Melhor aproveitamento da energia térmica

-Geometria da junta:- junta em T  três direções para o resfriamento


- junta de topo  apenas duas direções,o que
propicia um resfriamento mais lento

- Espessura: maiores espessuras  maior facilidade no escoamento do


fluxo de calor

- Energia de soldagem e temperatura inicial da peça: aumento destes


parâmetros diminui a velocidade de resfriamento. Estes parâmetros podem
ser facilmente alterados.
Fluxo de calor em soldagem:

ESPESSURA

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Fluxo de calor em soldagem:

ENERGIA DE
SOLDAGEM

25
Fluxo de calor em soldagem:
Exemplo de um ponto dentro da ZF de uma aço baixo carbono
Eletrodo
Revestido
MIG/MAG
Metal Inert Gas
Metal Active Gas
TIG
Tungsten
Inert Gas
PLASMA
INDÚSTRIA AUTOMOTIVA - “Tailored blank”

Painel interno da porta Assoalho Longarinas

1,2 mm 0,7 mm 1,5 mm


INDÚSTRIA AUTOMOTIVA
“Tailored blank”

Laser Esmagamento

Feixe de elétrons Indução


Soldagem com Eletrodos Revestidos

É a união de metais pelo aquecimento oriundo de um


arco elétrico entre o eletrodo revestido e o metal base.
É o método mais usado apesar de não ser o mais
eficiente.

Vantagens:
- Baixo custo
- Versatilidade (materiais e espessuras soldáveis)
- Operações em locais de difícil acesso.

Limitações:
- Lento devido à baixa taxa de deposição e
necessidade de remoção da escória
- Requer habilidade do soldador
- Não é adequado para metais altamente reativos, ou
de muito baixo ponto de fusão.
Soldagem com Eletrodos Revestidos

Equipamento:
Soldagem com Eletrodos Revestidos

O Revestimento tem diversas funções:

- Estabilizar o arco voltaico


- Ajustar a composição química do cordão de solda;
- Proteger a poça de fusão de contaminações atmosféricas;
- Garantir a obtenção de satisfatórias propriedades mecânicas
e metalúrgicas;
- Reduzir o nível de respingos e fumos;
- Diminuir a taxa de resfriamento da solda;
- Aumentar a taxa de deposição;
- Promove desoxidação ou dessulfuração;
Soldagem com Eletrodos Revestidos
Principais revestimentos:

1. Ácido: Fe02, FeMn e sílica. Escória facilmente destacável.


Baixa resistência à formação de trincas de solidificação.
Boa aparência do cordão de solda.

2. Rutílico: TiO2. Fácil destacabilidade. Baixa resistência a


fissuração a quente. Uso geral.

3. Básico: CaCO3 e fluorita, gera atmosfera protetora


(básica e rica em CO2). Altamente dessulfurante. Altamente
higroscópico. Revestimento mais utilizado.

- Adição de pó de ferro: até 50% em peso, proporciona


estabilização do arco, aumento da taxa de deposição
(maiores correntes de soldagem).
Soldagem com Eletrodos Revestidos
Sistema de classificação de eletrodos:
Soldagem com Eletrodos Revestidos
Taxa de Deposição
Basicidade
Soldagem com Eletrodos Revestidos
Cuidados com manuseio e armazenagem:

- Podem ser facilmente danificados se sofrerem manuseio ou


estocagem inadequados;
- Eletrodos com revestimento danificado não podem ser
empregados em aplicações de responsabilidade.
- A absorção de umidade também pode comprometer o
desempenho;
- Os eletrodos básicos (teor de umidade < 0,6%) apresentam
grande tendência de absorção;
- Conseqüências: instabilidade do arco, formação de respingos
e porosidades, e fissuração por hidrogênio.
- Eletrodos úmidos geram som explosivo. Tendem a trincar
longitudinalmente se a soldagem for interrompida.

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