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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO (UEMA)

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE CAXIAS- CESC

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E FÍSICA

CURSO DE FÍSICA- LICENCIATURA

DAVI LÚCIO BELEZA SOUSA

A FÍSICA MODERNA

Caxias, MA

2023
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1. A Crise da Física Clássica no século XX

O contexto histórico da crise da física clássica no século XX foi marcado por


uma série de avanços científicos e descobertas que desafiaram as concepções
estabelecidas. No final do século XIX, a física clássica, baseada nas leis de Newton
e na teoria eletromagnética de Maxwell, parecia ser uma descrição completa e
abrangente do mundo físico. No entanto, no início do século XX, uma série de
observações e experimentos começou a revelar fenômenos que não podiam ser
explicados pelos princípios clássicos.

No entanto, essa transição entre a Física Clássica e a Física Moderna não


aconteceu de maneira linear, na verdade isso ocorria a partir dos problemas de
fronteiras, que seriam os problemas que os cientistas tentavam resolver, muitas
vezes tentando unir as teorias existentes naquele período, e que não se
solucionavam com o aparato teórico existente, causando desafios, dessa forma,
incitando a necessidade de criação ou a aprimoração das teorias vigentes no meio
científico.

Entre esses desafios, estava a necessidade de compreender a natureza da


radiação eletromagnética emitida por diferentes fontes, por consequência, uma das
ferramentas essenciais no estudo da radiação eletromagnética foi o espectroscópio,
que é instrumento projetado para dispersar a luz em diferentes comprimentos de
onda, permitindo a análise profunda do espectro eletromagnético emitido ou
absorvido por uma substância ou objeto. No contexto da crise da física clássica, os
espectroscópios foram cruciais para a compreensão das linhas espectrais, que são
padrões distintos de cores ou bandas escuras no espectro de luz.

Por conseguinte, a descoberta e a interpretação das linhas espectrais foram


fundamentais para o avanço da física. Em seguida, no século XIX, o físico alemão
Gustav Kirchhoff, junto com o químico Robert Bunsen, desenvolveu o
espectroscópio de prisma, que permitia a análise precisa das linhas espectrais de
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diferentes elementos químicos. Eles perceberam que cada elemento químico


apresentava um padrão único de linhas espectrais, como uma "impressão digital"
para a identificação dos elementos. Consequentemente, o físico alemão Johann
Balmer descobriu, em 1885, uma fórmula matemática que descrevia as linhas
espectrais do hidrogênio, conhecida como a série de Balmer. Além disso, os estudos
das linhas espectrais permitiram a identificação de novos elementos químicos, a
determinação de suas propriedades e a análise da composição química de
substâncias desconhecidas.

Outra nova questão que fomentou a crise da Física Clássica no Século XX foi
a chamada “catástrofe ultravioleta”, que envolve a inadequação das previsões da
física clássica para o comportamento da radiação emitida por corpos aquecidos. De
acordo com a física clássica, a radiação emitida por um corpo aquecido deveria
aumentar em intensidade à medida que o comprimento de onda diminuísse, o que
implicava que haveria uma quantidade infinita de radiação emitida em comprimentos
de onda ultravioleta. No entanto, as medições experimentais não confirmavam essas
previsões e, em vez disso, mostravam que a intensidade da radiação diminuía
rapidamente à medida que os comprimentos de onda ultravioleta eram alcançados.

A resolução dessa crise veio com o trabalho pioneiro de Max Planck em 1900.
Planck propôs uma nova abordagem revolucionária, conhecida como a hipótese dos
quanta de energia. Ele sugeriu que a radiação não é emitida ou absorvida de forma
contínua, como previsto pela física clássica, mas sim em pacotes discretos de
energia chamados de "quanta" ou "fótons", onde a energia de cada fóton é
proporcional à frequência da radiação.

Adiante, o efeito fotoelétrico e a crise da física clássica são duas


interconexões importantes que marcaram o início do século XX e levaram ao
desenvolvimento da mecânica quântica. O efeito fotoelétrico é um fenômeno em que
elétrons são ejetados de uma superfície quando a luz incide sobre ela. O efeito
fotoelétrico desafiou as concepções clássicas da física ao fornecer evidências
experimentais de que a luz se comportava tanto como uma onda quanto como
partículas de energia quantizada chamadas fótons. No entanto, o efeito fotoelétrico
demonstrou que a luz é composta por partículas individuais de energia (fótons), cada
uma carregando uma quantidade discreta de energia. Um dos aspectos notáveis do
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efeito fotoelétrico é que a energia cinética dos elétrons ejetados depende da


frequência da luz incidente, e não de sua intensidade. A explicação proposta por
Einstein para o efeito fotoelétrico foi baseada na hipótese de que a energia da luz é
transferida para os elétrons em unidades discretas. Ele postulou que a energia de
um fóton é proporcional à frequência da luz. A teoria quântica de Einstein para o
efeito fotoelétrico teve implicações profundas na compreensão da natureza da luz e
dos processos quânticos. Essa descoberta desafiou a visão clássica da física e foi
uma das evidências cruciais que contribuíram para a crise da física clássica.

2. A Mecânica Quântica:

A mecânica quântica é uma teoria fundamental na física moderna que


descreve o comportamento das partículas subatômicas e a interação entre a
matéria e a radiação. É válido ressaltar alguns dos princípios essenciais da
mecânica quântica:
● Dualidade onda-partícula: A mecânica quântica estabelece que
partículas subatômicas, como elétrons e fótons, podem exibir comportamentos de
partícula e de onda.
● Princípio da superposição: De acordo com a mecânica quântica, uma
partícula pode existir em vários estados ao mesmo tempo, conhecidos como
superposição. Por exemplo, um elétron pode estar simultaneamente em diferentes
posições ou estados de energia, com cada possibilidade tendo uma probabilidade
associada.
● Emaranhamento quântico: O emaranhamento quântico é um fenômeno
no qual duas ou mais partículas tornam-se interconectadas de tal forma que o
estado de uma partícula está intimamente relacionado ao estado das outras
partículas, independentemente da distância que as separa. Esse fenômeno tem
implicações importantes para a comunicação e para a computação quântica.

Com estes princípios essenciais da Mecânica Quântica, é oportuno citar os


principais cientistas que trabalharam nas respectivas teorias científicas, como:
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● Max Planck: Em 1900, Planck propôs a hipótese dos quanta de energia


para explicar o espectro de radiação emitida por corpos aquecidos, dando início à
mecânica quântica. Ele introduziu a constante de Planck (h), que relaciona a energia
de um fóton com a frequência da radiação.

● Albert Einstein: Além de seu trabalho no efeito fotoelétrico, Einstein


desenvolveu a teoria do movimento browniano, que relaciona o movimento aleatório
de partículas suspensas em um fluido com a natureza quântica da matéria. Ele
também contribuiu com a formulação teórica da estatística quântica e foi um dos
primeiros a reconhecer a natureza probabilística da mecânica quântica. Essa
formulação é amplamente utilizada na resolução de problemas quânticos e fornece
uma descrição probabilística do comportamento das partículas.

● Niels Bohr: Bohr foi um dos principais cientistas no desenvolvimento da


teoria atômica quântica. Ele propôs um modelo de átomo no qual os elétrons
ocupam níveis de energia discretos ao redor do núcleo, com transições entre esses
níveis explicando as linhas espectrais observadas.

● Werner Heisenberg: Heisenberg formulou a teoria da mecânica


matricial, que é uma das formulações fundamentais da mecânica quântica. Ele
estabeleceu o princípio da incerteza, que afirma que certos pares de propriedades,
como posição e momento, não podem ser conhecidos simultaneamente com
precisão arbitrária.

● Erwin Schrödinger: Schrödinger desenvolveu a equação de onda,


conhecida como a equação de Schrödinger, que descreve a evolução temporal das
funções de onda quânticas. Essa formulação é amplamente utilizada na resolução
de problemas quânticos e fornece uma descrição probabilística do comportamento
das partículas.

Juntos, eles estabeleceram as bases teóricas e conceituais que formam a estrutura


da mecânica quântica e sua aplicação em uma ampla gama de fenômenos físicos,
como a estrutura atômica, a interação de partículas elementares e a teoria de
materiais.
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3. Albert Einstein e a Teoria da Relatividade:

A teoria da relatividade, formulada por Albert Einstein no início do século XX,


é uma das teorias mais fundamentais e impactantes na física moderna. Ela
revolucionou nossa compreensão do espaço, do tempo e da gravidade, tendo
implicações profundas em várias áreas da ciência e da tecnologia. A teoria da
relatividade restrita, publicada por Einstein em 1905, estabelece que as leis da física
são as mesmas para todos os observadores inerciais, independentemente do seu
estado de movimento uniforme. Ela estabelece que a velocidade da luz é constante
para todos os observadores, independentemente do movimento da fonte de luz ou
do observador. Isso tem implicações surpreendentes, como a dilatação do tempo,
que afirma que o tempo passa mais devagar para objetos em movimento rápido em
relação a um observador em repouso.
A teoria da relatividade geral, desenvolvida por Einstein em 1915, estendeu a
relatividade restrita para incluir a gravidade. Ela descreve a gravidade como uma
curvatura do espaço-tempo causada pela presença de massa e energia. Ela
revolucionou nossa compreensão do espaço e do tempo, desafiando concepções
clássicas e fornecendo uma estrutura teórica mais precisa para descrever o universo
em escalas cósmicas.
Em suma, a importância da teoria da relatividade para a física moderna é
enorme. A teoria da relatividade foi confirmada por uma série de experimentos e
observações, incluindo o famoso teste da deflexão da luz durante um eclipse solar
no Brasil em Sobral- CE no ano 1919, que comprovou a previsão da teoria de que a
luz é desviada pela gravidade. A teoria da relatividade geral previu fenômenos antes
desconhecidos, como a curvatura da luz em torno de objetos massivos (efeito de
lente gravitacional), o desvio da órbita de planetas em torno do Sol e a dilatação do
tempo próximo a objetos com alta gravidade, como buracos negros.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MOREIRA, Edvan; ARAÚJO, Giovanni Rodrigues; CARDOZO, Raimundo Da


Silva. Fundamentos dos conceitos em Ensino da Física. São Luís: UEMAnet,
2019. 69-78 p. v. 4.

TORIBIO, Alan Miguel. História da Física. Vitória: Tavares & Tavares, 2015.
66-75 p. v. 6.

FERNANDES, Thais Marina. Limites da Física Clássica. InfoEscola, 2023.


Disponível em: https://www.infoescola.com/fisica/limites-da-fisica-classica/. Acesso
em: 06 jul. 2023.

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