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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

Física – Licenciatura
Conceitos de Relatividade e Cosmologia – 7º semestre

Origens da Teoria da
Relatividade Especial
Albert Einstein em 1905 – Ano
da Publicação de seu trabalho
sobre Relatividade.
Profa. Maryleide Ventura
e-mail: maryleide.ventura@gmail.com
Motivações para uma nova teoria
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

1686 1905

A mecânica de Isaac Newton estava bem ... surge então a necessidade de ver a
estabelecida nas suas três leis e, mecânica de uma nova forma, e Albert
juntamente com a eletrodinâmica e a Einstein cria a Teoria da Relatividade
termodinâmica, a física parecia completa. Especial (ou restrita) em 1905, propondo
Entretanto, existiam problemas que a assim, novos conceitos sobre espaço e
mecânica não conseguia explicar... tempo, sendo este último tratado agora
como uma nova dimensão.
Motivações para uma nova teoria
FÍSICA, 30 ano
Relatividade
Motivações para uma nova teoria
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

Em 1905 Einstein publicou 5 artigos (aos 26 anos):

❑ “Sobre um ponto de vista heurístico concernente a geração e transformação da luz”


Baseado nas ideias de Max Planck, ele explica o efeito fotoelétrico.

❑ “Sobre uma nova determinação das dimensões moleculares”


Dimensões moleculares através do calor específico e viscosidade (tese de doutorado).

❑ “Sobre o movimento de partículas suspensas em fluídos em repouso, como postulado pela teoria
molecular do calor.”
Movimento browniano.

❑ “Sobre a eletrodinâmica dos corpos em movimento”


Baseado na ideia da modificação do espaço-tempo. Esboço da teoria da relatividade.

❑ “A inércia de um corpo depende da sua energia?”


Equação: 𝑬 = 𝒎𝒄𝟐 .

Einstein publicava em média 5 artigos por ano até receber o prêmio Nobel.
Em 1921 – Ganha o prêmio Nobel pelo efeito fotoelétrico.
Motivações para uma nova teoria
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

o Quando era um empolgado estudante de física na década de 1890, Albert Einstein


estava intrigado por uma discrepância existente entre as leis de Newton da mecânica
clássica e as leis de Maxwell do eletromagnetismo.

o As leis de Newton eram independentes do estado de movimento de um observador; as


de Maxwell não – ou pelo menos assim lhe parecia.

o Duas pessoas, uma em repouso e outra em movimento, descobririam que as mesmas


leis da mecânica seriam aplicáveis ao movimento de um objeto, mas que diferentes leis
da eletricidade e do magnetismo seriam aplicáveis ao movimento de uma carga
elétrica.

o As leis de Newton sugerem que não existem coisas tais como movimento absoluto,
apenas importando o movimento relativo. Mas as equações de Maxwell pareciam
sugerir que o movimento é absoluto.
Motivações para uma nova teoria
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

o No famoso artigo de 1905, intitulado “Sobre a eletrodinâmica dos corpos em


movimento” e escrito quando Einstein tinha 26 anos de idade, ele mostrou que as leis
de Maxwell podem ser, da mesma forma que as leis de Newton, interpretadas como
independentes do estado de movimento de um observador – mas há um custo.

o O custo para obter esta visão unificada das leis da natureza é uma revolução total na
maneira como entendemos o espaço e o tempo.

o Einstein mostrou que quando as forças entre as cargas elétricas são afetadas pelo
movimento, as próprias medições de espaço e tempo são também afetadas pelo
movimento. Todas as medições de espaço e de tempo dependem do movimento
relativo.
Motivações para uma nova teoria
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

o Por exemplo, descobre-se que o comprimento de uma nave espacial em repouso na


sua plataforma de lançamento e os tiques dos relógios dentro da nave se alteram
quando a nave é colocada em movimento com uma rapidez muito alta.

o Sempre foi senso comum que mudamos nossa posição no espaço ao nos movermos,
mas Einstein desconsiderou o senso comum e estabeleceu que, quando estamos em
movimento também alteramos a taxa com que seguimos para o futuro – ou seja, o
próprio tempo é alterado.

o Einstein mostrou que uma consequência da inter-relação entre o espaço e o tempo é


a existência de uma inter-relação entre massa e energia, dada pela famosa equação
𝑬 = 𝒎𝒄𝟐 .
Motivações para uma nova teoria
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

o Essas são as ideias que constituem este estudo – as ideias da relatividade


especial – tão remotas em relação às nossas experiências cotidianas que sua
compreensão requer um esforço de imaginação de nossas mentes.

o Talvez em alguma era futura, quando as viagens espaciais interestelares em


altas velocidades tiver se tornado lugar comum, seus descendentes
considerarão a relatividade como senso comum.
Introdução
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

o No final do século XIX os problemas fundamentais da física pareciam resolvidos: a


mecânica e a gravitação de Newton regiam o movimento dos corpos celestes e
terrestres, os fenômenos elétricos, magnéticos e ópticos estavam unificados sob o
eletromagnetismo de Maxwell, a termodinâmica era, em boa parte, responsável pela
expansão industrial da época.

o Parecia justo esperar que as pequenas nuvens visíveis no horizonte estivessem logo
dissipadas. Felizmente, tal expectativa não foi satisfeita. Cada pequena nuvem
desenvolveu-se em poderosa tormenta e após um quarto de século o panorama da
física estava radicalmente alterado.

o Uma nova concepção, a mecânica quântica, desvendava os segredos microscópicos da


matéria e das interações e até mesmo nossas noções de espaço e de tempo tiveram de
ser profundamente modificadas, inicialmente pela relatividade de Einstein e em
seguida por sua gravitação.
Introdução
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

o A teoria da relatividade restrita (ou relatividade especial) foi desenvolvida no final


do século XIX e início do século XX. Albert Einstein formulou sua versão dessa teoria
em 1905.

o A teoria da relatividade estuda, basicamente, as diferenças que existem entre as


medidas físicas realizadas em dois referenciais, em movimento relativo.

o Referencial é um sistema físico dotado de instrumentos de medida, em relação ao


qual é possível fazer medições e experimentos.

o Podemos imaginar, por exemplo, um referencial parado em relação ao solo, e um outro


referencial parado em relação a um avião que passa pelo céu. Na teoria da
relatividade geral, os referenciais podem estar se movendo de qualquer modo (podem
estar acelerados ou girando uns em relação aos outros).
Introdução
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

o A teoria da relatividade restrita, que foi desenvolvida antes – e que será tratada
aqui – estuda apenas referenciais inerciais, com movimentos relativos retilíneos e
uniformes.

o Um referencial inercial é, basicamente, aquele em relação ao qual vale a lei da inércia


– ou seja, se um corpo não está submetido a forças externas, então, quando ele é
observado a partir de um referencial inercial, ele fica parado ou se move em linha
reta, com velocidade constante.

o No entanto, o mesmo objeto, quando observado a partir de um outro referencial (não


inercial), pode estar se movendo em uma trajetória curva, ou estar acelerado.
Introdução
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

o Do modo como Einstein apresentou a teoria da relatividade especial, ela se baseia


em dois postulados – ou seja, em dois princípios que são tomados como ponto de
partida e que não são provados pela própria teoria. Esses dois postulados são:

1. Princípio da relatividade - que afirma que as leis básicas da física são as mesmas em
todos os referenciais inerciais em movimento relativo uniforme. Seu conteúdo físico pode
ser descrito de outra forma: os fenômenos físicos que ocorrem em um sistema isolado não
dependem de sua velocidade e, portanto, não se pode medir a velocidade de um sistema
por experiências puramente internas. Em particular, não se pode medir a velocidade da
Terra utilizando apenas observações terrestres.

2. Princípio da constância da velocidade da luz - que afirma que a velocidade da luz (ou
qualquer outra radiação eletromagnética) não depende da velocidade de sua fonte. Por
exemplo: a luz emitida por uma lâmpada parada tem a mesma velocidade que a luz emitida
por uma lâmpada com alta velocidade.
Introdução
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

o Einstein os introduziu, em seu artigo de 1905, da seguinte forma:

“ [...] as tentativas sem sucesso de verificar que a Terra se move em relação ao “meio
luminoso” [éter] levaram à conjetura de que, não apenas na mecânica, mas também na
eletrodinâmica, não há propriedades observáveis associadas à ideia de repouso absoluto,
mas as mesmas leis eletrodinâmicas e ópticas se aplicam a todos os sistemas de
coordenadas nos quais são válidas as equações da mecânica [...]. Elevaremos essa conjetura
(cujo conteúdo será daqui por diante chamado de “princípio da relatividade”) à posição de
um postulado; e, além disso, introduziremos um outro postulado que é apenas
aparentemente inconsistente com o primeiro, a saber, que a luz no espaço vazio sempre se
propaga com uma velocidade definida V que é independente do estado de movimento do
corpo que a emite. ” (EINSTEIN, 1905, pp. 891-2)
Introdução
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

o A partir desses dois postulados são deduzidas muitas consequências


importantes, que são pouco intuitivas e que contrariam a física clássica (ou
seja, a física que existia até o final do século XIX).

o Algumas dessas consequências são cinemáticas, ou seja, envolvem apenas


conceitos de espaço e tempo e outros que dependem diretamente deles, como
velocidade, aceleração, frequência, período, etc. Eis algumas delas:
Introdução
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

✓ Contração dos objetos - Se dois objetos têm o mesmo tamanho quando estão parados
um em relação ao outro, e um deles é colocado em movimento em relação ao outro,
seus comprimentos já não serão mais iguais. Cada um deles parecerá menor (mais
curto), quando medido de um referencial parado em relação ao outro. Essa diferença
só afeta as dimensões paralelas ao movimento (não as perpendiculares). Esse efeito
pode ser representado pela equação (1) abaixo, onde 𝒗 é a velocidade de um
referencial em relação ao outro, 𝒄 é a velocidade da luz no vácuo, 𝑳𝟎 é o comprimento
do objeto parado em relação ao referencial e 𝑳 é o comprimento do objeto em
movimento.

Uma barra de comprimento 𝑳𝟎 , terá seu


𝑣2 comprimento reduzido para 𝑳, quando estiver em
𝐿 = 𝐿0 1 − (1) movimento com velocidade 𝒗 < 𝒄 (𝑐 é a velocidade
𝑐2 de propagação da luz no vácuo).
Introdução
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

✓ Dilatação do tempo - Se dois relógios têm o mesmo período (funcionam do mesmo


modo) quando estão parados um em relação ao outro, e um deles é colocado em
movimento em relação ao outro, seus períodos já não serão mais iguais. Cada um deles
parecerá estar andando mais lentamente (período maior), quando medido de um
referencial parado em relação ao outro. Esse efeito pode ser representado pela
equação (2) abaixo, onde 𝑻𝟎 é o período do relógio parado em relação ao referencial e
𝑻 é o período do relógio em movimento.

𝑇0
𝑇=
𝑣2 (2)
1− 2
𝑐
Introdução
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

✓ Relatividade da simultaneidade - Se dois acontecimentos (eventos) ocorrem em


lugares diferentes, ao mesmo tempo, em relação a um referencial, eles podem não
ocorrer ao mesmo tempo quando observados em relação a um outro referencial que se
move em relação ao primeiro. A quebra de simultaneidade só não ocorrerá se a reta
que une os pontos onde ocorrem os dois eventos for perpendicular o movimento de um
referencial em relação ao outro.

✓ Adição de velocidades - A lei de adição de velocidades da física clássica não é mais


válida. Suponhamos três objetos A, B, C em movimento sobre uma mesma reta. De
acordo com a física clássica, a velocidade de C em relação a A é igual à soma algébrica
da velocidade de C em relação a B com a velocidade de B em relação a A, ou seja:
𝑣𝑎𝑐 = 𝑣𝑎𝑏 + 𝑣𝑏𝑐 . No caso da teoria da relatividade, a adição de velocidades obedece a
uma equação mais complicada:
𝑣𝑎𝑏 + 𝑣𝑏𝑐
𝑣𝑎𝑐 = 𝑣 .𝑣 (3)
1 + 𝑎𝑏 2 𝑏𝑐
𝑐
Introdução
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

✓ Velocidade limite - A velocidade da luz não depende do referencial. Ela é a


velocidade mais elevada que se pode obter adicionando-se velocidades inferiores à
velocidade da luz.
OBS.: Muitos livros e artigos afirmam que este é o segundo postulado da teoria da
relatividade. Não é. O segundo postulado afirma apenas que a velocidade da fonte de luz
não afeta a velocidade da própria radiação emitida.

✓ Violação da causalidade - Se fosse possível enviar sinais controláveis (por exemplo,


vozes ou textos codificados) de um ponto para outro com velocidade superior à
velocidade da luz no vácuo, os sinais seriam recebidos antes de serem emitidos, em
relação a um certo conjunto de referenciais. Ocorreria uma inversão temporal, ou
violação da causalidade, porque o efeito (recebimento do sinal) ocorreria antes da sua
causa (emissão do sinal).
Introdução – Transformação de Lorentz
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

o A cinemática relativística pode ser descrita de forma sintética através de um


conjunto de equações denominadas “transformações de Lorentz”. Elas relacionam
as medidas de posição (x, y, z) e de tempo (t) de um mesmo evento, observadas em
relação a dois referenciais diferentes (S e S’). As transformações de Lorentz são
dadas por:

(4)
Introdução – Transformação de Lorentz
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

o Todos os efeitos cinemáticos da teoria da relatividade especial podem ser deduzidos


desse conjunto de equações, que indicam como as medidas de espaço e tempo
dependem do referencial utilizado.

o A teoria da relatividade especial pode também ser descrita de uma outra forma,
considerando-se que o tempo é uma quarta dimensão análoga às três dimensões do
espaço, porém com uma característica imaginária (no sentido matemático). As quatro
coordenadas do espaço-tempo são x, y, z e ict, onde i é a unidade imaginária (raiz
quadrada de -1).

o Cada acontecimento ou evento ocorre em uma certa posição do espaço-tempo, e a


“distância” (intervalo relativístico) ∆𝑺 entre dois eventos é dada por:

∆𝑆 = ∆𝑥 2 + ∆𝑦 2 + ∆𝑧 2 − 𝑐 2 ∆𝑡 2 (5)
Introdução – Transformação de Lorentz
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

∆𝑆 = ∆𝑥 2 + ∆𝑦 2 + ∆𝑧 2 − 𝑐 2 ∆𝑡 2

o Esse intervalo relativístico ∆𝑺 é invariante, ou seja, ele tem o mesmo valor em relação
a todos os referenciais.

o Quando se trabalha com as quatro dimensões do espaço-tempo, pode-se considerar


que as transformações de Lorentz correspondem a uma simples mudança de
coordenadas, como quando se giram os eixos de um sistema cartesiano de
coordenadas.

o Além da cinemática, existe também a dinâmica relativística, que estuda as relações


que existem entre forças, energia, massa, quantidade de movimento e outras
grandezas dinâmicas, quando medidas em relação a diferentes referenciais.
Introdução – Transformação de Lorentz
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

o Os dois principais efeitos da dinâmica relativista são:

✓ Aumento da massa com a velocidade - Se dois objetos têm a mesma massa quando
estão parados um em relação ao outro, e um deles é colocado em movimento em
relação ao outro, suas massas já não serão mais iguais. Cada um deles parecerá ter
aumentado de massa, quando medido de um referencial parado em relação ao outro.
Esse efeito pode ser representado pela equação (6) abaixo, onde 𝒎𝟎 é a massa do
objeto parado em relação ao referencial e 𝒎 é a massa do objeto em movimento.

𝑚0
𝑚=
𝑣2 (6)
1− 2
𝑐
Introdução – Transformação de Lorentz
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

✓ Relação entre massa e energia - A massa de um objeto é proporcional à sua


energia. Se a energia do objeto aumentar (por exemplo, se ele aumentar de
temperatura ou aumentar de velocidade), sua massa também sofrerá um
aumento correspondente. Essa relação é representada pela famosa equação:

𝐸 = 𝑚𝑐 2 (7)
Introdução – Transformação de Lorentz
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

o Vale ressaltar que ...

o As leis básicas da mecânica clássica continuam válidas na teoria da relatividade. Por


exemplo: a lei da inércia, a segunda lei de Newton (com uma pequena modificação*) e
a lei da ação e reação (ou lei da conservação da quantidade de movimento). Porém,
outras equações sofrem modificações.

* Costumamos representar a segunda lei de Newton pela equação F = ma, que estabelece uma
proporcionalidade entre força e aceleração. Na verdade, Newton nunca escreveu nada parecido
com isso. A segunda lei do movimento, conforme proposta por Newton, afirma que a variação da
quantidade de movimento é proporcional à força. Isso pode ser representado pela seguinte
equação: F = dp/dt, onde p representa a quantidade de movimento (ou, momento linear) e t
representa o tempo. Essa forma da segunda lei de Newton continua a ser válida, na teoria da
relatividade especial. A outra forma (F = ma) não é utilizada atualmente, embora tenha sido
empregada por Einstein e outros autores, no início do século XX.
Introdução – Transformação de Lorentz
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

o A teoria da relatividade não nasceu do estudo da mecânica, e sim do


eletromagnetismo (como será mostrado adiante). As equações básicas do
eletromagnetismo, chamadas de “equações de Maxwell”, foram inicialmente
formuladas como leis que se aplicavam apenas ao estudo de fenômenos medidos por
um referencial parado em relação ao éter.

o Imaginava-se, inicialmente, que os fenômenos eletromagnéticos poderiam ser


diferentes quando estudados em relação a referenciais em movimento em relação ao
éter.

o No entanto, como a experiência não mostrou a possibilidade de detectar o movimento


da Terra em relação ao éter, foi necessário tornar o eletromagnetismo independente
de um referencial privilegiado (o éter). As quatro leis de Maxwell não precisaram ser
alteradas; mas foi necessário introduzir certas relações entre as grandezas
eletromagnéticas medidas em relação a diferentes referenciais.
Introdução – Transformação de Lorentz
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

Resumo das Equações de Maxwell – Equações Fundamentais do Eletromagnetismo

Nome Equação Descreve


Lei de Gauss para a 𝑄𝑒𝑛𝑣. Carga e o campo elétrico
eletricidade ර 𝐸. 𝑑 𝐴Ԧ =
𝑆 𝜀0

Lei de Gauss para o O campo magnético


magnetismo ර 𝐵. 𝑑 𝐴Ԧ = 0
𝑆

Lei de Faraday da indução 𝑑𝜙𝐵 O efeito elétrico de um


Ԧ
ර 𝐸. 𝑑 𝑙 = − campo magnético
𝑑𝑡
𝐶
variável

Lei de Ampère 𝑑𝜙𝐸 O efeito magnético de


(generalizada por Maxwell) Ԧ
ර 𝐵 . 𝑑 𝑙 = 𝜇0 𝐼 + 𝜇0 𝜀0 uma corrente ou um
𝑑𝑡
𝐶
campo elétrico variável
Introdução – Transformação de Lorentz
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

o Além da mecânica (cinemática e dinâmica relativísticas) e do eletromagnetismo, a


teoria da relatividade afeta todos os outros ramos da física.

o Se existisse alguma área da Física (por exemplo, o estudo dos fenômenos térmicos)
que não obedecesse à teoria da relatividade, seria possível medir a velocidade
absoluta da Terra através do estudo de fenômenos térmicos.

o Como não se acredita na possibilidade de qualquer tipo de medida da velocidade


absoluta da Terra, impõe-se a necessidade de que todas as teorias físicas obedeçam
ao princípio da relatividade; se não obedecerem, suas leis devem ser alteradas, de
modo a se tornarem covariantes, isto é, de modo a terem a mesma forma em todos
os referenciais inerciais.
Introdução – Transformação de Lorentz
FÍSICA, 30 ano
Relatividade

o Além disso, é necessário estabelecer as fórmulas de transformação das várias


grandezas físicas de cada teoria (por exemplo, temperatura, calor, entropia – no
caso da termodinâmica) entre dois referenciais inerciais.

o Bem, essas são algumas das ideias centrais da teoria da relatividade restrita.

o Vamos agora ver como tudo isso surgiu, ao longo de uma extensa história ...
Dificuldades com a Física Clássica
Dificuldades com nossas ideias sobre tempo
O píon (p+ ou p-) é uma partícula que pode ser criada em aceleradores de partículas de altas energias.
É uma partícula muito instável; observa-se que píons criados em repouso decaem com uma vida
média de apenas 26,0 ns. Em uma experiência, foram criados píons em movimento com v = 0,913c.
Nessa experiência observou-se que os píons percorriam no laboratório uma distância D = 17,4 m
antes de decair, o que levou à conclusão de que eles decaem em um tempo de 63,7ns. Este efeito,
chamado dilatação do tempo, sugere que alguma coisa referente ao movimento relativo entre o píon e
o laboratório dilatou o intervalo de tempo medido por um fator de 2,5. Tal efeito não pode ser
explicado pela Física Newtoniana, em que o tempo é uma coordenada universal tendo valores
idênticos para todos os observadores.
Dificuldades com a Física Clássica
Dificuldades com nossas ideias de comprimento
Suponha que um observador no laboratório referido acima coloque sinais nas posições de formação e
de decaimento do píon. A distância medida entre os dois sinais é de 17,4 m. Agora considere a
situação do ponto de vista de outro observador que se move na mesma direção e sentido que o píon,
com velocidade v = 0,913c. Este observador, para quem o píon parece estar em repouso, mede para
tempo de vida dessa partícula o valor 26,0 ns, característico de píons em repouso. Para este
observador, a distância entre os sinais, que marcam as formação e o decaimento do píon é 7,1 m.
Portanto, dois observadores em movimento relativo medem valores diferentes para o mesmo
comprimento. Isto é também inconsistente com a Física Newtoniana, na qual as coordenadas
espaciais são absolutas e devem ter o mesmo valor para todos os observadores.
Dificuldades com a Física Clássica
Dificuldades com nossas ideias sobre velocidade.
✓ A lança uma bola para B. A bola é mais veloz do que a luz
e, portanto, está à frente do sinal de luz que mostra A
jogando a bola.

✓ O sinal de luz que mostra B pegando a bola atingirá O


antes que o sinal de luz que mostra A lançando a bola.

✓ Inconsistências lógicas desse tipo mostram a


impossibilidade de acelerar partículas até velocidades
superiores à da luz.
Dificuldades com a Física Clássica
Dificuldades com nossas ideias sobre luz
✓ A teoria do eletromagnetismo de Maxwell foi um dos maiores triunfos do século XIX.
Um dos resultados dessa teoria é que a luz pode ser descrita como uma onda
eletromagnética. Da mesma forma que uma onda mecânica, pode ser analisada em
termos de partículas que oscilam em um meio material, uma onda eletromagnética
pode ser analisada em termos de oscilações de campos elétricos e magnéticos.

✓ Por isso, a detecção do meio no qual estes campos oscilam quando a luz se propaga e a
medida da velocidade com que a Terra se move neste meio, passaram a ser objetivos
importantes dos físicos experimentais no fim do século XIX.
O Experimento de Michelson - Morley
Experimento de Michelson - Morley:

https://www.youtube.com/watch?v=vdq3PpOOKRQ

O Mais Famoso Fracasso da Física Experimental.

Montagem e explicação do interferômetro de Michelson:

https://www.youtube.com/watch?v=IP2Z0Qd56GY
O Experimento de Michelson - Morley
O Movimento da Terra

Devido ao complexo movimento da Terra


(que gira em torno de seu eixo, e ao
mesmo tempo em torno do Sol, enquanto
este gira em torno do centro da
galáxia), parecia inconcebível que o éter
pudesse permanecer ligado à Terra em
movimento.
O Experimento de Michelson - Morley
A Analogia

O barco A cruza diretamente o rio e volta ao seu ponto de partida, enquanto o


barco B desce a correnteza, percorrendo uma distância idêntica, e depois
retorna.
O Experimento de Michelson - Morley
O Interferômetro
O interferômetro de Michelson, mostrando o caminho de
um raio que se origina no ponto P de uma fonte extensa F.
O raio proveniente de P separa-se em E; os dois raios são
refletidos nos espelhos E1 e E2 e então recombinam-se
em E. O espelho E2 pode ser movimentado para alterar a
diferença de caminho entre os dois raios que se
combinam.
Uma versão atual do
interferômetro de Michelson:

De maneira resumida: temos uma fonte que emite um feixe de luz concentrado,
no qual é dividido em dois, no divisor de feixe. Eles seguem direções
perpendiculares, onde são refletidos por espelhos, chegando ao detector.
O Experimento de Michelson - Morley
o A Terra e o interferômetro movendo-se juntos
através do éter com velocidade u são equivalentes a
um interferômetro em repouso enquanto o éter
sopra com velocidade constante – u.

o Considere um feixe de luz movendo-se ao longo do


percurso EE1E e outro feixe ao longo do percurso
EE2E. O primeiro corresponde classicamente a uma
pessoa remando em um bote uma distância d a favor
da correnteza e a mesma distância contra a
correnteza; o segundo a uma pessoa que rema uma
distância d perpendicular à direção da correnteza
até a outra margem e volta.
O Experimento de Michelson - Morley
Os Resultados
o Embora fosse esperado um deslocamento de um de 0,4 franjas, Michelson e Morley
descobriram com a sua experiência que não havia deslocamento observável das franjas.

o A analogia entre uma onda luminosa em um suposto éter e um barco movendo-se na água,
que parecia tão evidente em 1881, está simplesmente incorreta. Mesmo assim, foram
feitos grandes esforços teóricos no fim do século XIX para tentar explicar como isto
poderia ocorrer.

o Se existisse o éter, haveria uma diferença no tempo de percurso dos feixes. Entretanto,
observou-se que não! A partir disso desprezou-se a ideia da existência do éter

o A notável contribuição de Einstein para a compreensão do espaço e do tempo foi mostrar


que os conceitos do éter e do meio de propagação da luz são desnecessários e inúteis.
O Paradoxo de Einstein

o Um observador que se movesse com a velocidade da luz paralelamente a um


feixe luminoso no vácuo, observaria campos elétrico e magnético “estáticos”.
Porém, ele sabia que tais campos propagando-se estáticos no vácuo violariam
a teoria de Maxwell.

o Não é possível a existência de ondas eletromagnéticas originadas em campos


estáticos, assim não haveria luz.
Resolução do Paradoxo
o Para a resolução do paradoxo, haviam dois caminhos:

1) A teoria de Maxwell está errada.

2) A cinemática clássica, que permite o movimento de um observador à


mesma velocidade de um feixe de luz está errada.

Usando a sua privilegiada intuição, Einstein se colocou ao lado de Maxwell, e


procurou uma alternativa para a cinemática de Galileu e Newton.
Próxima aula:

Relatividade de Galileu ...

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