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Física – Licenciatura
Conceitos de Relatividade e Cosmologia – 7º semestre
Origens da Teoria da
Relatividade Especial
Continuação ...
o Ela é parte de uma série de quatro artigos publicados por Albert Einstein no
ano de 1905, cujo teor foi extremamente impactante sobre as concepções
existentes a respeito do tempo e do espaço.
Relatividade de Einstein
o Até tais contribuições, a ciência vivia com a ideia de que tempo e espaço eram coisas
dissociáveis e diferentes.
o O espaço era entendido como sendo apenas o cenário no qual os fenômenos físicos
aconteciam, sendo algo imutável, rígido.
o Essa concepção de espaço e tempo funciona muito bem nas experiencias diárias,
tanto é verdade que parece estranho dizer que espaço e tempo são relativos,
dependendo do ponto de vista do qual são observados.
Os Postulados da Relatividade Especial
o A Teoria da relatividade restrita (ou especial) está sedimentada em dois postulados:
o Note que, o segundo postulado está em perfeito acordo com o primeiro, pois se
pudéssemos distinguir a velocidade da luz em diferentes referencias, poderíamos
distinguir um referencial do outro.
o Einstein entendeu um ponto fundamental, que todos antes dele falharam em perceber, e
que diz respeito ao próprio processo de medida quando realizado por observadores em
movimento. Isso traz consequências drásticas e marcadamente diferentes da visão clássica
de como essas medidas poderiam ser (em princípio) feitas.
o Isso dará origem aos conceitos de tempo e comprimento próprios, que são fundamentais
para se entender algumas das consequências da relatividade de Einstein.
Dilatação do tempo
o Representação do que um
observador no referencial da
espaçonave observa para o caminho
do pulso de luz, por simplificação,
aqui representado por uma bolinha.
Dilatação do tempo
o Como já foi dito, para o observador localizado na
Terra, a espaçonave tem o movimento que pode
ser visualizado ao lado:
o Acontece que, enquanto a espaçonave passa pela Terra, o astronauta aciona seu aparato que
emite um pulso de luz, e ambos veem o pulso luminoso, sua reflexão na superfície do espelho e
o retorno do raio de luz.
DEDUZIR ...
Dilatação do tempo
o Como:
o Isso acaba gerando uma consequência direta acerca das percepções de cada
observador. Embora ambos possam reconhecer o mesmo fenômeno, que é a emissão do
pulso luminoso, ambos discordam sobre quando tal evento ocorreu.
https://youtu.be/AInCqm5nCzw
https://youtu.be/KU7l4nOQiDo
Dilatação do tempo
o Observe que quando nos referimos à dilatação temporal, não falamos de um tempo
absoluto. A teoria da relatividade recebe esse nome justamente por conta dessa
caracterização dada às grandezas espaço e tempo. Observamos que o intervalo de
tempo é diferente quando comparado entre referenciais, sendo que esses se
relacionam pelo fator de Lorentz.
o Dizemos que o tempo passa à mesma razão para dois observadores se os dois
experimentam a simultaneidade de eventos, e para que isso ocorra, os dois
observadores devem estra em repouso com relação a eles mesmos.
o Chamaremos:
o Para você que encontra-se na Terra, a distância medida entre as duas estrelas pode
ser facilmente calculada como sendo:
o Substituindo, temos:
Um astronauta embarca numa viagem em direção à estrela Sirius, localizada a uma distância
de 8 anos-luz da Terra. O astronauta mede o tempo de sua viagem de ida de 6 anos. Se a
espaçonave se move com velocidade constante de 0,8·c, como é possível que uma viagem
de 8 anos-luz de distância possa “caber” em 6 anos-luz de distância?
O intervalo de tempo foi inferior a 8 anos para o referencial do astronauta, porque para ele a
distância Terra-Sirius é menor quando medida de seu referencial.
E se o observador em Terra pudesse medir o tempo de viagem do astronauta observando sua
jornada vista a partir de um poderosíssimo telescópio?
Se o astronauta ao chegar na estrela e der meia volta retornando à mesma velocidade (0,8·c),
segundo os cálculos do observador em Terra, mais dez anos seriam necessários totalizando um
tempo de viagem de 20 anos.
Por conta do tempo de trânsito da informação, que foi de 18 anos, o observador em Terra veria o
astronauta chegar de viagem, apenas dois anos depois de sua partida. Por outro lado, o
astronauta teria envelhecido apenas 12 anos.
O que percebemos com esse resultado é que a distância medida por você, que encontra-se em
Terra, é maior do que aquela medida pelo astronauta a bordo de sua espaçonave.
o Pode notar também seu caráter relativo, uma vez que, a contração do espaço acomete
tudo aquilo que está contido nele, sendo também relativo, não existindo uma métrica
absoluta para o espaço.
https://iwant2study.org/lookangejss/06QuantumPhysics/ejss_model_relativity_Length
LorentzTransformation/relativity_LengthLorentzTransformation_Simulation.xhtml
Aula – 01/04
REVISÃO E RESUMO
* Os Postulados
Equações da
Transformação de (3)
Lorentz Fator de Lorentz
o Essa mistura de espaço e tempo foi uma inovação da teoria de Einstein que seus
contemporâneos tiveram dificuldade para aceitar.
o Uma exigência formal das equações relativísticas é a de que devem se reduzir às equações
clássicas, quando c tende a infinito.
o Em outras palavras, se a velocidade da luz fosse infinita todas as velocidades finitas seriam
“pequenas” e as equações clássicas seriam sempre válidas.
(4) e (5)
o O múon, que cujo símbolo é μ é uma partícula de alta energia. Possui valor de massa
de 207 vezes a massa do elétron.
o O tempo de vida de um múon é de aproximadamente 2,0 μs. Tempo esse medido em seu
referencial, ou seja com o múon em um laboratório por exemplo, possuindo baixa velocidade.
o Grande parte dos múons são criados a uma altitude de aproximadamente 15 km possuindo uma
velocidade da ordem de 0,9998c (c = velocidade da luz no vácuo). Esta alta velocidade faz com
que o seu tempo de vida no sistema de referencial do laboratório seja dilatado, permitindo que
a maioria alcance a superfície da Terra.
o Raios Cósmicos são constituídos por partículas atômicas viajando a velocidades muito próximas
à velocidade da luz. Temos como exemplo os prótons relativísticos, dotados de uma quantidade
gigantesca de energia.
Problema – análise: Múons movendo-se em baixa velocidade num laboratório tem um
tempo de vida de 2,2 μs. Pensando em um movimento com velocidade próxima à
velocidade da luz para os múons, e calculando a distância percorrida ao entrarem na
atmosfera usando a relação, temos:
Dados:
O tempo de vida do múon dilata-se em relação ao referencial do laboratório que está em Terra.
Substituindo:
Obtemos:
Utilizando esse valor de tempo de vida (110 ms) e aplicando novamente a equação:
O que dá como resultado uma distância suficiente para ser detectado ao chegar próximo da
superfície da Terra.
Aplicando a expressão para a contração do espaço medida no referencial do múon, que como
já havíamos definido será , temos:
O que condiz com os resultados que obtivemos. A partícula em velocidade próxima à da luz
experimenta uma contração do espaço, e a justificativa para que ela atravesse a atmosfera
inteira sem decair está no fato de que medido a partir do referencial do laboratório, seu tempo de
vida aumenta uma quantidade de tempo suficiente para que ela possa atingir o solo.
O tempo decorrido no referencial da Terra para que a partícula decaia, é de 110 μs, já no
referencial do Múon segue sendo de 2,2 μs, cinquenta vezes menos. Os relógios que marcam os
intervalos de tempo em cada referencial, não estão sincronizados e consequentemente, não faz
sentido pensar na simultaneidade desses dois eventos, já que eles ocorrem em tempos diferentes
para cada referencial.
Esse é um exemplo bastante ilustrativo dos efeitos da relatividade restrita, já que o evento
decaimento da partícula, ao ser explicado como quando visto a partir de dois referenciais inerciais
diferentes, exige uma mudança na concepção da estrutura do espaço-tempo por causa da sua não
simultaneidade nos dois referenciais.
Problema 2 - O Paradoxo dos Gêmeos
O Paradoxo dos Gêmeos, é um problema que ilustra o que acontece com dois observadores que
possuem um movimento relativo. O Problema mostra como um evento pode não ser simultâneo
para dois observadores.
Como esse é o tempo decorrido para a vigem de ida, a viagem de volta feita nas mesmas condições
também foi de aproximadamente 21 anos.
Passados 42 anos para Isaac, ele que possuía 20 anos na época da partida agora está com 62 anos
de idade.
Isaac sabe que Albert viajou muito próximo da velocidade da luz, portanto, deve ter sofrido os efeitos
relativísticos.
Isaac decide então, calcular o tempo de viagem necessário para que Albert chegasse à estrela,
medido no referencial próprio de Albert.
Aplicando a equação que relaciona o tempo decorrido em dois referenciais diferentes, ele obtém:
20 + 13 = 33 anos
Isaac envelheceu mais do que o irmão que viajou através do espaço. A viagem de Albert com
velocidade próxima à da luz, fez com que o relógio de Albert contasse o tempo mais devagar em
relação ao relógio de Isaac.
Da mesma forma, todos os processos naturais e biológicos que são regulados pelo tempo também
acontecem mais devagar, quando comparados aos mesmos processos no referencial de Isaac.
Embora o tempo de Albert tenha passado mais devagar em relação ao de Isaac, isso não significa
dizer que Albert experimentou outra realidade.
As vivências de cada observador obviamente são diferentes, mas a relação com a realidade tem
de ser a mesma para ambos. O 1º postulado da relatividade restrita garante que os fenômenos
naturais observados a partir de seus respectivos referenciais inerciais, devem respeitar as leis da
Física. Embora a experiência humana seja algo muito subjetivo, não se pode negar o fato de que
por trás disso, processos químicos, biológicos e fisiológicos se baseiam em leis da natureza, e
assim sendo devem ser coerentes com tais leis.
Esse problema é bastante conhecido, e como também já foi dito, recebe o nome de Paradoxo.
Seguramente, o Paradoxo não está no fato de que os dois gêmeos envelheceram de maneira
diferente, afinal de contas, não há nada errado nisso, como já fora demonstrado pela teoria da
relatividade restrita de Einstein, pouco usual sim, mas errado não.
O Paradoxo surge porque tomamos como verdade e sequer questionamos até o momento, o fato
de que embora os irmãos estejam em referenciais inerciais durante quase todo o movimento, isso
nem sempre foi assim.
Para ilustrar esse fato, pense num terceiro observador, Galileu, que assiste tudo o que ocorre.
Galileu também encontra-se num referencial, que também pode ser considerado inercial, digamos
na Lua.
De seu ponto de vista apenas Isaac que permaneceu em Terra,
não teve sua velocidade alterada. O mesmo não ocorreu com
Albert, que teve de acelerar e desacelerar a sua espaçonave na
partida e quando precisou retornar a Terra, respectivamente. Do
ponto de vista de Galileu, Isaac é o único que pode
fazer predições corretas sobre a situação, já que permaneceu o
tempo todo em um referencial inercial obedecendo o primeiro
postulado da relatividade especial.
Ainda sobre esse aspecto relacionado à condição de cada gêmeo, e portanto, uma aparente
simetria entre os dois referenciais, podemos destacar o fato de que os eventos ocorrem em
mesmas coordenadas espaciais e diferentes coordenadas temporais nos dois referenciais.
Por simplificação, e de uma maneira que não comprometerá nossa conclusão, vamos supor que
Isaac esteja em repouso num referencial S. Albert, por outro lado, encontra-se em repouso num
referencial S’ que se move com velocidade v em relação ao referencial S.
Na viagem de ida e volta, obviamente a velocidade inverte de sentido, permanecendo a mesma
na maior parte da viagem, com exceção dos momentos em que a nave é obrigada a manobrar
para mudar de sentido, bem como nas acelerações e desacelerações.
Se estabelecermos coordenadas espaciais para os dois irmãos nas ocasiões dos eventos, partida
da espaçonave e chegada ou retorno da espaçonave, obteremos as mesmas para os dois
viajantes.
Os dois eventos possuem as mesmas coordenadas espaciais nos dois referenciais, pois
acontecem no mesmo ponto do espaço.
Quando adicionamos a coordenada temporal aos dois referenciais, percebemos que algo difere
para os dois viajantes. Isaac e Albert tem diferentes coordenadas temporais, e
consequentemente, diferentes coordenadas espaço-temporais. Essa situação exemplifica a
relatividade da simultaneidade.
Dois observadores podem estar ocupando a mesma coordenada espacial, já que seus sistemas
de referência são coincidentes, porém, se em algum momento eles experimentaram movimento
relativo entre si, suas coordenadas temporais serão diferentes.
Para constatar se isso realmente pode acontecer, já que a teoria da relatividade
restrita apresenta consequências bem pouco intuitivas, a notícia abaixo (link) é
sobre um experimento conduzido pela NASA com o objetivo de estudar as
diferenças entre dois irmãos gêmeos ao longo de um ano. Um submetido a uma
viagem na qual permaneceu em órbita ao redor Terra, e outro em Terra.
https://www.theguardian.com/science/2017/oct/29/scott-kelly-
astronaut-interview-space-younger-twin-endurance