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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

Física – Licenciatura
Conceitos de Relatividade e Cosmologia – 7º semestre

Origens da Teoria da
Relatividade Especial
Continuação ...

Albert Einstein em 1905 – Ano


Relatividade de Einstein
da Publicação de seu trabalho
sobre Relatividade.
Profa. Maryleide Ventura
e-mail: maryleide.ventura@gmail.com
Relatividade de Einstein

o A Teoria da Relatividade Especial (ou Restrita) de Einstein é considerada


uma das mais belas criações humanas – esta teoria estabelece uma nova
percepção da realidade.

o Ela é parte de uma série de quatro artigos publicados por Albert Einstein no
ano de 1905, cujo teor foi extremamente impactante sobre as concepções
existentes a respeito do tempo e do espaço.
Relatividade de Einstein
o Até tais contribuições, a ciência vivia com a ideia de que tempo e espaço eram coisas
dissociáveis e diferentes.

o O espaço era entendido como sendo apenas o cenário no qual os fenômenos físicos
aconteciam, sendo algo imutável, rígido.

o A dimensão do tempo tinha caráter absoluto, transcorrendo exatamente da mesma


forma para qualquer observador.

o Essa concepção de espaço e tempo funciona muito bem nas experiencias diárias,
tanto é verdade que parece estranho dizer que espaço e tempo são relativos,
dependendo do ponto de vista do qual são observados.
Os Postulados da Relatividade Especial
o A Teoria da relatividade restrita (ou especial) está sedimentada em dois postulados:

1º - O princípio da Relatividade 2º - A Constância da Velocidade da Luz

“ As leis da física são as “ A velocidade da luz tem o mesmo


mesmas em qualquer valor em qualquer referencial
referencial inercial.’’ inercial.”
Os Postulados da Relatividade Especial
o Esses dois postulados procuram expressar, primeiro, uma convicção de que o princípio
da relatividade de Galileu deveria ser algo mais geral, válido para todas as leis físicas,
e não apenas limitado à mecânica; e segundo, expressar as observações experimentais
sobre a natureza da luz, que incluíam o resultado de Michelson e Morley.

o Note que, o segundo postulado está em perfeito acordo com o primeiro, pois se
pudéssemos distinguir a velocidade da luz em diferentes referencias, poderíamos
distinguir um referencial do outro.

o Uma consequência fundamental desses postulados é derrubar, de vez, o conceito de


referencial absoluto, adotado por Newton, dizendo que não é possível realizar
qualquer experimento físico (mecânico, eletromagnético, óptico, etc.) que possa
distinguir dois referencias inerciais, em movimento relativo ao outro.
Os Postulados da Relatividade Especial
o Outra consequência é que o tempo também deixa de ser uma grandeza absoluta, comum a
todos os referenciais.

o Na teoria da relatividade, a passagem do tempo depende da velocidade do referencial,


seguindo exatamente a relação espaço-temporal proposta por Lorentz, e ligando de forma
inseparável o espaço e o tempo.

o Einstein entendeu um ponto fundamental, que todos antes dele falharam em perceber, e
que diz respeito ao próprio processo de medida quando realizado por observadores em
movimento. Isso traz consequências drásticas e marcadamente diferentes da visão clássica
de como essas medidas poderiam ser (em princípio) feitas.

o Isso dará origem aos conceitos de tempo e comprimento próprios, que são fundamentais
para se entender algumas das consequências da relatividade de Einstein.
Dilatação do tempo

o Como ficou postulado, a única grandeza absoluta em qualquer referencial é a


velocidade da luz.

o Para começarmos a entender as consequências dos postulados imaginemos o


seguinte experimento: Uma espaçonave move-se com velocidade constante e
de intensidade , em relação a um observador em repouso localizado na
superfície do planeta Terra.

o Chamaremos para simplificar os referenciais da Terra de S e o do


astronauta de S’.
Dilatação do tempo
o Em seu interior um astronauta dispõe de um aparato composto por uma fonte de luz
presa ao solo da espaçonave, capaz de emitir pulsos luminosos de pequena duração.
Esses pulsos luminosos viajam em linha reta e vertical atingindo um espelho fixado
imediatamente acima da fonte luminosa, no teto da espaçonave, de modo que o pulso
pode ser refletido de volta para sua fonte onde também existe um detector.

o Representação do que um
observador no referencial da
espaçonave observa para o caminho
do pulso de luz, por simplificação,
aqui representado por uma bolinha.
Dilatação do tempo
o Como já foi dito, para o observador localizado na
Terra, a espaçonave tem o movimento que pode
ser visualizado ao lado:

o Contudo o que nos interessa saber é qual o


caminho observado para o pulso de luz quando
visto a partir do referencial em Terra (S).

o Seguramente não deve ser o mesmo observado


pelo astronauta, já que para o observador em
Terra, existe o movimento da espaçonave e que
deve ser levado em consideração.
Dilatação do tempo
o Enquanto o astronauta assiste o pulso caminhar
em trajetória retilínea, o observador em Terra
enxerga uma trajetória diagonal.

o Acontece que, enquanto a espaçonave passa pela Terra, o astronauta aciona seu aparato que
emite um pulso de luz, e ambos veem o pulso luminoso, sua reflexão na superfície do espelho e
o retorno do raio de luz.

o Os dois observadores concordarão quanto ao fenômeno ocorrido, ou seja, ao evento. É


importante o fato de que os dois observadores enxergarão o mesmo fenômeno, lembre-se de
que o 1º postulado da relatividade restrita estabelece que não existem referenciais
privilegiados.
Dilatação do tempo
o Onde estaria então a diferença na observação do fenômeno?

o Para entendermos melhor o que está acontecendo, iremos começar a calculando o


tempo devido ao movimento vertical do pulso de luz visto pelo astronauta, baseando-se
na altura da espaçonave e na velocidade do feixe de luz, que chamaremos de .

o Chamando a altura da espaçonave de , temos:

o Aqui introduziremos a notação 𝑷 ao invés de


simplesmente , correspondente ao que chamamos de
tempo próprio do observador. É o intervalo de tempo
medido por quem encontra-se no referencial da
espaçonave.
Dilatação do tempo
o Seguindo o mesmo raciocínio, podemos calcular o intervalo de tempo necessário para
que a luz percorra a trajetória como vista pelo observador em Terra (referencial S).

o Utilizando a nomenclatura da animação, temos:

o Agora vamos explicitar essas medidas em função


de outras grandezas, como a velocidade da
espaçonave e a velocidade da luz .

Com essas duas substituições podemos calcular o


tempo medido pelo observador em repouso na
Terra (referencial S).
Dilatação do tempo
o Usando o teorema de Pitágoras, temos:

o Em seguida, isolamos o termo dependente do tempo. Com isso:

o Com mais um pouco de álgebra:

DEDUZIR ...
Dilatação do tempo
o Como:

o Obtemos a relação entre os dois intervalos de tempo:

o Este resultado relaciona intervalos de tempo diferentes. O intervalo de tempo


medido no referencial S’, é diferente do intervalo de tempo medido no referencial
S.

o Astronauta e observador em Terra não concordam quanto ao


valor desses intervalos. A diferença é dada por um fator que
relaciona os dois intervalos de tempo – fator de Lorentz.
Dilatação do tempo
Fator de Lorentz - mostra que o tempo medido por um
observador dito em repouso em relação a outro que se move, é
multiplicado por um número maior do que 1 toda vez que um
observador se movimenta em relação a outro.

o Isso acaba gerando uma consequência direta acerca das percepções de cada
observador. Embora ambos possam reconhecer o mesmo fenômeno, que é a emissão do
pulso luminoso, ambos discordam sobre quando tal evento ocorreu.

o Em nosso cotidiano não percebemos esses efeitos em nossas experiências porque as


velocidades com as quais nos movimentamos em relação a referenciais que estejam
em repouso, digamos objetos parados em relação à superfície da Terra, são muito
baixas. Observe que o fator de Lorentz relaciona a velocidade de movimento dos
corpos com a velocidade de propagação da luz, que possui um valor gigantesco se
comparado às nossas experiências diárias.
Dilatação do tempo
o Efeitos relativísticos perceptíveis ocorrem quando as velocidades dos corpos são de
aproximadamente , ou quando tem-se movimentos que ocorrem por longos
períodos de tempo provocando efeitos cumulativos.

o Sugestão - os vídeos abaixo fala de algumas aplicações sobre o fenômeno da


dilatação do tempo.

https://youtu.be/AInCqm5nCzw

https://youtu.be/KU7l4nOQiDo
Dilatação do tempo
o Observe que quando nos referimos à dilatação temporal, não falamos de um tempo
absoluto. A teoria da relatividade recebe esse nome justamente por conta dessa
caracterização dada às grandezas espaço e tempo. Observamos que o intervalo de
tempo é diferente quando comparado entre referenciais, sendo que esses se
relacionam pelo fator de Lorentz.

o Dizemos que o tempo passa à mesma razão para dois observadores se os dois
experimentam a simultaneidade de eventos, e para que isso ocorra, os dois
observadores devem estra em repouso com relação a eles mesmos.

o A contribuição da teoria da relatividade para a compreensão do tempo, está


intimamente ligada à ideia de simultaneidade. Observadores que movimentam-se
relativamente entre si, não podem ter seus relógios sincronizados, haja vista que os
intervalos de tempo por ele medidos não são os mesmos.
Contração do espaço
o Ainda segundo a teoria da relatividade restrita e como consequência direta do
postulado de que a velocidade da luz é a mesma quando medida a partir de qualquer
referencial, a medição de distâncias a partir de diferentes referenciais também é
afetada.

o Chamaremos assim, como fizemos com o tempo, de comprimento próprio a distância


entre dois pontos, quando medida a partir de um referencial em repouso. De outra
forma, deve existir algum outro referencial inercial no qual se possa medir tal
comprimento, que esteja em movimento em relação ao primeiro.

o Pense na seguinte situação hipotética: você, habitante do planeta Terra, observa e


mede a distância entre duas estrelas distantes localizadas em algum ponto do
universo.
Contração do espaço
o Da mesma forma que você, um astronauta embarcado em uma espaçonave que viaja
com uma velocidade constante pelo espaço vai de uma estrela até a outra, e com isso
é capaz de medir essa distância entre as duas estrelas.

o Chamaremos:

o Para você que encontra-se na Terra, a distância medida entre as duas estrelas pode
ser facilmente calculada como sendo:

o Utilizando a mesma relação, podemos calcular a distância medida pelo astronauta:


Lembrando que as medidas correspondem ao
intervalo de tempo que a luz leva para percorrer
determinada distância.
Contração do espaço
o O tempo em questão é aquele medido no referencial embarcado, ou seja, é o tempo
próprio do referencial que viaja com uma velocidade constante em relação ao
observador da Terra. Assim como no exemplo da espaçonave, tempo próprio era aquele
medido pelo astronauta.

o Como a velocidade da luz é uma grandeza absoluta em qualquer um dos referenciais,


podemos igualar as duas equações:

o E mais uma vez com um pouco de álgebra, temos:


Contração do espaço
o Como:

o Substituindo, temos:

o Por fim chegamos no comprimento medido pelo astronauta:

o Vamos resolver um problema-exemplo → entender de maneira mais clara com a ajuda


dos números, o que acontece num caso como esse.
Contração do espaço
Problema – exemplo: Uma viagem para Sirius

Um astronauta embarca numa viagem em direção à estrela Sirius, localizada a uma distância
de 8 anos-luz da Terra. O astronauta mede o tempo de sua viagem de ida de 6 anos. Se a
espaçonave se move com velocidade constante de 0,8·c, como é possível que uma viagem
de 8 anos-luz de distância possa “caber” em 6 anos-luz de distância?

 O problema está de acordo com o 1º postulado da relatividade restrita, já que ambos


observadores encontram-se em referenciais inerciais.

 O problema parece desrespeitar o 2º postulado da relatividade restrita que estabelece um


limite máximo de velocidade. Assim sendo poderia o astronauta viajar mais rápido do que a luz?
 A medida de distância para um observador na Terra, é de 8 anos-luz, como já dito. Chamaremos
essa distância de comprimento próprio (Lp).

 Utilizando a expressão que relaciona os comprimento medidos em diferentes referenciais, temos:

 Medindo o tempo de viagem no referencial do astronauta, temos:

Para evitarmos cálculos


desnecessários, substituímos o
valor de velocidade da luz como
sendo c = (1 ano-luz/ano).

 O intervalo de tempo foi inferior a 8 anos para o referencial do astronauta, porque para ele a
distância Terra-Sirius é menor quando medida de seu referencial.
 E se o observador em Terra pudesse medir o tempo de viagem do astronauta observando sua
jornada vista a partir de um poderosíssimo telescópio?

 Considerando o tempo de viagem da luz, que representa a informação transmitida da chegada do


astronauta, temos:

 Consequentemente, o observador em Terra vê a chegada do astronauta 18 anos depois de sua


partida (10 anos + 8 anos).

 Se o astronauta ao chegar na estrela e der meia volta retornando à mesma velocidade (0,8·c),
segundo os cálculos do observador em Terra, mais dez anos seriam necessários totalizando um
tempo de viagem de 20 anos.
 Por conta do tempo de trânsito da informação, que foi de 18 anos, o observador em Terra veria o
astronauta chegar de viagem, apenas dois anos depois de sua partida. Por outro lado, o
astronauta teria envelhecido apenas 12 anos.

 O que percebemos com esse resultado é que a distância medida por você, que encontra-se em
Terra, é maior do que aquela medida pelo astronauta a bordo de sua espaçonave.

 O astronauta experimentou a contração do espaço. Podemos pensar da seguinte forma, no


referencial da espaçonave, a viagem desse astronauta levou menos tempo do que o tempo
medido por quem estava em Terra, consequentemente, para que isso faça sentido e seja
coerente com a realidade, então a viagem feita pelo astronauta deve ter menor distância do que
aquela medida por um observador aqui da Terra.
Contração do espaço
o Na simulação abaixo, você pode verificar qual seria o aspecto de um objeto que se
desloca a velocidades próximas à da luz.

o Pode notar também seu caráter relativo, uma vez que, a contração do espaço acomete
tudo aquilo que está contido nele, sendo também relativo, não existindo uma métrica
absoluta para o espaço.

o Na simulação, você pode se divertir tentando esconder completamente um ônibus


dentro de uma garagem.

https://iwant2study.org/lookangejss/06QuantumPhysics/ejss_model_relativity_Length
LorentzTransformation/relativity_LengthLorentzTransformation_Simulation.xhtml
Aula – 01/04
REVISÃO E RESUMO
* Os Postulados

o A teoria da relatividade restrita de Einstein se baseia em dois postulados:

1. As leis físicas são as mesmas em todos os referenciais inerciais. Não existe


um referencial absoluto.

2. A velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor, c, em todas as direções e em


todos os referenciais inerciais.

A velocidade da luz no vácuo, c, é uma velocidade-limite que não pode ser


excedida por nenhuma entidade capaz de transportar energia ou informação.
REVISÃO E RESUMO
Coordenadas de um Evento

o Três coordenadas espaciais e uma coordenada temporal especificam um


evento.

o A teoria da relatividade restrita se propõe a determinar as relações entre as


coordenadas atribuídas a um mesmo evento por dois observadores que estão
se movendo com velocidade constante um em relação ao outro.
REVISÃO E RESUMO
Eventos Simultâneos

o Dois observadores situados em referenciais diferentes, em geral, não


concordam quanto à simultaneidade de dois eventos.

o Se um dos observadores observa que dois eventos ocorridos em locais


diferentes foram simultâneos, o outro observador chega à conclusão oposta,
e vice-versa.

o A simultaneidade não é um conceito absoluto, e sim um conceito relativo, que


depende do movimento do observador. A relatividade da simultaneidade é
uma consequência direta do fato de que a velocidade da luz, c, é finita.
REVISÃO E RESUMO
Dilatação dos Tempos
o Quando dois eventos ocorrem no mesmo lugar em um referencial inercial, o intervalo
de tempo entre os eventos, medidos com um único relógio no lugar onde ocorrem,
é o intervalo de tempo próprio entre os eventos.

o Um observador situado em outro referencial que está se movendo em relação ao


primeiro, mede sempre um intervalo de tempo maior que o intervalo de tempo próprio.
Se o observador está se movendo com velocidade relativa, , o intervalo de tempo
medido é:
Uma consequência
importante da dilatação dos
tempos é o fato de que
(1) relógios em movimento
atrasam em relação a
(Dilatação dos tempos) Fator de Lorentz relógios em repouso.
REVISÃO E RESUMO
Contração das Distâncias
o O comprimento de um corpo medido por um observador em um referencial
inercial no qual o corpo se encontra em repouso é chamado de comprimento
próprio.

o Um observador situado em outro referencial que está se movendo em relação


ao primeiro mede sempre um comprimento menor (na direção do movimento),
que o comprimento próprio. Se o observador está se movendo com velocidade
relativa, , o comprimento medido é:

(2) (Contração das distâncias)


REVISÃO E RESUMO
A Transformação de Lorentz
o As equações da transformação de Lorentz relacionam as
coordenadas no espaço-tempo de um evento em dois
referenciais, S e S’. Se S’ está se movendo em relação a S com
velocidade no sentido positivo dos eixos x e x’, as relações
entre as coordenadas nos dois referenciais são as seguintes:

Equações da
Transformação de (3)
Lorentz Fator de Lorentz

Válidas para qualquer velocidade fisicamente


possível
REVISÃO E RESUMO
A Transformação de Lorentz
o Essas equações são escritas supondo que t = t’ = 0 quando as origens de S e S’ coincidem.
Observe que a variável espacial x e a variável temporal t aprecem juntas na primeira e quarta
equação.

o Essa mistura de espaço e tempo foi uma inovação da teoria de Einstein que seus
contemporâneos tiveram dificuldade para aceitar.

o Uma exigência formal das equações relativísticas é a de que devem se reduzir às equações
clássicas, quando c tende a infinito.

o Em outras palavras, se a velocidade da luz fosse infinita todas as velocidades finitas seriam
“pequenas” e as equações clássicas seriam sempre válidas.

o Quando fazemos nas Equações anteriores, e as equações se reduzem (como


deveriam) às equações da transformação de Galileu.
REVISÃO E RESUMO
A Transformação de Lorentz

o As Equações anteriores são escritas em uma forma que é útil se conhecemos x


e t, e queremos determinar x’ e t’. Podemos estar interessados, porém, em
obter a transformação inversa. Nesse caso, simplesmente resolvemos as
Equações anteriores, para obter x e t. Com isso:

(4) e (5)

o Comparando as Equações anteriores com estas, vemos que, partindo de um dos


sistemas de equações, é possível obter o outro simplesmente trocando as
variáveis espaciais e temporais nos dois sistemas e trocando o sinal da
velocidade relativa ( ).
REVISÃO E RESUMO
o Às vezes estamos interessados em determinar não as coordenadas de um único
evento, mas as diferenças entre as coordenadas de um par de eventos. Assim:

o Esta Tabela mostra as Equações de Lorentz na forma de diferenças – apropriada


para analisar pares de eventos.

o As Equações da Tabela foram obtidas simplesmente substituindo por diferenças


(como e ) as quatro variáveis das Equações anteriores.
REVISÃO E RESUMO
Transformações de Galileu
Segundo a Física Clássica, para relacionar as medidas, feitas
nos dois sistemas de referência, supondo que os dois sistema
tem origem comum no instante inicial, utilizamos as
transformações conhecidas como Transformações de
Galileu dadas por:
dx'
Velocidade: Para converter as vx'   vx  v
componentes da velocidade dt '
medidas no referencial S às
suas equivalentes no referencial dy '
S’ de acordo com a
vy'   vy (7)
(6) dt '
transformação de Galileu,
simplesmente diferenciamos as dz '
equações das transformações vz '   vz
de coordenadas. dt '
REVISÃO E RESUMO
Comentários
o Como podemos observar as transformações de Galileu não satisfazem os postulados
da relatividade especial, uma vez que não levam em conta a dilatação temporal, e
nem a contração do espaço na direção do movimento.

o Além disso, o primeiro postulado exige equações idênticas em ambos os referenciais,


mas as equações fundamentais do eletromagnetismo assumem formas muito
diferentes quando usamos as transformações de Galileu.

o O segundo postulado requer o mesmo valor para a velocidade da luz c em ambos os


referenciais, se supusermos que a luz se propaga na direção do movimento relativo,
encontraremos:
c'  c  v (8)
Problemas propostos
Problema 1: Múon Relativístico
o Um problema bastante comum em relatividade restrita é o que envolve o caso das
partículas de altas energias, também chamados raios cósmicos. Na verdade, estamos
interessados no que ocorre numa partícula que é um produto da interação dos raios
cósmicos com a atmosfera da Terra - o múon.

o Raios cósmicos que geralmente são constituídos de prótons altamente energéticos,


penetram na atmosfera da Terra e chocam-se com as moléculas de ar. Desse choque
entre prótons energéticos e as moléculas da atmosfera, outras partículas se formam,
outros exemplos são os píons e os káons.

o O múon, que cujo símbolo é μ é uma partícula de alta energia. Possui valor de massa
de 207 vezes a massa do elétron.

o Múons são partículas elementares e geralmente decaem em um elétron, um neutrino


do múon e num antineutrino do elétron.
o Os múons são classificados em física de partículas como Léptons, do grego leve. Temos como
exemplo: o elétron, o neutrino, o tau e os neutrinos.

o O tempo de vida de um múon é de aproximadamente 2,0 μs. Tempo esse medido em seu
referencial, ou seja com o múon em um laboratório por exemplo, possuindo baixa velocidade.

o Grande parte dos múons são criados a uma altitude de aproximadamente 15 km possuindo uma
velocidade da ordem de 0,9998c (c = velocidade da luz no vácuo). Esta alta velocidade faz com
que o seu tempo de vida no sistema de referencial do laboratório seja dilatado, permitindo que
a maioria alcance a superfície da Terra.

o Múons são partículas subatômicas produzidas a partir da interação entre a atmosfera da


Terra, e outras partículas menos fundamentais que chamamos, de maneira geral, de Raios
Cósmicos.

o Raios Cósmicos são constituídos por partículas atômicas viajando a velocidades muito próximas
à velocidade da luz. Temos como exemplo os prótons relativísticos, dotados de uma quantidade
gigantesca de energia.
Problema – análise: Múons movendo-se em baixa velocidade num laboratório tem um
tempo de vida de 2,2 μs. Pensando em um movimento com velocidade próxima à
velocidade da luz para os múons, e calculando a distância percorrida ao entrarem na
atmosfera usando a relação, temos:

Dados:

Como é possível então que múons percorram


Calculando: apenas 660 m atmosfera adentro, e ainda assim,
sejam detectados próximos da superfície da Terra,
que fica a aproximadamente 10.000 metros mais
distante do que o múon pode percorrer?

Chegamos a um valor para a distância


percorrida de 660 metros.
RESPOSTA

O tempo de vida do múon dilata-se em relação ao referencial do laboratório que está em Terra.

Podemos calcular essa dilatação aplicando a relação:

Substituindo:

Um resultado que faz com que o múon relativístico leve


mais tempo para decair.

Obtemos:
Utilizando esse valor de tempo de vida (110 ms) e aplicando novamente a equação:

O que dá como resultado uma distância suficiente para ser detectado ao chegar próximo da
superfície da Terra.

Aplicando a expressão para a contração do espaço medida no referencial do múon, que como
já havíamos definido será , temos:
 O que condiz com os resultados que obtivemos. A partícula em velocidade próxima à da luz
experimenta uma contração do espaço, e a justificativa para que ela atravesse a atmosfera
inteira sem decair está no fato de que medido a partir do referencial do laboratório, seu tempo de
vida aumenta uma quantidade de tempo suficiente para que ela possa atingir o solo.

 O tempo decorrido no referencial da Terra para que a partícula decaia, é de 110 μs, já no
referencial do Múon segue sendo de 2,2 μs, cinquenta vezes menos. Os relógios que marcam os
intervalos de tempo em cada referencial, não estão sincronizados e consequentemente, não faz
sentido pensar na simultaneidade desses dois eventos, já que eles ocorrem em tempos diferentes
para cada referencial.

 Esse é um exemplo bastante ilustrativo dos efeitos da relatividade restrita, já que o evento
decaimento da partícula, ao ser explicado como quando visto a partir de dois referenciais inerciais
diferentes, exige uma mudança na concepção da estrutura do espaço-tempo por causa da sua não
simultaneidade nos dois referenciais.
Problema 2 - O Paradoxo dos Gêmeos

 O Paradoxo dos Gêmeos, é um problema que ilustra o que acontece com dois observadores que
possuem um movimento relativo. O Problema mostra como um evento pode não ser simultâneo
para dois observadores.

 Dois irmãos gêmeos idênticos, Isaac e Albert, com 20 anos de


idade, são convidados a participar de uma experiência. Isaac
permanecerá no planeta Terra, enquanto Albert será
enviado a uma missão pela galáxia que consistirá em viajar
até outro sistema estelar bastante distante do nosso. Albert
viajará a uma velocidade de 0,95.c, ou seja, a 95% da
velocidade da luz.

 A distância entre os dois sistemas é de 20 anos-luz, medido a partir do referencial Terra. Ao


chegar em seu destino Albert sente-se indisposto e imediatamente inicia sua viagem de retorno
para casa. Ao receber de volta seu irmão a Albert, Isaac, que permaneceu em Terra, surpreende-
se ao perceber que seu irmão astronauta está fisicamente diferente. O que teria acontecido a ele?
Assim, Isaac começa a calcular o tempo total de viagem de seu irmão Albert.

Como esse é o tempo decorrido para a vigem de ida, a viagem de volta feita nas mesmas condições
também foi de aproximadamente 21 anos.

Passados 42 anos para Isaac, ele que possuía 20 anos na época da partida agora está com 62 anos
de idade.

Isaac sabe que Albert viajou muito próximo da velocidade da luz, portanto, deve ter sofrido os efeitos
relativísticos.

Isaac decide então, calcular o tempo de viagem necessário para que Albert chegasse à estrela,
medido no referencial próprio de Albert.
Aplicando a equação que relaciona o tempo decorrido em dois referenciais diferentes, ele obtém:

Calculando o tempo total de viagem, Isaac descobre


que no referencial de Albert, haviam se passado
apenas 13 anos .

Somando-se esse tempo de viagem à idade de


Albert chegamos à sua idade no retorno, sendo de:

20 + 13 = 33 anos
 Isaac envelheceu mais do que o irmão que viajou através do espaço. A viagem de Albert com
velocidade próxima à da luz, fez com que o relógio de Albert contasse o tempo mais devagar em
relação ao relógio de Isaac.

 Da mesma forma, todos os processos naturais e biológicos que são regulados pelo tempo também
acontecem mais devagar, quando comparados aos mesmos processos no referencial de Isaac.

 Isso explica o fato de os dois irmãos terem envelhecido de maneira diferente.

 Embora o tempo de Albert tenha passado mais devagar em relação ao de Isaac, isso não significa
dizer que Albert experimentou outra realidade.

 As vivências de cada observador obviamente são diferentes, mas a relação com a realidade tem
de ser a mesma para ambos. O 1º postulado da relatividade restrita garante que os fenômenos
naturais observados a partir de seus respectivos referenciais inerciais, devem respeitar as leis da
Física. Embora a experiência humana seja algo muito subjetivo, não se pode negar o fato de que
por trás disso, processos químicos, biológicos e fisiológicos se baseiam em leis da natureza, e
assim sendo devem ser coerentes com tais leis.
 Esse problema é bastante conhecido, e como também já foi dito, recebe o nome de Paradoxo.

 Mas afinal, onde está o paradoxo?

 Seguramente, o Paradoxo não está no fato de que os dois gêmeos envelheceram de maneira
diferente, afinal de contas, não há nada errado nisso, como já fora demonstrado pela teoria da
relatividade restrita de Einstein, pouco usual sim, mas errado não.

 Pensando de outra forma, já que a própria medida da velocidade do movimento é relativa,


poderíamos fazer a mesma análise que fizemos a partir do ponto de vista de Albert para Isaac.
Afinal de contas, do ponto de vista de Albert que está também em um referencial inercial, quem
movimenta-se é Isaac que se afasta junto com a Terra.

 Poderíamos aplicar as mesmas transformações, usando a equivalência entre os referenciais, já


que ambos são inerciais, e os efeitos calculados seriam os mesmos para os dois irmãos, uma vez
que ambos estão em aparente igualdade de situação. Haveria, portanto, uma simetria em toda a
situação e nenhum dos dois irmãos estaria mais velho ou mais novo do que o outro.

 Olhemos o significado da palavra Paradoxo


 Paradoxo: aparente falta de nexo ou de lógica; contradição

 O Paradoxo surge porque tomamos como verdade e sequer questionamos até o momento, o fato
de que embora os irmãos estejam em referenciais inerciais durante quase todo o movimento, isso
nem sempre foi assim.

 Na partida e na chegada o irmão astronauta abandona sua condição de referencial inercial,


uma vez que precisa acelerar e desacelerar.

 Para ilustrar esse fato, pense num terceiro observador, Galileu, que assiste tudo o que ocorre.

 Galileu também encontra-se num referencial, que também pode ser considerado inercial, digamos
na Lua.
 De seu ponto de vista apenas Isaac que permaneceu em Terra,
não teve sua velocidade alterada. O mesmo não ocorreu com
Albert, que teve de acelerar e desacelerar a sua espaçonave na
partida e quando precisou retornar a Terra, respectivamente. Do
ponto de vista de Galileu, Isaac é o único que pode
fazer predições corretas sobre a situação, já que permaneceu o
tempo todo em um referencial inercial obedecendo o primeiro
postulado da relatividade especial.

 Ainda sobre esse aspecto relacionado à condição de cada gêmeo, e portanto, uma aparente
simetria entre os dois referenciais, podemos destacar o fato de que os eventos ocorrem em
mesmas coordenadas espaciais e diferentes coordenadas temporais nos dois referenciais.

 Por simplificação, e de uma maneira que não comprometerá nossa conclusão, vamos supor que
Isaac esteja em repouso num referencial S. Albert, por outro lado, encontra-se em repouso num
referencial S’ que se move com velocidade v em relação ao referencial S.
 Na viagem de ida e volta, obviamente a velocidade inverte de sentido, permanecendo a mesma
na maior parte da viagem, com exceção dos momentos em que a nave é obrigada a manobrar
para mudar de sentido, bem como nas acelerações e desacelerações.

 Se estabelecermos coordenadas espaciais para os dois irmãos nas ocasiões dos eventos, partida
da espaçonave e chegada ou retorno da espaçonave, obteremos as mesmas para os dois
viajantes.

 Os dois eventos possuem as mesmas coordenadas espaciais nos dois referenciais, pois
acontecem no mesmo ponto do espaço.

 Quando adicionamos a coordenada temporal aos dois referenciais, percebemos que algo difere
para os dois viajantes. Isaac e Albert tem diferentes coordenadas temporais, e
consequentemente, diferentes coordenadas espaço-temporais. Essa situação exemplifica a
relatividade da simultaneidade.

 Dois observadores podem estar ocupando a mesma coordenada espacial, já que seus sistemas
de referência são coincidentes, porém, se em algum momento eles experimentaram movimento
relativo entre si, suas coordenadas temporais serão diferentes.
Para constatar se isso realmente pode acontecer, já que a teoria da relatividade
restrita apresenta consequências bem pouco intuitivas, a notícia abaixo (link) é
sobre um experimento conduzido pela NASA com o objetivo de estudar as
diferenças entre dois irmãos gêmeos ao longo de um ano. Um submetido a uma
viagem na qual permaneceu em órbita ao redor Terra, e outro em Terra.

https://www.theguardian.com/science/2017/oct/29/scott-kelly-
astronaut-interview-space-younger-twin-endurance

Estudo completo – Artigo:

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