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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

Física – Licenciatura
Conceitos de Relatividade e Cosmologia – 7º semestre

Origens da Teoria da
Relatividade Especial
Continuação ...

Albert Einstein em 1905 – Ano


Relatividade de Einstein
da Publicação de seu trabalho
sobre Relatividade.
Profa. Maryleide Ventura
e-mail: maryleide.ventura@gmail.com
REVISÃO E RESUMO
Os Postulados

o A teoria da relatividade restrita de Einstein se baseia em dois postulados:

1. As leis físicas são as mesmas em todos os referenciais inerciais. Não existe


um referencial absoluto.

2. A velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor, c, em todas as direções e em


todos os referenciais inerciais.

A velocidade da luz no vácuo, c, é uma velocidade-limite que não pode ser


excedida por nenhuma entidade capaz de transportar energia ou informação.
REVISÃO E RESUMO
Coordenadas de um Evento

o Três coordenadas espaciais e uma coordenada temporal especificam um


evento.

o A teoria da relatividade restrita se propõe a determinar as relações entre as


coordenadas atribuídas a um mesmo evento por dois observadores que estão
se movendo com velocidade constante um em relação ao outro.
REVISÃO E RESUMO
Eventos Simultâneos

o Dois observadores situados em referenciais diferentes, em geral, não


concordam quanto à simultaneidade de dois eventos.

o Se um dos observadores observa que dois eventos ocorridos em locais


diferentes foram simultâneos, o outro observador chega à conclusão oposta,
e vice-versa.

o A simultaneidade não é um conceito absoluto, e sim um conceito relativo, que


depende do movimento do observador. A relatividade da simultaneidade é
uma consequência direta do fato de que a velocidade da luz, c, é finita.
REVISÃO E RESUMO
Dilatação dos Tempos
o Quando dois eventos ocorrem no mesmo lugar em um referencial inercial, o intervalo
de tempo ∆𝑡0 entre os eventos, medidos com um único relógio no lugar onde ocorrem,
é o intervalo de tempo próprio entre os eventos.

o Um observador situado em outro referencial que está se movendo em relação ao


primeiro, mede sempre um intervalo de tempo maior que o intervalo de tempo próprio.
Se o observador está se movendo com velocidade relativa, 𝒗, o intervalo de tempo
medido é:
1 Uma consequência
∆𝑡0 𝛾= importante da dilatação dos
∆𝑡 = 𝑣2 tempos é o fato de que
2 ∆𝑡 = 𝛾∆𝑡0 (1) 1− 2 relógios em movimento
𝑣 𝑐
1− atrasam em relação a
𝑐 (Dilatação dos tempos) Fator de Lorentz relógios em repouso.
REVISÃO E RESUMO
Contração das Distâncias
o O comprimento 𝐿0 de um corpo medido por um observador em um referencial
inercial no qual o corpo se encontra em repouso é chamado de comprimento
próprio.

o Um observador situado em outro referencial que está se movendo em relação


ao primeiro mede sempre um comprimento menor (na direção do movimento),
que o comprimento próprio. Se o observador está se movendo com velocidade
relativa, 𝒗, o comprimento medido é:

𝑣 2 𝐿0
𝐿 = 𝐿0 1− 𝐿= (2) (Contração das distâncias)
𝑐 𝛾
REVISÃO E RESUMO
A Transformação de Lorentz
o As equações da transformação de Lorentz relacionam as
coordenadas no espaço-tempo de um evento em dois
referenciais, S e S’. Se S’ está se movendo em relação a S com
velocidade 𝒗 no sentido positivo dos eixos x e x’, as relações
entre as coordenadas nos dois referenciais são as seguintes:
𝑥 ′ = 𝛾(𝑥 − 𝑣𝑡) 1
𝛾=
𝑣2
Equações da 𝑦′ = 𝑦 1− 2
𝑐
Transformação de (3)
Lorentz 𝑧′ = 𝑧 Fator de Lorentz

𝑡 ′ = 𝛾(𝑡 − 𝑣𝑥/𝑐 2 ) Válidas para qualquer velocidade fisicamente


possível
REVISÃO E RESUMO
A Transformação de Lorentz
o Essas equações são escritas supondo que t = t’ = 0 quando as origens de S e S’ coincidem.
Observe que a variável espacial x e a variável temporal t aprecem juntas na primeira e quarta
equação.

o Essa mistura de espaço e tempo foi uma inovação da teoria de Einstein que seus
contemporâneos tiveram dificuldade para aceitar.

o Uma exigência formal das equações relativísticas é a de que devem se reduzir às equações
clássicas, quando c tende a infinito.

o Em outras palavras, se a velocidade da luz fosse infinita todas as velocidades finitas seriam
“pequenas” e as equações clássicas seriam sempre válidas.

o Quando fazemos 𝒄 → ∞ nas Equações anteriores, 𝜸 → 𝟏 e as equações se reduzem (como


deveriam) às equações da transformação de Galileu.
REVISÃO E RESUMO
A Transformação de Lorentz

o As Equações anteriores são escritas em uma forma que é útil se conhecemos x


e t, e queremos determinar x’ e t’. Podemos estar interessados, porém, em
obter a transformação inversa. Nesse caso, simplesmente resolvemos as
Equações anteriores, para obter x e t. Com isso:

𝑥 = 𝛾(𝑥 ′ + 𝑣𝑡 ′ ) (4) e 𝑡 = 𝛾(𝑡 ′ + 𝑣𝑥 ′ /𝑐 2 ) (5)

o Comparando as Equações anteriores com estas, vemos que, partindo de um dos


sistemas de equações, é possível obter o outro simplesmente trocando as
variáveis espaciais e temporais nos dois sistemas e trocando o sinal da
velocidade relativa (𝑣).
REVISÃO E RESUMO
o Às vezes estamos interessados em determinar não as coordenadas de um único
evento, mas as diferenças entre as coordenadas de um par de eventos. Assim:

o Esta Tabela mostra as Equações de Lorentz na forma de diferenças – apropriada


para analisar pares de eventos.

o As Equações da Tabela foram obtidas simplesmente substituindo por diferenças


(como ∆𝑥 e ∆𝑥 ′ ) as quatro variáveis das Equações anteriores.
REVISÃO E RESUMO
Transformações de Galileu
Segundo a Física Clássica, para relacionar as medidas, feitas
nos dois sistemas de referência, supondo que os dois sistema
tem origem comum no instante inicial, utilizamos as
transformações conhecidas como Transformações de
Galileu dadas por:
dx'
Velocidade: Para converter as vx ' = = vx − v

𝑥 = 𝑥 − 𝑣𝑡 componentes da velocidade dt'
medidas no referencial S às
suas equivalentes no referencial dy'
𝑦′ = 𝑦 S’ de acordo com a
vy' = = vy (7)
(6) dt'
transformação de Galileu,
𝑧′ = 𝑧 simplesmente diferenciamos as dz'
equações das transformações vz ' = = vz
𝑡′ = 𝑡 de coordenadas. dt'
REVISÃO E RESUMO
Comentários
o Como podemos observar as transformações de Galileu não satisfazem os postulados
da relatividade especial, uma vez que não levam em conta a dilatação temporal, e
nem a contração do espaço na direção do movimento.

o Além disso, o primeiro postulado exige equações idênticas em ambos os referenciais,


mas as equações fundamentais do eletromagnetismo assumem formas muito
diferentes quando usamos as transformações de Galileu.

o O segundo postulado requer o mesmo valor para a velocidade da luz c em ambos os


referenciais, se supusermos que a luz se propaga na direção do movimento relativo,
encontraremos:
c' = c − v (8)
Relatividade da Velocidade
o Vimos que as transformações de espaço e tempo pensadas por Galileu, ganharam
outra interpretação após Albert Einstein. Tempo e espaço estão intrinsecamente
relacionados.

o Se essas duas grandezas sofreram profundas transformações na forma como a


enxergávamos, é de se esperar que a velocidade, uma grandeza que depende dessas
outras duas citadas, também deva ser reescrita.

o As equações de Galileu são aplicadas a fenômenos que envolvem baixas velocidades,


muito menores do que a da luz, e não ha dúvida que trazem bons resultados, pois em
nosso cotidiano as aplicamos com sucesso a uma enorme variedade de fenômenos.
Relatividade da Velocidade
o Suponhamos que dois observadores em movimento relativo entre si, observam
o movimento de um corpo. Chamaremos esse acontecimento de evento, já
definido anteriormente. Iremos assumir que cada um dos observadores se
encontra em um referencial próprio, S e S’.

o Como seriam medidas as velocidades desse corpo observadas a partir de


dois diferentes referenciais?

o Podemos começar respondendo essa pergunta partindo de um dos postulados


da relatividade restrita, aquele que diz que a máxima velocidade permitida é a
velocidade da luz.
Relatividade da Velocidade
∆𝑥
o A grandeza velocidade, é sempre definida como sendo a razão: 𝑣 = (9)
∆𝑡
o Sendo s nosso vetor posição denotado por: 𝑠Ԧ = 𝑠(𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑡) (10)

o Até Galileu como sabemos, não assumíamos a variação do tempo, apenas das
coordenadas espaciais que eram funções matemáticas do tempo.

o Em nosso estudos até aqui, exploramos o movimento relativo acontecendo num espaço
de três coordenadas espaciais e mais uma do tempo, de modo que concluímos que os
efeitos relativísticos afetam as coordenadas na qual a direção do movimento ocorre, e
consequentemente, altera a coordenada tempo quando medida por diferentes
referenciais.
Relatividade da Velocidade
o Seguindo com esse raciocínio iremos escrever a expressão para a
transformação de velocidades em dois referenciais, usando a própria definição
de velocidade e as expressões de Lorentz para o espaço e para o tempo.

o Assumiremos que um objeto possui uma velocidade 𝒖𝒙 quando observado a


partir de um referencial S, e então, iremos calcular a velocidade desse objeto
quando medida a partir do referencial S', este último que se move com
velocidade 𝒗 em relação a S.

o Podemos entender essa velocidade do objeto como um evento observado


portanto, a partir dos dois diferentes referenciais.
Relatividade da Velocidade
o Assim:
∆𝑥
𝑢𝑥 = (11)
∆𝑡

o Fazendo:

𝑣∆𝑥
∆𝑥 = 𝛾(∆𝑥 ′ + 𝑣∆𝑡 ′ ) (12) e ∆𝑡 = 𝛾 ∆𝑡 ′ + 2 (13)
𝑐

o Aplicando a definição de velocidade, temos:

∆𝑥 𝛾(∆𝑥 ′ + 𝑣∆𝑡 ′ ) (14)


=
∆𝑡 𝛾 ∆𝑡 ′ + 𝑣∆𝑥 ′
𝑐2
Relatividade da Velocidade
o Dividindo o numerador e o denominador da equação por um termo comum:
′ ′
1
∆𝑥 𝛾(∆𝑥 + 𝑣∆𝑡 ) ∆𝑡 ′
= ′ ∙ (15)
∆𝑡 𝛾 ∆𝑡 ′ + 𝑣∆𝑥 1
𝑐2 ∆𝑡 ′
o Calculando:
∆𝑥 ′ 𝑣∆𝑡 ′
∆𝑥 +
∆𝑡 ′ ∆𝑡 ′ (16)
=
∆𝑡 ∆𝑡 ′ 𝑣∆𝑥 ′ 1
′ + ′ ∙ 2
∆𝑡 ∆𝑡 𝑐

o Temos como resultado: ∆𝑥 ′


+𝑣 Lembrando que 𝒗 é o valor
∆𝑥 ∆𝑡 ′ da velocidade de um
= (17)
∆𝑡 𝑣∆𝑥 ′ 1 referencial em relação ao
1+ ∙ outro.
∆𝑡 ′ 𝑐 2
Relatividade da Velocidade
o Na sequência, iremos utilizar uma ferramenta do cálculo diferencial chamada
limite, com a qual podemos escolher intervalos muito pequenos para as variáveis.

o Aplicando a definição de limite à expressão da velocidade, temos:

∆𝑥 ′
∆𝑥 +𝑣 Que é a velocidade medida
∆𝑡 ′ (18)
∆𝑡
=
𝑣∆𝑥 ′ 1 no referencial S.
1+ ∙
∆𝑡 ′ 𝑐 2

o De forma análoga portanto, teremos:

∆𝑥 ′ a velocidade medida no
lim ′ = 𝑢𝑥′ (19)
∆𝑡→0 ∆𝑡 referencial S’.
Relatividade da Velocidade
o Reescrevendo então, usando uma notação mais sintética, temos:
𝑢𝑥′ + 𝑣
𝑢𝑥 = (20)
𝑣
1 + 𝑢𝑥′ ∙
𝑐2

o Para obtermos a expressão medida a partir de S', basta substituirmos o sinal


positivo pelo negativo:
𝑢𝑥 − 𝑣
𝑢𝑥′ = (21)
𝑣
1 − 𝑢𝑥 ∙ 2
𝑐

o As duas expressões relacionam a velocidade de um corpo medida em dois


diferentes referenciais.
Relatividade da Velocidade
o Se o objeto possuir velocidade ao longo dos eixos y e z, as componentes para a
velocidade medidas por um observador em S’ são:

𝑢𝑥 − 𝑣
𝑢𝑥′ (22)
Para o eixo x, como já visto =
𝑣
1 − 𝑢𝑥 ∙ 2
𝑐

𝑢𝑦
Para o eixo y 𝑢𝑦′ = (23)
𝑣
𝛾 1 − 𝑢𝑥 ∙
𝑐2

𝑢𝑧
Para o eixo z 𝑢𝑧′ = (24)
𝑣
𝛾 1 − 𝑢𝑥 ∙
𝑐2
Relatividade da Velocidade
o Observe que as componentes para a velocidade medidas por um observador em S’
para os eixos y e z não possuem o valor de 𝒗, já que o movimento relativo ocorre
somente ao longo do eixo x.

o Analisando o que acontece com a expressão para a velocidade observada, quando a


velocidade 𝒗 de um referencial for pequena, teremos:

𝑢′ +𝑣
lim 𝑢 = lim 𝑣
= 𝑢′ + 𝑣 (25)
𝑣→0 𝑣→0 1+𝑢′ ∙ 2
𝑐

o Quando os valores de velocidade relativa entre os referenciais é pequeno, ou seja, são


pequenos os suficiente para que os efeitos relativísticos sejam desprezados, a
expressão para a velocidade medida de um objeto em diferentes referenciais, se
aproxima da transformação clássica de Galileu.
𝑢 ≈ 𝑢′ + 𝑣 (26)
Relatividade da Velocidade
o De outra maneira, se utilizarmos o valor mais alto possível para a
velocidade 𝒗 que é a velocidade da luz c, estaremos explorando o outro
extremo para a solução de nossa equação. Assim:

𝑢′ + 𝑣
lim𝑢 = lim =𝑐 (27)
𝑣→𝑐 𝑣→𝑐 𝑣
1 + 𝑢′ ∙
𝑐2

o Como foi dito, nos dois casos os limites representam o valor extremo a ser
tomado, algo que na prática não ocorre.
Relatividade da Velocidade
o Sabemos que não existe diferença entre referenciais quando suas velocidades
relativas são nulas, e também não existe objeto material que possa viajar à
velocidade da luz, de modo que os valores para baixas velocidades fazem com
que as transformações de Galileu se tornem aproximações do caso
relativístico, mais geral portanto.

o Para altas velocidades, os efeitos relativísticos predominam e as


transformações de Galileu levam a resultados cada vez mais imprecisos.
Relatividade da Velocidade
o No caso relativístico mais extremo, convém chamar a atenção para um
detalhe. A velocidade medida por um observador num referencial S, de um
corpo que se move num referencial S’ que viaja cada vez mais próximo da
velocidade da luz, tende para o próprio valor da velocidade da luz.

o Isso mostra que as transformações de Lorentz para a velocidade obedecem o


postulado de Einstein para a relatividade restrita que estabelece um limite
para a máxima velocidade no universo, a qual nenhum objeto com massa de
repouso diferente de zero pode atingir, que é a velocidade da luz.
Relatividade da Velocidade
o Um feixe de luz viaja com velocidade c medida a partir de um referencial fixo
no planeta Terra.

o No mesmo instante em que essa velocidade é medida, um observador viajando


numa missão interstelar em sua espaçonave, passa pela mesma região do espaço
e com uma velocidade de cruzeiro igual à metade da velocidade da luz, c, no
mesmo sentido de sua propagação.

o Qual é a velocidade da luz medida por esse observador?

o Para descobrir qual é esse valor, deve-se aplicar a transformação de


velocidades de Lorentz, pois o caso é relativístico.

o Assim:
Relatividade da Velocidade

o Pode-se perceber, pelo resultado obtido, que qualquer que seja a velocidade
com a qual um observador viaja, ele sempre medirá independentemente de seu
referencial, a velocidade da luz como sendo c. As equações da transformação
de Lorentz para a velocidade, dá suporte ao postulado de Einstein sobre uma
velocidade limite observada para a luz medida a partir de qualquer
referencial.
O Efeito Doppler para Luz
o Efeito Doppler – mudança da frequência medida por um observador – para o
caso de ondas sonoras propagando-se no ar.

o Nesse caso, o efeito Doppler depende de duas velocidades: a velocidade da


fonte em relação ao ar e a velocidade do detector em relação ao ar – o ar é o
meio no qual as ondas se propagam.

o No caso da luz, a situação é diferente, já que a luz (como qualquer onda


eletromagnética) não precisa de um meio para se propagar.

o O efeito Doppler para as ondas luminosas depende de apenas uma velocidade:


a velocidade relativa entre a fonte e o detector.
O Efeito Doppler para Luz
o Seja 𝒇𝟎 a frequência própria da fonte, isto é, a frequência medida por um
observador em relação ao qual a fonte se encontra em repouso, e 𝒇 a
frequência medida por um observador que está se movendo com velocidade 𝒗
em relação à fonte. Nesse caso, se o observador está se afastando da fonte,
temos:

1−𝛽
𝑓 = 𝑓0 (28) (fonte e detector se afastando)
1+𝛽

o Onde 𝜷 = 𝒗/𝒄.

o Se o observador está se aproximando da fonte, a Equação acima continua a ser


válida, mas com 𝜷 substituído por −𝜷.
O Efeito Doppler para Luz
Efeito Doppler em Baixas Velocidades
o Em baixas velocidades (𝜷 ≪ 𝟏) a raiz quadrada da Equação (28) pode ser expandida em
uma série de potências de 𝜷, e a frequência medida é dada aproximadamente por:
1 2 (29)
𝑓 = 𝑓0 1−𝛽+ 𝛽 (fonte e detector se afastando, 𝜷 ≪ 𝟏)
2
o A Equação correspondente para o efeito Doppler em baixas velocidades, no caso de
ondas sonoras (ou outros tipos de ondas, que necessitam de um meio para se propagar)
tem os mesmos dois primeiros termos e um coeficiente diferente para o terceiro
termo.

o Assim, no caso do efeito Doppler para a luz em baixas velocidades o efeito relativístico
se manifesta apenas no termo proporcional a 𝛽 2 .
O Efeito Doppler para Luz
o Exemplo: O radares da polícia utilizam o efeito Doppler para medir a
velocidade 𝒗 dos automóveis.

✓ O aparelho de radar emite um feixe de microondas com uma certa frequência


própria 𝑓0 . Um carro que esteja se aproximando reflete o feixe de microondas,
que é captado pelo detector do aparelho de radar.

✓ Devido o efeito Doppler, a frequência recebida pelo detector é maior que 𝑓0 . O


aparelho compara a frequência recebida com 𝑓0 e determina a velocidade do
carro.
1−𝛽 o OBS.: Observador está se aproximando da
𝑓 = 𝑓0
1+𝛽 fonte → 𝜷 é substituído por −𝜷.
O Efeito Doppler para Luz
Efeito Doppler na Astronomia

o Nas observações astronômicas de estrelas, galáxias e outras fontes luminosas,


podemos determinar a velocidade das fontes medindo o deslocamento Doppler
da luz detectada.

o Se uma estrela está em repouso em relação à nós, detectamos a luz emitida


pela estrela com a frequência própria 𝒇𝟎 .

o Quando, porém, a estrela está se aproximando ou se afastando, a frequência da


luz detectada aumenta ou diminui devido ao efeito Doppler.
O Efeito Doppler para Luz
o Esse deslocamento Doppler se deve apenas ao movimento radial da estrela
(movimento ao longo da reta que liga a estrela ao observador), e a velocidade
que podemos determinar medindo o deslocamento Doppler é apenas a
velocidade radial 𝑣 da estrela, ou seja, a componente radial da velocidade da
estrela em relação ao observador.

o Vamos supor que a velocidade radial 𝑣 de uma certa fonte luminosa seja
suficientemente pequena (𝛽 seja suficientemente pequeno) para que o termo 𝛽2
da Eq. (29) possa ser desprezado. Nesse caso, temos:

𝑓 = 𝑓0 1 − 𝛽 (30)
O Efeito Doppler para Luz
o Como as medições astronômicas que envolvem a luz em geral são feitas em
termos do comprimento de onda e não da frequência, vamos substituir 𝑓 por
𝑐/𝜆 e 𝑓0 por 𝑐/𝜆0 , em que 𝜆 é o comprimento de onda medido e 𝜆0 é o
comprimento de onda próprio. Nesse caso, teremos:
𝑐 𝑐
= 1−𝛽
𝜆 𝜆0
−1 (31)
𝜆 = 𝜆0 1 − 𝛽

o Como estamos supondo que 𝛽 é pequeno, podemos expandir 1 − 𝛽 −1 em uma


série de potências. Fazendo essa expansão e conservando apenas o termo linear
em 𝛽, obtemos:
𝜆 − 𝜆0 (32)
𝜆 = 𝜆0 1 + 𝛽 𝛽=
𝜆0
O Efeito Doppler para Luz
o Substituindo 𝛽 por 𝑣/𝑐 e 𝜆 − 𝜆0 por Δ𝜆 , obtemos:

Δ𝜆
𝑣= 𝑐 (33) (velocidade radial da fonte luminosa, 𝑣 ≪ 𝑐).
𝜆0

o A diferença Δ𝜆 é o deslocamento Doppler em comprimentos de onda da fonte


luminosa. Usamos o sinal de valor absoluto para que o valor do deslocamento
seja sempre um número positivo.

o A Eq. (33) é uma aproximação que pode ser usada apenas nos casos em que 𝑣 ≪
𝑐 . Nessas condições, a Eq. (33) pode ser usada quando a fonte está se
aproximando e quando está se afastando do observador.
O Efeito Doppler para Luz
o Quando a fonte está se afastando do observador 𝜆 > 𝜆0 , o deslocamento Doppler é
chamado de deslocamento para o vermelho (redshift). Isso não significa que a luz
detectada seja vermelha ou mesmo visível, e sim que 𝜆 > 𝜆0 .

o A expressão vem do fato de que o vermelho está na extremidade de grandes


comprimentos de onda do espectro visível.

o Quando a fonte está se aproximando do observador 𝜆 < 𝜆0 , o deslocamento Doppler é


chamado de deslocamento para o azul (blueshift).
O Efeito Doppler para Luz
Efeito Doppler Transversal

o Se o movimento relativo da fonte luminosa é


perpendicular à reta que liga a fonte ao
detector (D), a frequência 𝑓 medida pelo
detector é dada por:

𝑓 = 𝑓0 1 − 𝛽 2 (34)

o Esse efeito Doppler transversal se deve à


dilatação dos tempos.
O Efeito Doppler para Luz
o Se reescrevermos a Eq. (34) em termos do período 𝑇 das oscilações da luz em
vez da frequência, teremos, já que 𝑇 = 1/𝑓,

1 1
= 1 − 𝛽2
𝑇 𝑇0
𝑇0
𝑇= (35)
1 − 𝛽2

o onde 𝑇0 (= 1/𝑓0 ) é o período próprio da fonte.

o Na verdade, tanto a Eq. (35), quanto a Eq. (1) é uma expressão da lei de
dilatação dos tempos, já que um período é um intervalo de tempo.
O Efeito Doppler para Luz
O Sistema de Navegação NAVSTAR
o Cada satélite NAVSTAR do Sistema de Posicionamento Global (GPS*) transmite
continuamente sinais de rádio, que fornecem sua localização em uma frequência
controlada com extrema precisão por um relógio atômico.

o Quando o sinal é recebido por um detector situado, por exemplo, em um avião


comercial, o efeito Doppler causado pelo movimento relativo entre o satélite e o
detector faz com que a frequência medida seja ligeiramente diferente.

o Recebendo simultaneamente os sinais transmitidos por vários satélites, o


detector pode determinar a posição e a velocidade de cada satélite e usar essa
informação para calcular a velocidade da aeronave.
O Efeito Doppler para Luz
o Embora a contribuição relativística para o deslocamento Doppler seja extremamente
pequena (aproximadamente 4,5 × 10−10 do deslocamento se devem aos efeitos
relativísticos), os engenheiros devem levar em conta essa contribuição para obter
resultados precisos usando o sistema GPS.

o Eles também devem levar em conta os efeitos da Teoria da Relatividade Geral de


Einstein, já que a aceleração da gravidade na altitude em que se encontra o satélite é
diferente da aceleração da gravidade perto do nível do mar.

o As teorias da relatividade restrita e da relatividade geral foram consideradas


exóticas por muito tempo, mas hoje são usadas rotineiramente nos sistemas de
posicionamento global e navegação a grandes distâncias.
Viagens Espaciais
✓ A partir do sistema de referências da Terra, a luz
leva 25.000 anos para viajar do centro de nossa
galáxia, a Via Láctea até nosso sistema solar.

✓ A partir do sistema de referência de uma


espaçonave altamente veloz, tal viagem leva menos
tempo.

✓ A partir do sistema de referência da própria luz, a viagem não dura tempo


algum. Não existe tempo num sistema de referência que se move junto com a
luz.
Problemas - Aplicação
1) Quanto tempo dura um descanso de 1 hora?
Astronautas numa espaçonave, que se afasta da Terra com 𝑣 = 0,600𝑐, enviam um
sinal à estação de controle, avisando que vão descansar durante 1,00 h e que
depois ligarão de volta. Quanto tempo o descanso deles durou medido na Terra?

∆𝑡0
∆𝑡 =
𝑣 2
1−
𝑐

1
∆𝑡 = ∆𝑡 = 1,25 ℎ
2
0,600𝑐
1−
𝑐
Problemas - Aplicação
2) Comprimento de uma vara de medida que se move.
Uma vara de comprimento de 1,00 m se move na direção paralela ao seu
comprimento, com uma velocidade 𝑣 em relação a um observador. O comprimento
da vara, medida pelo observador é de 0,914 m. Qual é a velocidade 𝑣?

𝑣 2
𝐿 = 𝐿0 1−
𝑐

𝐿2
𝑣 =𝑐 1− 2 𝑣 = 0,406𝑐
𝐿0
Problemas - Aplicação
3) Sinal vermelho / Sinal verde
Você passou o dia seguindo de perto dois oficiais de polícia. Você acabou de
testemunhar os oficiais pararem um carro porque este ultrapassou um sinal
vermelho. O motorista alega que a luz vermelha parecia verde, porque o carro
estava se movendo em direção ao semáforo, o que deslocaria o comprimento de
onda da luz observada. Você faz rapidamente uns cálculos para ver se o motorista
está com a razão.

𝒄
𝒇=
𝝀
Problemas - Aplicação
O observador está se aproximando da fonte de luz, logo usamos a Equação do efeito Doppler para
fontes que se aproximam:

1+𝛽
𝑓 = 𝑓0 ; mas: 𝛽 = 𝑣/𝑐
1−𝛽

𝑣
1+
𝑓 = 𝑓0 𝑐 ; mas: 𝑓 =
𝑐
𝑣 𝜆
1−
𝑐
𝑣
𝑐 𝑐 1+
= 𝑐 ; 𝜆 = 530 𝑛𝑚 (verde) e 𝜆0 = 625 𝑛𝑚 (vermelho – fonte própria)
𝜆 𝜆0 𝑣
1−
𝑐
Problemas - Aplicação
Resolvendo para 𝑣, encontramos:

𝑣 𝑣
𝜆0 1+ 𝜆0 2 1+ 𝑐 𝑣 𝑣
= 𝑐 = 𝜆0 2
1− 2
=𝜆 1+
𝜆 𝑣 𝜆 𝑣
1− 𝑐 𝑐 𝑐
1−
𝑐
2 2 𝑣
𝜆0 − 𝜆2 = (𝜆0 + 2
𝜆 )
𝑐
2
𝜆0 − 𝜆2 625 2
− 530 2
𝑣= 2 𝑐 𝑣= 2 + 530 2
𝑐
(𝜆0 + 𝜆2 ) 625

𝑣 = 0,163𝑐 𝑣 = 4,90 × 107 𝑚/𝑠 𝑣 = 1,91 × 108 𝑘𝑚/ℎ


Esta velocidade está além de qualquer velocidade possível para um carro. Logo, o motorista não tem
um caso aceitável!
Problemas - Aplicação
4) O espectro de emissão do hidrogênio inclui uma linha que tem comprimento de
onda de 656 nm. Na luz que chega até nós de uma galáxia distante, o
comprimento de onda da linha espectral é medido como sendo de 1458 nm.
Encontre a velocidade de recessão da galáxia em relação à Terra.
Sabendo que: 𝜆0 = 656 𝑛𝑚 e que 𝜆 = 1458 𝑛𝑚, temos:

𝑣
1−
𝑓 = 𝑓0 𝑐 ...
𝑣
1+
𝑐

𝜆2 − 𝜆0 2 Este resultado é esperado, pois o comprimento de onda


𝑣= 2 𝑐 𝑣 = 0,663𝑐 da luz recebida é maior, comparado ao comprimento de
(𝜆2 + 𝜆0 ) onda da mesma linha espectral, no referencial da fonte.
Momento e Energia

Momento Linear Relativístico

Força e a Segunda Lei de Newton na Relatividade

Energia Relativística
Momento Linear Relativístico
Uma Nova Interpretação do Momento

o Suponha que vários observadores, localizados em diferentes referenciais


inerciais, observem uma colisão entre duas partículas.

o De acordo com a mecânica clássica, embora as velocidades das partículas


sejam diferentes em diferentes referenciais, a lei de conservação do
momento é obedecida em todos os referenciais, isto é, o momento total do
sistema de partículas após a colisão é o mesmo que antes da colisão.

o Como a lei de conservação do momento foi afetada pela teoria da relatividade


restrita?
Momento Linear Relativístico
Uma Nova Interpretação do Momento

o Se continuamos a definir o momento 𝒑 de uma partícula como o produto 𝒎𝒗, o


produto da massa pela velocidade, o momento não é o mesmo para
observadores situados em referenciais diferentes.

o Temos duas escolhas: (1) abandonar a lei de conservação do momento; (2)


mudar a definição de momento para uma forma tal que a lei de conservação do
momento continue a ser respeitada.

o A escolha correta é a segunda.


Momento Linear Relativístico
Uma Nova Interpretação do Momento
o Considere uma partícula que está se movendo com velocidade constante 𝒗 no sentido
positivo do eixo 𝒙. Classicamente, o módulo do momento é dado por:
∆𝑥 (36) (momento clássico)
𝑝 = 𝑚𝑣 = 𝑚
∆𝑡
o onde ∆𝑥 é a distância percorrida pela partícula no intervalo de tempo ∆𝑡 . Para
encontrar uma expressão relativística para o momento, começamos com a nova
definição:
∆𝑥
𝑝=𝑚 (37)
∆𝑡0
o onde, como no caso clássico, ∆𝑥 é a distância percorrida pela partícula do ponto de
vista de um observador externo.
Momento Linear Relativístico
Uma Nova Interpretação do Momento

o Entretanto, ∆𝑡0 é o intervalo de tempo necessário para percorrer a distância ∆𝑥, não
do ponto de vista de um observador externo, mas sim, do ponto de vista de um
observador que esteja se movendo com a partícula.

o Como a partícula está em repouso em relação a esse segundo observador, o intervalo


de tempo medido por esse observador é um intervalo de tempo próprio.

o Usando a expressão da dilatação dos tempos, ∆𝑡 = 𝛾∆𝑡0 , podemos escrever:


= 𝑣 (velocidade da partícula)
∆𝑥 ∆𝑥 ∆𝑡
=𝛾 ∆𝑥
𝑝= 𝑚 = 𝑚 𝑝=𝑚 𝛾 𝑝 = 𝛾𝑚𝑣 (38) (momento relativístico)
∆𝑡0 ∆𝑡 ∆𝑡0 ∆𝑡
Momento Linear Relativístico
Uma Nova Interpretação do Momento
o Observe que a diferença entre essa expressão e a expressão clássica (Eq. 36) está
apenas na presença do fator de Lorentz (𝛾). Entretanto, essa diferença é muito
importante: ao contrário do momento clássico, o momento relativístico aumenta sem
limite quando 𝑣 se aproxima da velocidade da luz.

o Podemos generalizar a definição da Eq. (38) para a forma vetorial, escrevendo:

𝑝Ԧ = 𝛾𝑚𝑣Ԧ (39) (momento relativístico)

o Esta equação fornece o valor correto do momento para qualquer velocidade. Para
velocidades muito menores que 𝑐 , a expressão se reduz à definição clássica do
momento (𝑃 = 𝑚𝑣).
Ԧ
Momento Linear Relativístico
Resumindo: Momentum Relativístico

𝑚0
o A Massa Relativística: 𝑚=
1 − 𝑣 2 Τ𝑐 2

o A massa de um corpo que se move com uma velocidade v relativa a um


observador é maior do que sua massa de repouso m0, quando em repouso
relativo.
𝑚𝑣0
o O Momentum Relativístico: 𝑚𝑣 =
1 − 𝑣 2 Τ𝑐 2
Força e a Segunda Lei de Newton na Relatividade
o Sabemos que a segunda lei de Newton pode ser expressa como sendo:

(40)

o Para um sistema de N corpos, a força resultante é:

(41)

o Num processo de colisão, a força resultante, que é a força externa, deve ser
zero:
(42)

ou seja, o momento linear total do sistema se conserva.


Força e a Segunda Lei de Newton na Relatividade
o Logo, a segunda lei de Newton dada pela Eq. (40) continua valendo para o caso
relativístico.

o Por outro lado, é possível mostrar que as transformações de Lorentz deixa invariante a
conservação do momento linear, sendo portanto consistente com o primeiro postulado
de Einstein.

o Apesar da Eq. (40) permanecer igual à expressão clássica, algo “estranho” deve
ocorrer.

o Vejamos: o efeito de uma força sobre um corpo é produzir aceleração. Por exemplo,
uma força constante produz uma aceleração constante (supondo aqui que a massa do
objeto permaneça constante). Classicamente, podemos ter velocidade tendendo a
infinito! Mas a relatividade diz que 𝑣 < 𝑐 ! Como deve ser a expressão da força
relativística?
Força e a Segunda Lei de Newton na Relatividade
o Para responder a esta pergunta, “basta” derivarmos a Eq. (39): 𝑝Ԧ = 𝛾𝑚𝑣Ԧ

o Temos que:
𝑑 𝑑𝛾 𝑑 𝑣Ԧ
𝐹Ԧ = 𝛾𝑚𝑣Ԧ = 𝑚𝑣Ԧ + 𝛾𝑚
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
o Mas:
𝑑𝛾 𝑑 1 𝑣Ԧ ∙ 𝑑𝑣/𝑑𝑡
Ԧ
= = 2 2 /𝑐 2 )3/2
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑣 2 𝑐 (1 − 𝑣
1− 2
𝑐

o Encontramos para a força relativística: 𝑣Ԧ ∙ 𝑑𝑣/𝑑𝑡


Ԧ
= 𝑎Ԧ
𝑑 𝑣Ԧ
= 𝑎Ԧ
𝐹Ԧ = 𝑚 2 2 2 3/2
𝑣Ԧ + 𝛾𝑚
𝑐 (1 − 𝑣 /𝑐 ) 𝑑𝑡
Força e a Segunda Lei de Newton na Relatividade
𝑚(𝑣Ԧ ∙ 𝑎)
Ԧ
𝐹Ԧ = 2 2 2 3/2
𝑣Ԧ + 𝛾𝑚𝑎Ԧ (43)
𝑐 (1 − 𝑣 /𝑐 )

o Trata-se de uma expressão um tanto complicada. O primeiro termo da força é


proporcional ao vetor velocidade 𝑣Ԧ (o termo entre parêntesis é uma grandeza
escalar). Observamos, portanto, que se 𝑣Ԧ não estiver na direção de 𝐹,
Ԧ força e
aceleração não estarão na mesma direção!

o Vamos considerar uma situação bem mais simples, onde o corpo está se
movendo em uma direção, digamos sobe o eixo x. Neste caso, a equação acima
se reduz a:
𝑚𝑎
𝐹= (44)
(1 − 𝑣 2 /𝑐 2 )3/2
Força e a Segunda Lei de Newton na Relatividade

Segunda Lei De Newton

𝑑 𝑑𝑣 𝑑𝑚
𝐹= 𝑚𝑣 𝐹=𝑚 +𝑣
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑 𝑚0 𝑣
𝐹=
𝑑𝑡 1 − 𝑣 2 Τ𝑐 2
Energia Relativística
Uma Nova Interpretação da Energia

Energia de repouso (𝐸0 )

o A ciência da química foi criada com base na hipótese de que nas reações
químicas, a energia e a massa são conservadas separadamente.

o Em 1905, Einstein mostrou que, de acordo com a teoria da relatividade


restrita, a massa pode ser considerada uma forma de energia.

o Assim, a lei da conservação da energia e a lei da conservação da massa


constituem na verdade dois aspectos da mesma lei, a lei de conservação da
massa-energia.
Energia Relativística
o Em uma reação química (processo no qual átomos ou moléculas interagem), a
massa que se transforma em outras formas de energia (ou vice-versa) é uma
fração tão pequena da massa total envolvida que não pode ser medida nem
mesmo na mais sensível das balanças de laboratório. Assim, nas reações
químicas, a massa e a energia parecem ser conservadas separadamente.

o Por outro lado, em uma reação nuclear (processo no qual núcleos ou outras
partículas subatômicas interagem), a energia liberada é milhões de vezes maior
que em uma reação química, e a variação de massa pode ser facilmente medida.
Há muito tempo que os cientistas se habituaram a levar em conta as conversões
de massa em energia e vice-versa nas reações nucleares.
Energia Relativística
o A massa 𝑚 de um corpo e a energia equivalente 𝐸0 estão relacionadas através
da equação:

𝐸0 = 𝑚𝑐 2 (45)

o Em que, sem o índice 0, é a equação científica mais famosa de todos os tempos.

o A energia associada à massa de um corpo é chamada de energia de repouso. O


nome mostra que 𝐸0 é a energia que um objeto possui quando está em repouso
simplesmente porque possui massa.
Energia Relativística
o Na prática, as unidades do SI raramente são usadas na Eq. (40), porque levam a
valores numéricos excessivamente grandes ou excessivamente pequenos. As massas
em geral são medidas em unidades de massa atômica (u), de acordo com a seguinte
definição:
1 𝑢 = 1,66053886 × 10−27 𝑘𝑔 (46)

o As energias, em geral, são medidas em elétrons-volts (ou seus múltiplos), de acordo


com a seguinte definição:

1 𝑒𝑉 = 1,602176462 × 10−19 𝐽 (47)

o Nas unidades das Eqs. (41) e (42), a constante 𝑐 2 tem o seguinte valor:

𝑐 2 = 9,31494013 × 108 𝑒𝑉/𝑢 = 9,31494013 × 105 𝑘𝑒𝑉/𝑢 (48)


Energia Relativística
o A Tabela abaixo mostra o valor (aproximado) da energia de repouso de alguns
objetos.
Energia Relativística
Energia Total (E)
o A Eq. (40) pode ser usada para determinar a energia de repouso 𝐸0 associada à
massa 𝑚 de um corpo, esteja ele em repouso ou em movimento. Se o corpo está
em movimento possui uma energia adicional, na forma de energia cinética (𝐾).

o Supondo que a energia potencial é nula, a energia total 𝐸 é a soma da energia


de repouso com a energia cinética. Assim:

𝐸 = 𝐸0 + 𝐾 = 𝑚𝑐 2 + 𝐾 (49)

o A energia total 𝐸 também pode ser escrita na forma:


o onde 𝛾 é o fator de Lorentz
𝐸= 𝛾𝑚𝑐 2 (50)
do corpo em movimento.
Energia Relativística
o Podemos chegar na dedução da Eq. (50), partindo do teorema trabalho-energia
cinética:
1 1
𝑊 = ∆𝐾 𝑊= 𝑚𝑣22 − 𝑚𝑣12
2 2

o Usando a relação:

𝑚𝑣
o Sendo: 𝑝 = 𝛾𝑚𝑣 ⇒ 𝑝 =
1 − 𝑣 2 /𝑐 2

o Encontramos:
Energia Relativística
Energia Relativística
o Já vimos muitos exemplos que envolviam mudanças da energia total de uma
partícula ou de um sistema de partículas. Entretanto, não incluímos a energia
de repouso nas discussões, porque essa energia era nula ou era tão pequena
que podia ser desprezada.

o A lei de conservação da energia continua a se aplicar mesmo nos casos em que


a variação da energia de repouso é significativa. Assim a seguinte afirmação
ainda continua verdadeira:
Energia Relativística
o Assim, por exemplo, se a energia de repouso total de um sistema isolado de
duas partículas diminui, algum outro tipo de energia do sistema deve aumentar,
já que a energia total não pode ser alterada.

o Nas reações químicas e nucleares, a variação da energia de repouso do sistema


devido à reação, é muitas vezes expressa através do chamado valor de Q. O
valor de Q de uma reação é determinado a partir da equação:

𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑝𝑜𝑢𝑠𝑜 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑝𝑜𝑢𝑠𝑜


= +𝑄
𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎

𝐸0,𝑖 = 𝐸0,𝑓 + 𝑄 (51)


Energia Relativística
o Usando a Equação 𝐸0 = 𝑚𝑐 2 , podemos escrever a Equação (51) em termos de 𝑀𝑖
(massa inicial) e 𝑀𝑓 (massa final). Com isso:

𝑀𝑖 𝑐 2 = 𝑀𝑓 𝑐 2 + 𝑄 (52)

o Ou:

𝑄 = 𝑀𝑖 𝑐 2 − 𝑀𝑓 𝑐 2

𝑄 = −∆𝑀𝑐 2 (53)

o onde, a variação de massa devido a reação é: ∆𝑀 = 𝑀𝑓 − 𝑀𝑖 .


Energia Relativística
o Quando em uma reação há uma transformação de parte da energia de repouso em
outras formas de energia, como a energia cinética dos produtos da reação, a
energia de repouso total 𝐸0 (e a massa total 𝑀) diminui e 𝑄 é positivo.

o Quando, por outro lado, outras formas de energia são transformadas em energia
de repouso, a energia de repouso total 𝐸0 (e a massa 𝑀) aumenta e 𝑄 é negativo.

o Suponha, por exemplo, que dois núcleos de hidrogênio sofrem uma reação de fusão
na qual se unem para formar um núcleo atômico e liberam duas partículas. A energia
de repouso total (e a massa total) do núcleo resultante e das duas partículas é
menor que a energia de repouso total (e a massa total) dos núcleos de hidrogênio
iniciais.
Energia Relativística
o Assim, o 𝑄 da reação de fusão é positivo e dizemos que a reação é exotérmica
(libera energia).

o Essa liberação é importante para nós, já que a fusão de núcleos de hidrogênio


no Sol é parte do processo que mantém a Terra aquecida e torna a vida
possível.
Energia Relativística
Energia Cinética (𝑲)

o Sabemos que:
1
𝐾 = 𝑚𝑣 2 (54)
2
o Esta é a definição clássica da energia cinética, que constitui uma boa
aproximação apenas para velocidades muito menores que a velocidade da luz.

o Vamos agora apresentar uma expressão para a energia cinética que é correta
para qualquer velocidade fisicamente possível. Explicitando 𝐾 na Eq. (49) e
substituindo 𝐸 por seu valor, temos:
Energia Relativística
𝐸 = 𝐸0 + 𝐾 = 𝑚𝑐 2 + 𝐾

𝐾 = 𝐸 − 𝐸0
𝐾 = 𝛾𝑚𝑐 2 − 𝑚𝑐 2

𝐾 = 𝑚𝑐 2 (𝛾 − 1) (55) (energia cinética)

o onde 𝛾 = 1/ 1 − 𝑣 2 /𝑐 2 é o fator de Lorentz do corpo em movimento.


Energia Relativística
o A Figura mostra os gráficos de energia cinética do elétron
em função de 𝑣/𝑐 de acordo com a expressão correta (Eq.
55) e de acordo com a aproximação clássica (Eq. 54).

o É possível notar que as duas curvas coincidem do lado


esquerdo do gráfico; assim, o erro cometido usando a Eq. 54
ao invés da Eq. 55 foi insignificante.

o Do lado direito do gráfico, a diferença entre as curvas


aumenta rapidamente com a razão 𝑣/𝑐 - quando 𝑣/𝑐 tende
para 1, o valor correto da energia cinética tende para
infinito, enquanto o valor clássico tende 𝑚𝑐 2 /2 ≈ 0,3 𝑀𝑒𝑉.

o Assim, quando a velocidade de um corpo 𝑣 é comparável à velocidade da luz, a Eq. 55 é a única


que fornece os resultados corretos.
Energia Relativística
o Em resumo, para um corpo de massa 𝑚 e velocidade 𝑣, temos:

o A energia cinética dos elétrons, prótons e outras partículas é


frequentemente expressa em elétrons-volt ou múltiplos do elétron-volt.
Energia Relativística
Relação Momento e Energia Cinética
o Na mecânica clássica:
1
𝐾 = 𝑚𝑣 2 e 𝑝 = 𝑚𝑣
2
o Isolando 𝑣, na Eq. do momento e substituindo na Eq. da energia cinética,
encontramos uma relação direta entre o momento e a energia cinética:

𝑝2 = 2𝐾𝑚 (56) (clássica)

o Encontramos uma expressão relativística equivalente, eliminando 𝑣 das


expressões relativísticas de momento e energia cinética:

𝑝 = 𝛾𝑚𝑣 e 𝐾 = 𝑚𝑐 2 (𝛾 − 1)
Energia Relativística
o Depois de algumas manipulações algébricas, chegamos à seguinte relação:
𝑝𝑐 2 = 𝐾 2 + 2𝐾𝑚𝑐 2 (57)

o Com ajuda da Equação:


𝐸 = 𝑚𝑐 2 + 𝐾
o Podemos transformar a Eq. 57 em uma relação entre o momento 𝑝 e a energia
total 𝐸 de uma partícula:
𝐸 2 = 𝑝𝑐 2
+ 𝑚𝑐 2 2 (58)

o De acordo com esta equação, o produto 𝑝𝑐 deve ter as mesmas dimensões que a
energia 𝐸 ; assim, podemos expressar a unidade de momento 𝑝 como uma
unidade de energia dividida por 𝑐 . Na prática, o momento das partículas
elementares é frequentemente expresso em unidades de 𝑀𝑒𝑉/𝑐 ou G𝑒𝑉/𝑐.
Problemas - Aplicação
5) Um elétron (massa de repouso igual a 9,11 × 10−31 𝑘𝑔, carga de 1,60 × 10−19 𝐶) move-se
em sentido oposto ao de um campo elétrico com módulo 𝐸 = 5,0 × 105 𝑁/𝐶. Todas as
outras forças são desprezíveis em comparação com a força elétrica. Determine o módulo
do momento linear e da aceleração quando 𝑣 = 0,010𝑐, 𝑣 = 0,90𝑐 e 𝑣 = 0,99𝑐.

Vamos calcular o fator de Lorentz, 𝜸 = 𝟏/ 𝟏 − 𝒗𝟐 /𝒄𝟐 , para cada situação. Com isso, temos:

𝜸𝟏 = 𝟏, 𝟎𝟎 ; 𝜸𝟐 = 𝟐, 𝟐𝟗 e 𝜸𝟑 = 𝟕, 𝟎𝟗

Assim: 𝒑 = 𝜸𝒎𝒗, teremos:

Momento linear
Problemas - Aplicação
Determinando a aceleração... 𝐹= 𝑞𝐸

Sabemos que o módulo da força sobre o elétron é: 𝐹 = (1,60 × 10−19 𝐶)(5,0 × 105 𝑁/𝐶)

𝐹 = 8,00 × 10−14 𝑁
Com isso, a aceleração será:

𝑚𝑎
𝐹=
(1 − 𝑣 2 /𝑐 2 )3/2
Observamos que as
𝑎1 = 8,8 × 1016 𝑚/𝑠² acelerações nas duas maiores
𝐹(1 − 𝑣 2 /𝑐 2 )3/2 velocidades são menores que
𝑎= 𝑎2 = 7,3 × 1015 𝑚/𝑠²
𝑚 o valor não relativístico pelos
fatores de 𝛾 3 = 12,0 e 356,
𝑎3 = 2,5 × 1014 𝑚/𝑠² respectivamente.
Problemas - Aplicação
6) (a) Calcule a energia de repouso de um elétron (9,11 × 10−31 𝑘𝑔 e carga de 1,60 ×
10−19 𝐶) em joules e em elétrons-volt. (b) Determine a velocidade de um elétron que foi
acelerado por um campo elétrico, a partir do repouso, com diferença de potencial igual a
20,0 kV ou 5,0 MV (comum em um tubo de raios X com alta voltagem).

(a) a energia de repouso é:


𝐸0 = 𝑚𝑐 2

𝐸0 = (9,11 × 10−31 )(3,0 × 108 )2

𝐸0 = 8,199 × 10−14 𝐽

Em elétrons-volt, temos: 1 𝑒𝑉 = 1,602 × 10−19 𝐽. Assim:

𝐸0 = 0,512 𝑀𝑒𝑉
Problemas - Aplicação
b) Determine a velocidade de um elétron que foi acelerado por um campo elétrico, a
partir do repouso, com diferença de potencial igual a 20,0 kV ou 5,0 MV (comum em um
tubo de raios X com alta voltagem).

Pelo fator de Lorentz (𝜸 = 𝟏/ 𝟏 − 𝒗𝟐 /𝒄𝟐 ), podemos encontrar a velocidade, isolando 𝒗:

𝟐
𝟏
𝒗=𝒄 𝟏−
𝜸

A energia total 𝐸 do elétron é a soma de sua energia de repouso 𝑚𝑐 2 com sua energia cinética 𝑒𝑉𝑎𝑏 ,
calculada pelo trabalho realizado sobre esse elétron quando ele se desloca do ponto 𝑎 até o ponto 𝑏.
Assim:
𝐾 = 𝑒𝐸𝑑 ; mas: 𝑉𝑎𝑏 = 𝐸𝑑
𝐾 = 𝑊𝑎𝑏 ; mas: 𝑊𝑎𝑏 = 𝐹 ∙ ∆𝑥. Então:
𝐾 = 𝑒𝑉𝑎𝑏
𝐾 = 𝐹 ∙ ∆𝑥 ; mas: 𝐹 = 𝑞𝐸
Problemas - Aplicação
Com isso: 2
1 𝑣 = 0,272𝑐
𝐸= 𝑚𝑐 2 +𝐾 𝑣 =𝑐 1−
𝛾
𝛾𝑚𝑐 2 = 𝑚𝑐 2 + 𝑒𝑉𝑎𝑏
𝑣 = 8,15 × 107 𝑚/𝑠
𝑚𝑐 2 + 𝑒𝑉𝑎𝑏
𝛾=
𝑚𝑐 2

𝑒𝑉𝑎𝑏
𝛾 =1+
𝑚𝑐 2

𝛾 = 1,039

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